Paiol de Santa Bárbara

IPA.00035787
Portugal, Portalegre, Elvas, Caia, São Pedro e Alcáçova
 
Paiol geral construído no séc. 17, por promoção régia, à prova de bomba, no interior da praça, na gola de um baluarte junto ao castelo, e reformado no séc. 18 / 19, altura em que se devem ter entaipado as amplas janelas da frontaria, aberto a janela posterior do armazém e construído um corpo a proteger o acesso ao interior, e depois no séc. 20. Possui planta retangular, composta por armazém, precedido por duas salas intercomunicantes, a casa de recebimento e a de ressalva, a primeira denominada no início de oitocentos por casa do peso, interiormente abobadadas, envolvidos por alto muro corta-fogo. Este muro, em alvenaria rebocada a imitar cantaria, apresenta maior cuidado decorativo na frontaria, onde tem cunhais apilastrados, coroados por pináculos, e remate em friso, cornija e elementos volutados, de linguagem clássica, e, ao centro, portal em arco, sobre pilastras, ladeado de outras, que sustentam entablamento e as armas de Portugal. Nas fachadas laterais, o muro tem recortes retilíneos, contornando os pilares dos para-raios, colocados entre 1859 e 1861, altura em que também se planificou a zona central da face esquerda e entulhou o poço ali existente; na fachada posterior o muro possui a zona central curva alteada, para proteção da janela do armazém. As fachadas do paiol são firmadas por falsas pilastras de massa e rematam em platibanda plena, com friso e cornija, ritmada por gárgulas para escoamento das águas da cobertura, que é de duas águas diferenciadas, em correspondência com os espaços interiores, e revestida a placas de cantaria, de modo a permitir criar uma "caixa" que, segundo Manuel Azevedo Fortes, em época de cerco, se devia encher com terra, feixes de vides ou esterco de cavalos, para absorver o impacto das bombas. A espessura das suas paredes, de 12 palmos, segue igualmente as medidas preconizadas por Azevedo Fortes (10 a 15 palmos). A fachada principal, em empena, era rasgada por três amplas janelas retilíneas, para iluminação da sala de ressalva e da de entrada, acedida por porta no extremo direito, e tendo ao centro, em plano superior, nicho em arco ladeado de pilastras com aletas, sustentando entablamento e frontão curvo, que albergava a imagem de Santa Bárbara, protetora dos que utilizam explosivos. No final do séc. 18 / início do 19, entaiparam-se os vãos, deixando apenas uma fresta no central, deve ter-se aberto a janela do topo posterior do armazém e adossou-se uma nova casa de entrada, facetada e mais baixa, também à prova de bomba, com portal em arco sobre impostas, sendo assim já descrito e representado em planta em 1818. O facto de o nicho não ser representado no alçado da autoria Policarpo José da Cruz Costa, de 1831, poderá dever-se a ter sido coberto por argamassas, à semelhança das cantarias dos vãos, que também não são representados, ou à sua colocação em data posterior, ainda que a sua modinatura indique contemporaneidade com a construção do paiol. A porta atualmente existente à esquerda da frontaria foi rasgada no séc. 20, com a reutilização do paiol. No interior, as duas salas que precedem o armazém possuem abóbada apontada e o armazém é acedido por porta de verga reta, talvez não correspondendo ao vão primitivo, já que Manuel de Azevedo Fortes estipulava que as portas dos armazéns deviam ser feitas em forma de janela de peitoril e não abertas até abaixo, como a que existe atualmente. O armazém, coberto por abóbada de berço, tem as paredes com talude inferior e conserva o sistema de ventilação com respiradouros em chicana apenas em dois lados, seguindo as orientações do engenheiro militar de não abrir frestas do lado sul, devido à humidade que daí advinha. À fachada lateral direita adossa-se escada de acesso à cobertura, possivelmente também de feitura posterior, e existem arcos de travamento.
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Armazenamento e logística  Paiol    

Descrição

Planta retangular composta por dois corpos, correspondendo ao armazém, casa do peso e casa de ressalva, da mesma largura e altura, e casa de entrada anexa à frontaria, mais estreita e mais baixa, envolvidos por alto muro corta-fogo. Volumes escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas, respetivamente no armazém e casa do peso e de ressalva, e de três águas no corpo anexo, revestidos a lajes de cantaria, já inexistente em ampla zona de uma água do armazém. As fachadas são rebocadas e têm as juntas tomadas e pintadas de branco. A fachada principal surge virada a noroeste, com o MURO CORTA-FOGO de cunhais firmados por pilastras toscanas, coroadas por pináculos tipo balaústre, e remate em friso e cornija, sobreposta por platibanda plena de cantaria, recortada e ornada por elementos volutados. Ao centro rasga-se portal, em arco de volta perfeita sobre pilastras, ladeado por pilastras toscanas sustentando entablamento encimado por tabela com brasão de Portugal, entre aletas. Nas fachadas laterais o muro apresenta, de cada lado, dois recortes retilíneos, contornando os altos pilares quadrangulares de sustentação dos para-raios, estando o disposto a poente derruído; na fachada posterior o muro tem remate curvo alteado ao centro. O PAIOL possui os cunhais das fachadas com falsas pilastras, de massa, e remate em platibanda plena, escondendo o arranque das coberturas, decorada por friso de massa e cornija de cantaria, alteada na fachada lateral direita sobre o vão, em arco de volta perfeita, que acede à cobertura. À exceção da posterior, as fachadas são ritmadas por gárgulas em meia cana, para escoamento da água das coberturas. A fachada principal, terminada em empena, é rasgada por portal, disposto à esquerda, em arco de volta perfeita sobre pilastras com impostas, e três janelas retilíneas molduradas, entaipadas e contendo frestas com elementos de ferro. Sobre a central surge nicho, em arco de volta perfeita, de fecho relevado, sobre pilastras toscanas, entre pilastras almofadadas com aletas, sustentando entablamento encimado por frontão curvo. À direita, fica a casa de entrada, de ângulos facetados, rematada em friso e cornija, com acesso pela face direita, por arco de volta perfeita sobre impostas, estando parcialmente entaipado. Junto a este corpo e adossado à fachada lateral direita desenvolve-se escada de cantaria, de dois lances, de acesso à cobertura, e existem duas ordens de quatro arcos de travejamento sobrepostos entre o armazém e o muro. A fachada oposta possui três frestas de arejamento, molduradas, e a fachada posterior, também terminada em empena, é rasgada por janela retilínea central, moldurada e gradeada, e duas frestas de arejamento, molduradas. No INTERIOR as paredes são rebocadas e pintadas de branco e as dependências têm pavimento cerâmico, exceto no armazém, que é em terra. A casa de entrada, coberta por abóbada em barrete de clérigo, sobre friso, possui vão, em arco de volta perfeita sobre pilastras, de ligação à casa do peso. Esta e a denominada casa de ressalva, de maiores dimensões e atualmente com porta de acesso direto a partir do exterior, comunicam por porta de verga reta e são cobertas por abóbada de perfil apontado sobre cornija. A casa de ressalva, com algumas argolas de ferro na parede, comunica com o armazém, por porta de verga reta, moldurada, aberta no ângulo direito. O armazém apresenta as paredes com talude inferior e cobertura em abóbada de berço, sobre cornija. Na parede direita rasgam-se três frestas de arejamento e, na do topo, duas outras e, num nível mais alto, uma janela retangular, com portadas de madeira. Todas as paredes conservam os orifícios de encaixe das prateleiras para colocação da pólvora.

Acessos

Alcáçova, Rua Baluarte do Príncipe, Rua da Parada do Castelo. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,883753; long.: -7,162784

Protecção

Incluído no Núcleo urbano da cidade de Elvas / Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas (v. IPA.00001839), na Zona de Proteção do Castelo de Elvas (v. IPA.00003225) e na Zona de Proteção da Fortaleza de Elvas (v. IPA.00035956)

Enquadramento

Urbano, adossado, no interior da fortaleza de Elvas (v. IPA.00035956), na Costa da Vila Fria, a zona mais alta da cidade, inserido no baluarte de Santa Bárbara. Ergue-se adossado a um pano de muralha desenvolvida a partir da torre norte do castelo (v. IPA.00003225). Ao cunhal nascente do paiol adossa-se muro da cerca do Quartel do Comando Militar (v. IPA.00026856), que delimita a sua fachada posterior e lateral direita, com acesso por vão de verga reta, e onde existem vestígios de estruturas que se adossavam ao castelo, aí numa cota mais elevada. No terrapleno do baluarte de Santa Bárbara, em frente do paiol, existe picadeiro, de planta circular, delimitado por pequeno murete, construído na primeira metade do séc. 20, pelo Regimento de Cavalaria n.º 1, que ocupou o paiol. O acesso ao paiol faz-se pelo terrapleno da cortina, junto à rampa para a Parada do Castelo e a poente da mesma, entre o meio baluarte do Príncipe e o baluarte de Santa Bárbara. Aí possui portal, colocado por volta de 1950, que parece ter sido removido de uma das poternas, junto à igreja de São Domingos).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Armazenamento e logística: paiol

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Elvas, auto de cessão de 04 abril 2014

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17 - construção do paiol de Santa Bárbara (MORGADO, p. 49); 1757 - planta da Praça de Elvas e seus contornos, do capitão de engenharia Miguel Luiz Jacob, na sua visita geral de 1755, assinalando o paiol de Santa Bárbara e legendando-o como "armazém moderno de pólvora"; 1817, 25 setembro - o tenente-general Mathias José Dias Azedo, Comandante do Quartel do Real Corpo de Engenheiros, envia ofício ao marechal general Marquês de Campo Maior, William Carr Beresford, a manifestar a sua preocupação por se concentrar a pólvora num só ponto, no paiol dos Murtais (v. IPA.00035788), o que ele considera ser "huma grande desvantagem", uma vez que o mesmo ficava "isolado da Praça d'Elvas, não menos de hum terço de legoa, ou huma milha de distância"; envia ainda uma relação dos diversos depósitos de pólvora existentes no interior da praça, que poderiam servir para a arrecadar "em cazo de necessidade em quanto se cuida em pôr o Paiol de Santa Barbara em estado de conter, sem risco, maior porção daquelle genero"; nesta relação refere-se também o paiol de Santa Bárbara, implantado no extremo da gola do baluarte do mesmo nome, à prova de bomba e descrito como "o grande Paiol da Praça, de 82 palmos de frente e 172 de fundo, que actualmente he objecto de reparação"; 1818, 07 fevereiro - Memória relativa ao armazém de Santa Bárbara, assinada por Eusébio de Sousa Soares, sargento-mor engenheiro, descrevendo-o pormenorizadamente, sendo então composto por quatro casas: a da entrada, apenas por onde se acedia ao interior, a do peso, na sua sequência, a de ressalva com fresta para o pátio e o armazém, possuindo à direita dois lances de escadas para a cobertura e, à esquerda, o muro corta-fogo com recorte quadrangular, para albergar poço *1; o armazém podia albergar 3718 barris, ou 10.456 arrobas, e 28 arráteis de pólvora; 1831, 10 dezembro - desenho de "perfis e contorno do quintal em que se acha colocado o paiol e Santa Bárbara", de Policarpo José da Cruz Costa, representando a face esquerda do muro corta-fogo apenas com o recorte central, envolvendo o poço; uma planta e perfis, delineada pelo mesmo engenheiro, não datada mas sensivelmente contemporânea, representa o paiol com a mesma planta e a fachada principal terminada em empena, rasgada apenas por uma pequena fresta central e possuindo à direita o corpo facetado da casa de entrada (Direção das Infraestruturas do Exército: GEAEM, SIDCarta, cota: 1584-1A-13-17); 1850 / 1856 - segundo Vitorino de Almada, nestas datas a Câmara Municipal de Elvas solicita a remoção da pólvora do paiol de Santa Bárbara para o dos Murtais, o que acaba por não se realizar; 1858 - o Ministério do Reino explica, em portaria, a impossibilidade da transferência da pólvora por falta de fundos para se proceder à prévia e necessária reparação do paiol dos Murtais; 1859, 15 março - planta do paiol de Santa Bárbara, de José Maria d'Alicourt Braga, representando-o com o muro corta-fogo possuindo quatro recortes laterais para conter os para-raios, dois de cada lado, pintados de amarelo, correspondendo possivelmente ao seu acréscimo por esta data, já que o desenho tem a legenda manuscrita "Pertence ao orçamento de 27 de Janeiro de 1859", e, a meio da face esquerda do muro, recorte quadrangular delimitando o poço; 1860 - novo pedido da Câmara para transferência da pólvora do paiol de Santa Bárbara para o dos Murtais, respondendo o Ministro da Guerra que a referida operação se faria após a reparação do paiol dos Murtais, a realizar no ano seguinte; 1861, cerca - colocação dos para-raios; 1864, julho - data da planta e cortes "para intelligência do projecto da substituição ou accrescentamento dos condutores pertencentes aos para raios" destinado para o paiol de Santa Bárbara, de José Maria de Alincourt Braga; 1875 - é um dos oito paióis existentes na praça referidos em relatório militar, sendo também conhecido por "paiol geral"; 1926, 06 abril - auto de entrega do paiol ao Grupo de Artilharia a Cavalo n.º 1; encontra-se em regular estado de conservação, necessitando porém de pequenas reparações no madeiramento interior das prateleiras e escadas de acesso; 1929, 06 abril - auto de cedência do paiol ao Grupo de Artilharia a Cavalo n.º 1; confronta a norte e poente com terrapleno do baluarte de Santa Bárbara, a sul com terrenos militares e castelo, e a nascente com terreno militar e baluarte de Santa Bárbara; está então conservado regularmente porém com a madeira interior das prateleiras e escadas de acesso a precisar de reparação; 1938, 25 agosto - estando prevista no Dec. n.º 28.401 a elevação de efetivos dos Regimentos de Cavalaria conforme os quadros XVIII e XIX do referido Decreto e tendo o Grupo de Artilharia a Cavalo n.º 1 recebido ordem de extinção, o Diretor Major de Engenharia Arnaldo de Souza propõe que à posse do Regimento de Cavalaria n.º 1 o respetivo aquartelamento pois doutra forma seria impossível alojar o efetivo previsto e acomodar o respetivo material, parte do qual (carros de esquadrão) já está alojado fora do quartel por falta de parque apropriado; 12 novembro - auto de entrega do paiol (juntamente com o do quartel implantado no antigo convento de São Domingos (PM n.º 78) e a Cavalariça Grande de São Domingos (PM n.º 104), que constituem o aquartelamento do Extinto Grupo de Artilharia a Cavalo n.º 1), ao Regimento de Cavalaria n.º 1, pelo Major de Artilharia Raul Gomes Saraiva, como Presidente da Comissão Liquidatária, ao Tenente de Engenharia David Cecílio Sardinha, delegado da Direção do Serviço de Obras e Propriedades Militares da 4.ª Região Militar; 1939, 24 fevereiro - auto de entrega do paiol ao Batalhão de Caçadores n.º 8 pelo Delegado do Conselho Administrativo do Regimento de Cavalaria n.º 1, que até ali detinha a sua posse; está então em regular estado de conservação, necessitando reparações nas portas exteriores; 1943, anterior - fotografia do paiol, publicada no Inventário Artístico de Portugal (Est. LXXXIII), documenta-o ainda com a imagem de Santa Bárbara no nicho da fachada principal; 1943, 27 abril - Despacho do General, Comandante da Região, autoriza o Regimento de Cavalaria n.º 1 a ocupar o paiol de Santa Bárbara, mas sem que desse se removessem as madeiras que o Batalhão de Caçadores n.º 8 pretendia tirar; 19 maio - auto de entrega do paiol geral de Santa Bárbara ao Regimento de Cavalaria n.º 1, pelo Batalhão de Caçadores n.º 8, com todas as madeiras ali existentes; 1954, 09 junho - auto de entrega do paiol ao Hospital Militar da Praça pelo Regimento de Lanceiros n.º 1, para servir de depósito de material não utilizado pelo mesmo hospital; 1966, 13 junho - por nota n.º 380/S, o Hospital propõe que o paiol, por lhe ser então desnecessário, seja entregue ao Comando Militar da Praça de Elvas; 30 junho - General Comandante da 3.ª Região Militar informa que, não interessando o prédio militar a nenhuma unidade da mesma guarnição mas por se situar no interior da cerca do Comando Militar, não convinha ser arrendado a civis, propondo por isso a sua entrega ao Comando Militar da Praça de Elvas; 08 julho - Despacho do Brigadeiro Diretor do S.F.O.M. para transferência do paiol da posse do Hospital Militar para a do Comando Militar da Praça de Elvas; 20 julho - auto de entrega do paiol ao Comando Militar da Praça de Elvas; 1991, 22 janeiro - entrega do paiol pela CR/Região Militar Sul ao Regimento de Infantaria de Elvas, encontrando-se, por isso, em condições de cedência à Câmara Municipal; 25 junho - memorando n.º 03/91, do General CEME, propõe ao Ministro da Defesa Nacional a cedência à Câmara Municipal, mediante determinadas contrapartidas, de vários prédios militares, estando entre eles, o paiol de Santa Bárbara; por esta altura, estando a Câmara a recuperar com verbas específicas o castelo e fazendo o paiol parte desse, o Município pretendia aproveitar a oportunidade para o incluir nas obras de recuperação; agosto - define-se a data de 30 de setembro para desocupação do paiol, tendo em vista a futura cedência à Câmara, feita mediante determinada contrapartida; 2006, 28 junho - auto de mudança de utente, com cedência do paiol ao delegado do Regimento de Cavalaria n.º 3, Tenente RC Luís Miguel Castilho da Graça *2; 2009, 31 agosto - ofício n.º 55 da Direção do Lar Júlio Alcântara Botelho de Alves pedindo a cedência pela de várias prédios militares (n.º 77, 91, 18 e 93), entre os quais o paiol de Santa Bárbara, para exploração de IPSS por um período mínimo de 50 anos, desejando adaptar o paiol a Creche/Infantário/ATL; 2014, 04 abril - auto de cedência e aceitação pela Câmara Municipal de Elvas de vários prédios militares, entre os quais o Paiol de Santa Bárbara, nos termos do disposto na alínea I do art.º 8 da Lei n. 23/2008, de 8 setembro e dos artigos 53 e seguintes ex VI artigo 23º do DL n.º 280/2007, de 07 de agosto, de harmonia com o Despacho n.º 14801/2013, da Ministra de Estado e Finanças e Ministro da Defesa Nacional, de 01 de novembro de 2013, publicado no DR 2.ª série, n.º 222, de 15 de novembro de 2013, proferido ao abrigo do n.º 3 do artigo 6.ª da referida Lei n. 3/2008; os imóveis são cedidos por um período de 50 anos, sendo os prédios abatidos ao cadastro do Exército à data do referido auto.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista rebocada; cunhais do muro corta-fogo, molduras dos vãos, nicho, pináculos, gárgulas, cornijas e cobertura exterior em lajes de cantaria; pilastras e friso do paiol em massa; pavimento cerâmico e em terra; grades das frestas e da janela em ferro; portadas de madeira; porta em ferro.

Bibliografia

BUCHO, Domingos - Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações. Lisboa: Edições Colibri; Câmara Municipal de Elvas, 2013; CASTRO, Carlos, TEIXEIRA, Susana - Paiol de Santa Bárbara (Elvas). Évora: Trabalho apresentado na Universidade de Évora, na Pós-Graduação em Estudos Avançados em Recuperação do Património Histórico e Regeneração Urbana e Económica, texto policopiado, 2014; FORTES, Manuel de Azevedo - O Engenheiro Portuguez. Lisboa: oficina de Manoel Fernandes da Costa, M.DCC.XXIX, tomo 2; KEIL, Luís - Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1943, vol. 1; MORGADO, Amílcar F. - Elvas: Praça de Guerra, Arquitectura Militar. Elvas: Câmara Municipal de Elvas; Grupo de Apoio e Dinamização Cultural de Elvas (G.A.D.I.C.E.), 1993.

Documentação Gráfica

DGPC: SIPA; Direção de Infraestruturas do Exército: GEAEM, SIDCarta, Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 66/Elvas - Paiol de Santa Bárbara (Processo n.º 6)

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA, DGEMN:DREMS

Documentação Administrativa

Arquivo Histórico Militar: 3.ª Divisão, 9.ª Secção, cx. 67, n.º 41 ("Relação dos diversos Paioes e Depozitos de Polvora existentes na Praça de Elvas, por Mathias José Dias Azedo, Tenente General Commandante, 1817), cx 67, n.º 44 (Memoria relativa ao Armazem de Stª Barbara da Praça de Elvas, de Euzebio de Souza Soares, Sargento Mor engenheiro, 7 fevereiro 1818), cx. 73, n.º 11 (Relatório sobre a defesa da Praça de Elvas feito pelo seu actual governador, o General de Brigada Francisco Xavier Lopes, 1875); Direção de Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 66/Elvas - Paiol de Santa Bárbara; Câmara Municipal de Elvas: Próprias, Livro 6, fls. 282

Intervenção Realizada

1817 - obras de reparação no paiol.

Observações

*1 - Segundo a Memória de 1818, a casa de entrada do paiol, coberta por abóbada de barrete, tem 13 palmos de comprido (2,86m) e 8 de largura (1,76m), tendo os pés direitos 13 palmos de altura (2,86m) mais 4 (0,88m) até ao fecho da abóbada, sendo a sua espessura de 7 palmos de um lado (1,54m) e 5 do outro (1,10m). A casa do peso, coberta por abóbada de caixão, tem 19 palmos de comprido (4,18m) e 16,5 de largura (3,63m), tendo os pés direitos 22,5 de altura (4,95m) e a grossura de 5 e 4 palmos (1,10m e 0,88) respetivamente, sendo a altura da abóbada de 10,5 palmos (2,31m). A casa de ressalva tem 26 palmos de comprido (5,72m) e 16,5 de largura (3,63m), tendo a grossura de paredes e altura da abóbada igual à casa do peso. Nesta casa há uma fresta para o pátio do guarda-fogo munida de rede de arame. O armazém, com abóbada "circular", tem 90 palmos de comprimento (19,80m) e 39 de largura (8,58m), os pés direitos têm 12 palmos de grossura (2,64m) e 16 de altura (3,52) e a espessura da abóbada é de 6 palmos (1,32m). A parede do fundo do armazém tem 10 palmos de grossura (2,20m) e é rasgada por uma janela de 5,5 palmos de altura (1,21m) e 4,25 de largura (0,94m), a 26 palmos do solo (5,72m); na mesma parede abrem-se dois "respiradouros", a 22 palmos do piso (4,84m) e, numa das paredes laterais, três outros, à mesma altura, enquanto na frontal não existe nenhum. As paredes da guarda para o carrego têm 3,5 palmos de espessura (0,77m) e 10,5 de altura (5,17m), compreendendo o espigão. O muro corta-fogo tem 2,5 palmos (0,55m) de grossura e 23,5 (5,17m) de altura compreendendo o espigão, formando em torno dos três lados do edifício um corredor de 6 palmos de largura (1,32m) e um pátio na entrada de 25 palmos de largura (5,50m). No lado direito desse corredor existem dois lances de escada em cantaria, o primeiro de 15 e o segundo de 14 degraus, que sobem para o plano superior da abóbada. A face posterior do muro corta-fogo tem "huma porção mais alta em forma semicircular, que serve de occultar a janella praticada no topo do Armazém. No outro lado maior da referida parede há hum ressalto quadrangular de 18 palmos de comprimento [3,96m] e 12,5 de ressalto [2,75m], e dentro delle hum poço; e fronteiro a este e unido ao pé direito do edifício hum poste, ou peanha retangular de alvenaria, cuja baze he de 3 palmos de comprido, e 2,5 de largura, e tendo 4, ¾ de altura". As prateleiras para a acomodação da pólvora eram construídas relativamente às dimensões de um barril inglês: "constão estas de 3 cochias inferiores, 3 superiores na direcção do comprimento, e 2 que atravessão nos topos em cima, e em baxo, cada huma de 4 1/2 palmos de largura, e 6 membros a saber: 2 lateraes, 2 no meio na razão do comprimento, e 2 nos topos. Os lateraes, tem 75 palmos de comprimento, 3 3/4 de largura, e 20 de altura, divididos na altura em 6 ordens, e no comprimento em 16 divizoens sustentados cada hum por 34 paos de prumo de 2 ¾ polegadas de grossura. Os do meio tem cada hum 75 palmos de comprimento, 8 de largura, e 26 1/4 de altura divididos na altura em 8 ordens, no comprimento em 16, e na largura em 2, sustentados cada hum por 51 paos de prumo de 4 polegadas de grossura. No topo da frente, ha em cada lado da entrada huma escada de 4 3/4 palmos de largura, e 12 degráos que sobem ás cochias superiores: são sustentadas, e os respectivos descanços por 16 paos de prumo de 4 polegadas de grossura, e 24 1/4 de altura, aproveitados todos os intervalos para acomodação de barris. O topo he ferrado de parteleiras sustentadas por 20 paos de prumo com as mesmas dimensoens dos membros do corpo do Armazem. Todas as referidas parteleiras são escoradas em sentidos perpendiculares em baxo, no meio, e em cima. As coxias inferiores, e parteleiras são assoalhadas em cheio, e as superiores com 1 polegada de intervallo de taboa, por cauza da ventilação. Ha em cada andar huma escada portatil para subir ás parteleiras mais alta" (Arquivo Histórico Militar: 3.ª Divisão, 9.ª Secção, cx n. 67, n. 44). *2 - A cedência do paiol é feita nas seguintes condições: a cedência terminaria logo que a entidade militar com competência para tal, o determinasse; não seriam permitidas novas construções, obras de alteração de estruturas ou de compartimentação sem a intervenção da Direção dos Serviços de Engenharia mesmo que custeadas por fundos próprios; e a mudança de utente tornava-se efetiva a partir de 01 de junho de 2006.

Autor e Data

Paula Noé 2017

Actualização

 
 
 
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