Forte de Nossa Senhora da Graça / Forte de Lippe

IPA.00003771
Portugal, Portalegre, Elvas, Caia, São Pedro e Alcáçova
 
Fortificação terrestre, construída na segunda metade do séc. 18, com projeto do engenheiro Schaumbourg-Lippe, mais conhecido como Conde de Lippe, e obras dirigidas por Étienne e depois por António de Valleré, que introduziu várias alterações significativas, constituindo o forte setecentista mais importante do país e com características ímpares no mundo, "uma obra-prima de fortificação, cuja arte se esgotou aqui completamente", segundo Christian, Príncipe de Waldeck, em 1798. Construído no topo de um outeiro a norte da cidade que, com o avanço da artilharia, se tornara um padastro para a mesma, o forte foi projetado com traçado abaluartado segundo a escola de fortificação francesa do primeiro método do Marquês de Vauban, com ângulos de flanco obtusos, linha de defesa rasante, sem flancos secundários para defender as faces dos baluartes, obras avançadas triangulares afastadas das cortinas, optando-se por revelins, e com traveses no caminho coberto. No entanto, o Forte da Graça apresenta diversas características que o diferenciam de qualquer um dos três sistemas de Vauban, revelando algumas alterações de Valleré uma evolução sobre o próprio sistema de Vauban, que viriam a ser integradas nos tratados de fortificação produzidos a partir de então e a antecipar inovações surgidas na transição do século 18 para o 19. Apesar do outeiro ter uma área reduzida para construção e o terreno ser rochoso, o Conde de Lippe ultrapassou com grande mestria essas dificuldades, optando por um traçado de grande racionalidade e excelente aproveitamento do terreno, colocando as áreas funcionais em plano subterrâneo, e com grande simetria e regularidade planimétrica, aumentando a sua capacidade defensiva *10. Esta é elevada a um grau de excelência e grande sofisticação com as alterações de Valleré, nomeadamente nas contraguardas e esplanada e com a construção do reduto central sobreposto pela casa do governador, inovando ainda a nível da artilharia, conferindo maior poder de fogo ao forte e permitindo ultrapassar as limitações morfológicas do terreno. O forte apresenta planta poligonal regular, composta por recinto magistral quadrangular, com quatro baluartes poligonais nos ângulos, contendo no interior e separado por fosso, reduto central e a casa do governador, e exteriormente circundado por fosso geral, com contraguardas nos ângulo flanqueados dos baluartes, revelins a flanquear as cortinas, um hornaveque, reforçado por revelim e contraguarda tipo tenalha, circundados por caminho coberto de traçado tenalhado, covas de lobo e esplanada. Tem paramentos em talude, em alvenaria de pedra à fiada e rebocada, com cunhais em cantaria, rematados por cordão e parapeito em merlões e canhoneiras, integrando no ângulo flanqueado e alguns salientes do caminho coberto guaritas cilíndricas, rematadas por cornija e cobertas por domo. A magistral tem os paramentos rasgados por frestas de tiro, correspondendo no interior à galeria da escarpa desenvolvida ao longo de todo o seu perímetro, exceto nas faces dos baluartes reforçados pelo hornaveque, e, nos extremos das cortinas, poternas em arco, com acesso por ponte levadiça, flanqueadas por canhoneiras elípticas nos flancos dos baluartes. A porta principal abre-se a meio da cortina virada à cidade, em arco de volta perfeita, entre pilastras em silharia fendida, com aletas e lacrimais, sustentando entablamento e remate, com lápide alusiva à construção, brasão real, motivos vegetalistas, cartelas e panóplias militares. A porta acede ao transito, que concilia vários mecanismos de defesa, como um rastrilho central, canhoneiras quadrangulares ou circular sobre os vãos e bueira na cobertura, com uma invulgar preocupação decorativa nesta tipologia construtiva. De facto, os portais das galerias da escarpa têm as molduras percorridas por frisos e chave concheada, encimada por cornija reta e motivos vegetalistas, e a bueira insere-se em apainelado. Os portais da segunda secção do transito são mais simples, ainda que com moldura côncava e chave relevada, dando acesso a salas circulares; a direita, que funcionou como corpo da guarda, tem grande pilar central, sustentando abóbada tornejante, interligada a uma outra sala circular, mais pequena, com zona de aquecimento, e a esquerda, rebaixada e com cobertura em cúpula, tem excelente qualidade acústica, fazendo pensar ter servido para reuniões. Das galerias da magistral, acede-se às salas capitais, na frente sul hexagonais, também com grande pilar central a sustentar a abóbada tornejante, e no baluarte nordeste em T, com fornos de pão, e partem corredores para outros compartimentos e para o fosso interior. Este tem a meio de cada cortina, portal entre contrafortes, com arco abatido e moldura convexa, de chave saliente e com bola e painel relevado, esquema semelhante aos portais do Quartel do Casarão (v. IPA.00035793), também da autoria de Valleré, ainda que aí sejam de verga reta, destacando-se o da cortina sul, em arco de volta perfeita, de cantaria almofadada, entre amplos óculos circulares, de iluminação das salas circulares do transito. A nascente e poente desenvolvem-se escadas para o terrapleno, que na frente norte é mais alto, para que a sua linha de tiro a partir das canhoneiras não fosse obstruída pelo maior número de obras exteriores, e para facilitar a comunicação com o reduto central, sendo circundado por banqueta. Sobre o terrapleno dos baluartes dispõem-se canhoneiras cobertas de duplo tiro, adaptados a quartéis dos oficiais, capazes de defender cabalmente os baluartes e destruir o caminho coberto e revelins, constituindo exemplares únicos do tipo nas fortificações nacionais e talvez o maior conjunto em bom estado de conservação no mundo. A existência de desenhos das canhoneiras a acompanhar as cartas de Valleré ao Marquês de Pombal, revela que as mesmas foram construídas logo nos primeiros anos da construção do forte. Possuem planta retangular simples, nas faces dos baluartes, e composta por três secções, nos flancos, com dois pisos, cuja dimensão do primeiro piso e elementos defensivos sugerem ter servido igualmente de casamatas. A zona central do recinto magistral teve alterações significativas ao longo da construção. O projeto do Conde de Lippe contemplava um conjunto de armazéns e paióis encostados à escarpa interior, tal como acontece no Forte de Santa Luzia, com uma pequena construção ao centro; Étienne, afasta-os da escarpa interior e distribui-os pelo espaço, colocando ao centro, um de maiores dimensões. Valleré decide construi-los adossados à escarpa interior, mas dispostos de ângulo, junto aos baluartes, e, no meio do recinto, erguer um reduto central, encimado pela casa do governador, ultrapassando o problema da falta de espaço e aumentando a capacidade defensiva do forte, já que cria uma terceira barreira a ter de conquistar e um espaço de vigia e controlo sobre toda a envolvente. Para além disso, consegue harmonizar as novas estruturas com as construções e regularidade geométrica do restante projeto. Este esquema, de grande raridade nas fortificações da época, é possível ter-se inspirado no Forte de Santa Luzia, embora que aí seja mais simples. No forte de Wilhelmstein, na Alemanha, também da autoria do Conde de Lippe e com direção de Étienne, que, aliás, tem algumas semelhanças com o Forte da Graça, foi igualmente construída uma casa de governador central, mas sem o reduto. Segundo Tiago Prazeres, o reduto do Forte da Graça relembra algumas obras realizadas anteriormente, como o Fort Paté, em França, realizado por Vauban entre 1685 e 1693, com planta circular e inferiormente envolvido por "seteiras acasamatadas". Contudo, considera que o reduto de Elvas constitui uma transição entre o método de Vauban e o de Montalembert, da primeira metade do séc. 19, que pretendia criar uma poderosa capacidade de fogo, e de que é exemplo o Fort Boyard, também em França, percorrido por três pisos de canhoneiras acasamatadas. Assim, no Forte da Graça Valleré desenvolve o sistema de Vauban e aumenta a sua eficácia defensiva, acompanhando os avanços da artilharia, construindo o reduto central com três níveis de casamatas rasgadas por frestas de tiro e canhoneiras. O reduto tem planta octogonal, de faces menores viradas ao meio das cortinas e aos revelins, para facilitar a circulação no fosso interior, rematado com um espesso parapeito abobadado, integrando quatro balcões cobertos e com matacães, entre casamatas com frestas de tiro, sobreposto, na frente norte e sul, por duplo parapeito para fuzilaria, descoberto e ornado na face interna. No interior, a organização espacial do reduto, bem como a casa do governador, mantém uma lógica comum nos vários pisos, com compartimentos distribuídos à volta de um núcleo central circular integrado numa cruz grega estruturadora. Alberga cisterna subterrânea, com grande capacidade de armazenamento e que recebia água do terrapleno, fosso e terraços das coberturas do reduto e casa do governador, possuindo compartimentos retangulares, cobertos por abóbada de berço, os principais da cruz tendo no centro, octogonal, pilar sustentando abóbada tornejante. O piso térreo é estruturado por cruz grega de braços marcados lateralmente por arcos, decorados com denticulados, pavimento de mármore, com motivos geométricos e cobertura em abóbada de berço, decorada com apainelados, tendo a zona central, onde se colocava o altar-mor, coberta por cúpula, ornada com apainelados e quatro óculos circulares que também funcionavam como canhoneiras. Um dos compartimentos foi adaptado, durante o séc. 20, a capela, possuindo altares laterais e decoração em estuques distinta. Nos compartimentos intermédios maiores rasgam-se as canhoneiras e, nos mais pequenos, as frestas de tiro. O piso superior tem um pé direito mais baixo e o espaço organiza-se a partir de corredor à volta da cúpula da capela, ao nível dos óculos da mesma. Os pisos interligam-se por escada e possuem vãos de comunicação vertical, oral e visual, quadrados ou elípticos. A casa do governador denota maiores preocupações decorativas, quer no exterior, quer no interior. Tem planta em cruz grega, sobreposta por tambor octogonal, telhado. As fachadas, rebocadas e com apainelados relevados, têm dois pisos, separados por cornija e são rasgadas regularmente por vãos retilíneas, correspondendo no primeiro piso a portas e no segundo a janelas de sacada, possuindo diferentes molduras e o remate, em cornija sobre cachorrada e platibanda plena e vazada, decorada com motivos geométricos. A comunicação entre os pisos faz-se por escada interior e uma exterior, virada à cidade, com patamar alpendrado. No interior, a sala central do piso inferior tem pinturas, de 1939, alusivas à construção do forte, seus intervenientes e outros factos históricos. O segundo piso, correspondendo à área residencial, tem maior proliferação de estuques relevados, com motivos vegetalistas e geométricos. Esta preocupação arquitetónica e decorativa patente no forte, sobretudo no reduto central e casa do governador, é rara nas fortificações nacionais, dada à frequente urgência com que eram construídas e à necessidade de privilegiar o seu caráter militar e defensivo em detrimento de outros. O Forte da Graça é ainda uma obra-prima em termos materiais, já que foi construído com alvenarias de excelente qualidade e de enorme espessura, contribuindo para a sua preservação. O recinto magistral é circundado por grande profusão de obras exteriores, sobretudo na frente norte, virada a Espanha, onde o relevo era mais suave e portanto mais propício a ataques inimigos. Possui um fosso geral, bastante alto, tendo a sul vários muretes que, segundo alguns autores, poderiam definir um espaço alagável, criando um espelho de água, e três outros fossos na frente norte, a separar as obras exteriores, fechados por capoeiras acasamatadas. Cada uma das cortinas é flanqueada por um revelim, a sul e a poente com pequenos flancos e os outros simples, acedidos por escadas na gola, tendo no terrapleno paiol e casa da guarda à prova, barbeta no ângulo flanqueado e banquetas; no revelim sul, tem a porta exterior, denominada do Dragão, devido à figura que surge no remate, entre panóplias militares, sobre arco abatido, com carranca na chave, ladeado por largas faixas em silharia fendida e almofadada. Ao longo da contraescarpa dos fossos, dos revelins e das capoeiras, corre galeria acasamatada, rasgada por frestas de tiro viradas ao fosso, interiormente cobertas por abóbadas de berço, à prova, e seccionadas por panos de muro, com frestas de tiro, que podiam ser fechadas para impedir o avanço do inimigo. Esquema semelhante surge no hornaveque, de braços compridos, com cortaduras, paióis, canhoneira acasamatada e barbetas, e no revelim do mesmo. À frente do ângulo flanqueado de cada baluarte, meios baluartes e revelim a norte, existem contraguardas, as últimas de tipo tenalha. Percorrendo o perímetro exterior do fosso e no alto da sua contraescarpa, desenvolve-se o caminho coberto, de traçado tenalhado, protegido por parapeito, acedido por rampas, percorrido por banquetas e tendo nos ângulos salientes barbetas, inferiormente com pequenos paióis. Nas praças de armas salientes mais a norte e a sul existem traveses, de vários tipos, com frestas de tiro, ou ameias e abertas, um deles com escadas e outro coberto e seccionado a meio. Sob o terrapleno do caminho coberto, existem poternas, tipo canhoneiras, flanqueadas por pequenas casamatas abobadadas, destacando-se a de acesso à Fonte do Marechal, com longo túnel abobadado sob o reparo e escada, e dos ângulos salientes da frente norte, desenvolvem-se a partir das galerias túneis de contraminas, abobadadas e com escadas. Entre o caminho coberto e as esplanadas, nas zonas de menor inclinação do terreno, ou em frente das poternas, existem covas de lobo, bem conservadas, em cone invertido, revestidas de pedras, dispostas em três filas paralelas. Uma das últimas obras exteriores a destacar, da autoria de Valleré, diz respeito ao traçado da esplanada circundante, indissociável da planimetria do forte, e cujas características são também únicas no território nacional. A elevação foi moldada segundo o traçado das estruturas do forte, seguindo a sua regularidade geométrica, com as linhas de cumeeira no prolongamento das linhas capitais dos baluartes, meios baluartes e revelins, numa grande extensão e com grande inclinação, ocultando grande parte do próprio forte e dificultando a subida da colina pelo inimigo, obrigando-o a maior exposição. Esta vantagem defensiva tinha, no entanto, a desvantagem de não ser permitir fazer o tiro de canhão mergulhante, daí Valleré ter inventado uma alteração nos reparos de artilharia que permitia fazer os tiros "sufficientemente exactos, mergulhando por todos os angulos até quarenta e oito gráos". As galerias da escarpa e contraescarpa apresentam um vasto conjunto de pinturas murais, do séc. 18 ao 20, com números de registo militar ou representações figurativas alusivas às vivências militares, enquanto forte e prisão, algumas de caráter doutrinário e moralista de 1959, que também surgem no reduto central, com grande interesse histórico e completamente inéditas em estruturas fortificadas.
Número IPA Antigo: PT041207020006
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Militar  Forte    

Descrição

Fortificação de planta poligonal regular, composta por recinto magistral quadrangular, com 145m de lado, e quatro baluartes poligonais dispostos nos ângulos, denominados, a partir da porta principal, e no sentido dos ponteiros do relógio, por baluarte de Santo Amaro, da Malefa, de Badajoz ou da Estação e o da Cidade, possuindo no interior, separado por fosso, reduto central octogonal sobreposto por casa do governador, e pelas seguintes obras exteriores: o fosso geral, circundando o forte, quatro contraguardas no ângulo flanqueado dos baluartes, quatro revelins, a flanquear as cortinas, denominados das Salvas ou da Cidade, de Santo Amaro, de São Domingos e de Badajoz ou da Estação, um hornaveque a norte, à frente do revelim de São Domingos, e tendo frontalmente o revelim do hornaveque e contraguarda tipo tenalha, caminho coberto a envolver todas estas estruturas, covas de lobo e esplanada. Apresenta paramentos em talude, rebocados e com os cunhais em cantaria, rematados em cordão e parapeito de merlões e canhoneiras ou liso, e com guaritas cilíndricas, no ângulo flanqueado dos revelins e baluartes, no ângulo de espalda destes, no hornaveque e sobre alguns ângulos salientes do caminho coberto; as guaritas, precedidas de corredor, assentam em mísulas de igual formato, são rasgadas por três frestas de tiro e vão de acesso retilíneo, rematam em friso e cornija e são cobertas por domo, coroado por pináculo. RECINTO MAGISTRAL com os paramentos rasgados por frestas de tiro, molduradas, exceto nas faces dos baluartes da Malefa e de Badajoz. A meio da cortina virada a sul, abre-se a PORTA PRINCIPAL, precedida por ponte, sobre três arcos. Tem arco de volta perfeita, encimado por cartela com festões, concheados e elementos vegetalistas, ladeado por pilastras em silharia fendida, com aletas e lacrimais, sustentando entablamento, que tem ao centro lápide inscrita, e o remate em empena recortada, decorada por amplo brasão real, motivos vegetalistas, festão, cartela com cruz de Cristo, entre panóplias militares. Em cada um dos extremos das cortinas, junto aos ângulos de flanco, rasgam-se POTERNAS, num total de oito, em arco de volta perfeita, com acesso ao fosso por ponte levadiça, que assenta em escada em tijolo maciço colocado a cutelo; as poternas são flanqueadas por duas canhoneiras elípticas, abertas nos flancos dos baluartes. INTERIOR: o portal principal acede ao transito, seccionado a meio por arcos de volta perfeita, com orifícios do antigo rastrilho, e a partir do qual se desenvolve escada de ligação ao fosso interior. Na primeira secção do transito, coberta por abóbada, com bueira inserida em apainelado quadrangular, abre-se de cada lado porta de verga abatida, moldurada, com fecho saliente, encimada por cornija reta, elementos vegetalistas e pequena canhoneira quadrangular. Estes portais, com portas gradeadas, acedem às galerias da escarpa que se desenvolvem ao longo de todo o perímetro da magistral, à exceção das faces dos baluartes da Malefa e de Badajoz, dispostas a 2,5m acima do nível do fosso, com frestas de tiro viradas a esse e poternas nas cortinas, junto aos ângulos de flanco. Têm pavimento cerâmico, cobertura em abóbada de berço, à prova, e são seccionadas por paredes, com vão central ou colocado a um dos lados, conservando nos paramentos pinturas murais alusivas à última função do forte e, ocasionalmente, urinol. Na segunda secção do transito, mais alto e com canhoneira sobre o arco do rastrilho, abre-se, de cada lado, porta de moldura convexa, de ligação a salas circulares; a da direita, que serviu de corpo da guarda, tem ao centro amplo pilar circular, sustentando a abóbada tornejante, com vários nichos em arco nos paramentos e, no topo, uma outra sala circular, mais pequena, de aquecimento, com banco de madeira circundando fogão circular central. A sala da esquerda tem excelente qualidade acústica, cota rebaixada e cobertura em cúpula, com bueira central. Das galerias da magistral, acede-se às denominadas salas capitais nos baluartes da Santo Amaro e da Cidade, na frente sul, de planta hexagonal, com grande pilar central, de sustentação da abóbada tornejante, tendo também vários nichos em arco nos paramentos. O baluarte da Cidade conserva ainda vestígios da sua adaptação a lavandaria, com tanques retangulares dispostos em frente dos nichos, definidos por lajes reforçadas por plintos paralelepipédicos. A sala capital do baluarte de Badajoz tem planta em T, com dois fornos de pão, de boca curva inserida em moldura retangular, interiormente com lar de placas cerâmicas e cobertura em cúpula. Das galerias da escarpa partem galerias subsidiárias de ligação a outros compartimentos e de acesso ao fosso interior, onde terminam, a meio de cada uma das cortinas, em portal de verga abatida, de moldura convexa, chave relevada, encimada por bola e painel relevado. Destaca-se o portal da cortina sul, que tem arco de volta perfeita, em cantaria almofadada, com chave relevada, entre contrafortes de cantaria e dois amplos óculos circulares, de iluminação das salas circulares que ladeiam o segundo setor do transito. Nas cortinas a nascente e poente, viradas ao fosso interior, desenvolvem-se escadas divergentes de cantaria, com guarda plena e coluna de arranque, de acesso ao terrapleno da magistral, que tem 18m de largura, sendo 6m da espessura do parapeito. O terrapleno, circundado por banqueta e com baterias em tijolo maciço junto às canhoneiras, tem na frente norte cota mais elevada, acedido por rampas, comunicando com o segundo piso do reduto central, por meio de ponte sobre arco. Sobre o terrapleno dos baluartes erguem-se canhoneiras cobertas de duplo tiro ou os denominados QUARTÉIS DOS OFICIAIS, de dois tipos: um mais pequeno, disposto em cada uma das faces dos baluartes, com apenas um compartimento retangular, e um maior, disposto em cada um dos flancos, composto por três tramos intercomunicantes, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, rematadas em beirada simples. Apresentam fachadas rebocadas, contrafortadas, de dois pisos, com as paredes do piso térreo de maior espessura, sendo constituídas até determinada altura pelo formigão dos merlões, e dispondo-se de tal maneira que os vãos coincidem com as canhoneiras do parapeito, permitindo criar canhoneiras cobertas. Os compartimentos da face têm a fachada principal terminada em empena, com vão em arco no piso térreo, entaipado posteriormente, contendo porta retilínea, e o segundo piso recuado, com porta de verga abatida, precedida por guarda plena, acedida por escada de pedra disposta lateralmente. No interior possuem espaço único. Os compartimentos dos flancos têm a fachada principal terminada em três empenas, correspondendo aos tramos interiores, rasgadas no piso térreo por arcos laterais e janela central, e o segundo piso também recuado, com portas de verga abatida, com guarda plena ou gradeada, acedido por escada de cantaria disposta lateralmente; neste piso muitas das portas foram transformadas em janelas. Na fachada posterior, virada ao fosso, têm duas abertas desentaipadas nos tramos laterais, onde se colocavam peças de artilharia; as abertas do piso superior são estreitas, mas mais largas e altas do que as frestas de tiro. No interior, os compartimentos têm pavimento de lajes, cobertura em abóbada, as do piso térreo com inclinação, sendo mais baixa junto à aberta, sendo o tramo central subdividido, podendo corresponder a paióis com casa de ressalva. No segundo piso, de ambos os tipos de canhoneira coberta, existem, além das abertas entaipadas, pequenos nichos nas paredes exteriores, que correspondem a pequenas janelas, posteriormente entaipadas. No FOSSO INTERIOR erguem-se, adossados à escarpa interior da magistral, grupos de dois paióis retangulares dispostos de ângulo, num total de oito, com cobertura inclinada, revestida a placas cerâmicas. As suas fachadas são rasgadas por amplos vãos em arco ou portais de verga abatida, moldurados, interiormente cobertos por abóbada à prova. REDUTO CENTRAL de planta octogonal, com faces menores viradas ao centro das cortinas da magistral, e cobertura em terraço, revestido a placas cerâmicas, ligeiramente inclinado para o parapeito, junto ao qual corre caleira e existem vários orifícios para recolha das águas pluviais. Apresenta paramentos em talude suave, com cerca de 15m de altura, rematado em cordão e parapeito, com 2,10m de altura e 3,50 de espessura, acasamatado, rasgado por frestas de tiro e integrando, a meio de cada uma das faces, balcão fechado sobre mísulas de cantaria, com guarda plena e matacães; os balcões e casamatas são acedidos por vão estreito, os primeiros em arco, e interiormente têm pilar biselado; nas faces menores do octógono, o parapeito eleva-se para criar duas ordens de tiro, com murete rasgado por frestas de tiro, sobre o próprio parapeito, formando volutados na face interna. Os paramentos do reduto são rasgados regularmente, abrindo-se nas faces mais estreitas portais de acesso ao interior. A sul, inserido numa moldura convexa tipo alfiz, o portal tem arco de volta perfeita, sobreposto por motivos denticulados, chave relevada coroada por cruz e festão, encimada por apainelado retangular com óculo elíptico, de denticulados na moldura. Na guarda do balcão do parapeito, surge ainda relógio circular. Os portais das outras frentes são mais simples, em verga abatida e moldura convexa, com chave relevada, encimados por dois vãos elípticos, o inferior inserido em moldura retangular. Todos os portais são precedidos de escada. Na frente norte, o reduto tem um outro portal igual, no último piso, acedido por ponte a partir do terrapleno da magistral. Nas faces maiores abrem-se cinco eixos de vãos em três registos, correspondendo nos laterais a frestas de tiro, gradeadas, e no central a canhoneira elíptica, janela de verga abatida e canhoneira elíptica maior no topo. INTERIOR: sob o piso térreo implanta-se a cisterna, acedida por escada de cantaria, com guarda plena do mesmo material. Tem planta composta por oito compartimentos retangulares, cobertos por abóbada de berço, à prova, os quatro principais formando cruz grega, com zona central octogonal, onde um pilar circular sustenta abóbada tornejante, intercalados por quatro compartimentos mais pequenos, virados aos baluartes, o direcionado ao baluarte da Malefa entaipado, interligados por corredor circular com vãos em arco. O piso térreo é formado por quatro corredores com planta em cruz grega, acedidos por cada um dos topos, e tendo a zona centro, de interceção dos braços, onde se colocava o altar-mor, planta circular. Apresenta pavimento de mármore, com motivos geométricos, paredes marcadas lateralmente por arcos, de volta perfeita, decorados com denticulados e chave relevada, pintados de ocre, separados por apainelados que se prolongam pela cobertura, em abóbada de berço, decorada com apainelados policromos. A zona central da cruz, definida por arcos decorados com motivos curvos, o do braço norte atualmente entaipado, é coberta por cúpula, ornada com apainelados, pintados de branco e ocre, os maiores rasgados por óculos circulares que, simultaneamente, funcionavam como canhoneiras, assente em entablamento com motivos circulares e ovais, pintados, sobre falsas trompas de ângulo, pintados com brasões. Os apainelados entre os vários arcos possuem lemas militares pintados. Nos primeiros arcos dos corredores inserem-se portas de ligação aos vários compartimentos acasamatados, quadrangulares ou retangulares, dispostos entre os braços da cruz, virados aos baluartes e rasgados por frestas de tiro ou, a meio das faces maiores do octógono, por janelas. Um dos compartimentos junto à entrada sul foi adaptado a capela, com decoração em estuques brancos, formando apainelados com florões e motivos vegetalistas na cobertura. Nas paredes laterais possui três capelas, em arco de volta perfeita, com fecho relevado, os centrais conservando pintura mural, representando colunas, albarradas e motivos florais, inseridas em molduras, e festões; lateralmente têm pequenos nichos de alfaias. Os arcos do topo possuem nicho, em arco de volta perfeita, desnudos. Do outro lado da porta sul desenvolve-se escadaria para o segundo piso, onde funcionou o hospital, com um pé-direito mais baixo. O espaço desenvolve-se ao nível e à volta da cúpula da capela-mor da igreja, onde existe corredor de circulação e de distribuição para os vários compartimentos, com organização especial semelhante ao piso inferior. No corredor abrem-se quatro óculos circulares e ligeiramente inclinados, protegidos por portadas de madeira, onde se poderia colocar artilharia direcionada aos braços da cruz. Nos compartimentos maiores rasgam-se canhoneiras elípticas e, nos mais pequenos, frestas de tiro. Os compartimentos dos dois pisos possuem pequenos vãos de comunicação vertical, oral e visual, quadrados, com tampas de madeira, ou elípticos, protegidos por placas de vidro. Junto ao corredor que circunda a cúpula da igreja existem escadas de ligação à CASA DO GOVERNADOR. Esta tem planta em cruz grega, com cobertura em terraço, revestido a placas cerâmicas, sobreposta por tambor central, octogonal, coberto em telhado facetado, rematado em beirada simples. Tem as fachadas rebocadas e pintadas de branco e apainelados relevados a ocre, de dois pisos, separados por cornija, rasgadas regularmente no primeiro por portas retilíneas, com chave relevada e moldura ornada de elementos geométricos, e no segundo por janelas de sacada, assente em mísulas, com chave saliente e guarda em ferro. As fachadas rematam em cornija, assente em cachorrada decorada, e platibanda plena, com apainelados, e motivos vazados, alternadamente; entre os cachorros da cornija, dispõem-se tubos de descarga das águas do terraço da cobertura da casa. A meio da fachada virada a sudeste desenvolve-se escada, de lances divergentes, de acesso ao segundo piso, com guarda plena, e patamar protegido por alpendre telhado, sobre dois pilares. O tambor possui soco, cunhais definidos por falsas pilastras de massa e panos com painéis retangulares vazados por vãos elípticos, dois deles com recorte inferior, enquadrados por botões de massa. INTERIOR com organização espacial idêntica à dos pisos inferiores, em cruz grega estruturada por salas quadrangulares e uma circular ao centro, intercaladas por salas ovaladas ou retangulares mais pequenas e comunicando entre si. Possuem pavimento em soalho ou cerâmico e paredes com decoração em estuque relevado. No primeiro piso, a sala central possui as paredes ritmadas por falsas pilastras de massa, almofadadas, sustentando cornija, decorada por mísulas, e cobertura plana, com ampla cartela circular central, relevada. As pilastras separam amplas molduras retangulares com pinturas murais, representando os retratos do Conde de Lippe e do Engenheiro Valleré, um livro com o resumo da construção do forte e outras inscrições de caráter histórico. As salas circundantes têm decoração mais simples, com estuques ao nível da cornija ou formando falsas pilastras de massa, possuem armários embutidos e, algumas, lareira. A partir de escadas dispostas numa das salas viradas a norte ou das escadas do terraço, tem-se acesso ao segundo piso, com pé-direito mais alto e decoração em estuques relevados, mais rica. A sala central tem as paredes ritmadas por apainelados a separar os vãos, que se inserem em arco de volta perfeita, de moldura decorada com motivos geométricos, circunscrito por falso alfiz, com seguintes também decorados. Sobre entablamento de ordem dórica, com os triglifos ornados de elementos vegetalistas, desenvolve-se a cobertura em cúpula, rasgada por quatro óculos circulares, envolvidos por decoração geométrica e vegetalista. As salas mais pequenas possuem apainelados nas paredes, algumas contendo armários embutidos ou lareira, e cobertura plana sobre entablamento com motivos geométricos ou vegetalistas. Uma escada a norte permite aceder ao terraço, o local mais elevado do forte. OBRAS EXTERIORES: FOSSO profundo, conferindo às muralhas do seu interior uma altura de 11m até ao parapeito, e com 12 a 20 metros de largura. É relativamente plano, com ligeira pendente, de modo a conduzir todas as águas para a parte sul, onde existe rebaixamento de cota. Nesta frente possui vários muretes e, na frente norte, três outros fossos secundários, a separar as várias estruturas, fechados por capoeiras acasamatadas. Ao longo de toda a contraescarpa dos fossos, inclusive nas capoeiras a norte, corre galeria acasamatada, rasgada por frestas de tiro viradas ao fosso, e portas retilíneas a meio de cada cortina e nos ângulos flanqueados dos baluartes, com portas de ferro. No interior, as galerias são cobertas por abóbadas de berço, à prova, têm pavimentos cerâmicos, lareiras, com chaminés sobre o terrapleno, são seccionadas por panos de muro, que podiam ser fechadas para impedir o avanço do inimigo, rasgadas por frestas de tiro, e, em algumas zonas, conservam vestígios de pintura mural. Na frente norte, nos ângulos salientes do caminho coberto, desenvolvem-se a partir das galerias cinco túneis de CONTRAMINAS, com cobertura em abóbada de berço, em tijolo maciço, providas de escadas. Na frente sul dispõe-se o REVELIM DAS SALVAS OU DA CIDADE, composto por faces e pequenos flancos, abrindo-se na face nascente porta exterior, denominada do Dragão, de arco abatido, aduelas em cunha e com carranca na chave, ladeado por largas faixas em silharia fendida e almofadada, sobreposta por apainelado recortado inferiormente, sustentando cornija e platibanda plena de almofadados, sobreposta por troféus militares que, ao centro, tem cartela ovalada com dragão relevado. Terrapleno interior revestido a placas cerâmicas, com plataforma a barbeta no ângulo flanqueado e banquetas junto ao parapeito, acedido por dupla escada de ambos os lados, desenvolvidas no término de rampas que fecham parcialmente a gola. Transito direito, com abóbada de berço abatido e escarpa interior rasgada por vários vãos, de arco abatido, dois deles maiores e em silharia fendida e almofadada, de acesso aos vários compartimentos acasamatados, dois deles correspondente a duas casas da guarda, atualmente de apoio ao visitante, com café, loja e instalações sanitárias. Ao nível do fosso, possui galeria de contraescarpa, rasgada por vão retilíneo e frestas de tiro. Flanqueando a cortina poente, surge o REVELIM DE SANTO AMARO, igualmente composto por faces e flancos muito curtos, acedido por escadas divergentes na gola, tendo no terrapleno paiol e casa da guarda à prova, plataforma a barbeta no ângulo flanqueado e banquetas junto ao parapeito; a contraescarpa é rasgada por vão de verga reta e frestas de tiro a flanquear o fosso. A nascente dispõe-se o REVELIM DE BADAJOZ OU DA ESTAÇÃO e a norte o REVELIM DA MALEFA OU DE SÃO DOMINGOS, ambos apenas com faces, mas com restante estrutura igual ao de Santo Amaro. Em frente deste revelim ergue-se o HORNAVEQUE ou OBRA CORNA de braços compridos, com cortaduras, de merlões e canhoneiras, e onde surge paiol subterrâneo à prova, acedido por porta de verga reta. Nos ângulos flanqueados tem plataformas a barbeta e, em cada um dos ramais, uma canhoneira acasamatada. Acede-se ao hornaveque pela obra a cavaleiro, por escada no início da gola, que é curvilínea e toda ela percorrida por galeria acasamatada, rasgada por frestas de tiro. Na cortina e flancos virados a norte existe igualmente galeria acasamatada, rasgada por frestas de tiro e, junto ao ângulo de flanco, por duas poternas de acesso ao fosso do hornaveque, em arco de volta perfeita, com escada em tijolo maciço destacada, onde assentava ponte levadiça, flanqueadas por duas canhoneiras elípticas abertas nos flancos dos meios baluartes. Quer o revelim da Malefa, quer o hornaveque são circundados por fossos, fechados ou separados do fosso geral por capoeiras acasamatadas, encimadas por traveses; as capoeiras são rasgadas na contraescarpa por porta entre duas janelas, gradeadas, e a contraescarpa do revelim e do hornaveque possuem canhoneira elíptica. Em frente da cortina norte, surge REVELIM DO HORNAVEQUE, composto por faces, acedido por escadas divergentes na gola, tendo no terrapleno paiol à prova, plataforma a barbeta no ângulo flanqueado e banquetas junto ao parapeito; a contraescarpa é também rasgada por vão de verga reta e frestas de tiro a flanquear o fosso, dos compartimentos acasamatados existentes na gola. O revelim é circundado pelo FOSSO DO REVELIM DO HORNAVEQUE, também ele fechado por capoeiras acasamatadas, encimadas por traveses, rasgados na contraescarpa por porta. As várias obras exteriores dispostas a norte são assim separadas por três ordens de fossos, cuja cota do pavimento sobe nas extremidades, indo ao encontro dos acessos feitos pelas capoeiras. À frente do ângulo flanqueado de cada baluarte existem CONTRAGUARDAS, as da frente sul de faces iguais e as da frente norte desiguais, prolongando-se mais do lado voltado para o interior, com parapeito de merlões e canhoneiras e acedidas por escada. Também à frente do ângulo flanqueado dos dois meios baluartes e do revelim do hornaveque existe CONTRAGUARDA TIPO TENALHA, com barbetas. Percorrendo o perímetro exterior do fosso e no alto da contraescarpa do mesmo, desenvolve-se CAMINHO COBERTO, de traçado tenalhado, numa extensão de 1,7km, composto por onze tenalhas, a da frente sul, junto ao revelim da Cidade e para melhor flanquear a entrada, mais pequena, e possuindo em alguns ângulos salientes guaritas. É interrompido apenas a sudeste, no enfiamento da porta do Dragão, por onde se entra na fortificação. No interior é protegido por um reparo que servia de parapeito, em algumas zonas com merlões e canhoneiras, acedido por rampas, e possuindo em todo o seu perímetro banquetas. Nos ângulos salientes existem barbetas para colocação de artilharia, acedidas por rampas, tendo inferiormente pequenos paióis, com vãos abatidos. Ao longo do caminho coberto existem TRAVESES, que fecham e defendem as praças de armas salientes mais a norte e a sul, de muros espessos com frestas de tiro, ou ameias e abertas, exceto junto das contraguardas do hornaveque; aí, o través da frente poente, com frestas de tiro, tem piso em escadaria, com tijolo maciço, e o través nascente possui cobertura abobadada e podia dividir-se em duas zonas onde existe arco abatido, ladeado por rasgos verticais que continham sistema de fecho. Sob o terrapleno do caminho coberto existem nove poternas, que funcionam também como canhoneiras para uma melhor defesa da esplanada, atualmente gradeadas, flanqueadas por pequenas casamatas abobadadas; destas destacam-se as do revelim da Cidade, que têm interiormente os vários compartimentos moldurados a cantaria e pavimento cerâmico. A norte, frente à contraguarda do baluarte da Malefa, sob o terrapleno do caminho coberto, existe poterna com escadaria subterrânea sob a esplanada, coberta por abóbada de berço, e com degraus interrompidos ao centro, que permitia aceder à Fonte do Marechal. Os revelins sul, nascente e poente têm pequeno fosso formado de dois planos inclinados, cujos extremos terminam na estrada coberta, ficando na zona de interceção as poternas ou as canhoneiras subterrâneas. Entre o caminho coberto e as esplanadas, nas zonas de menor inclinação do terreno a norte, ou em frente das poternas, existem COVAS DE LOBO, abertas no chão, em forma de cone invertido, com cerca de 2m de profundidade, 1,70m de diâmetro no topo e 1 de diâmetro na base, separadas entre si por volta de 0,70m. Dispõem-se em três filas paralelas, revestidas por pedras irregulares sem elemento de ligação. ESPLANADA de grande comprimento, ocupando uma área significativa do monte, que foi modelado de acordo com o traçado do forte. Assim, os glacis ou pendentes da esplanada possuem as suas linhas de cumeeira no prolongamento das linhas capitais dos baluartes, meios baluartes e revelins, escondendo as várias poternas subterrâneas e a própria fortificação na sua maioria. A norte, sobre a esplanada, existem ainda TRINCHEIRAS, pequenos muros de terra revestidos em alvenaria de pedra, para proteção dos combatentes que avançassem no terreno para disparar sobre o inimigo.

Acessos

Alcáçova, EN. 246. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,894652; long.: -7,164420

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / MN - Monumento Nacional / ZEP, Aviso n.º 1517/2013, DR, 2.ª série, n.º 242 de 13 dezembro 2013 / Património Mundial - UNESCO, 2012

Enquadramento

Rural, isolado, no cimo do monte de Nossa Senhora da Graça, a cerca de 400m de altitude, e a menos de 2 Km a norte da cidade Elvas. O forte tem contacto visual com a Fortaleza de Elvas (v. IPA.00035956), com o Castelo (v. IPA.00003225) e com o Forte de Santa Luzia (v. IPA.00003244). Junto ao revelim da Cidade existe atualmente parque de estacionamento. O reduto central e os antigos paióis adossados à escarpa interior do recinto da magistral têm encostados bancos de pedra. Do terraço da casa do governador tem-se esplêndida vista panorâmica sobre a paisagem envolvente, sendo visível o Castelo de Campo Maior (v. IPA.00003756) e o de Ouguela (v. IPA.00003240) e as praças-fortes de Badajoz e Albuquerque, em território espanhol.

Descrição Complementar

A cartela sobre a porta da magistral tem a seguinte inscrição: "IOSEPHUS. I. AUGUSTUS. INVICTUS. PIUS. / QUO. ADITUM. HOSTIBUS. IN. RELIQUAM. PROVINCIAM. INTERCLUDERET. / CURANTIBUS. GULLIELMO. COMITE. LIPPIENSI. LUSITANORUM. MILITUM. / IMPERATORE. SUMMO. ET SEBASTIANO. IOSEPHO. CARVALIO. MELLO. / COMITE. OEYRENSI. MACNO. CONSILIARIO. ATQUE. ADMINISTRO. HANC. / ARCEM. A. FUNDAMENTIS. EXTRUXIT. OMNIQUI. PRA SIDIO. COMMUNIVIT. / AN. MDCCLXVI.". O fosso interior tem cota superior relativamente ao fosso geral e é pavimentado a alvenaria de pedra. A cisterna tem acesso no piso térreo do reduto central, a partir de um dos braços da capela, por vão retangular, com porta de duas folhas em ferro, revestida a mármores. Ela recebia as águas pluviais do terrapleno da magistral, dos fossos geral e interior e dos terraços do reduto central e da casa do governador, depois de passarem por um sistema de depósitos, munidos de filtros. Sob o pavimento das casas dos oficiais no baluarte da Cidade existem duas outras cisternas, mais pequenas *1. Sobre o parapeito do reduto central integra-se, virada a sudeste e ao baluarte da Cidade e sobre balcão fechado, uma sineira. Na face interna do parapeito, possui falsas pilastras de massa, enquadrando apainelado relevado, encimadas pela ventana, em arco de volta perfeita, sobre impostas de massa, entre pilares almofadados, e rematada em cornija contracurva, coroada por pináculo. Na casa do governador, a sala do primeiro piso possui pinturas murais, uma delas com inscrição alusiva à construção do forte: "Foi o egrégio Conde reinante / Guilherme de Shaumbourg Lip- / pe, Marechal General, quem de- / lineou no reinado de D. José I / e em Abril de 1763 a planta des- / ta notável fortificação para hon- / ra, prosperidade e segurança / da defesa do País. / O Conde de Lippe era menos um / notável estratégico do que um / discreto organizador. / Foi o genial engenheiro, General / Guilherme Luis António de Val- / leré que sob sua direcção deu / começo em Julho de 1763 a esta- / joia da arquitectura de enge- / nharia militar, que levou 30 / anos a construir empregando / 6.000 homens e 7.000 ani- / mais. / o seu custo foi de 767.199$039 / (Reis)". Um outro painel tem a inscrição: "GLORIA AO HEROICO CAVALEIRO QUE EMPU- / NHANDO O ESTANDARTE DAS QUINAS / ARREBATADO EM BADAJOZ AO SER / PERSEGUIDO PELA CAVALARIA, ARRO- / JOU-O PARA DENTRO DAS MURALHAS / DA PRAÇA DE ELVAS DEPOIS DE ENCON- / TRAR AS PORTAS FECHADAS.".

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Elvas, auto de cedência e aceitação de 26 novembro 2013

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUEÓLOGOS: e Alexandra Sarrazola (2013-2015), Ever Calvo (2013-2015). ARQUITETO: Carlos Trindade (2013-2015). CONSERVADORA: Fátima Lera (2013-2015). ENGENHEIRO: Amadeu Belchior (2013-2015). ENGENHEIROS MILITARES: Étienne (1763-1764), Friedrich Wilhelm Ernst Von Schaumburg-Lippe, conde de Lippe (1763-1764), Guilherme Luís António de Valleré (1764-1792), P. Robert de Bassenond (1763). EMPREITEIROS: Anselmo Costa (1960-1961), António Serra, Construções, Lda. (1972, 1978, 2001), Bento dos Santos de Asis (1953), Joaquim Manuel Nunes (1955), José Faustino dos Santos (1971), Manuel António Tapadinha Ferreira (1984), Manuel dos Reis (1945-1952). EMPRESAS: Confiplano, Controlo e Fiscalização de Obras, Lda. (2013-2015), Era - Arqueologia, S.A. (2013-2015), Geosig, Lda. (2013), In Situ - Conservação de Bens Culturais, Lda. (2013-2015), Linhasinuosas - Arquitetura Lda. (2013-2015), OZ - Diagnóstico, Levantamento e Controle de Qualidade em Estruturas e Fundações, Lda. (2013-2015), RESTAUROMED, Projetos, Fiscalizações, Medições e Orçamentos de Construção Civil, Lda. (2013-2015), Sabrad Engenharia Projetos, Gestão e Fiscalização de Obras, Lda. (2013-2015), 2320 Iluminação, Lda. (2013-2015), 2WS - Engenharia e Segurança no Trabalho, Lda. (2013-2015).

Cronologia

1229 - 1230 - após a conquista definitiva de Elvas aos mouros por D. Sancho II, o dominicano Frei Estêvão Mendes, que acompanhara as hostes portuguesas, decide construir a sua moradia no monte da Graça; 1370 - construção da ermida de Nossa Senhora da Graça no outeiro do mesmo nome, por Catarina Mendes, esposa de Estêvão Vaz da Gama; séc. 15 - re-edificação da ermida, por uma bisavó de Vasco da Gama; séc. 17 - no monte da Graça existe a ermida de Santa Maria da Graça, com cemitério, e uma bateria com objetivo de dominar o vale do Ribeiro do Cêto; 1658, 15 outubro - 1659, 13 janeiro - D. Luís de Haro cerca Elvas, ocupando as colinas do Convento de São Francisco e de Nossa Senhora da Graça; neste último, o mestre de campo D. João Zuniga manda construir uma fortificação de campanha, à volta da ermida, e colocar duas peças de artilharia que atiram sobre a praça de Elvas, durante o cerco; posteriormente o reduto serve de presídio; 1659, 14 janeiro - inicia-se a libertação do cerco da praça de Elvas; 1762, julho - chega a Portugal, convidado pelo Marquês de Pombal e sob proposta do rei de Inglaterra, Friedrich Wilhelm Ernst Von Schaumburg-Lippe, mais conhecido como Guilherme Schaumburg-Lippe ou Conde de Lippe (1724-1777), para organizar o exército português e comandar as tropas luso-britânicas; 1763 - o Conde de Lippe é encarregue de inspecionar as fortificações do Reino, identificando as suas falhas na defesa da fronteira; para Elvas, uma das principais entradas naturais do país, sugere a construção de uma fortificação no Monte da Graça; 05 abril - carta de Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782) ao conde de Lippe informando que o rei aprovara o seu projeto do forte *2; julho - tenente-coronel engenheiro P. Robert de Bassenond, que superintendia na engenharia militar sob as ordens de Lippe, dá ordem para o início da construção do forte, sob a direção do engenheiro Étienne; para a construção torna-se necessário escavar na rocha, já que o projeto impunha que o edifício fosse parcialmente enterrado, de modo a solucionar o problema da falta de espaço disponível; uma planta desenhada por Luiz Gomes de Carvalho, numa nota refere "debaixo das ordens" do então comandante do exército português; 1764 - o Conde de Lippe retira-se para Alemanha, levando consigo o engenheiro Étienne, deixando ao Marquês de Pombal uma série de "Observações Militares", com uma lista de ações que deveriam ser feitas para dar continuidade aos trabalhos, e recomendando para a direção da obra o Coronel Guilherme Luiz António de Valleré (1727-1796), então coronel de artilharia de Estremoz; o Conde de Lippe ordena a Valleré que o informe regularmente, bem como ao Marquês de Pombal, do prosseguimento das obras; durante os primeiros tempos, Valleré mantém ainda contacto com Étienne, sobretudo para esclarecimentos sobre as minas ali aplicadas ou por aplicar; Valleré introduz alterações significativas ao projeto inicial: instala os paióis e os armazéns nos cantos do espaço interior da magistral, junto aos baluartes, cria um potente reduto central, dotado de armazéns para munições, uma cisterna, com capacidade para aguentar uma guarnição de seis mil homens durante seis meses, e uma capela, encimando pela casa do governador, capaz de resistir mesmo após a conquista do recinto magistral, altera o desenho da esplanada, modelando todo o monte onde o forte se implanta, constrói na aresta da esplanada uma espécie de flechas, hoje já não observáveis, mas que serviam de assento a peças de calibre 6, e manda reconstruir uma pequena fonte, denominada de Nossa Senhora, na encosta do forte, interligando-os por um caminho coberto, passando então a denominar-se do Marechal por ser obra de Valleré *3; 06 setembro - colocação de minas na antiga igreja da Senhora da Graça e cemitério, "que se fez saltar", para construção do forte *4; 1765, 23 outubro - carta de Valleré ao Marquês de Pombal, fazendo o ponto de situação das obras *5; 1767 - quando o Conde de Lippe volta a Portugal, por um período de seis meses, mostra-se satisfeito com o trabalho de Valleré, aprovando as alterações feitas ao projeto inicial e outras ainda por executar, elevando Valleré ao posto de brigadeiro; o general inglês Elliot escreve a Valleré para tentar obter o modelo dos reparos que ele inventara, mas a corte não autoriza a cedência; 1769 - Valleré recebe D. José I no forte, obtendo aprovação pelo seu trabalho; 1777 - D. Maria I ordena que o forte, então designado por Forte de Lippe, se passe a chamar de Nossa Senhora da Graça; 1777 - 1778 - breve interrupção nas obras de construção do forte; 1792 - data normalmente apontada para o término das obras, orçadas no total de 769:199$039 reais *6; 1797 - relatório do governador da praça, tenente general Francisco Noronha, informa que, "Quando julgava, pelas informações que me davam, que o Forte da Graça lhe não faltava mais que as plataformas, repastos e algumas miudezas, fui achar as ruínas, somente com as galerias magistrais; e os seus ramais uns sem terem princípio e os outros sem fazerem perceber as ordens que tinham projetado (...)"; relatório militar desta data refere que "Não há pessoa alguma que (...) saiba falar dos projetos. (...) Seria muito conveniente que V. Ex.ª ordenasse à mulher do Tenente General Valleré lhe apresentasse todos os papéis que conservasse respetivos ao Forte da Graça, pois só assim se poderia ver no verdadeiro conhecimento da sua construção e do modo de colocar Artilharia para sua defesa, de que muito se duvida nesta Praça"; 1798 - Christian, príncipe de Waldeck (1744-1798), coadjutor do marechal-general Duque de Lafões, diz que "O forte continua a ser uma obra-prima de fortificação, cuja arte se esgotou aqui completamente (...) As casamatas, minas, capela, cisternas, alojamento do comandante, casas da guarda, tudo é notável (...) Nota: E tudo está muito bem organizado"; 1801 - no âmbito da Guerra das Laranjas, as tropas de Miguel Gody intimidam a rendição da praça; 1805, 27 setembro - alvará atribui ao forte um governador especial, distinto do governador da praça, com posto de coronel; 1807, 01 dezembro - no âmbito das Guerras Peninsulares (1807-1811), o exército comandado pelo general Francisco Solano, entra em Elvas e toma a cidade; 1808, 11 março - os franceses assumem o governo da praça de Elvas; no seguimento da ocupação, as tropas francesas concentram-se no forte da Graça registando-se um cerco pelo exército espanhol; 01 outubro - os últimos 1300 franceses que ainda ocupavam o forte, retiram-se em direção a Lisboa; posteriormente, o forte é ocupado pelo exército anglo-luso; 1827 - planta do Tenente Pinheiro representa os baluartes do recinto magistral com canhoneiras acasamatadas transformadas em casas dos oficiais; 1828 - 1834 - com a guerra civil, o forte passa a ser utilizado como prisão política; 1856 - cria-se uma "companhia de correção" no forte; 1863, março - o governador do forte manda fazer auto de demarcação da fortificação e suas pertenças, podendo aproveitar-se as denominações constantes do mapa das chaves, de janeiro de 1829; novembro - cada baluarte da magistral tem quatro quartéis para alojamento de oficias, sendo dois com três casas e cozinha na parte superior e igual número na parte inferior; 1869 - supressão do cargo de capelão militar, havendo no entanto um presbítero que celebra missa todos os dias santificados; 1870 - deixa de se realizar missa no altar da Senhora aos sábados, conforme a instituição da capela no monte estipulava, e o administrador do forte de concorrer para a festividade anual a 8 de setembro; 1872 - colocação de cinco para-raios no forte: um na parte superior da casa do governador e um na direção de cada uma das capitais dos baluartes, no intervalo dos paióis existentes no fosso interior, seguindo os respetivos condutores pelo terrapleno do recinto magistral, de onde descem ao fosso, seguindo três para a galeria das minas em frente do revelim do hornaveque (onde existe água) e os outros ao nascente da fonte do Marechal; 1874 - a guarnição do forte é constituída por 1792 homens e a nível de armamento tem 137 peças e 12 morteiros; quanto ao aprovisionamento de víveres para 60 dias de cerco, estavam previstas 107.520 rações para homens e 600 para os 10 cavalos de oficiais (portanto, uma ração por dia em ambos os casos); o forte dispunha de uma atafona para moer trigo e dois fornos, cada um dos quais podendo cozer 500 rações de pão; 1875 - relatório formulado pela comissão nomeada pelo Ministério da Guerra em 18 de junho 1874, para determinar o armamento e aprovisionamento de víveres e material de guerra para a praça de Elvas e forte de Nossa Senhora da Graça, refere que a obra importará em 764.000$000; o relatório recomenda "a demolição das guaritas, a fim de que nos salientes se possam assentar peças de grosso calibre que batam os setores indefesos no prolongamento das capitais dos baluartes"; 1876 - o forte tem uma grande atafona para moer o trigo necessário para consumo da guarnição durante o tempo de sitio, bem como três grandes fornos para cozer pão; séc. 19 - o forte é desartilhado, tendo muitas peças dado entrada no Arsenal do Exército; 1894 - dissolução da "companhia de correção" e criação de um "depósito disciplinar"; 1910 - serve para prisão de presos políticos; 1911, 25 maio - Decreto em O. E., n.º 11 (1.ª série) de 26 maio 1911 declara que a Praça de Elvas e suas dependências são fortificações de 2.ª classe; 1939 - data das pinturas murais no primeiro piso da casa do governador; 1940, 31 dezembro - o valor patrimonial inicial do forte é de 2.430.000$00; 1950, década - instalação da capela da prisão no braço sul da igreja instalada no piso térreo do recinto magistral; 1959 - data das inscrições pintadas nos paramentos do piso térreo do reduto central; 1970, 06 outubro - relatório refere ser absolutamente necessário o abastecimento de água ao forte, visto à data ser feito por presos a barril *7; 1978, 21 junho - data do Tombo do forte, ocupado pelo Comando do Forte da Graça - Ministério do Exército, como estabelecimento prisional militar *8; 1985 - o forte começa a ser desativado, ficando à guarda do Regimento de Infantaria n.º 8; 1987, 08 julho - portaria n.º 567 extingue o Conselho Administrativo do forte; 1988, 25 agosto - Despacho do General CEME extingue o estabelecimento prisional no forte; determina-se fazer estudos relativos à transferência do depósito disciplinar para o Quartel do Trem; 1989, 23 junho - Despacho do Estado-Maior do Exército determina que o forte cesse toda a sua atividade a partir de 1 julho 1989 como depósito disciplinar e que as referidas instalações passem a ser integradas, no Regimento de Infantaria de Elvas (RIE); 01 julho - desativação do forte; 1991, março - parecer da Câmara de Elvas considera que o forte deve ser afeto ao IPPC, "que terá verbas para a sua recuperação, uma vez que o mesmo é um monumento de Engenharia Militar única no mundo"; 24 julho - informação n.º 58/subd., p. PM 1/Elvas, à DSFOF com parecer para, futuramente, se destinar o forte a Museu relativo à Guerra da Restauração; 1994, 26 maio - Decreto-lei n.º 151/94 desafeta o forte do domínio público militar; 30 julho - Declaração de retificação, DR 1.ª série, n.º 174/95 relativo à área total de 226.900m2, da Matriz Predial sob o artigo 1259, freguesia Alcáçovas, área coberta indicada nas Finanças 42.925 m2; 1999 - concessão do forte à Câmara Municipal de Elvas para sua subconcessão à Fundação Berardo e sua exclusão do concurso público de ideias para a salvaguarda e valorização do patrimônio do Estado afeto a Defesa Nacional, na cidade; 2001, 21 abril - assinatura de protocolo de acordo entre a Câmara Municipal de Elvas e os Ministérios da Defesa Nacional, do Equipamento Social, da Economia, do Planeamento e da Cultura, com o objetivo de promover e financiar os estudos necessários à definição do futuro aproveitamento do imóvel; no âmbito do acordo, a Câmara compromete-se a realizar, desde logo, os indispensáveis trabalhos de limpeza e obras de manutenção provisórias do conjunto; o acordo define ainda a Câmara como "dona" da obra que vier a efetuar no âmbito do III QCA *9; 2006, 28 junho - desativação do Regimento de Infantaria n.º 8, cujo quartel funcionava no forte, e auto de mudança de utente, com entrega do imóvel ao delegado do Regimento de Cavalaria n.º 3; 2008, 01 / 02 dezembro - a porta exterior de acesso ao forte é arrombada, roubando-se na porta interior o ferro existente, assim como parte da sua madeira; 2013, 21 fevereiro - em ronda militar deteta-se a violação do portão de acesso ao interior, anteriormente fechado com corrente de ferro e cadeado; assinatura de protocolo entre o Estado Português e o Município de Elvas, a regular a forma como os outorgantes, em conjugação de esforços, procederiam à recuperação, reutilização e adaptação do forte; 01 novembro - Despacho n.º 14803/2013, DR, 2.ª série, de 15 novembro, autoriza a cedência de utilização, a título precário e oneroso, do imóvel ao Município de Elvas, pelo prazo de 40 anos, mediante contrapartida financeira de 4.229.400,00 euros, sendo abatido do cadastro do Exército; 15 novembro - publicação do Despacho n.º 14803/2013, em DR, 2.ª série, n.º 222, com a cedência de utilização, a título precário e oneroso do forte ao Município de Elvas, pelo prazo de 40 anos; 26 novembro - auto de cedência e aceitação entre o Estado (Direção-Geral do Tesouro e Finanças e a Direção Geral de Armamento e de Infraestruturas de Defesa) e o Município de Elvas; 2014 - Câmara apresenta candidatura com título "Recuperação e adaptação do Forte da Graça para desenvolvimento de Atividades Culturais, visando a conservação, restauro, interpretação, animação e abertura ao público e integração nos circuitos de visita da cidade" (QREN INALENTEJO); 2015, 27 novembro - abertura do Forte da Graça ao público, após obras de requalificação, com a presença do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra à fiada e argamassa de cal rebocada; argamassas espessas e de boa qualidade, constituídas por cal aérea e areias provenientes de rochas de natureza ígnea; betão armado e cofragens; cunhais, cordão, guaritas, mísulas, porta do Dragão e as da magistral e do reduto central e molduras de alguns vãos em cantaria; lápide em mármore; canhoeiras e parapeitos em alvenaria de tijolo e com formigão de terra e cal; abóbadas à prova, em tijolo maciço; pavimentos cerâmicos, em tijolo maciço de barro vermelho, colocado em espinha ou em cutelo, em lajes de cantaria, em mármore na capela e em soalho de carvalho na casa do governador; portas e caixilharia de madeira; vidros simples nos vãos ou pisável e laminável em alguns vãos de comunicação vertical do reduto central; decoração em estuques relevados e pinturas murais; cobertura exterior dos quartéis dos oficiais e tambor da casa do governador em telha; terraplenos e esplanadas com terra batida.

Bibliografia

AA.VV - Fortificações de Elvas. Proposta para a sua inscrição na lista do Património Mundial. Elvas (Portugal): texto policopiado, 2008; ALMEIDA, João de - Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses. Lisboa: J. Almeida, 1946; BUCHO, Domingos - Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações. Lisboa: Edições Colibri; Câmara Municipal de Elvas, 2013; BUCHO, Domingos - «Justificação para a inscrição das fortificações de Elvas na lista do Património Mundial». In Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, n.º 28, dezembro 2008, pp. 52-67; FONSECA, Teresa - Elvas: das Invasões Francesas às Guerras Liberais. Lisboa: Colibri, 2016; GAMA, Eurico - Elvas: Rainha da Fronteira. Elvas: Tipografia Guerra, 1986; GUERRA, Sofia - «O Forte de Nossa Senhora da Graça». In Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, n.º 28, setembro 2008, pp. 44-51; KEIL, Luís - Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Portalegre. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1943, vol. 1; JESUÍNO, Rui - Elvas - Histórias do Património. s.l.: Rui Jesuíno; Booksfactory, 2016; LAVADINHO, Domingos - O Forte da Graça: esboço duma memória histórica e descritiva. Elvas: Ernesto A. Alves e Almeida, 1929; MARINHO, Alberto de Oliveira - A Gloriosa Batalha das Linhas de Elvas. Elvas: Câmara Municipal de Elvas, 1991; MATTOS, Gastão de Mello de - Nicolau de Langres e a sua obra em Portugal. Lisboa: Comissão de História Militar, 1941, IV volume comemorativo do centenário da Restauração; MOREIRA, Rafael - «Do rigor teórico à urgência prática: a arquitectura militar». In História da Arte em Portugal. Lisboa: Publicações Alfa, 1986, vol. 8; MORGADO, Amílcar F. - Elvas - Praça de Guerra (Arquitectura Militar). Elvas: Câmara Municipal de Elvas, 1993; PEREIRA, Mariana - «A história de Portugal dentro de muralhas. Forte da Graça reabre Portas». In Diário de Notícias. 22 novembro 2015, p. 39; PRAZERES, Tiago Miguel Castanho - O Forte de Nossa Senhora da Graça. Arte e Regra do Desenho. Dissertação de Mestrado em Arquitectura apresentada à Faculdade de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, julho 2016, texto policopiado; RODRIGUES, Jorge e PEREIRA, Mário - Elvas. Lisboa: Editorial Presença, 1996; SELVAGEM, Carlos - Portugal Militar. Lisboa: 1994; SENA, Arlindo - «A formação das elites políticas e sociais na contemporaneidade elvense [1850-1920]». In Elvas Caia - Revista Internacional de Cultura e Ciência. Elvas / Lisboa: Câmara Municipal de Elvas; n.º 2, edições Colibri, 2004, pp. 133-151; SILVA, António Santos, SANTOS, Ana Rita, VEIGA, Maria do Rosário - «O Forte de Nossa Senhora da Graça, Elvas. Bases para uma intervenção - a caracterização dos materiais». In Pedra & Cal. Lisboa: GECoPPA, ano XVII, n.º 58, janeiro - junho 2015, pp. 30-33; VALADAS, Jorge Faro - A Batalha das Linhas de Elvas: 14 de janeiro de 1659. Elvas: Jornal Linhas de Elvas, 1954; VALLERÉ, Marie Louise - Elogio Histórico de Guilherme Luiz António de Valleré. Paris: Firmin Didot, 1808.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMSul/DM; Direção de Infraestruturas do Exército: Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, SIDCarta, Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 1/Elvas - Forte da Graça; Direção Regional de Cultura do Alentejo: Processo 4.07.264 - Forte da Graça; Câmara Municipal de Elvas

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMSul/DM, SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID (PT DGEMN:DSID-001/012-1742, PT DGEMN:DSID-001/012-1743), DGEMN:DSARH (PT DGEMN:DSARH-010/087-0002, PT DGEMN:DSARH-010/087-0058, PT DGEMN:DSARH-006/087-0259/06/2); Direção de Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares: PM n.º1/Elvas - Forte da Graça; Conservatória do Registo Predial de Elvas, freguesia de Alcáçova, n.º 00579/940622 *11; Direção Regional de Cultura do Alentejo: Processo 4.07.264 - Forte da Graça

Intervenção Realizada

DGEMN: 1945 - trabalhos de pequena conservação ou reparação e simples arranjo no depósito Disciplinar de Elvas, pelo empreiteiro Manuel dos Reis, com pinturas na porta do Dragão, portas da arrecadação dos condutores, janelas da cavalariça e casa de banho, portão das armas, portões de ferro das prisões preventiva, portão interior, portas da oficina de carpinteiro e escada, portão da igreja, grades de ferro e vigas da ponte, pavimentação do pavimento da oficina de carpinteiro a formigão hidráulico; 1947 - obras de pequena conservação ou reparação, pelo empreiteiro Manuel dos Reis, com caiação da casa do governador, assentamento de 12 vigas de pinho na ponte da magistral, e reparações em portas exteriores, portas de vidraça e caixilhos nas dependências dos baluartes de Santo Amaro e da Cidade; 1949 - obras de pequena conservação ou reparação, pelo empreiteiro Manuel dos Reis, com reparação parcial dos telhados das quatro dependências do baluarte da Malefa, da Estação e de Santo Amaro, reparação parcial dos telhados do baluarte da Cidade, desentupimento do cano de esgoto e fossas das retretes do quadro, abertura de um vão nas mesmas e colocação de porta de dois batentes, e assentamento de lavatório no depósito; 1950 / 1951 / 1952 - obras de pequena conservação ou reparação, pelo empreiteiro Manuel dos Reis, com caiação das paredes do largo da cozinha e revelins, abóbadas entre as portas de armas, da casa redonda, das oito divisões do reduto (antigos paióis e retretes), dos quatro pátios, das escadas e entradas para o quadro, secções e porta de armas, dezasseis casas da magistral, paredes dos alegretes, da casa do governador e pintura do portão do Dragão, gradeamento da ponte, portões de ferro das prisões e das divisões do reduto; Direção de Fortificações e Obras Militares: 1953, 28 dezembro - auto de receção provisória de obras de beneficiação nas dependências de oficinas do depósito disciplinar de Elvas, pelo empreiteiro Bento dos Santos de Asis; 1955, 30 outubro - auto de receção provisória de obras nas dependências das oficinas do depósito disciplinar de Elvas, pelo empreiteiro Joaquim Manuel Nunes; 1959 - num relatório do comando militar David José Dias Anselmo, coronel de cavalaria, considera-se imprescindível proceder ao restauro, limpeza e caiação das casas dos 4 baluartes e palácio do governador; colocação de luz elétrica na cisterna, devido à guarnição servir-se diariamente da sua água para vários serviços, principalmente limpezas, arranjar os degraus da escada e desobstruir o túnel subterrâneo de comunicação entre o forte e a fonte do Marechal; construir 5 guaritas de alvenaria, que progressivamente foram sendo destruídas, o que também aconteceria às outras se não forem restauradas e caiadas; reparação da banqueta junto à estrada coberta, que circunda a fortificação; no revelim das Salvas, restaurar os parapeitos, preparar os "cofres" destruídos, nivelar o respetivo piso, uma das guaritas de alvenaria ameaça ruína próxima na parte superior; no barbete do baluarte da Cidade restaurar completamente a muralha; no revelim do lado este arranjar as paredes da casamata, colocar-lhe grades de ferro para impedir a passagem da estrada coberta para a esplanada, e fazer pequenas reparações na parede exterior da estrada coberta, especialmente nos "cofres"; a esplanada em frente da Estação Ferroviária derruiu completamente, ameaçando a própria muralha da estrada coberta, impondo-se com a máxima urgência o aterro da enorme cavidade existente; no barbete do baluarte da Estação diversas partes necessitam pequenas e numerosas reparações, entre o revelim do lado nascente e este barbete, tornando-se necessária uma limpeza geral dos terrenos das esplanadas e construir um coletor no local; no hornaveque, colocar uma camada de tijolo nos pavimentos situados entre o fosso exterior do hornaveque e a estrada coberta e os 3 barbetes precisam de retoque de cal; no barbete do baluarte da Malefa, entre a zona de construção e o hornaveque, é necessário restaurar a escada subterrânea que liga o terrapleno da estrada coberta ao caminho "desenfiados" da Fonte do Marechal; no revelim oeste proceder à caiação das paredes das casamatas e reparar a parede da estrada coberta; no barbete do baluarte de Santo Amaro restaurar a instalação para a canhoeira; as galerias interiores da estrada coberta estão impraticáveis; é também necessário proceder à limpeza e lavagem da obra escultórica da porta principal; DGEMN: 1960 / 1961 - execução de obras mais urgentes de consolidação e conservação, pelo empreiteiro Anselmo Costa, incluindo construção de alvenaria hidráulica para consolidação de troços de muralhas, construção de rebocos na casa do governador e nos baluartes, reconstrução de guaritas de alvenaria, de acordo com as existentes, construção de mísulas de cantaria para as guaritas, reparação da parte superior de uma guarita, construção e assentamento de uma porta, pintura de portas e caixilhos, limpeza geral da casa do governador; 1971 - a fim de se efetuar o projeto de restauro da ponte de acesso (restauro da entrada - 1.ª fase), o empreiteiro José Faustino dos Santos procede a sondagens, constituídas por escavação de terras, dura e branda, em sondagens, compreendendo a reposição das terras, regularizações dos pavimentos, junto á ponte a restaurar; 1972 - início do restauro de entrada interior do forte, pelo empreiteiro António Serra, com demolição de betão armado em rampa que prejudica o portal principal, remoção das inestéticas grades de ferro que ladeiam a ponte, construção de alvenaria de tijolos nos arcos a restaurar na ponte, em muretes e parede, fornecer e assentar capeamento de cantaria nos muretes da ponte, reparação dos panos de muralha em diversos pontos, reparação de uma guarita, construção de um pináculo em falta noutra guarita; Direção de Fortificações e Obras Militares: 1972 - decide-se que o abastecimento de água da Fonte do Marechal ao forte passe a ser feito por meio de tubagem, pelo que se procede à demolição da parte central da escada para a fonte para integrar a canalização; março - a DGEMN considera que a reconstrução dos degraus para a Fonte do Marechal devia importar em 15.000$00; instalação de uma lavandaria no interior de um dos baluartes; DGEMN: 1978 - reparação da casa do governador, pelo empreiteiro António Serra, com demolição de pavimentos de tijoleira em mau estado e das floreiras, por onde se infiltram as águas pluviais, execução de novas floreiras com lajes de betão, muretes de tijolo e isolamento com produto asfáltico do pavimento das mesmas, isolamento com tela asfáltica do pavimento do terraço, junto á casa do governador, fornecer e assentar pavimento de tijoleira prensada para o mesmo terraço, reconstrução do alpendre de uma porta, na casa do governador, reparação do telhado da mesma casa, reparação e pintura de portas, caixilhos e grades de ferro na mesma casa e caiação do exterior; Direção de Fortificações e Obras Militares: 1984 - auto de receção provisória da construção de uma área para treino em circuito e para mesa irlandesa, trave e equilíbrio e muro de assalto no forte, pelo empreiteiro Manuel António Tapadinha Ferreira; 2001 - obras de conservação pela firma António Serra, Construções, Lda.; CMElvas: 2013, 26 julho - adjudicação à empresa Confiplano, Controlo e Fiscalização de Obras, Lda., por 32.5000,00, mais IVA, a elaboração de projeto e segurança contra riscos de incêndio, plano de emergência e medidas de autoproteção; adjudicação de medições e orçamentos dos projetos de Arquitetura (edifícios e Fonte do Marechal), rede viárias e arranjos exteriores à empresa RESTAUROMED, Projetos, Fiscalizações, Medições e Orçamentos de Construção Civil, Lda., por 16.240,00 euros, mais IVA; adjudicação da elaboração de projetos de execução de estabilidade, abastecimento de água, drenagem de águas residuais domésticos e pluviais à empresa Sabrad Engenharia Projetos, Gestão e Fiscalização de Obras, Lda., por 49.815,00 euros, mais IVA; elaboração de projetos de arquitetura (edifícios e Fonte do Marechal), rede viária e arranjos exteriores à empresa Linhasinuosas - Arquitetura Lda., por 45.000,00, mais IVA; adjudicação do projeto de execução de iluminação decorativa e ornamental à empresa 2320 Iluminação, Lda., por 29.900,00 euros, mais IVA; adjudicação da elaboração de projeto de trabalhos arqueológicos enquadrados na futura empreitada e acompanhamento de trabalhos realizados para desmatação e elaboração dos projetos de execução de estabilidade, abastecimento de água, drenagens de águas residuais domésticos e pluviais à empresa Era - Arqueologia, S.A., por 10.649,00 euros, mais IVA; 08 agosto - adjudicação do levantamento topográfico nas zonas de estacionamento à empresa Geosig, Lda., por 650,00, mais IVA; 06 setembro - adjudicação de estudo geotécnico à empresa 2WS - Engenharia e Segurança no Trabalho, Lda., por 10.650,00, mais IVA; 09 setembro - Câmara aprova o Projeto de Recuperação e Reabilitação para Fins Culturais; 12 setembro - adjudicação da elaboração de projetos de arquitetura e especialidades das muralhas, muros, baluartes, canhoneiras, esplanadas, cortinas e similares à empresa In Situ - Conservação de Bens Culturais, Lda., por 33.000,00 euros, mais IVA; 16 setembro - adjudicação de estudos de caraterização de materiais à empresa In Situ - Conservação de Bens Culturais, Lda., por 28.800,00, mais IVA; 20 setembro - adjudicação do levantamento topográfico e estrada de acesso à Fonte do Marechal, à empresa Geosig, Lda., por 990,00$, mais IVA; 16 outubro - adjudicação de inspeção e ensaios na casa do governador à empresa OZ - Diagnóstico, Levantamento e Controle de Qualidade em Estruturas e Fundações, Lda., por 5.950,00 euros, mais IVA; 20 dezembro - deliberado em reunião de Câmara aprovar as alterações ao projeto, satisfazendo os pareceres da DGPC e da DRCAlentejo; 2014 - trabalhos arqueológicos preventivos e de apoio e acompanhamento da execução do Projeto de Recuperação e Reabilitação para fins culturais, por Ever Calvo (Era Arqueologia); 2015 - obras de conservação, restauro e reabilitação do forte, fazendo parte da equipa de projetistas o arquiteto Carlos Trindade, que coordenou a obra, a Dra. Fátima Lera, na área da conservação, o engenheiro Amadeu Belchior, na área das estruturas, águas e esgotos, e os arqueólogos Ever Calvo e Alexandra Sarrazola, da empresa Era Arqueologia; os trabalhos, no valor de 6,1 milhões de euros, dos quais 4,7 tiveram financiamento comunitário, constaram de: estudo geotécnico (sondagens); levantamento das zonas de estacionamento; limpeza e desmatação de terrenos e esplanada; limpeza e reconstrução das covas de lobo; limpeza do caminho coberto; limpeza, conservação e restauro dos barbetes e meias luas, dos revelins, baluartes e cortinas; recuperação e consolidação de alvenarias de pedra, picagem e preenchimento de lacunas; revestimento a emboços de cal e caiação de paredes; reconstrução de alvenarias, ou tratamento e conservação de alvenaria; reconstrução de escadas; estabilização de rebocos; reparação geral de paredes e tetos; restauro de cantarias; reparação de canhoeiras; colmatação de rebocos na ligação à taipa militar junto às canhoneiras; remoção de rebocos das casas dos oficiais no revelim da Cidade e outras estruturas contemporâneas nas salas das cortinas da Cidade e Santo Amaro; trabalhos de conservação da cisterna principal, incluindo drenagem, remoção de entulhos e lixos contemporâneos e remoção dos limitadores de acesso em betão que obstruíam parcialmente a entrada e a escada; limpeza geral das caixas do sistema de águas pluviais e de águas residuais do fosso principal; reparação geral de paredes, tetos, incluindo picagem, estabilização de fendas e fissuras, consolidação de lacunas na alvenaria em pedra ou cerâmica, execução de novos revestimentos em argamassa de cal ou areia, pintura com cal, substituição de madeiras; remoção de pavimentos em mosaicos hidráulicos e betonilhas, com aplicação de pavimento de tijolo maciço de barro vermelho, colocado em espinha de peixe e a cutelo na zona das canhoneiras, conforme visível nos pavimentos originais; recuperação de todas as ferragens existentes; instalação de corpos da guarda em metal ao longo das muralhas, revelins, hornaveque e zonas de escadas; execução de rede de abastecimento de água e rede de drenagem de águas pluviais; fornecimento de equipamento e sinalética; demolição de estruturas no piso térreo dos baluartes, para circulação do público; compartimentação dos espaços com vista a satisfazer as novas funcionalidades (gabinetes, serviços técnicos, instalações sanitárias, etc); salvaguarda das canhoneiras cobertas nos baluartes da fortificação, posteriormente casas dos oficiais, com picagem de rebocos degradados, execução de um novo revestimento de cal, substituição da cobertura, reposição de caixilharia nos vãos; limpezas de cantarias; remoção integral da estrutura de barrotes de madeira maciça nas divisões da casa do governador e recuperação / substituição parcial de elementos da estrutura da divisão central, e a consequente remoção dos tetos falsos do piso 2 e do pavimento do piso 3; substituição dos pavimentos, com estruturas de madeira, da casa do governador; demolição de paredes que cerravam o espaço contínuo na zona das casamatas do caminho coberto; trabalhos de impermeabilização; recuperação de caixilharias, fornecimento e assentamento de portas e janelas; conservação das pinturas murais; prefixação da camada cromática em pinturas e cartelas; construção de lanternim no revelim da Cidade, aproveitando um vão descoberto aquando da picagem do reboco, de modo a iluminar naturalmente as instalações sanitárias, e com estrutura semelhante ao existente sobre um compartimento contíguo; construção de galeria técnica; execução de sistema de deteção de incêndios e sistema de anti-intrusão e vigilância por CCTV, execução de posto de transformação; construção de novo reservatório enterrado no exterior do forte; levantamento topográfico e feitura de estrada de acesso a Fonte do Marechal, bem como reconstituição de partes degradadas da mesma.

Observações

*1- Uma descrição do forte, datada de 1876 e assinada por J. M. P. d'Almeida, extraída do relatório feito pelo general Carlos de Barcellos Machado, quando coronel de engenharia governador de 1867 a 1870, mas acrescentada com ocorrências posteriores, refere a existência de mais quatro pequenos depósitos para água, três no fosso geral e um no fosso do hornaveque, os quais recebiam as águas da chuva que enchia no mesmo fosso. Um destes depósitos recebia o excesso das águas que entravam na cisterna depois dela cheia, o que raras vezes sucedia, por meio de um encanamento, que partindo do topo da escada da mesma cisterna, e passando por baixo da muralha se dirigia ao dito depósito. *2- O projeto do Conde de Lippe consistia, grosso modo, num recinto magistral com quatro baluartes pentagonais interligados por cortinas, formando um quadrado, envolvido por várias obras exteriores: quatro revelins a flanquear as cortinas e um hornaveque na frente norte, a mais vulnerável da fortificação, e uma linha de muralha exterior. No interior do recinto magistral, Lippe desenhou um conjunto de armazéns e paióis encostados à muralha, à semelhança do construído no Forte de Santa Luzia, com uma pequena construção ao centro. *3 - Para além das alterações arquitetónicas ao projeto, Valleré inventou uns reparos facilmente desmontáveis e remontáveis para artilharia ligeira, permitindo a passagem das peças por caminhos e espaços estreitos, como escadas e portas, permitindo levá-las ao interior e até ao topo dos edifícios, como a varanda da casa do governador. Outros permitiam fazer tiro mergulhante, ou seja, abaixo da linha do horizonte até 48 graus, o que era muito importante no Forte da Graça, devido ao grande declive das esplanadas. Assim, apesar do declive, estes reparos permitiam atingir quem tentasse subir o monte. Valleré criou também uma nova placa que facilitava o manejo dos morteiros, exigindo apenas três homens, para além de serem capazes de disparar em todas as direções desde 6 graus abaixo da linha do horizonte até 90 graus acima. Em 1876, segundo o documento assinado por J. M. P. d'Almeida, as bocas-de-fogo dos flancos baixos ou casamatas e hornaveque, ainda estavam montadas nos reparos inventados pelo general Valleré, denominando-se de "reparos de peão", passando a descrevê-los: "Sobre os reparos assenta uma espécie de plataforma onde se apoia a boca de fogo, e esta plataforma move-se horizontalmente sobre um pião, girando também a boca de fogo no mesmo sentido. Depois da peça disparada faz-se girar a plataforma de maneira que a boca de fogo fique numa direção perpendicular à que primitivamente tinha. Nesta posição carrega-se com suma facilidade, fazendo depois girar o sistema até que a peça fique no campo da canhoneira. Por este meio carrega-se sem fazer recuar o repara para limpar e carregar novamente, além de que, a galeria ficaria obstruída durante o tempo de carregar, em consequência desobstruída". *4 - Aquando da destruição da ermida de Nossa Senhora da Graça, a imagem do orago foi transferida para a Igreja Paroquial da Alcáçova e, posteriormente, para a Capela do Forte da Graça. No entanto, ela veio a desaparecer durante as Invasões Francesas, vindo a reaparecer, já no séc. 20, na Igreja de Vila Boim. *5 - Segundo Valleré, "As esplanadas diante das contraescarpas do Baluarte de Malefas e São Amaro se vão adiantando e se principião a encher diante dos Angulos Saillentes. Offrece se huma difficuldade a este respeito e dos mais Angulos que ha de não poder seguir a planta que Sua Alteza me deixou, dando as larguras que esta determinado nella para a estrada Encoberta porq.e os Angulos Saillantes sendo bastantemente agudos as arestas aviao de se prolongar a huma distancia excessiva e que as pedras e terras que se tiver das escavações seria bastante para formar as ditas esplanadas, o remedio a este inconveniente he de dar menos largura a estrada encoberta no seus Angulos Saillantes, e acressentar a mesma largura na outra extremidade isto faco o Angulo mais aberto (o que he huma vantage) e abaixo as suas e assim as terras serão bastante para os entulhos e não obrigava hum dobrado transporte de alguma terra que no principio da obra se pose nos Angulos rentrantes das esplanadas". *6 - A obra do forte chegou a envolver nos trabalhos de construção cerca de 600 homens por dia, alcançando um total de 32.000 homens e 4000 animais. Deste contingente, cerca de 1500 homens tinham a tarefa de transportar água da fonte do Marechal para os terrenos da obra. Para albergar tão grande número de operários, foram construídas algumas habitações e lojas junto à Quinta do Vedor, acabando por dar origem à povoação do Vedor. *7 - Durante o séc. 20, este abastecimento de água ao forte pelos prisioneiros ficaria conhecido, pela sua dureza, entre os elvenses como o castigo da barrilada. *8 - Nesta data, o forte encontra-se em mau estado de conservação, apresentando-se desajustado à utilização como estabelecimento prisional militar, não só pela sua estrutura arquitetónica, já que o mesmo não foi construído para tal fim, como também pelo seu mau estado de conservação, resultando do facto das suas casernas estarem todas repassadas de humildade, com os consequentes prejuízos a saúde. Tem a área coberta em r/c de 1.133m2, a área coberta noutros pisos de 47.644m2, a área em terrenos de 193.850m2. No Tombo de 1962, refere-se que tem a área coberta em r/c de 45.000m2, 900m2 noutros pisos, 193.850m2 de terrenos, sendo a das esplanadas de 149.870m2, com capacidade para 898 praças, no máximo 1.224, e para 4 viaturas; tem placa. *9 - Aquando da assinatura do protocolo previa-se um investimento na ordem de 2 milhões de contos, financiados pelo poder central, pelo III Quadro Comunitário de Apoio e pela Autarquia. A intervenção seria desenvolvida em três fases; a primeira dizia respeito à elaboração de estudo da recuperação e reutilização a dar ao forte; na segunda, a edilidade ficaria responsável pelas primeiras obras a realizar, que tinham por finalidade a limpeza e manutenção de todo o forte; na última etapa, as entidades envolvidas no processo comprometiam-se, na base do resultado dos estudos, a proceder à recuperação do monumento, bem como ao desenvolvimento de ações de reutilização. *10 - A regularidade planimétrica do Forte da Graça foi analisada por Domingos Bucho e por Sofia Guerra de perspetivas diferentes. Para Domingos Bucho, o forte foi idealizado através da utilização do quadrado, conseguindo integrar todo o conjunto das obras exteriores, recinto magistral e reduto central num grupo de oito quadrados de quatro medidas diferentes: baluartes, cortinas, revelins, hornaveque, reduto ou contraguardas. A análise de Sofia Guerra é mais simbólica e recorre a vários esquemas geométricos, como o quadrado, o octógono e o círculo. Utilizando o método da Divina proporção, a autora explica a posição e proporções dos vários elementos do forte e, associado, apresenta a Sucessão de Fibonacci, que cria uma sequência de retângulos, permitindo desenhar uma espiral, através da qual se podem integrar todos os elementos do forte numa lógica contínua, desde a casa do governador ao revelim do hornaveque. *10 - Na Conservatória do Registo Predial de Elvas, o Forte da Graça é descrito com 4 revelins, 4 baluartes, uma entrada coberta, fosso, 2 pontes levadiças, 1 hornaveque, um reduto, Porta do Dragão, diversos compartimentos, porta interior ou porta de armas, 2 berbetes, 1 cisterna ao centro, edifício do palácio ao centro com capela e diversos compartimentos, todas as muralhas comunicam entre si por diversos compartimentos ou casernas. Tem à sua volta uma esplanada que faz parte integrante do mesmo forte, confrontando a norte, com Filipe da Silva Banazol, Manuel António Martins Torneiro e José Maria Picão Caldeiro, a sul, com Maria Adelaide Sobral Bastos e Silva, José António do Bico Cabeças e Manuel António Martins Torneiro, a nascente, com Asilo Silva Martins, Dinora Mendes Sobral Costa e Álvaro José Perico Correia e, a poente, com Maria Elisa Garcia Oliveira, Engrácia Lopes Cavalheiro, Henrique Matos Cardoso e Manuel António Martins Torneiro. Situa-se na serra de Nossa Senhora da Graça e tem de valor patrimonial 27.0.00000$00. Artigo 1.259.

Autor e Data

Paula Noé 2018

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