Ermida de Nossa Senhora de Alcamé / Santuário de Nossa Senhora de Alcamé

IPA.00026021
Portugal, Lisboa, Vila Franca de Xira, Vila Franca de Xira
 
Arquitectura religiosa, barroca. Ermida de grandes proporções, de planta longitudinal, de nave única e capela-mor à mesma altura, com testeira em ábside envolvida por corpo trilobolado, escalonado, correspondente à dupla sacristia e ao corpo de acesso à sineira. Apresenta grandes semelhanças com a contemporânea Ermida de São José (v. PT031114090040), igualmente localizada na Lezíria e provavelmente traçada pelo mesmo Arquitecto, em particular na fachada principal e planimetria, mas evidenciando-se aqui um jogo de volumes e de superfícies curvas contrapostas a superfícies rectas, acentuando o dinamismo da massa arquitectónica exterior, tipicamente barroco.
Número IPA Antigo: PT031114090100
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave rectangular, capela-mor e corpo adossado trilobolado. Volumes escalonados, massas dispostas na vertical com cobertura diferenciada, em duas águas na nave. Alçados de alvenaria rebocada e caiada. Embasamento elevado rematado por cornija envolvente de perfil em bocel. Fachada principal a O. de pano único, definido por cunhais de cantaria com entrecana convexa marcando o ângulo; dois registos definidos por friso e cornija em bocel; remate em frontão triangular, pétreo, com lápide no tímpano; no coroamento dos cunhais, pináculos e, no vértice, cruz latina sobre base volutada; no registo inferior rasga-se o pórtico de molduras decoradas por listel, e verga recta alteada, sobreposta de frontão curvo, cuja base arranca ao nível da cornija divisória dos registos; portada dupla, de madeira; ladeando o pórtico, de cada lado, janela rectangular, gradeada, munida de molduras, com pequeno recorte na verga; no segundo registo rasga-se, axial, janelão oval inserido em nembo de cantaria aparelhada, munido de grade enxaquetada e resguardado por frontão de abas curvas.

Acessos

EN10, em direcção a Porto Alto, c. de 500m após a travessar a Ponte de Vila Franca de Xira, virar à mão direita; seguir por estrada de terra batida, em direcção à Ponta da Erva, em linha recta, paralela ao Tejo; a ermida fica a c. de 3 Km, do lado direito.

Protecção

Incluído na Zona de Proteção Especial da Reserva Natural do Estuário do Tejo

Enquadramento

Rural, isolado, destacado em plena Lezíria Grande do Tejo. Pequeno adro com acesso por escadaria de 3 degraus, nas três faces. A SE. da ermida localiza-se um aeródromo e, a NE., a Ermida de São José (v. PT031114090040). Envolvente dedicada maioritariamente a áreas de pastagens / forragens e de cultura, sendo predominante a do arroz (650 hectares) seguida de 140 hectares de milho. No que toca à avifauna, a lezíria, atravessada por diversas valas, várias delas ladeadas de caniços, constitui-se como local ideal de nidificação ou frequência de várias espécies, das quais se destacam, pela ocorrência: a Garça-vermelha (Ardea purpura), a Cegonha (Ciconia ciconia), o Galeirão (Fulica atra), a Gaivina-dos-pauis (Chlidonias hybridus), o Milhafre preto (Milvus migrans), a Águia-pesqueira (Pandion haliaetus), a Águia-sapeira (Circus aeruginosus) e a Águia-d'asa-redonda (buteo buteo), a Coruja-das-torres (Tyto alba) e a Coruja-dos-nabais (Asio flammeus); nos passeriformes a Alvéola-amarela (Motacilla flava), a Cotovia-de-poupa (Galerida cristata), a Petinha-dos-prados (Anthus pratensis), o Trigueirão (Emberiza calandra), o Rouxinol-bravo (Cettia cetti) e o Bispo-de-coroa-amarela (Euplectes afer).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: ermida

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: José Manuel de Carvalho e Negreiros (1751 - 1815).

Cronologia

1744 - data do mais antigo documento que se conhece referente às lezírias do Tejo e no qual consta que as terras agrícolas de D. João V na bacia do Tejo compreendiam propriedades sitas na Valada, Alpeca, Barrocas da Redinha, Azambuja, Salvaterra e Benavente; 1747 - edificação a mando de D. Tomás de Almeida, 1º Patriarca de Lisboa, assinalando a lenda do milagre que teria ocorrido local, já designado pelos árabes de Al-Khameh (isto é, local de abundância de grão) *1; 1836, 16 de Março - Carta de Lei autorizando a venda das propriedades das Lezírias do Tejo e Sado, que perfaziam c. de 48.000 hectares; 1836, 25 de Junho - as propriedades são arrematadas, por 2.000:000$000 perante a Comissão Interina da Junta de Crédito Público, pela Companhia expressamente constituída com esse objectivo sob a denominação de Companhia das Lezírias do Tejo e do Sado; 1859 - realiza-se a primeira romaria a Alcamé organizada pelos lavradores da lezíria de Vila Franca de Xira *3; 1974, Julho - suspensa a Romaria da Senhora de Alcamé, uma das festas mais importantes do concelho; 1975, 13 de Novembro - nacionalização da Companhia das Lezírias; 1975, 15 de Novembro - Decreto-Lei nº 123/78 conferindo à Companhia das Lezírias o estatuto de Empresa Pública (E. P.); 1989, 31 de Maio - a Lei nº 182/89 converte a Companhia das Lezírias de pessoa colectiva de direito público, em pessoa colectiva de direito privado, com o estatuto de sociedade anónima de capitais maioritariamente públicos; 2000, Junho - por ocasião do 18º aniversário da elevação de Vila Franca de Xira a cidade, o Rancho de Varinos de Vila Franca de Xira recupera a Romaria da Senhora de Alcamé.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Alvenaria mista de pedra e tijolo, rebocada e caiada; cantaria pétrea; ferro; vidro, madeira.

Bibliografia

GOMES, Paulo Varela, A cultura arquitectónica e artística em Portugal no séc. XVIII, Lisboa, editorail Caminho, col. Universitária, 1988, pp. 105 - 137; O Concelho em que vivemos, Vila Franca de Xira, Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, 1991; GOMES, Paulo Varela, Jornada pelo Tejo: Costa e Silva, Carvalho Negreiros e a cidade pós-pombalina, Monumentos, nº 21, Setembro de 2004, pp. 132 - 141; MADALENO, Isabel Maria, "Companhia das lezírias- o passado e o presente", Hispania Nova - Revista de História Contemporânea, nº 6, 2006.

Documentação Gráfica

Biblioteca da Ajuda: Ms. de José Manuel de Carvalho Negreiros, Jornada pelo Tejo, 1792; BNL: Ms. de José Manuel de Carvalho Negreiros, Jornada pelo Tejo, 1797.

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN/DSID, DGEMN/DREL

Documentação Administrativa

DGA/TT: AHCL; Biblioteca da Ajuda: Ms. de José Manuel de Carvalho Negreiros, Jornada pelo Tejo, 1792; BNL: Ms. de José Manuel de Carvalho Negreiros, Jornada pelo Tejo, 1797.

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO; *1 - a lenda conta a história de um campino salvo da mordedura de uma serpente por Nossa Senhora da Conceição que teria intervindo fechando a boca da serpente com uma maçã; por esta razão Nossa Senhora de Alcamé é considerada a padroeira dos campinos e, por extensão, também dos varinos (famílias de pescadores originários da zona da ria de Aveiro que se foram fixando no estuário doTejo), que normalmente participavam na romaria a Nossa Senhora de Alcamé; *3 - por esta ocasião, a população e os fazendeiros, campinos e varinos, vestidos a rigor, acompanhavam pela lezíria a imagem da padroeira, que seguia por rio e terra até ao templo; a romaria integrava ainda desfiles de campinos e benção do gado.

Autor e Data

Rosário Gordalina 2008

Actualização

 
 
 
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