Igreja Matriz de São Cristóvão / Igreja de São Cristóvão e São Lourenço

IPA.00006462
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitetura religiosa, maneirista e barroca. Igreja paroquial que se enquadra na tipologia dos fins do séc. 17 português. Frontaria Maneirista, robusta e de linhas simples, dividida por pilastras, decoração concentrada no pórtico, janelas simples de vão rectangular, e a coroá-la um frontão triangular de linhas direitas ladeado por 2 torres sineiras. Interior totalmente revestido a talha dourada barroca, inserida no "Estilo Nacional".
Número IPA Antigo: PT031106380060
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta. Volumes escalonados,nave única, capela-mor e corpos anexos de cota inferior, adossados lateralmente (cartório, sacristia, e capelas mortuárias). Cobertura em telhado a 2 águas no corpo da igreja e a 4 águas nos corpos adossados. Soco e cunhais em cantaria. Uma cornija corre todo o edifício e anexos. Fachada principal, de acentuada verticalidade, dividida por cunhais e pilastras, formando 3 panos. No pano central, abre-se galilé, com pórtico emoldurado em cantaria e inscrito em arco pleno, coroado por arquitrave e espaldar vazado por nicho envidraçado, este, ladeado por volutas e pináculos e coroado por pequeno frontão de volutas concordantes, sobre o qual se rasga 1 janela simples de vão rectangular. Nos panos laterais, rasgam-se várias janelas de diferentes dimensões. Sobre a cornija, frontão triangular, enquadrado por volutas e flanqueado por 2 torres, rasgadas por sineiras nas 4 faces e coroadas por cúpula e grimpa. No recanto formado pelo corpo lateral N., de 2 pisos, recuado em relação à fachada, um lanço de escadas dá acesso a 2 portas. Uma simples e outra, na fachada N. da igreja, emoldurada a cantaria, com entablamento, espaldar ladeado por aletas e pináculos, encimado por frontão de volutas, interrompido. O interior, de nave única, é iluminado por várias janelas. Sob o coro, abaulado e de balaustrada em madeira, 2 arcos, ladeando a galilé da entrada, dão acesso a 2 capelas, sendo a da esquerda baptistério. Sobre as capelas laterais ( 3 no lado direito e 2 no esquerdo) abrem-se, de cada lado, 4 varandas com janelas iluminantes, que correspondem a uma galeria interior circulatória. Um arco pleno dá acesso à Capela-Mor. O tecto da nave é em madeira, ligeiramente abaulado, e o da Capela-Mor em abobadilha de arestas.

Acessos

Rua de São Cristóvão; Largo de São Cristóvão; Rua da Achada

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 33 587, DG, 1.ª série, n.º 63 de 27 março 1944 / Incluído na Zona de Proteção do Palácio do Marquês de Tancos (v. IPA.00003031) e parcialmente incluído na Zona de Proteção do Portal lateral do Palácio Vagos (v. IPA.00020178)

Enquadramento

Urbano. Isolada. Ao cimo das Escadinhas de São Cristóvão, e envolta por uma malha apertada de casas destaca-se pela sua fachada que se desenvolve na vertical. Escadaria estreita dá acesso ao pórtico.

Descrição Complementar

Bastante decorado interiormente, apresenta os espaços livres das paredes revestidos por quadros a óleo sobre tela, emoldurados a talha dourada. As capelas têm os arcos emoldurados a cantaria e são revestidas por silhares de azulejos policromados formando xadrez. Os altares possuem banqueta e frontal de mármore branco e rosa e, ao fundo, revestimento a talha dourada com colunas pseudo-salónicas, envolvidas em parras e uvas. O tecto da nave tem pintura ornamental exuberante, apresentando 15 quadrelas desenvolvendo-se em torno do painel central, composto por figuração de anjos ao redor de uma custódia barroca. Os quadros a óleo sobre tela são atribuídos à oficina de Bento Coelho da Silveira. Nas actuais capelas mortuárias (corpo S.), encontram-se, embutidas na parede e sob um arco, os túmulos da família Miranda, contendo inscrição gótica. No portal da fachada N. existe a seguinte inscrição: CHRISTOPHORUM / SENET ONERI SEDES TENET IPSE / SONANTEM / EST ONERI SEDES UTRAOP RVQS VO. Junto á Capela-Mor existem 2 lápides, uma no lado esquerdo e outra no direito com a seguinte inscrição " ESTA CAPELLA HE DA / IRMANDADE DO SANTI- / SSIMO SACRAMENTO / DESTA IGREJA E A FIZE / RAM A SVA CVSTA OS IR- / MAOS DELLA E SE ACA- / BOU NO ANNO DE 1671". " A QUAL CAPª LHES DERAO / OS RDOS POR E BENDOS DES- / IGRA COM AS CLAVSV- / LAS E CONDOCOES DA / ESCRITRA FTA NAS NOT- / TAS DO TAM AVRELIO DE / MIRANDA EM OS 13 DE SETBRO DE 1672 ANNOS". Os quadros a óleo sobre tela são atribuídos à oficina de Bento Coelho da Silveira.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

DESENHADOR; Padre João Duarte (1666, 1680-1681). ENTALHADOR: Estêvão Luís (1702-1703); Manuel João da Fonseca (1680-1681). PEDREIRO: Vicente Ribeiro (1666). PINTORES: Bento Coelho da Silveira (1690-1703); Estêvão Amaro Pinheiro (1701); Lourenço Nunes Varela (1701); Miguel dos Santos (1701).

Cronologia

Séc. 13, 1.º quartel - data provável da edificação da primitiva igreja que se chamou de Santa Maria de Alcamim; 1308 - vem citado num documento o reitor de São Cristóvão; séc. 15 - D. João I doa o padroado da igreja a D. Martinho de Miranda, que seria bispo de Coimbra, e aos sucessores do seu morgado; séc. 16, 1.º quartel - há notícia que durante o reinado de D. Manuel a igreja foi totalmente destruída por um incêndio, tendo sido reedificada outra, mais ampla; 1551 - segundo Cristóvão Rodrigues de Oliveira, a igreja tem um prior e cinco beneficiados, rendendo 225 cruzados e cada benefício tem 80 cruzados; tem várias capelas e missas por sufrágio, que rendem 155 cruzados; no templo estão sediadas as confrarias do Santíssimo, São Cristóvão e São Sebastião e a de Nossa Senhora dos Prazeres, que rendem de esmolas 45 cruzados; 1610 - é restaurada; 1666, 02 junho - contrato entre a Irmandade do Santíssimo e o pedreiro Vicente Ribeirio para as obras da capela-mor, conforme risco do Padre João Duarte (COUTINHO: 462); 1671-1672 - conclusão de uma grande remodelação; 1680, 19 fevereiro - Manuel João da Fonseca é contratado pela Irmandade do Santíssimo para a feitura do retábulo, trono, caixilhos dois painéis das ilhargas da capela-mor por 320$000 (FERREIRA, vol. II, p. 541), conforme desenho do Padre João Duarte, membro da Academia dos Singulares; 1681, 01 setembro - quitação da obra da capela-mor, passada pelo entalhador ao Conde de São Vicente, D. Miguel de Carlos de Távora, juiz do Santíssimo (FERREIRA, vol. II, p. 542); 1699 - pintura do painel da tribuna por 16$650; feitura da grade do painel por 2$070; execução de várias pinturas por 20$000; feitura de embutidos e das portas, pelo que se pagou 15$680; 1699 - 1703 - pintura das telas da igreja por Bento Coelho da Silveira (1630-1708); douramentos vários por 500$000; 1701 - pintura do tecto em brutesco por Estêvão Amaro Pinheiro, Miguel dos Santos e Lourenço Nunes Varela; 19 junho - testamento de D. Brígida Gomes, deixando uma verba destinada à pintura dos painéis do tecto, no valor de 200$000; 1702 - 1703 - aparelhamento da igreja pelo entalhador Estêvão Luís, por 320$000; feitura do caixilho da porta e painéis do coro por 42$000; pintura do tecto da igreja e douramento do mesmo e da cimalha por 514$800, pelos pintores Miguel dos Santos, Amaro Pinheiro e Lourenço Nunes Varela; douramento dos painéis por 350$000 (SERRÃO, 2001, p. 124); pintura de grotesco e douramento do arco triunfal por 80$000; pintura das tribunas e cimalhas por 40$000; pagamento de 327$000 a Bento Coelho da Silveira pela obra realizada; 1755, 1 novembro - o terramoto causou poucos estragos, apenas nas torres; 1758, 10 setembro - nas Memórias paroquiais, assinadas pelo pároco Joaquim Salter de Mendonça, é referido que a paróquia fica junto à Costa do Castelo; a igreja tem oito altares, o mor, com o Santíssimo Sacramento, e os colaterais de Nossa Senhora dos Prazeres, com uma imagem antiga, e o de São Cristóvão; no corpo da igreja, o Crucificado, onde surge uma Sagrada Família, e o de São Miguel, ladeado por São Sebastião e São Francisco Xavier; no lado da Epístola, os altares de Nossa Senhora da Esperança, o de Santo António, ladeado por São João Baptista e São Mamede, e o de Nossa Senhora da Conceição, ladeado por Santa Catarina e São Marcos; o pároco é prior apresentado pelos morgados de Miranda, D. José de Meneses, tendo de renda 500 a 600$000; tem cinco beneficiados com o mesmo rendimento do prior, sendo apresentados por este; tem as Irmandades do Santíssimo, a de São Miguel e Almas e a de Nossa Senhora da Conceição; 1839 - 1841 - recebe grandes restauros, principalmente na fachada principal; 1846 - arranjos interiores e exteriores (no adro); 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Cantaria, alvenaria, madeira, vidro, ferro, talha e telha.

Bibliografia

ALMEIDA, Fernando de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 1º Tomo, Lisboa, 1973; ANDRADE, Ferreira de, A Freguesia de S. Cristóvão, Vol.I, Lisboa, 1944; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Livro III, Lisboa, s.d.; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fascículo X, Lisboa, 1944 - 1956; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; Guia Laranja, Lisboa e Costa de Lisboa, Lisboa, 1985; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; Monumentos, n.º 10 a n.º 11, n.º 16, Lisboa, DGEMN, 1999 e 2002; OLIVEIRA, Cristóvão Rodrigues de - Sumário em que brevemente se contém algumas coisas (assim eclesiásticas como seculares) que há na Cidade de Lisboa. 2.ª ed. Lisboa: Edições Biblion, 1938; PEREIRA, Luiz Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1927; SERRÃO, Vítor, O Programa Artístico da Igreja de São Cristóvão de Lisboa. O retábulo quinhentista e a campanha de obras protobarrocas (1666-1685), in separata do Boletim Cultural da Junta Distrital de Lisboa, série IV, n.º 92, 1998, pp. 12-13; SERRÃO, Vítor, Os Silva Paz, uma família de pintores em obra, in A Cripto-História de Arte, Lisboa, Livros Horizonte, 2001, pp. 101-124; SERRÃO, Vítor, Os Silva Paz, uma família de pintores em obra, in A Cripto-História de Arte, Lisboa, Livros Horizonte, 2001, pp. 101-124; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; SMITH, Robert, A Talha em Portugal, Lisboa, 1963.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRMLisboa

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSARH; CML: Direcção dos Serviços Centrais e Culturais, 5ª Repartição (Arquivo de Obras).Proc. de Obras nº 34624

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1699 - concerto da tribuna por 11$730; DGEMN: 1953 - reparação dos telhados; 1955 - obras de limpeza e reparação de fachadas e telhados; 1959 - instalação eléctrica; 1961 - obras de conservação; 1963 - obras de conservação, obras de restauro interior, obras de conservação exterior; 1964 - trabalhos de restauro e beneficiação; 1965 - trabalhos de consolidação e beneficiação, trabalhos de restauro e beneficiação; 1966 - trabalhos de conservação e beneficiação, instalação eléctrica, trabalhos de restauro e beneficiação; 1967 - trabalhos de restauro e beneficiação, instalação eléctrica; 1968 - diversos trabalhos de acabamento: consolidação dos elementos de talha nos altares principal e laterais; conclusão de pinturas o óleo em madeiras, janelas, portas e guarda-vento; limpeza de toda a talha do altar-mor, trabalhos de conservação e beneficiação, colocação de armaduras; CML - 1926 - reparações interiores e exteriores, limpezas exteriores da Igreja; 1933 - pintura dos bancos da Igreja, limpeza e reparações interiores e exteriores; 1938 - obras de reparação interior e limpeza da fachada; 1940 - obras de limpeza e conservação de um edifício anexo à Igreja; 1943 - reparação do telhado; reparações interiores e exteriores e pinturas; 1947 - reparação de telhados; 1948 - obras de beneficiação periódica; 1958 - obras de limpeza; DGEMN: 1999 - beneficiação da instalação eléctrica; 2001 / 2002 - beneficiação da cobertura da capela-mor e anexos, limpeza geral do vão da cobertura situado sobre a nave; relatório de diagonóstico do estudo de conservação dos elementos artísticos e decorativos; 2004 - beneficiação da cobertura do corpo Poente e do tecto do acesso ao trono.

Observações

Autor e Data

João Silva 1992

Actualização

J.Seabra Gomes 2005
 
 
 
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