Lista de Exposições Virtuais
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terça-feira, 23 de Abril de 2019
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A Quinta da Agrela, um dos mais relevantes projetos do arquiteto paisagista Francisco Caldeira Cabral (1908-1992), encontra-se localizada no lugar da Agrela em Santo Tirso. Os seus edifícios distribuem-se numa cumeada. A Estrada Nacional 207 inscreve-se na mesma atravessando transversalmente a quinta, segmentando-a em duas grandes unidades, a sul a casa principal e o jardim e a norte um notável conjunto de construções rurais e campos agrícolas.
Augusto Carneiro Pacheco (1888- 1962), proprietário da Quinta da Agrela, ainda hoje na posse dos seus descendentes, encomendou uma “Planta topográfica do quintal das propriedades” desta quinta, em outubro de 1935, em cujo rótulo se pode ler: “Planta destinada ao projecto dum parque”.
Encomendou também ao arquiteto Raúl Lino (1879-1974) uma intervenção na casa principal da quinta e um esboço do jardim, que este elaborou entre 1938 a 1940. A memória descritiva do mesmo foi intitulada de “Projeto de ajardinamento da propriedade do Exmo. Sr. Augusto Carneiro Pacheco. Agrela”.
Este esboço, de desenho formal, respeitava o mais possível o declive francamente elevado do terreno já modelado em terraços, corrigindo os muros existentes apenas quando estritamente necessário. Foi estruturado em vários eixos, três dos quais principais, definindo caminhos que se cruzavam. Adaptado à topografia do terreno, os muros eram interrompidos conforme o local por escadório, escadarias ou rampas.
Desta proposta faziam parte uma alameda de árvores que se pretendiam de porte majestoso quando adultas, de espécies como castanheiros ou plátanos, com um dos extremos a partir da casa principal. Integrava também uma zona de bosque de coníferas e vários jardins formais: um jardim de buxo; um roseiral; um jardim de romãzeiras, um labirinto com cerca de 2m de altura e várias pérgulas. Compreendia também um pomar de espinho e um pomar de caroço. Entre os locais de estadia estavam: uma casa de fresco, um pavilhão de chá ou de recreio e um caramanchão. Contam-se ainda neste projeto oito lagos, sendo referida ainda, no jardim junto à casa principal a presença de elementos escultóricos como estátuas, bustos e vasos.
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Em agosto de 1940 o arquiteto paisagista Francisco Caldeira Cabral, muito provavelmente por sugestão de Raúl Lino, ambos pertencentes a famílias amigas de longa data, visitou a Quinta da Agrela. Carneiro Pacheco convidou-o a realizar um projeto para um novo assento da lavoura a construir, em virtude de uma alteração do traçado da Estrada Nacional 207, ter obrigado à demolição das construções pré-existentes. Caldeira Cabral, que acumulou na sua atividade profissional com a carreira de arquiteto paisagista a regência da disciplina de Instalações Agrícolas, no Instituto Superior de Agronomia (ISA), aceitou esta proposta sugerindo desde logo fazê-lo em conjunto com o seu colega, o engenheiro agrónomo Carlos Marques de Almeida (1912-1970), também este professor neste Instituto.
Relativamente aos requisitos do projeto Caldeira Cabral afirma “Ao projetar a Casa Agrícola da Agrela tivemos em vista realizar três condições fundamentais: criar uma unidade entre a casa de habitação e as suas instalações agrícolas; construir estas dentro de um critério de economia compatível com as necessidades de representação da casa e que garanta a duração e bom funcionamento da obra e finalmente satisfazer as condições funcionais exigidas por uma boa técnica adaptada à região”.
O projeto destas novas instalações, iniciou-se em 1943 e estendeu-se até 1949. A obra iniciou-se em 1944 e decorreu até ao final deste período. Deste vasto e notável conjunto arquitetónico, fazem parte edifícios como: oficinas, eira, sequeiro, palheiro, pocilga, vacaria, cavalariça, ovil, silo, nitreira, lagares, garrafeiras, armazéns, telheiro, duas residências para trabalhadores, garagens, etc…de uma excelente qualidade técnica e estética, e atualmente em bom estado de conservação, que fazem desta quinta um exemplo assinalável nesta matéria.
Paralelamente ao projeto e construção do novo assento da lavoura da Quinta, em 1945, Caldeira Cabral formaliza um projeto que reúne duas valências: a alteração do traçado da Estrada Municipal do Sobrado e a mudança do “Largo Carneiro Pacheco – Dr. da Agrela (1852-1923)” para o lado oposto da Estrada Nacional 207 esta vez a Sul da mesma, em local anteriormente ocupado por uma antiga eira. O terreno libertado por esta praça aumentou deste modo o perímetro ocupado por este conjunto de edifícios. O referido desvio do trajeto da Estrada do Sobrado, possibilitou que a casa principal tenha deixado de ser limitada por esta a poente e a norte. Desta alteração resultou um enorme benefício, relativamente ao enquadramento paisagístico da mesma, fundamental para a criação de uma nova área de jardim estrategicamente localizada, que afastou significativamente a casa desta estrada.
Estes desvios do traçado das vias envolventes da casa principal da Quinta da Agrela, permitiram a criação de zonas “buffer” arborizadas, com importantes funções amortecedoras da poluição sonora, fixadoras da poluição atmosférica e de barreira visual, amenizando significativamente as adversidades geradas pelo seu tráfico automóvel. As novas vedações erguidas de ambos os lados desta Estrada Nacional, que atravessa a quinta na proximidade desta casa, foram projetados por Raúl Lino, bem como dos novos portões de acesso, quer à casa quer ao novo assento da lavoura. Finalmente em março de 1946 a valeta do novo troço da Estrada Nacional 207 estava recentemente marcada no terreno.
Relativamente à alteração do traçado da Estrada Municipal do Sobrado e à mudança do Largo Carneiro Pacheco, de acordo com o desenho de novembro de 1945, Augusto Carneiro Pacheco pediu a Francisco Caldeira Cabral que desse instruções relativas à construção dos muros de suporte, com vários metros de altura, ao longo do novo troço desta estrada.
Estes muros estabeleceram os limites de um novo jardim a poente da casa principal. Este espaço, projetado entre novembro de 1945 e maio de 1946, procurou satisfazer três condições: isolar a casa e os seus jardins do movimento das estradas, valorizar a vista magnífica sobre a Agra e Vale do Sobrado e adaptar este jardim o melhor possível ao declive acidentado do terreno. Previu a plantação de árvores e arbustos em redor da nova praça, de uma ramada sobre um muro de suporte a erguer junto ao novo trajeto da Estrada do Sobrado, um miradouro no extremo sul deste jardim e a construção de um jardim formal constituído por oito canteiros em posição simétrica quatro a quatro e lago redondo ao centro desta composição; uma pérgula que percorria um espaço intermédio de ligação para um nível inferior no qual se localizava um grande tanque com a função de espelho de água, de planta quadrangular (6mx12m), que albergava uma plantação de nenúfares.
Posteriormente o projeto deste jardim formal evoluiu, por ousadia de Caldeira Cabral e grande satisfação dos proprietários, para um relvado, o então novo elemento de superfície do jardim moderno, separado por caminho curvilíneo de uma orla arbórea e arbustiva. A modernidade deste jardim consiste no facto de à época, contrariamente ao habitual jardim formal em buxo concebido sobretudo para ser apreciado quase exclusivamente a partir do segundo piso, do interior da casa, ter passado a ser encarado como um prolongamento da mesma, constituindo como que uma sala de estar ao ar livre, concretizada num extenso relvado, usufruído nos momentos de recreio da família.
A construção deste jardim teve início em princípios de 1946 e embora existissem já plantas em floração em outubro do ano seguinte, a obra prolongou-se até finais de 47, estando-se então ainda a programar a compra das últimas cameleiras, a plantar em redor do tanque.
Augusto Carneiro Pacheco expressou na sua carta endereçada a Caldeira Cabral a 14 de março de 1946 relativamente às cantarias de pedra a utilizar no novo jardim junto à casa: “Suprimidas - como desejamos – as obras do requinte artístico da pedra (balaustradas, pérgula e tanque central), prevalecendo apenas as de utilidade, em estilo condizente com a cantaria modesta da Casa em si (capeamentos dos muros ou muretes, escadas de comunicação entre os vários planos do seu belo projecto de ajardinamento, etc.) – eu creio que no fim ficaremos, de parte a parte, mais satisfeitos….Satisfeito o meu Amigo, porque o ajardinamento vai ficar de lindo efeito paisagístico. Satisfeito o proprietário, porque o verá concluído muito mais depressa (e muito mais economicamente…) e ainda terá tempo de gozar a sombra (o único juro) do arvoredo que no próximo Outono lá teremos plantado…Claro está que, quanto ao resto, queremos tudo como está no projecto que nos apresentou, devendo os muros e os muretes, como os respectivos bancos, escadas, etc. ser em cantaria de granito no estilo simples da casa, como já lhe pedi. Dos muros e muretes, só o capeamento, já se vê, o resto na nossa alvenaria de chisto. Desculpe a minha “rusticidade”, mande-me o novo projeto (só o conjunto) logo que possa.”
O discurso de Carneiro Pacheco, quer para o jardim quer para as construções agrícolas apelou sempre à sobriedade e ao despojamento do supérfluo. Analisando o esboço de Raúl Lino para o jardim a sul e a nascente da casa principal, com o seu escadório, várias escadarias, pérgulas, oito lagos, casa de fresco e pavilhão de chá ou de recreio, verificamos que este não se coadunava com o espírito e vontade de Carneiro Pacheco, de acordo com a sobriedade da casa, marcadamente funcional e o mais economicista possível, desde mantendo o rigor.
Não é pois de estranhar que na sequência do novo jardim, a norte e a poente da casa, Caldeira Cabral tenha ficado incumbido da realização de um projeto definitivo global incluindo a restante área de jardim, embora Raúl Lino se mantivesse informalmente ligado ao projeto. Este, datado de dezembro de 1946, foi elaborado acordo com os parâmetros já anteriormente referidos pelo proprietário na primeira etapa do jardim, a poente da casa. Incluiu: a norte da casa o tratamento da nova faixa ajardinada; a sul em frente da mesma, um roseiral com canteiros geométricos delimitados por buxo, separados desta por um muro de suporte com cerca de 4 metros de altura e mais abaixo o jardim dos lírios e a nascente a parte utilitária- mais perto da casa o coradouro e o lavadouro, a horta e as capoeiras e mais afastados da mesma os pomares, as estufas e os estufins. O roseiral terá sido o último destes espaços a ser finalizado, sendo que em outubro de 1951, esperava ainda a plantação de algumas das cultivares selecionadas. Foi finalmente concluído em 1954.
Tanto os jardins como a casa agrícola da Quinta a Agrela constituem hoje exemplos de referência, documentados em várias publicações, assumidamente como exemplos de bem construir assente no rigor e conhecimento sustentados, aliados à arte de esculpir a paisagem.
FICHA TÉCNICA
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Tipo de documento
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EXPOSIÇÃO VIRTUAL
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Identificador
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EXPO 10
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Título
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A QUINTA DA AGRELA pelo Arquiteto Paisagista Francisco Caldeira Cabral
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Responsável(is)
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Tipo
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Nome
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Contacto
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Autor
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Teresa Camara
|
tbcamara@dgpc.pt
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Coordenador
|
Deolinda Folgado
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dfolgado@dgpc.pt
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Editor
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DGPC
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dgpc@dgpc.pt
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Versão
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1.0
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Estado
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Definitivo
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Data(s) de preparação
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2017
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Público/Destinatário(s)
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Público em geral
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Idioma
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Português
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Formato imagens
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JPG
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Descrição
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Exposição fotográfica dos jardins e assento da lavoura da Quinta da Agrela
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Descritores
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Arquitetura Paisagista; jardins; modelação do terreno; muros de suporte; assento da lavoura
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Relação documental
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Tipo de relação
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Documento relacionado
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Documentada em
|
Quinta da Agrela
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Copyright
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As versões dos registos e documentos integrantes do SIPA disponibilizadas no sítio www.monumentos.gov.pt podem ser publicamente utilizadas nos termos e condições estabelecidos pela licença pública Creative Commons : CC BY-NC-ND-3.0.
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Comunicabilidade
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Acesso livre em linha
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Data de transmissão /
publicação
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2019-04-23
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Local/ endereço de
transmissão /publicação
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www.monumentos.gov.pt;
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sexta-feira, 5 de Julho de 2019
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A Quinta da Agrela, um dos mais relevantes projetos do arquiteto paisagista Francisco Caldeira Cabral (1908-1992), encontra-se localizada no lugar da Agrela em Santo Tirso. Os seus edifícios distribuem-se numa cumeada. A Estrada Nacional 207 inscreve-se na mesma atravessando transversalmente a quinta, segmentando-a em duas grandes unidades, a sul a casa principal e o jardim e a norte um notável conjunto de construções rurais e campos agrícolas.
Maria Teresa Bethencourt Camara
(No caso de ocorrer uma mensagem de erro aquando da visualização desta Exposição, tal significa que a velocidade de conexão à internet do seu serviço de telecomunicações não é a adequada para este conteúdo SIPA. Para ultrapassar pontualmente este problema deverá clicar na tecla F5)
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Augusto Carneiro Pacheco (1888- 1962), proprietário da Quinta da Agrela, ainda hoje na posse dos seus descendentes, encomendou uma “Planta topográfica do quintal das propriedades” desta quinta, em outubro de 1935, em cujo rótulo se pode ler: “Planta destinada ao projecto dum parque”.
Encomendou também ao arquiteto Raúl Lino (1879-1974) uma intervenção na casa principal da quinta e um esboço do jardim, que este elaborou entre 1938 a 1940. A memória descritiva do mesmo foi intitulada de “Projeto de ajardinamento da propriedade do Exmo. Sr. Augusto Carneiro Pacheco. Agrela”.
Este esboço, de desenho formal, respeitava o mais possível o declive francamente elevado do terreno já modelado em terraços, corrigindo os muros existentes apenas quando estritamente necessário. Foi estruturado em vários eixos, três dos quais principais, definindo caminhos que se cruzavam. Adaptado à topografia do terreno, os muros eram interrompidos conforme o local por escadório, escadarias ou rampas.
Desta proposta faziam parte uma alameda de árvores que se pretendiam de porte majestoso quando adultas, de espécies como castanheiros ou plátanos, com um dos extremos a partir da casa principal. Integrava também uma zona de bosque de coníferas e vários jardins formais: um jardim de buxo; um roseiral; um jardim de romãzeiras, um labirinto com cerca de 2m de altura e várias pérgulas. Compreendia também um pomar de espinho e um pomar de caroço. Entre os locais de estadia estavam: uma casa de fresco, um pavilhão de chá ou de recreio e um caramanchão. Contam-se ainda neste projeto oito lagos, sendo referida ainda, no jardim junto à casa principal a presença de elementos escultóricos como estátuas, bustos e vasos.
Em agosto de 1940 o arquiteto paisagista Francisco Caldeira Cabral, muito provavelmente por sugestão de Raúl Lino, ambos pertencentes a famílias amigas de longa data, visitou a Quinta da Agrela. Carneiro Pacheco convidou-o a realizar um projeto para um novo assento da lavoura a construir, em virtude de uma alteração do traçado da Estrada Nacional 207, ter obrigado à demolição das construções pré-existentes. Caldeira Cabral, que acumulou na sua atividade profissional com a carreira de arquiteto paisagista a regência da disciplina de Instalações Agrícolas, no Instituto Superior de Agronomia (ISA), aceitou esta proposta sugerindo desde logo fazê-lo em conjunto com o seu colega, o engenheiro agrónomo Carlos Marques de Almeida (1912-1970), também este professor neste Instituto.
Relativamente aos requisitos do projeto Caldeira Cabral afirma “Ao projetar a Casa Agrícola da Agrela tivemos em vista realizar três condições fundamentais: criar uma unidade entre a casa de habitação e as suas instalações agrícolas; construir estas dentro de um critério de economia compatível com as necessidades de representação da casa e que garanta a duração e bom funcionamento da obra e finalmente satisfazer as condições funcionais exigidas por uma boa técnica adaptada à região”.
O projeto destas novas instalações, iniciou-se em 1943 e estendeu-se até 1949. A obra iniciou-se em 1944 e decorreu até ao final deste período. Deste vasto e notável conjunto arquitetónico, fazem parte edifícios como: oficinas, eira, sequeiro, palheiro, pocilga, vacaria, cavalariça, ovil, silo, nitreira, lagares, garrafeiras, armazéns, telheiro, duas residências para trabalhadores, garagens, etc…de uma excelente qualidade técnica e estética, e atualmente em bom estado de conservação, que fazem desta quinta um exemplo assinalável nesta matéria.
Paralelamente ao projeto e construção do novo assento da lavoura da Quinta, em 1945, Caldeira Cabral formaliza um projeto que reúne duas valências: a alteração do traçado da Estrada Municipal do Sobrado e a mudança do “Largo Carneiro Pacheco – Dr. da Agrela (1852-1923)” para o lado oposto da Estrada Nacional 207 esta vez a Sul da mesma, em local anteriormente ocupado por uma antiga eira. O terreno libertado por esta praça aumentou deste modo o perímetro ocupado por este conjunto de edifícios. O referido desvio do trajeto da Estrada do Sobrado, possibilitou que a casa principal tenha deixado de ser limitada por esta a poente e a norte. Desta alteração resultou um enorme benefício, relativamente ao enquadramento paisagístico da mesma, fundamental para a criação de uma nova área de jardim estrategicamente localizada, que afastou significativamente a casa desta estrada.
Estes desvios do traçado das vias envolventes da casa principal da Quinta da Agrela, permitiram a criação de zonas “buffer” arborizadas, com importantes funções amortecedoras da poluição sonora, fixadoras da poluição atmosférica e de barreira visual, amenizando significativamente as adversidades geradas pelo seu tráfico automóvel. As novas vedações erguidas de ambos os lados desta Estrada Nacional, que atravessa a quinta na proximidade desta casa, foram projetados por Raúl Lino, bem como dos novos portões de acesso, quer à casa quer ao novo assento da lavoura. Finalmente em março de 1946 a valeta do novo troço da Estrada Nacional 207 estava recentemente marcada no terreno.
Relativamente à alteração do traçado da Estrada Municipal do Sobrado e à mudança do Largo Carneiro Pacheco, de acordo com o desenho de novembro de 1945, Augusto Carneiro Pacheco pediu a Francisco Caldeira Cabral que desse instruções relativas à construção dos muros de suporte, com vários metros de altura, ao longo do novo troço desta estrada.
Estes muros estabeleceram os limites de um novo jardim a poente da casa principal. Este espaço, projetado entre novembro de 1945 e maio de 1946, procurou satisfazer três condições: isolar a casa e os seus jardins do movimento das estradas, valorizar a vista magnífica sobre a Agra e Vale do Sobrado e adaptar este jardim o melhor possível ao declive acidentado do terreno. Previu a plantação de árvores e arbustos em redor da nova praça, de uma ramada sobre um muro de suporte a erguer junto ao novo trajeto da Estrada do Sobrado, um miradouro no extremo sul deste jardim e a construção de um jardim formal constituído por oito canteiros em posição simétrica quatro a quatro e lago redondo ao centro desta composição; uma pérgula que percorria um espaço intermédio de ligação para um nível inferior no qual se localizava um grande tanque com a função de espelho de água, de planta quadrangular (6mx12m), que albergava uma plantação de nenúfares.
Posteriormente o projeto deste jardim formal evoluiu, por ousadia de Caldeira Cabral e grande satisfação dos proprietários, para um relvado, o então novo elemento de superfície do jardim moderno, separado por caminho curvilíneo de uma orla arbórea e arbustiva. A modernidade deste jardim consiste no facto de à época, contrariamente ao habitual jardim formal em buxo concebido sobretudo para ser apreciado quase exclusivamente a partir do segundo piso, do interior da casa, ter passado a ser encarado como um prolongamento da mesma, constituindo como que uma sala de estar ao ar livre, concretizada num extenso relvado, usufruído nos momentos de recreio da família.
A construção deste jardim teve início em princípios de 1946 e embora existissem já plantas em floração em outubro do ano seguinte, a obra prolongou-se até finais de 47, estando-se então ainda a programar a compra das últimas cameleiras, a plantar em redor do tanque.
Augusto Carneiro Pacheco expressou na sua carta endereçada a Caldeira Cabral a 14 de março de 1946 relativamente às cantarias de pedra a utilizar no novo jardim junto à casa: “Suprimidas - como desejamos – as obras do requinte artístico da pedra (balaustradas, pérgula e tanque central), prevalecendo apenas as de utilidade, em estilo condizente com a cantaria modesta da Casa em si (capeamentos dos muros ou muretes, escadas de comunicação entre os vários planos do seu belo projecto de ajardinamento, etc.) – eu creio que no fim ficaremos, de parte a parte, mais satisfeitos….Satisfeito o meu Amigo, porque o ajardinamento vai ficar de lindo efeito paisagístico. Satisfeito o proprietário, porque o verá concluído muito mais depressa (e muito mais economicamente…) e ainda terá tempo de gozar a sombra (o único juro) do arvoredo que no próximo Outono lá teremos plantado…Claro está que, quanto ao resto, queremos tudo como está no projecto que nos apresentou, devendo os muros e os muretes, como os respectivos bancos, escadas, etc. ser em cantaria de granito no estilo simples da casa, como já lhe pedi. Dos muros e muretes, só o capeamento, já se vê, o resto na nossa alvenaria de chisto. Desculpe a minha “rusticidade”, mande-me o novo projeto (só o conjunto) logo que possa.”
O discurso de Carneiro Pacheco, quer para o jardim quer para as construções agrícolas apelou sempre à sobriedade e ao despojamento do supérfluo. Analisando o esboço de Raúl Lino para o jardim a sul e a nascente da casa principal, com o seu escadório, várias escadarias, pérgulas, oito lagos, casa de fresco e pavilhão de chá ou de recreio, verificamos que este não se coadunava com o espírito e vontade de Carneiro Pacheco, de acordo com a sobriedade da casa, marcadamente funcional e o mais economicista possível, desde mantendo o rigor.
Não é pois de estranhar que na sequência do novo jardim, a norte e a poente da casa, Caldeira Cabral tenha ficado incumbido da realização de um projeto definitivo global incluindo a restante área de jardim, embora Raúl Lino se mantivesse informalmente ligado ao projeto. Este, datado de dezembro de 1946, foi elaborado acordo com os parâmetros já anteriormente referidos pelo proprietário na primeira etapa do jardim, a poente da casa. Incluiu: a norte da casa o tratamento da nova faixa ajardinada; a sul em frente da mesma, um roseiral com canteiros geométricos delimitados por buxo, separados desta por um muro de suporte com cerca de 4 metros de altura e mais abaixo o jardim dos lírios e a nascente a parte utilitária- mais perto da casa o coradouro e o lavadouro, a horta e as capoeiras e mais afastados da mesma os pomares, as estufas e os estufins. O roseiral terá sido o último destes espaços a ser finalizado, sendo que em outubro de 1951, esperava ainda a plantação de algumas das cultivares selecionadas. Foi finalmente concluído em 1954.
Tanto os jardins como a casa agrícola da Quinta a Agrela constituem hoje exemplos de referência, documentados em várias publicações, assumidamente como exemplos de bem construir assente no rigor e conhecimento sustentados, aliados à arte de esculpir a paisagem.
FICHA TÉCNICA
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Tipo de documento
|
EXPOSIÇÃO VIRTUAL
|
Identificador
|
EXPO 10
|
Título
|
A QUINTA DA AGRELA pelo Arquiteto Paisagista Francisco Caldeira Cabral
|
Responsável(is)
|
Tipo
|
Nome
|
Contacto
|
Autor
|
Teresa Camara
|
tbcamara@dgpc.pt
|
Coordenador
|
Deolinda Folgado
|
dfolgado@dgpc.pt
|
Editor
|
DGPC
|
dgpc@dgpc.pt
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Versão
|
1.0
|
Estado
|
Definitivo
|
Data(s) de preparação
|
2017
|
Público/Destinatário(s)
|
Público em geral
|
Idioma
|
Português
|
Formato imagens
|
JPG
|
Descrição
|
Exposição fotográfica dos jardins e assento da lavoura da Quinta da Agrela
|
Descritores
|
Arquitetura Paisagista; jardins; modelação do terreno; muros de suporte; assento da lavoura
|
Relação documental
|
Tipo de relação
|
Documento relacionado
|
Documentada em
|
Quinta da Agrela
|
Copyright
|
As versões dos registos e documentos integrantes do SIPA disponibilizadas no sítio www.monumentos.gov.pt podem ser publicamente utilizadas nos termos e condições estabelecidos pela licença pública Creative Commons : CC BY-NC-ND-3.0.
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Comunicabilidade
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Acesso livre em linha
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Data de transmissão /
publicação
|
2019-04-23
|
Local/ endereço de
transmissão /publicação
|
www.monumentos.gov.pt;
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Esta exposição pretende ser a primeira de um conjunto de exposições virtuais que divulgarão os registos fotográficos de núcleos urbanos, efectuados no âmbito do restauro de monumentos pela Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, durante o período de 1940 a 1970.
O vasto acervo fotográfico existente no arquivo SIPA sobre a cidade de Bragança foi o ponto de partida para realização da exposição agora apresentada. Foi a primeira cidade escolhida, pela qualidade e continuidade do levantamento fotográfico legado pelos técnicos da Direcção de Serviços dos Monumentos do Norte, que directamente participaram nas obras de restauro do castelo e das muralhas, bem como nos melhoramentos e desafogo do espaço intramuros. A necessidade de intervir em edifícios classificados resultou numa metodologia, inovadora na época, de levantamento do objecto e da sua envolvente, dando origem a um acervo fotográfico do antes, durante e depois dos restauros. Esta apresentação tem ainda o contributo do registo fotográfico executado pelos técnicos do SIPA, entre 2009 e 2011, que complementa o levantamento do séc. XX, dando uma perspectiva actual do núcleos urbano.
(No caso de ocorrer uma mensagem de erro aquando da visualização desta Exposição, tal significa que a velocidade de conexão à internet do seu serviço de telecomunicações não é a adequada para este conteúdo SIPA. Para ultrapassar pontualmente este problema deverá clicar na tecla F5)
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FICHA TÉCNICA
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Tipo de documento
|
EXPOSIÇÃO VIRTUAL
|
Identificador
|
EXPO 03
|
Título
|
Cidades em arquivo | Bragança (1940-1970)
|
Responsável(is)
|
Tipo
|
Nome
|
Contacto
|
Autor
|
Anouk Costa
|
afcosta@ihru.pt
|
|
Rita Vale
|
avvaladares@ihru.pt
|
Coordenador
|
João Vieira
|
jsvieira@ihru.pt
|
Editor
|
IHRU, IP
|
ihru@ihru.pt
|
Versão
|
1.0
|
Estado
|
Definitivo
|
Data(s) de preparação
|
2011
|
Público/Destinatário(s)
|
Público em geral
|
Idioma
|
Português
|
Formato imagens
|
JPG
|
Descrição
|
Exposição fotográfica sobre registos fotográficos efectuados no âmbito dos restauros de monumentos pela DGEMN
|
Descritores
|
Urbanismo; Núcleos urbanos; Bragança
|
Relação documental
|
Tipo de relação
|
Documento relacionado
|
Documentada em
|
Núcleo urbano da cidade de Bragança
|
Documentada em
|
Castelo de Bragança
|
Documentada em
|
Domus Municipalis
|
Documentada em
|
Igreja Matriz de Bragança
|
Documentada em
|
Igreja de São João Baptista
|
Copyright
|
As versões dos registos e documentos integrantes do SIPA disponibilizadas no sítio www.monumentos.pt podem ser publicamente utilizadas nos termos e condições estabelecidos pela licença pública Creative Commons : CC BY-NC-ND-3.0.
|
Comunicabilidade
|
Acesso livre em linha
|
Data de transmissão /
publicação
|
2011-12-30
|
Local/ endereço de
transmissão /publicação
|
www.monumentos.pt;
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segunda-feira, 19 de Agosto de 2013
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Dedicada a Vila Nova de Foz Côa, a presente exposição virtual propõe um percurso por várias freguesias do concelho, através de um conjunto de fotografias históricas que em articulação com registos atuais, possibilitam a leitura das modificações dos núcleos habitacionais e da evolução socioeconómica ao longo dos séc. XX e XXI.
Trata-se de um trabalho que pretende contribuir para a divulgação e preservação do património arquitetónico como parte integrante de uma paisagem cultural classificada como Património da Humanidade.
(No caso de ocorrer uma mensagem de erro aquando da visualização desta Exposição, tal significa que a velocidade de conexão à internet do seu serviço de telecomunicações não é a adequada para este conteúdo SIPA. Para ultrapassar pontualmente este problema deverá clicar na tecla F5)
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O tema “Intervenção no património construído do IHRU” pretende mostrar o antes e o depois das intervenções realizadas por este Instituto no seu património construído. Esta primeira exposição centra-se na intervenção de reabilitação realizada entre 2009 e 2010 no Bairro das Descobertas, no Vale da Amoreira, na Moita.
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FICHA TÉCNICA
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Tipo de documento
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EXPOSIÇÃO VIRTUAL
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Identificador
|
EXPO 05
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Título
|
Intervenção no património construído do IHRU | Bairro das Descobertas, Moita (2009-2010)
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Responsável(is)
|
Tipo
|
Nome
|
Contacto
|
Autor
|
Teresa de Deus Ferreira
|
tdferreira@ihru.pt
|
Coordenador
|
João Vieira
|
jsvieira@ihru.pt
|
Editor
|
IHRU, IP
|
ihru@ihru.pt
|
Versão
|
1.0
|
Estado
|
Definitivo
|
Data(s) de preparação
|
2011
|
Público/Destinatário(s)
|
Público em geral
|
Idioma
|
Português
|
Formato imagens
|
JPG
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Descrição
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O tema “Intervenção no património construído do IHRU” pretende mostrar o antes e o depois das intervenções realizadas por este Instituto no seu património construído. Esta primeira exposição centra-se na intervenção realizada entre 2009 e 2010 no Bairro das Descobertas, no Vale da Amoreira, na Moita.
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Descritores
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Bairro; Intervenção; Reabilitação
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Relação documental
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Tipo de relação
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Documento relacionado
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Documentada em
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Bairro das Descobertas
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Copyright
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As versões dos registos e documentos integrantes do SIPA disponibilizadas no sítio www.monumentos.pt podem ser publicamente utilizadas nos termos e condições estabelecidos pela licença pública Creative Commons : CC BY-NC-ND-3.0.
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Comunicabilidade
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Acesso livre em linha
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Data de transmissão /
publicação
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2011-09-29
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Local/ endereço de
transmissão /publicação
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www.monumentos.pt;
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A presente exposição virtual, composta por algumas das fotos da coleção fotográfica do arquiteto Luiz Possolo, desenrola-se num espaço temporal compreendido entre o início da década de 1960 até meados da década de 1970, iniciando-se com um capítulo dedicado a obras arquitetónicas projetadas por Luiz Possolo para Angola (Pousada do Complexo Hidro-Elétrico de Cambambe, Escola Industrial e Comercial de Moçamedes, Restaurante Barracuda, em Luanda) e Moçambique (Fábrica de Cimentos de Nacala). O remanescente cobre geograficamente todo o antigo espaço colonial português (à exceção dos territórios que compunham a Índia Portuguesa), incidindo não só em aspetos relacionados com a arquitetura e vivências urbanas, mas igualmente em questões etnográficas e de levantamento de paisagens.
Exposição virtual realizada no âmbito do projeto de investigação "Os Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitectónica" (projeto FCT PTDC/AURAQI/104964/2008).
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Luiz Possolo (Lisboa 1924 – Lisboa 1999), ingressou na Escola de Belas-Artes de Lisboa (EBAL) em 1944, concluíndo o curso superior de arquitetura em 1951. Colaborou com ateliers em Paris, Dusseldorf e Haarlem, frequentando a primeira edição do curso de especialização em Arquitetura Tropical na “Architectural Association” (AA) em Londres, em 1954/1955. No decorrer da década de 1950 - e até 1961 - trabalha no Gabinete de Urbanização do Ultramar assinando mais de uma dezena de projetos públicos (nem todos executados) para os antigos territórios ultramarinos portugueses. Daí transita para a Agência Geral do Ultramar, firmando alguns projetos privados para as antigas colónias portuguesas ao longo das décadas de 1960 e 1970.
No decorrer do período que trabalhou em contexto colonial, participou em diversas missões ao terreno, nas quais registou fotograficamente locais e vivências. A coleção Possolo, em depósito no SIPA desde 2010 e composta por cerca de um milhar de slides fotográficos, alia um inequívoco valor documental a um reflexo da filosofia e ideais destas missões, levadas a cabo por arquitetos sediados em Lisboa, que projetando remotamente para o espaço colonial português, tinham nelas o principal veículo de adquirição de conhecimento do território e da realidade para a qual projetavam.
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segunda-feira, 29 de Outubro de 2012
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A exposição “Maquetas de Arquitetura – Maquetas como componente de projeto” esteve patente no Forte de Sacavém entre 20 de outubro e 11 de novembro de 2011 e pretendeu mostrar a importância da execução de maquetas no desenvolvimento dos projetos de arquitetura e de planeamento, sobretudo numa época em que não havia recursos informáticos.
Autoria das fotografias das maquetas: Laura Guerreiro (Luís Pavão, Lda), 2011.
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Copyright
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As versões dos registos e documentos integrantes do SIPA disponibilizadas no sítio www.monumentos.pt podem ser publicamente utilizadas nos termos e condições estabelecidos pela licença pública Creative Commons : CC BY-NC-ND-3.0.
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Comunicabilidade
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Acesso livre em linha
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Data de transmissão /
publicação
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2012-10-24
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Local/ endereço de
transmissão /publicação
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www.monumentos.pt;
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