Igreja Paroquial de São Dâmaso

IPA.00009050
Portugal, Braga, Guimarães, União das freguesias de Oliveira, São Paio e São Sebastião
 
Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Igreja maneirista, de planta longitudinal, de nave única e capela-mor mais estreita, rectangulares, torre sineira quadrangular, a flanquear a fachada principal, sacristia rectangular, adossada, à fachada lateral N. e anexo, também rectangular, adossado do lado oposto. Fachada principal da igreja em cantaria de granito, contrastando com as restantes fachadas rebocadas e pintadas, enquadrada por pilastras e rematada por frontão triangular. Portal principal também rematado por frontão triangular encimado por janelão. Torre sineira tardo-barroca, coroada por cúpula bolbosa. Interior com nave coberta por abóbada de berço, com paredes ritmadas por pilastras, entre retábulos de barroco nacional. Arco triunfal em cantaria, moldurado, fazendo a ligação à cobertura de caixotões de pedra da capela-mor. Painéis de azulejos barrocos joaninos. Retábulo-mor maneirista, possuindo já alguns elementos usados no barroco nacional, como é o caso das colunas pseudosalomónicas.
Número IPA Antigo: PT010308340080
 
Registo visualizado 4271 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta longitudinal, de nave única e capela-mor mais estreita, rectangulares, torre sineira quadrangular, adossada a N. da fachada principal, sacristia rectangular, adossada, à fachada lateral N. entre a nave e a capela-mor, e anexo, também rectangular, adossado lateralmente, a S. da fachada principal. Volumes escalonados, e articulados, de dominante horizontal, quebrado pelo verticalismo da torre sineira. Coberturas diferenciadas, em telhados de 2 águas na nave e capela-mor, 3 águas na sacristia e anexo e cúpula bolbosa coroada por cruz papal e cata-vento, na torre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, excepto na fachada principal da igreja, que apresenta aparelho isódomo, percorridas por embasamento avançado de cantaria, cunhais apilastrados, coroados por pináculos na nave e capela-mor e remates em cornija, sob beiral na sacristia e anexo. Fachada principal orientada, rematada por frontão triangular com cruz sobre acrotério. É rasgada por portal de verga recta, enquadrado por pilastras rematadas por mísulas em folha de acanto, coroado por frontão triangular cuja base, em posição central, apresenta as armas do Papa São Dâmaso. É encimado por janelão em arco pleno, que se prolonga para o tímpano do frontão de remate, com as armas de São Dâmaso na pedra de fecho. Esta composição central é enquadrada por pilastras colossais coroadas por pináculos, embebidas na caixa muraria. Flanqueia a fachada, a N., torre sineira com três registos, separados por cornija e friso, tendo o primeiro e o segundo, do lado N., frestas para iluminação da escada, o segundo, voltado a O., apresenta relógio de pedra e o último quatro sineiras em arco pleno, rematadas por cornija curva, com pináculos nos ângulos da cornija de remate. Fachadas laterais semelhantes rasgadas, na nave, por porta de verga recta e janelão no enfiamento, e na capela-mor por janelão rectangular. A N., sacristia de um só registo, com janelas rectangulares, duas voltadas a E., e duas a N., com porta de verga recta voltada a O.. A S., anexo de dois registos, tendo no primeiro, janelas rectangulares e porta voltada a E. e no segundo, uma janela em cada uma das fachadas. Fachada posterior a E., com pano da capela-mor cego, rematado em empena com cruz sobre acrotério. INTERIOR: Paredes da nave rebocadas e pintadas de branco, marcadas por pilastras e friso, ao centro. Cobertura em abóbada de berço, rebocada e pintada de branco, com motivos a dourado. Pavimento em taburnos de madeira com guias de pedra. Coro-alto assente sobre abóbada de berço, que forma o tecto do sub-coro, com guarda em balaustrada de madeira. Sub-coro com guarda-vento de madeira e duas portas de verga recta, laterais e confrontantes, de acesso à torre, ao coro-alto e ao anexo. A nave, iluminada por dois janelões, possui, em posição confrontante, retábulos laterais em talha dourada, inscritos arcos plenos sobre pilastras, encimados por sanefas de talha dourada. Os do lado do Evangelho são de invocação de invocação de Santa Luzia e Sagrada Família, e os do lado oposto, de Santo Elói e Nossa Senhora de Fátima. Do lado do Evangelho, retábulo de talha dourada, da invocação de Cristo Crucificado, inscrito vão rectangular em capialço. Do lado da Epístola, púlpito de base quadrada, escalonada inferiormente, com guarda plena de talha dourada, e estreita porta de acesso rectangular encimada por sanefa, rasgada na pilastra. Arco triunfal pleno, moldurado, com peanhas com imaginária, lateralmente, e pedra de armas de São Dâmaso no fecho, resguardado por grade de comunhão, em balaustrada de madeira. Capela-mor coberta por abóbada de berço, com caixotões de pedra, ornamentados com florões e pavimento em lajes de granito. Paredes integralmente revestidas a azulejos figurativos. É iluminada por dois janelões rectangulares, em capialço, com pintura policroma de anjos e motivos fitomórficos, no intradorso da moldura e, do lado do Evangelho, porta de acesso à sacristia confrontando com vão rectangular, moldurado, albergando arca tumular com tampa piramidal, com pedra de armas policroma, do fundador Lucas Rebelo, e inscrição. Retábulo-mor de talha dourada, de planta recta, de três eixos, rematado por entablamento, com ático com tabela rectangular, com imaginária, enquadrada por par de colunas e motivos fitomórficos. Tribuna em arco pleno, envidraçada, com imagem do orago, enquadrada por par de colunas pseudosalomónicas, de ordem coríntia, com peanhas com imaginária entre elas. Sacrário integrado no banco, com inscrição. Altar sobre supedâneo de pedra, com a inscrição gravada no frontal. Sacristia simples, com pavimento em tijoleira e tecto de masseira de madeira, com armário embutido e arcaz setecentista.

Acessos

Oliveira do Castelo, Largo do Conde D. Henrique.

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo Urbano da Cidade de Guimarães (v. PT010308340101) / Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo Urbano da Cidade de Guimarães (v. PT010308340101) e na Zona Especial de Proteção Conjunta do Castelo de Guimarães (v. PT01030834011), Igreja de São Miguel (v. PT01030834006) e Paço dos Duques de Bragança (v. PT01030834013)

Enquadramento

Urbano, isolada, no extremo SE. do antigo Campo de São Mamede, onde se realiza a feira de Guimarães, em alongado terreiro bordejado por árvores, em terreno de suave declive, fronteiro ao Castelo de Guimarães. Possui adro empedrado a cubo granítico, com acesso a O. por escadaria de pedra com sete degraus. A rua que passa junto à fachada lateral S., encontra-se em quota superior.

Descrição Complementar

AZULEJO: Capela-mor com paredes integralmente revestidas a azulejos monocromos a azul, formando catorze painéis historiados, moldurados por barras decoradas com anjos, volutas, atlantes e quarteirões. Os painéis retratam, os factos mais notáveis da vida de São Dâmaso, nomeadamente o Baptismo, a apresentação ao Papa Libério, o Diaconado, o Presbiterado, o Vicariato na Igreja de São Lourenço, em Roma, a ascensão ao Pontificado, milagres operados ainda vivo, a sua morte e a veneração do seu túmulo; TALHA: Retábulos laterais idênticos, de planta recta, um só eixo, com remate em duas arquivoltas torsas, que se interligam com o par de colunas pseudosalomónicas, que enquadra a tribuna de arco pleno. Possuem sacrário sobre a banqueta, excepto o de Nossa Senhora de Fátima que apresenta esquife como Cristo morto. Altar em forma de urna; INSCRIÇÕES: Inscrição gravada em lápide rectangular, colocada sobre arca tumular da capela-mor, pintada de preto, com os sulcos pintados a dourado; moldura simples, pintada a dourado; leitura: RE-BELLVS LVCAS ABBAS QVI REXERAT OLIM REGILDAE TEMPLV, CONDITVS HOCCE JACET IPSE SIBI TVMVLV DAMASO QUOQ CONSTRVIT AEDEM IACTITE VT NATOS PATRIA TANTA DVOS, IAM QVOD PASTOR OVE CAELESTI SEDE LOCAVIT, ASTOREM TEMPLO GRATA REPONIT OVIS; inscrição gravada no sacrário do retábulo-mor; talha dourada; leitura: ANO DE 1698; inscrição gravada no frontal do altar-mor; talha dourada; leitura: ANNO DOMINI MDCXXXVI.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Entalhador: Pedro Coelho; Pedreiros: Mestre Domingos de Freitas, Mestre Vicente José Carvalho e Mestre João Manuel de Carvalho; Pintor: P.M.P. (azulejos da capela-mor).

Cronologia

1609 - O testamento de Lucas Rebelo, Abade de Santa Comba de Regilde, deixa "por herdeira universal de todos os seus bens, a Irmandade das Chagas e Cordão de São Francisco, com a obrigação de edificar uma capela para o serviço da mesma irmandade, e junto dela um hospital, para o tratamento de eclesiásticos pobres e seculares igualmente pobres de Santa Comba" (RIBEIRO, 1990); 1625 - a Irmandade das Chagas e Cordão de São Francisco compra umas casas e quintal de Diogo de Miranda de Azevedo, pela quantia de cem mil réis, com o fim de realizar as determinações do instituidor; 1636 - início provável da construção da igreja no centro do burgo de Guimarães; data gravada no altar-mor; 1641 - conclusão da capela-mor; 1644 - contrato com o Mestre Pedreiro Domingos de Freitas para a construção do corpo e frontaria do templo; 1691 - "achando-se a Capela-Mor quase em estado de ruína, foi necessário apear-lhe a parede de nascente até aos alicerces, e desmontar a abóbada e o arco cruzeiro até aos capitéis das colunas, que a sustentavam, obra que naquele tempo custara 334$500 réis" (CALDAS 1996, 337); 1692 - o entalhador Pedro Coelho aceitou executar o retábulo da capela-mor; 1694 - como o corpo da igreja ameaçava ruína tornou-se urgente reformá-lo quase desde os alicerces; 1698 - provável conclusão das obras de remodelação da nave; data inscrita no sacrário do retábulo-mor; 1702 - são encomendados a Pedro Coelho os quatro retábulos da nave "todos de perfeito estilo português" (GONÇALVES 1981, 344); 1720 - provável colocação dos azulejos, atribuídos ao monogramista P.M.P.; 1784 - referência à torre sineira, atribuída aos Mestres Pedreiros Vicente José Carvalho e João Manuel de Carvalho; 1892 - referência à sacristia; 1960 - é decidida a transladação e reconstrução da Igreja de São Dâmaso, devido ao projecto de renovação urbanística da cidade; 1962 - referência ao Campo de São Mamede junto ao Castelo de Guimarães, local onde será reconstruída a Igreja de São Dâmaso; 1966 - conclusão das obras de reconstrução; 1967, 28 Maio - a igreja é reaberta e inaugurada a nova paróquia.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, fachada principal da igreja, elementos decorativos, cunhais, embasamento, cornijas de remate, pilastras, base do púlpito, guias dos taburnos, arca tumular do fundador, arco triunfal, pavimento e abóbada da capela-mor em granito; portas, janelas, balaustrada do coro-alto, guarda-vento, retábulos, sanefas, guarda do púlpito, grades de comunhão, taburnos da nave, tecto da sacristia e escadas de acesso ao segundo piso do anexo em madeira; azulejos tradicionais no revestimento das paredes da capela-mor; pavimento da sacristia em tijoleira; grades das janelas e cata-vento da torre sineira de ferro; cobertura exterior em telha de canudo.

Bibliografia

ALMEIDA, Jerónimo de, Os Azulejos da Igreja de S. Dâmaso de Guimarães, Guimarães, 1960; MORAES, Maria Adelaide Pereira de, Guimarães, Terras de Santa Maria, Guimarães, 1978, pp. 14 - 15; SIMÕES, J. M. dos Santos, Azulejaria em Portugal no séc. XVIII, 1979; ALVES, José Maria Gomes, Património Artístico e Cultural de Guimarães, Guimarães, 1981, pp. 21 - 24; GONÇALVES, Flávio, A Talha na Arte Religiosa de Guimarães, in Actas do Congresso Histórico de Guimarães e sua Colegiada, vol. II, Guimarães, 1981; GUIMARÃES, Agostinho, Azulejos Artísticos de Guimarães (séculos XVI, XVII, XVIII), Guimarães, 1983, pp. 35 - 39; RIBEIRO, Pe. José Manuel Oliveira, A Igreja de S. Dâmaso de Guimarães, in Boletim de Trabalhos Históricos, vol. XLI, Guimarães, 1990, pp. 61 - 94; CALDAS, Pe. António José Ferreira, Guimarães, apontamentos para a sua História, Guimarães, 1996, pp. 336 - 339.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

SCMG: 1986 - Arranjo do pavimento; limpeza dos retábulos e retoques; pintura das paredes interiores e exteriores; colocação de corrimão nas escadas de acesso à sineira.

Observações

*1 - Este largo era antigamente denominado Campo de São Salvador ou de São Mamede.

Autor e Data

António Dinis 2000

Actualização

 
 
 
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