Igreja Paroquial de Gradil / Igreja de São Silvestre

IPA.00002615
Portugal, Lisboa, Mafra, União das freguesias de Enxara do Bispo, Gradil e Vila Franca do Rosário
 
Igreja paroquial rural de construção seiscentista, ostentando, contudo, uma feição essencialmente barroca, resultado da sua reconstrução após o terramoto de 1755. Integra-se no conjunto de edifícios religiosos da denominada região saloia, caracterizados por exterior de tratamento arquitetónico austero, e por interior organizado segundo um esquema planimétrico básico. Apresenta, assim, uma planta poligonal, composta pela articulação a eixo dos corpos da nave única e capela-mor, aos quais se adossam, de ambos os lados, os volumes da sacristia e de outras dependências. Fachada principal barroca, de orientação canónica, composta por três panos separados por pilastras de cantaria, sendo o pano central animado pelo portal, de emolduramento de cantaria recortado, encimado por um janelão retangular com moldura de cantaria e ática contracurvada ostentando insígnias do orago em relevo, e rematado por frontão triangular vazado por óculo elíptico envolvido por decoração em estuque. Lateralmente desenvolvem-se os panos das duas torres sineiras, de cobertura bolbosa e fogaréus nos acrotérios. Interiormente, a igreja de nave única, é espaçosa, uniformemente iluminada através de janelas retilíneas rasgadas ao nível do segundo registo das fachadas laterais e pelo óculo do coro-alto. Este, adossado à parede fundeira, é em madeira sobre pilares, formando três arcos de volta perfeita, que incorpora duas pias de água benta manuelinas. No subcoro localiza-se o acesso ao batistério, onde figura uma pia batismal manuelina, de corpo semiesférico, oitavado, com decoração alusiva ao sacramento do Batismo, com aves e peixes, e inferiormente rematada por corda e faixa ornamental geométrica que precede o apoio simulando a base de uma coluna. No coro-alto merece lugar de destaque, ainda, o órgão de tubos produzido em 1801 por António Xavier Machado e Cerveira. A nave, com cobertura em abóbada abatida e muros percorridos por silhar baixo de azulejo de tapete seiscentista e pintura marmoreada, integra dois púlpitos confrontantes, com base de pedra rosada e avental de madeira. Apresenta, ainda, no lado da Epístola, uma capela lateral, com dois altares de madeira dourada e pintada. Arco triunfal de volta perfeita, ladeado por dois altares de madeira pintada e dourada, onde figuram, no lado do Evangelho, uma Nossa Senhora de Fátima e, no lado da Epístola, uma imagem estofada do "Coração de Jesus". Capela-mor, coberta por abóbada de berço, ostenta retábulo-mor setecentista, de colunas torsas, em talha dourada, centralizado por uma tela com uma cena da vida de São Silvestre Papa.
Número IPA Antigo: PT031109070019
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal composta pela justaposição longitudinal e escalonada de dois corpos retangulares, de dois registos, a nave única e a capela-mor, aos quais se adossam algumas pequenas construções retangulares de um só piso, a sacristia, a sul, e, a norte, pequenos anexos. As coberturas são telhadas, de duas águas no corpo da nave e capela-mor, de uma água nos corpos anexos. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, flanqueadas por cunhais de cantaria e percorridas por soco do mesmo material. Fachada principal em dois registos, orientada a nascente, é composta por três panos separados por pilastras de cantaria, com cornija saliente, sendo os dois extremos correspondentes aos corpos das duas torres sineiras, de planta quadrada, cobertura bolbosa e fogaréus nos acrotérios. O pano central é animado pelo portal, de emolduramento de cantaria recortado, encimado por um janelão retangular com moldura de cantaria e ática contracurvada ostentando as insígnias do orago em relevo. O remate efetua-se por frontão triangular vazado por óculo elíptico envolvido por decoração em estuque. Na torre sineira esquerda, sul, é visível um registo azulejar de temática mariana, ostentando a data de 1768. A torre sineira direita, a norte, ostenta um relógio ao nível do segundo registo. Fachada lateral esquerda, escalonada, apresenta um primeiro pano correspondente, no primeiro registo, ao corpo da sacristia, rasgado por quatro janelas retilíneas com moldura de cantaria simples, centradas por uma porta de verga reta e uma só folha, idêntica à que rasga a parede que faz ângulo com o corpo da nave, no segundo registo, capela-mor, surge um janelão retilíneo, o segundo pano, de dois registos, corresponde ao corpo da nave, é rasgado por porta travessa de verga reta com cornija e remate em friso contracurvado, no segundo registo apresentam-se duas pequenas janelas retilíneas com moldura simples de cantaria. Fachada lateral direita, escalonada, em dois registos e dois panos, sendo o primeiro registo referente aos corpos adossados, no primeiro pano rasgado por uma porta de verga reta, encimada por bandeira e no segundo pano por duas pequenas janelas de capialço, centralizadas por porta entaipada, o segundo registo apresenta-se com duas pequenas janelas retilíneas com moldura de cantaria simples, no corpo da nave e um janelão retilíneo do corpo da capela-mor. Fachada posterior simples, rematada por empena. INTERIOR: nave única, ampla, com cobertura em abóbada abatida e muros percorridos por silhar baixo de azulejo de tapete seiscentista, polícromo, integrando, na zona que imediatamente precede o arco triunfal alguns exemplares do tipo corda seca, e pintura marmoreada. A sua iluminação é bilateral conseguida por quatro janelas retangulares ao nível do segundo registo. Na parede fundeira, adossado à face interna do alçado principal, encontra-se um coro-alto em madeira sobre pilares de secção quadrada, formando três arcos de volta perfeita, que incorpora duas pias de água benta manuelinas. No subcoro localiza-se o acesso à capela batismal (colocada sob a torre sineira do lado esquerdo, sul), pequeno espaço sensivelmente quadrangular, que abriga a pia batismal, manuelina, cujo corpo semiesférico, oitavado, apresenta uma gramática decorativa alusiva ao sacramento do Batismo, com aves e peixes, inferiormente rematada por corda e faixa ornamental geométrica que precede o apoio simulando a base de uma coluna. Na nave encontram-se dois púlpitos confrontantes, bojudos, com base de pedra rosada e avental de madeira, sendo, o do lado do Evangelho, ladeado por porta travessa, e, do lado da Epístola, ladeado por capela lateral, com dois altares de madeira dourada e pintada. Nas paredes laterais abrem-se ainda duas portas com emolduramento de cantaria sobrepujadas por áticas decoradas com motivos vegetalistas e concheados em relevo. Apresenta arco triunfal de volta perfeita, em cantaria (em cuja pedra de fecho se reconhece emblema do orago), ladeado por dois retábulos colaterais de madeira pintada e dourada, onde figuram, no lado do Evangelho, uma Nossa Senhora de Fátima, e, no lado da Epístola, uma imagem estofada do "Coração de Jesus". Na capela-mor, coberta por abóbada de berço, e iluminada bilateralmente por dois janelões retangulares, destaca-se o retábulo-mor setecentista, de corpo côncavo, e três eixos verticais divididos entre si por colunas salomónicas, encontrando-se, os laterais centralizados por edícula de talha dourada com figura estufada de São Silvestre, no lado do Evangelho, e São Miguel, no lado da Epístola. Camarim com painel de óleo sobre tela figurando uma cena com São Silvestre Papa, e, sobre o banco, sacrário revestido a folha de ouro. Remate em arco de volta perfeita com fecho de enrolamentos vegetais. Sotobanco com portas de acesso à tribuna almofadadas e, no eixo central, um agnus dei em baixo relevo.

Acessos

Gradil, na Rua das Forças Armadas. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,981954; long.: -9,281310

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 29/84, DR, 25 junho 1984, 1.ª série, n.º 145

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado por adro murado em terreno sobranceiro, junto à Estrada Nacional número 9. Situa-se no extremo noroeste da povoação, nas suas imediações encontra-se a Casa do Povo do Gradil, e, a sul, a Quinta de Santana (v. IPA.00005592).

Descrição Complementar

No coro-alto encontra-se ainda um dos seis órgãos barrocos do concelho de Mafra, da autoria António Xavier Machado e Cerveira.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17, 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ORGANEIRO: António Xavier Machado e Cerveira (1801).

Cronologia

1302 - doação do reguengo do Gradil, por D. Dinis (1261 - 1325), a Pêro Salgado, seu tesoureiro-mor; 1354 - por morte deste a povoação do Gradil regressa às mãos da coroa, passando, com D. Afonso IV (1291 - 1357), a integrar o património das suas capelas na Sé de Lisboa; 1490 - D. João II (1455 - 1495) confirma a doação; 1519, 01 outubro - D. Manuel I (1469 - 1521) confirma os privilégios ao reguengo do Gradil e atribui-lhe carta de foral (AN/TT, Livro dos Forais Novos da Comarca da Estremadura, n.º 47, fl. 246); 1576, setembro - data do registo de batismo de Ana da Silveira na Igreja de São Silvestre do Gradil, a partir desta data não deixa mais de existir registo da atividade paroquial na matriz de São Silvestre, no Gradil (AN/TT, PRQ/PMFR07, Paróquia do Gradil); séc. 16 - feitura das pias, batismal e de água benta, presentes na igreja; séc. 17, conjetural - edificação da igreja; desta época serão o silhar de azulejos de tapete da nave, o retábulo-mor de colunas torsas por dourar, e o arcaz da sacristia; 1712 - São Silvestre do Gradil, freguesia do termo de Torres Vedras não anexa a nenhuma das matrizes da vila, é padroado da Companhia de Jesus do Colégio de Santo Antão de Lisboa, que apresentava o cura, e de que recebia 70$000 (Corografia Portugueza..., vol. 3); 1755, 01 novembro - a igreja fica muito arruinada com o terramoto; 1758 - de acordo com a informação extraída das Memórias Paroquiais (PT-TT-MRPQ-17-96), é o lugar do Gradil sede de comarca do patriarcado de Lisboa, com igreja paroquial dedicada a São Silvestre, de uma só nave, com seis altares, uma irmandade das Almas e duas confrarias, do Santíssimo Sacramento e de São Silvestre; de entre a imaginária pertencente ao templo, nas Memórias é destacada uma "milagrosa" imagem do Menino Deus; a igreja encontra-se a ser refeita dos danos causados pelo grande sismo; 1758 - 1759 - com a extinção da Companhia de Jesus, a Igreja de São Silvestre passa a pertencer ao padroado real; 1760 - data inscrita sobre a porta lateral da sacristia, provavelmente registando a data de conclusão das obras de reedificação do templo pós-terramoto; 1792 - 1836 - o reguengo do Gradil passa a concelho autónomo, com Senado Municipal; 1801- realização do órgão do coro-alto, por António Xavier Machado e Cerveira (1756 - 1828), o seu n.º 59; 1836, 29 novembro - extinção do Concelho do Gradil; 1837, 15 julho - o Gradil passa a integrar o recém-constituído Concelho da Azueira; 1855 - o Gradil é incorporado no concelho de Mafra; 1897 - colocação de um novo sino; 1911 - até esta data há registo da atividade da confraria do Santíssimo Sacramento; 1984, 25 junho - é classificada como Imóvel de Interesse Público (DR, série 1, n.º 145); 1990 - encontrando-se o órgão de tubos em mau estado a autarquia promove a sua recuperação.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, azulejos, estuque, madeira e madeira pintada e dourada.

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de (dir.) - Tesouros Artísticos de Portugal. Lisboa, 1976; ASSUNÇÃO, Guilherme - Mafra. Efemérides do Concelho. Mafra, 1967; AZEVEDO, Carlos de; FERNANDES, Paulo, Almeida; VILAR, Maria do Carmo - Identidades: património arquitectónico do Concelho de Mafra. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 2009; FERRÃO, Julieta; GUSMÃO, Adriano de - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: Junta Distrital de Lisboa, 1963, vol. III; BASTOS, Fernando Pereira - Apontamentos Sobre o Manuelino no Distrito de Lisboa, Lisboa, 1990; VALENÇA, Manuel - A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; COSTA, António Carvalho da - Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso Reyno de Portugal,... Lisboa : na officina de Valentim da Costa Deslandes impressor de Sua Magestade, 1712, vol. III; LOPES, Flávio (coord. de) - Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Distrito de Lisboa. Lisboa, 1993; LOPES, Irina Alexandra - "Os extintos Concelhos da Carvoeira, Cheleiros, Enxara dos Cavaleiros e Gradil e os seus Forais (Séculos XII e XVI): Transcrição paleográfica, tradução e leitura atualizada". Boletim Cultural 2006. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 2007, pp. 89-124; LOPES, Irina Alexandra - "As Casas das Câmaras dos extintos Concelhos da Azueira, Carvoeira, Cheleiros, Enxara dos Cavaleiros e Gradil (Séculos XVIII a 1855)". Boletim Cultural 2006. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 2007, pp. 175-232; LUCENA, Armando de - Monografia de Mafra. Mafra: Comissão Municipal de Turismo, 1987; PRATAS, Ana Isabel - O Retábulo no Concelho de Mafra. Expressão artística nos séculos XVII e XVIII. Faro: s. n., 2011, dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de História, Arqueologia e Património da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, texto policopiado; PINHO, Elsa; GARRETT, Cristina C.G. - Da Arte Manuelina do Concelho de Mafra, Lisboa 1989 (texto policopiado, Biblioteca do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa); VILAR, Maria do Carmo - "Arquitectura e escultura monumental manuelina na região de Mafra". Boletim Cultural 2000. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 2001, p. 75; VILAR, Maria do Carmo - "Carta do património do concelho de Mafra: 1. O manuelino". Boletim Cultural 1994. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 1995, p. 315.

Documentação Gráfica

CMM: Arquivo Municipal de Mafra

Documentação Fotográfica

DGPC/SIPA: DGEMN/DSID; CMM: Arquivo Municipal de Mafra

Documentação Administrativa

DGPC/SIPA: DGEMN/DSID; CMM: Arquivo Municipal de Mafra; DGLAB: AN/TT

Intervenção Realizada

1990 - restauro do órgão por António Simões.

Observações

Autor e Data

Paula Tereno 2017

Actualização

 
 
 
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