Núcleo urbano da vila de Cascais / Núcleo histórico de Cascais

IPA.00028017
Portugal, Lisboa, Cascais, União das freguesias de Cascais e Estoril
 
Núcleo urbano sede municipal. Vila situada em costa marítima. Vila medieval de jurisdição régia e senhorial, integrando vestígios de castelo e cerca urbana, com fortaleza marítima moderna inserida no sistema defensivo da barra do Tejo. Aglomerado de origem piscatória, função à qual se associa a vilegiatura na época contemporânea. Crescimento extramuros através de três eixos principais alinhados paralelamente ao leito da ribeira. Formação da praça (Praça Nova), aberta para a baía, onde se localiza a casa da câmara. Desenvolvimento urbano quinhentista na margem oposta, estruturado pela Rua Direita, de traçado rectilíneo, e pela fundação da Misericórdia. Frente costeira dominada por casas de veraneio de arquitectura ecléctica.
Número IPA Antigo: PT031105030275
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Vila  Vila medieval  Vila fortificada  Senhorial

Descrição

Conjunto urbano caracterizado por uma malha diversificada, fruto da sua localização, topografia e hidrografia, e de uma forte expansão urbanística contemporânea. O núcleo fundacional, situado junto à baía na encosta poente, onde se implantaram o castelo e a muralha trecentista, corresponde actualmente à área urbana delimitada entre a Rua Marques Leal Pancada (antiga Rua da Assunção), Avenida D. Carlos I e a Igreja de Nossa Senhora da Assunção (v. PT031105030103). Nesta área o tecido urbano encontra-se bastante alterado, à excepção da zona do Sítio do Castelo, identificando-se actualmente um traçado ortogonal com quarteirões rectangulares e lotes largos, característicos do início do século 20. O crescimento extramuros fez-se para N., em direcção à estrada para Colares e paralelamente à Ribeira das Vinhas, registando aí uma malha urbana pouco alterada, a partir da Porta da Vila, situada na Rua Marques Leal Pancada. Desta porta nascem as duas principais vias de crescimento do núcleo no final da época medieval: as Ruas dos Navegantes e do Poço Novo. Estes dois eixos caracterizam-se pela sua reduzida largura e adaptação à topografia, encontrando-se delimitados por quarteirões maioritariamente de forma alongada, muito parcelados e separados por becos ou escadas. Nesta área da vila predominavam as casas de dois pisos, com loja / oficina no piso térreo e habitação no piso superior, com acesso por porta independente, subsistindo ainda alguns exemplos deste tipo de arquitectura residencial. A partir do século 16, com a progressiva perda de função da muralha, o tecido urbano começa a consolidar-se para N. e a E., junto à baía e na orla costeira, a nascente da Ribeira das Vinhas. A Praça Nova (actual Largo 5 de Outubro) torna-se o centro administrativo da vila, espaço aberto para o mar, local onde se situa a Casa da Câmara (v. PT031105030065) e o actual edifício dos Paços do Concelho (Solar dos Condes da Guarda, v. PT031105030032). A nascente do eixo formado pela Praça Nova e a Rua Visconde da Luz (antiga Rua da Palma), os quarteirões articulam-se entre a área de expansão extramuros e a margem da Ribeira das Vinhas. Ainda no século 16, na margem oposta, estrutura-se um outro núcleo de crescimento, em função da Rua Direita, eixo perpendicular ao núcleo medieval, de ligação entre a ponte da Ribeira e a Rua Sebastião Carvalho de Melo / Largo da Igreja da Ressurreição (actual Largo da Estação) e da Misericórdia. Nesta zona, entre a Rua Fernando Tomás (antiga Rua Santa Catarina) e a Rua da Saudade, a adaptação da malha urbana ao terreno recortado da costa é visível através do esquema radial formado pelos quarteirões. O Largo da Misericórdia, onde se encontra a Igreja com mesma designação (v. PT031105030054) faz a transição para os quarteirões mais regulares definidos pela Rua Direita. As casas de dois pisos, com telhados múltiplos predominavam nesta área da vila, foram hoje substituídas por casas térreas. No séc. 17, a instabilidade política decorrente da Restauração provocou a reorganização da defesa do Reino, nomeadamente na barra do Tejo, sendo construída a Cidadela de Cascais, que integra as anteriores estruturas militares; foram ainda remodelados os fortes de Santa Marta, de Santa Catarina e de Nossa Senhora da Conceição. A fortificação abaluartada alterou o sistema defensivo da vila, mas não implicou mudanças significativas no tecido edificado, constituindo-se como uma estrutura autónoma no aglomerado urbano. Entre a cidadela e o núcleo medieval situa-se o Convento da Piedade (actual Centro Cultural, v. PT031105030127), cuja cerca foi transformada em parque público (actual Parque Marechal Carmona, v. PT031105030283). O terramoto de 1755 originou grande destruição em Cascais: ficaram em ruínas os principais edifícios da vila, alguns deles nunca reconstruídos, como o palácio dos Condes de Monsanto (castelo), a muralha e a Igreja da Ressurreição, assim como a maior parte da arquitectura residencial; as igrejas da Assunção (Matriz), da Misericórdia e dos Navegantes, o convento da Piedade e a Casa da Câmara foram novamente edificados. A vila foi gradualmente reedificada, confirmando-se a orientação do crescimento para N.. Data provavelmente do século 18 o preenchimento dos quarteirões já traçados no séc. 16 da Avenida D. Afonso Sanches (antiga Rua da Pedreira), via paralela às Ruas dos Navegantes e do Poço Novo, assim como a formação do Largo Dr. Passos Vela, onde se localiza a Igreja dos Navegantes (v. PT031105030305). No final de Oitocentos, a instalação da família real no palácio dos governadores e a vinda de uma elite ligada à casa real, marcaram profundamente a imagem e o quotidiano da vila. A orla costeira a nascente da Praia da Ribeira foi sendo progressivamente ocupada com luxuosas casas de veraneio, de arquitectura revivalista, por vezes implantadas sobre o antigo sistema defensivo da vila (Palacetes dos Duques Palmela, v. PT031105030064 e do Duque de Loulé, v. PT031105030142, Chalet Faial, v. PT031105030141, Casa de D. António Lencastre, v. PT031105030143). A linha de caminho-de-ferro, entre Cascais e Pedrouços, teve igualmente um papel fundamental no desenvolvimento urbano, substituindo os "chars-à-bancs" e o vapor que faziam à ligação à capital. Foi traçada a Avenida Valbom, paralela à Rua Direita (actual Rua Frederico Arouca), formando com esta um dos maiores quarteirões do núcleo urbano, de configuração rectangular e paralelo à linha de costa. O eixo Avenida Valbom / Avenida Alexandre Herculano torna-se o principal acesso entre a estação e a encosta O. da Ribeira das Vinhas, limitando a N. as Ruas dos Navegantes, do Poço Novo e Afonso Sanches e dando significado urbano ao largo onde se encontra o jardim Visconde da Luz. Estas vias marcam a transição do tecido urbano medieval / moderno para a malha do séc. 20, caracterizada por um traçado ortogonal, quarteirões de forma rectangular e lotes largos, onde se tem vindo a privilegiar a construção em altura. Em simultâneo e a poente, junto à cidadela, com a abertura da Avenida D. Carlos I, foram aforados os terrenos militares junto ao forte de Santa Marta (v. PT031105030012) e da Parada. Construíram-se nesta época várias habitações, ex-líbris da vila de Cascais, como a Casa de Santa Maria (v. PT031105030145), a Torre de São Sebastião, actual Museu-Biblioteca Condes Castro Guimarães (v. PT031105030024), ou a Casa dos Condes de Arnoso (v. PT031105030146). Em direcção ao interior, a área foi gradualmente urbanizada ao longo da primeira metade do séc. 20: é caracterizada por quarteirões de configuração rectangular, compostos por lotes de grande dimensão onde se implantam moradias com jardim, destacando-se alguns exemplos na Avenida Emídio Navarro. Nos anos 40 do século passado, do plano para um novo centro administrativo resultou o encanamento e aterro da Ribeira das Vinhas e a demolição das suas pontes. Nessa sequência foi traçada a actual Alameda dos Combatentes da Grande Guerra e projectada a reformulação urbanística junto à praia da Ribeira, que implicou a demolição de alguns quarteirões quinhentistas, da muralha da Praia, e do Forte de Santa Catarina, bem como de vários outros edifícios (casino da praia, mercado de ferro, Hotel Globo, edifício dos CTT). Deste plano, parcialmente executado, construíram-se os edifícios da lota e da capitania do porto, e mais tarde o Hotel Baía, configurando a actual frente urbana da baía. Posteriormente foi urbanizada a área a N., com a abertura da Praça Sá Carneiro e da Avenida 25 de Abril como eixo de ligação à Estrada Marginal e à Estrada do Guincho.

Acessos

A5, EN9-1, EN6 (Avenida marginal). Acesso ao núcleo urbano pela Avenida D. Pedro I, Avenida da República, Avenida D. Humberto de Itália e Avenida Visconde da Luz / Avenida D. Carlos I (condicionado).

Protecção

Inclui Cidadela de Cascais, contendo a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz e a Torre Fortificada de Cascais (v. PT031105030006) / Forte de Nossa Senhora da Conceição, restos das muralhas (v. PT031105030009) / Forte de Santa Marta (v. PT031105030012) / Troços da antiga muralha da vila de Cascais (v. PT031105030016) / Bases da muralha que interliga os dois baluartes da praia da Ribeira (v. PT031105030004) / Cortinas de Atiradores (v. PT031105030007) / Gruta do Poço Velho (v. PT031105030002) / Palácio do Conde de Castro Guimarães (v. PT031105030024) / Chalet Palmela (PT031105030064) / Chalet Faial (v. PT031105030141) / Edifício dos Paços do Concelho de Cascais (v. PT031105030065) / Casa de Santa Maria, incluindo o jardim, na Avenida Rei Umberto II de Itália (v. PT031105030030) / Capela de Nossa Senhora da Nazaré (v. PT031105030018) / Marégrafo de Cascais (v. PT031105030069) / Escola primária D. Luís I (v. PT031105030296) / Parcialmente incluído no Parque Natural Sintra-Cascais

Enquadramento

Urbano, implantado em costa marítima. Situada no extremo O. de Portugal continental, na área metropolitana de Lisboa, a vila de Cascais localiza-se na entrada da Barra do Tejo, na margem direita da sua foz, entre a cota altimétrica 0 e 25 m. O aglomerado urbano desenvolveu-se inicialmente a O. da baía, protegido pela ponta do Salmodo, crescendo gradualmente para nascente, ao longo da costa e para o interior, seguindo a linha da Ribeira das Vinhas e da estrada para Sintra. A sua envolvente, muito diversificada, é caracterizada a poente por uma paisagem preservada, integrada no Parque Natural Sintra-Cascais, enquanto a E. e N. se identifica já a malha urbana consolidada, que se desenvolve a partir dos eixos de ligação a Lisboa e aos concelhos limítrofes de Oeiras e Sintra. Com um clima temperado e vegetação mediterrânica, a paisagem mostra encostas pouco declivosas, modeladas pelas linhas de água, que formam vales encaixados perpendiculares à costa, com destaque para as bacias da Ribeira dos Mochos e da Ribeira das Vinhas, ainda visível a N. do centro urbano. A orla costeira é muito recortada e marcada por falésias rochosas de formação cársica, intercaladas por praias arenosas. Na faixa ocidental destaca-se a presença dos Fortes da Guia (v. PT031105030010), de São Jorge ou dos Oitavos (v. PT031105030003) e do Guincho (v. PT031105030008), marcos da defesa marítima da linha de Lisboa após a Restauração. O núcleo histórico de Cascais encontra-se delimitado pela Avenida Marginal a E., a Avenida 25 de Abril a N. e O., fechando em direcção ao mar, a S., pela Avenida da Vigia do Facho (v. PT031105030017).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

URBANISTA: Etienne de Groër (Infraestrutura rodoviária de ligação à estrada Marginal, 1938/1948); JAE/DSC, 19ª Secção (Reformulação urbanística da área ribeirinha, entre a Avenida Valbom e a Fortaleza da Luz, 1944).

Cronologia

Neolítico, final / Calcolítico - primeiros vestígios de ocupação humana, quando as grutas naturais do Poço Velho (v. PT031105030002) foram utilizadas como necrópole, cujo uso funerário terá perdurado até à Idade do Bronze; época Romana - o complexo de salga de peixe descoberto na Rua Marques Leal Pancada vem comprovar a existência de estruturas romanas sob castelo e a muralha da vila; 1364, 7 Junho - elevação do lugar à categoria de vila por D. Pedro, requerida pelos "homens bons de Cascais", tornando-se autónoma da "sujeição de Sintra"; 1364 / 1370, entre - provável edificação do castelo e da muralha da vila; 1370, 8 Abril - doação, por D. Fernando, do castelo e lugar de Cascais, a Gomes Lourenço de Avelar, como recompensa pelo valor demonstrado na defesa de Cidade Rodrigo; 1373 - nomeação de Henrique Vilhena para o senhorio de Cascais; saque do castelo pelas tropas castelhanas; 1384 - Sancho Gomes de Avelar, filho do 1º donatário, tornou-se donatário de Cascais; 1382 e 1384 - bloqueio do porto por Castela; 1385 - D. Henrique Vilhena tornou-se, pela segunda vez, senhor de Cascais, antes de se retirar definitivamente para Castela; 1385, 15 Novembro - D. João I promulgou uma lei que isentava os pescadores de Cascais da obrigatoriedade de embarcarem nas galés; 1386 - João das Regras tornou-se o novo donatário da vila; 1393, 10 Abril - D. João I determinou que não haja alcaide dos homens do mar, privilégio confirmado por D. Sebastião em 1577; 1397 - após a morte de João das Regras, os seus bens passaram para a sua filha Branca da Cunha; o senhorio da vila de Cascais, incluído na herança, reverteu de novo para a Coroa, com a morte prematura de D. Pedro, filho de D. Branca; séc. 14, finais - crescimento urbano extramuros para norte e nascente, criação das paróquias de Santa Maria de Cascais, São Vicente de Alcabideche e São Domingos de Rana; 1488 - D. João II mandou edificar uma torre em Cascais para defesa do porto; 1496 - D. Duarte deu posse do senhorio de Cascais a D. Isabel da Cunha, irmã de D. Pedro; D. Álvaro de Castro, 1º Conde de Monsanto, tornou-se senhor de Cascais, ao casar-se com D. Isabel; 1515, 15 Novembro - concessão de foral por D. Manuel I; séc. 16 - perda de função da muralha, a partir desta data gradualmente incorporada no tecido edificado; a torre de Cascais torna-se importante ponto na defesa da barra do Tejo, estabelecendo uma relação defensiva com o "baluarte" da Caparica (Torre Velha) e a torre de São Vicente de Belém; 1527 - no primeiro numeramento oficial do reino a vila de Cascais contava com 172 vizinhos e o seu termo 310; 1551, 11 Junho - fundação da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, por licença de D. João III; 1572 - primeira gravura de Cascais, publicada por Georg Braun e Franz Hogenberg, onde estão representados a Torre da Vila e o Convento de Santo António, no Estoril; 1589 - foi enviado Vicenzo Casale para fazer o reconhecimento das estruturas defensivas (Boiça et al, 2001, p. 40); 1590 - Giacomo Fratino enviou ao rei desenho com representação da vila de Cascais, onde se inclui o traçado triangular da fortaleza; 1594 - Filipe Terzi assinou planta com representação da vila de Cascais, bem como da fortaleza triangular e cidadela quadrangular; 1597 - proposta de fortificação, de Leonardo Turriano, ligando a fortaleza ao castelo; 1590, década de - desenho não assinado (Arquivo General Simancas), onde também se observa em plano perspectivado o palácio dos condes de Monsanto; séc. 16 - edificação do convento de Nossa Senhora da Piedade, da igreja de Nossa Senhora da Assunção e das capelas de Nossa Senhora da Conceição dos Inocentes e de São Sebastião; 1623 - as obras de fortificação ainda não estavam concluídas; relação sobre o custo das fortificações, assinado por Gerónimo de Soto, referindo que estava por acabar a obra traçada por Tiburzio Spanochi (Boiça et al., 2001, p. 45); 1640, após - construção da cidadela (seguindo traçado geral observável nos desenhos da época filipina) e da muralha da praia ou cortina de atiradores, bem como do parapeito que ligava os baluartes do Forte de Santa Marta, da Praia da Ribeira, dos Fortes de Santa Catarina e de Nossa Senhora da Conceição (v. PT031105030007 e PT031105030004); as obras foram inicialmente dirigidas por Simão Mateus, sendo governador das armas António Luís de Meneses, conde de Cantanhede; foi sucessivamente substituído por Philippe Guiteau, João Cosmander e Nicolau de Langres, devendo-se a este último os planos de cintura abaluartada que envolveria a totalidade da vila pelo lado de terra; 1727 - construção da Igreja dos Navegantes; 1755, 1 Novembro - o terramoto e maremoto que se seguiu provocaram grandes danos na vila, como a destruição do palácio dos Condes de Monsanto (castelo), de grande parte da muralha, da Igreja da Ressurreição, e do espaço edificado a O. e a E. da ribeira; ficaram arruinadas as Igrejas da Assunção (Matriz), da Misericórdia e dos Navegantes, o convento da Piedade e a Casa da Câmara; resistiram a cidadela e a fortaleza da Luz, e a Capela da Conceição dos Inocentes; contudo, parte da malha urbana medieval mantém-se até hoje; levantamento cartográfico das casas arruinadas (BPMP, GEAEM); 1762 - extinção do senhorio de Cascais com a morte da sua última donatária, D. Maria José de Meneses e Castro, com apenas 10 anos; as casas de Monsanto e de Cascais, assim como todos os seus bens, passam para a Coroa; 1774 - fundação da Real Fábrica de Lanifícios de Cascais, situada no Jardim Visconde da Luz; 1807, 30 Novembro - invasão francesa e pilhagem pelo regimento comandado pelo general Maurin; primeiras conversações para a "Convenção de Sintra", com o almirante Cotton e o general Junot; 1832 - venda do convento de Nossa Senhora da Piedade em hasta pública; 1844 / 1845 / 1849 / 1857 - levantamentos cartográficos do Instituto Geográfico da região de Cascais; 1860, 24 Maio - abertura da estrada entre Cascais e Oeiras, ordenada por postura municipal, obra determinante para o desenvolvimento da vila, criando-se uma via de comunicação directa entre Lisboa e Cascais; 1862 - Joaquim António Velez Barreiros, visconde de Nossa Senhora da Luz, mandou construir a sua casa de veraneio na Vila Nova, antigo Alto da Bela Vista; 1868 - abertura da estrada real Cascais-Sintra; construção do Teatro Gil Vicente; inauguração do Farol de Santa Marta, projecto de Francisco Pereira da Silva; 1870 - o rei D. Luís I mandou adaptar a Casa dos Governadores da Cidadela a palácio de Verão; o duque de Loulé pediu à câmara o aforamento de terrenos junto à Ermida de Nossa Senhora da Conceição dos Inocentes, para aí erguer o seu palacete (actualmente o Hotel Albatroz); o duque de Palmela fez construir o seu palacete sobre o baluarte de Nossa Senhora da Conceição; 1871, 13 Agosto - decreto da concessão do caminho-de-ferro ao Duque de Saldanha, implantado ao longo da Estrada Real nº 67, de Lisboa a Cascais; 1873 - construção do Casino da Praia; 1878, 28 Setembro - inauguração da energia eléctrica (Cascais foi a primeira localidade do país a ter iluminação pública); séc. 19, último quartel - paralelamente ao desenvolvimento social da vila, a economia local ganhou novo fôlego, graças ao dinamismo de Jayme de Arthur da Costa Pinto, presidente da câmara da vila; além da área da construção, surgem novos sectores económicos (panificações, fábricas de conserva e tratamento de peixe), enquanto as zonas rurais se desenvolveram com a venda de produtos hortícolas; 1885, 7 Julho - o Ministério da Guerra autorizou a demolição dos armazéns reais na Praça D. Luís I (actual Praça 5 de Outubro); 1886 - existia na vila uma estação telegráfica; 1889, 30 Setembro - inauguração do caminho-de-ferro até Pedrouços; 1888 - início do abastecimento de água à vila, captada na Malveira da Serra; 1891 - obras no canal da Ribeira das Vinhas e aterros nas margens, a cargo do Ministério das Obras Públicas, para garantir maior salubridade urbana; 1894 - abertura da Avenida Conde Valbom, reestruturação da Rua Direita; 1895, 26 Setembro - extinção do concelho de Oeiras, passando de novo para Cascais; 1896 - construção do passeio D. Maria Pia; construção do chalet Faial; 1898 - restabelecimento do concelho de Oeiras, Carcavelos torna-se definitivamente uma freguesia de Cascais; 1899 - inauguração da Avenida D. Carlos I; séc. 19, último quartel - os terrenos do extinto convento da Piedade foram comprados pelo visconde da Gandarinha que mandou posteriormente construir um parque na cerca, com várias pontes sobre a Ribeira dos Mochos; séc. 19, finais / séc. 20, inícios - D. Carlos fez do palácio dos governadores sede da sua investigação oceanográfica, mandando instalar um marégrafo junto ao passeio D. Maria Pia (v. PT031105030069); Jorge O'Neill adquiriu os terrenos junto ao farol de Santa Marta, aí construindo a Torre de São Sebastião (adquirida em 1910 pelo conde Castro Guimarães) e a Casa de Santa Maria, da autoria do Arq. Raul Lino; 1901 - construção da estrada do Guincho à Malveira pelo conde de Moser, proprietário da Quinta da Marinha; 1907 - construção da estrada da Guia ao Guincho; 1927 - criação da zona de jogo permanente do Estoril, inauguração do Hotel Palácio e do Casino; 1931, 12 Julho - inauguração do Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães; séc. 20, década 40 - plano para um novo centro administrativo, de que resultaram o aterro da Ribeira das Vinhas, a demolição de alguns quarteirões da malha quinhentista junto à Praia da Ribeira, a construção dos edifícios da Lota e da Capitania; estava ainda prevista a demolição dos Paços do Concelho para construção de um edifício para os CTT; 1935 / 1936 - Plano de Urbanização da Costa do Sol, da responsabilidade do arquitecto urbanista Alfred Agache; 1940 - abertura da Estrada Marginal e início da expansão urbana da linha de Lisboa / Cascais; 1948, 8 dezembro - aprovação pelo Ministério das Obras Públicas da reformulação do Plano de Urbanização da Costa do Sol, da autoria do arquitecto urbanista Etienne de Groër; 1940, finais - construção do hospital, da nova estação ferroviária e do bairro social dos Pescadores; séc. 20, anos 50 - construção do Cine-teatro de São José, demolido na década de 80, e do mercado municipal; 1961 - Plano de Arranjo Marginal da Zona de Cascais ao Guincho, da autoria do arquiteco Paulo de Carvalho Cunha; 1962 - construção do Hotel Baía, projecto do Arq. Alberto Cruz; 1965, 15 Janeiro - inauguração do Hotel Estoril-Sol, projecto do arquitecto Raúl Tojal; 1981 - criação da Área protegida de Sintra-Cascais, pelo Decreto-Lei nº 282/81, de 15 de Outubro; 2004 - cedência pelo Ministério da Defesa Nacional à Câmara municipal da Cidadela de Cascais, por um período de 35 anos.

Dados Técnicos

Não aplicável

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

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Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/CAM (Planta de Cascais, DES.090480), DGEMN/DREL (Planta do MOPC/JAE, Troço entre a Avenida Valbom e a Cidadela de Cascais, DES.101509); IHRU: Arquivo pessoal de Guilherme Faria da Costa; ANTT: Descripção da villa de Cascais feita pello Capitão Fratino, c. 1590, Códice Casa Cadaval, Livro das Plantas, nº 29, fl. 94; BNP: "Cascais", in Georg Braun e Franz Hogenberg, Civitates Orbis Terrarum, vol. I, Colónia, 1572; LANGRES, Nicolau de, Desenhos e Plantas de todas as Praças do Reyno de Portugal (...), c. 1661 (Cod. 7445); Desenho da Barra de Lisboa in Luís Serrão Pimentel, Prática da Arte de Navegar (...), 1673; Museu da Cidade, Lisboa: Planta da vila de Cascais enviada por Vicenzo Casale em Fevereiro 1590 in Alexandre Massai, Descrição do Reino de Portugal, 1621; Archivo General de Simancas *1: Planta da vila de Cascais, s.a., 1594; Planta da Vila de Cascais, Filipe Terzi, 1594; Proposta de fortificação, Leonardo Turriano, 1597; BPMP: Planta das Praça, Cidadella e Fortes de Cascaes, s.a, s.d. (C-M&A -pasta 19-20); GEAEM: Plan des villes, Citadelle et Forts de Cascaes, copiado por G. C. Weyröther, s.d. (séc. 19); IGP: Mapa da região de Lisboa, 1821; Planta Carta geográfica de Cascais (levantamento topográfico), esc: 10.000, 1844 (José Carlos Chelmicki) / 1849; Sociedade de Fomento Urbano Limitada, Bairro Gandarinha, Vila de Cascaes, Planta geral e parcelar, 1924, in APOLINÁRIO, Maximiano G., Plano de povoações modernas, Revista de Obras Publicas e Minas, Lisboa, 1924, ano IV, nº6 28, p.5; DGOTDU, Arquivo Histórico: Plano de Urbanização da Costa do Sol, Arq. Urb. Etienne de Groër, 1959; Plano de Arranjo Marginal da Zona de Cascais ao Guincho, Arq. Paulo de Carvalho Cunha, 1961; planta in MARQUES, A. H. de Oliveira, GONÇALVES, Iria, ANDRADE, Amélia Aguiar, Atlas das Cidades Medievais Portuguesas (Séculos XII-XV), Lisboa, Centros de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 1990, vol. I, p. 50; CMCascais/Arquivo Histórico Digital (http://www.cm-cascais.pt/arquivohistoricodigital)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; DGEMN/DREL; CMCascais/Arquivo Histórico Digital (http://www.cm-cascais.pt/arquivohistoricodigital); Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães.

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH (documentação sobre o Plano da Costa do Sol, DSARH-005-3446/01); IHRU: Arquivo pessoal de Guilherme Faria da Costa; DGOTDU: Plano da Costa do Sol; CMCascais/Arquivo Histórico Digital (http://www.cm-cascais.pt/arquivohistoricodigital); Santa Casa da Misericórdia de Cascais.

Intervenção Realizada

1927 / 1931 - adaptação da Torre de São Sebastião e jardim envolvente a Casa-Museu (actual Museu Condes Castro Guimarães) e Jardim Público (actual Parque Marechal Carmona), por doação ao município feita pelo conde Castro Guimarães; séc 20, anos 60 - demolição de uma torre da muralha junto à Rua Manuel Araújo Viana; 1972 - pedonalização da Rua Direita; 1978 - adaptação do antigo pavilhão de caça de D. Carlos I, posteriormente sede do Sporting Club da Parada, a Museu do Mar; 1999 - construção da marina; CMC: 1992 / 1999 - sondagens arqueológicas na Rua Marques Leal Pancada, e no edifício nº 13 da mesma rua, identificaram parte de um complexo fabril de salga de peixe da época romana; 1994 / 1997 - adaptação do convento de Nossa Senhora da Piedade a Centro Cultural; 2005 / 2007 - construção do Clube Naval de Cascais / Centro de Alto rendimento de Vela na esplanada de D. Luís, da autoria dos Arq. André Caiado e António Santa-Rita; 2006 - requalificação e conversão do Forte e Farol de Santa Marta para espaço de cultura e lazer, da autoria dos Arq. Francisco e Manuel Aires Mateus; 2004 - requalificação do Passeio de D. Maria Pia (pavimentação e mobiliário urbano), da autoria do Arq. Miguel Arruda; 2008 / 2009 - construção da Casa das Histórias e Desenhos Paula Rego, da autoria do Arq. Souto de Moura; 2009 / 2013 - reabilitação e adaptação a novo uso (unidade hoteleira) da Cidadela, da autoria do Arq. Gonçalo Byrne; 2010, a partir - adaptação da Casa Sommer a Arquivo Municipal.

Observações

*1 - Archivo General de Simancas (Boiça, Barros e Ramalho, 2001, pp. 41, 43 e 44).

Autor e Data

Anouk Costa, Cláudia Morgado, Rita Vale 2010

Actualização

 
 
 
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