Moinho de Maré da Lançada

IPA.00009792
Portugal, Setúbal, Moita, União das freguesias de Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos
 
Moinho de maré que segue a tipologia do estilo "chão" vernacular do séc.17, identificada na sua volumetria alongada e maciça e na planimetria longitudinal, na simplicidade e clareza de linhas bem proporcionadas, no despojamento de decoração e no remate à face por empenas simples e caiadas. Peça de arquitectura tradicional, testemunho do uso da energia renovável, com perfeita integração na paisagem, situado na margem S. do rio Tejo, hoje desactivado e em desuso.
Número IPA Antigo: PT031507040025
 
Registo visualizado 163 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Extração, produção e transformação  Moagem    

Descrição

Planta longitudinal, regular, composta de duas divisões, a do moinho e um anexo de pequenas dimensões situado ao lado direito da entrada que servia para habitação do moleiro. Massa simples de um único volume disposta com horizontalidade, da cobertura restam os arranques e vestígios de telhado que seria de quatro águas *1. O edifício assenta em embasamento de alvenaria gigante onde se abrem 4 golas em arco de volta inteira. Fachadas de um pano com remate em empena onde assentava o beiral do telhado. Os vãos da porta e das janelas são moldurados com vergas e ombreiras em pedra. Na fachada voltada a E. rasgam-se uma porta descentrada para a direita e uma janela à esquerda; frente à porta há uma coiceira composta por duas lajes de pedra branca, em forma de segmento de círculo, encaixadas uma na outra. As fachadas voltadas a N. e a S. são cegas. Na fachada a O. abrem-se 4 aferidos, as calhas por onde passa a água das marés e uma janela quadrangular. A construção ergue-se sobre uma grande caldeira com comporta de sólida estrutura arquitectónica para resistir ao fluxo e refluxo das marés. Três pedras de mós encontram-se espalhadas, duas no interior e uma no espaço exterior, junto à fachada principal. INTERIOR de espaço diferenciado em sala de moagem e anexo à esquerda com acesso por porta interior; no topo oposto existe um lar com chaminé; rasgam-se no pavimento as quatro aberturas onde se encaixavam os engenhos e as mós; os pés-direitos são planos e lisos; no pavimento há vestígios de lajes de pedra branca.

Acessos

IC 13 - Estrada Montijo / Moita, em Sarilhos Grandes, lugar da Lançada, a cerca de 100 metros do edifício da Sede do Vasco da Gama Futebol Clube, R. 1º de Maio, continuando pela R. da Hortinha, no seu prolongamento, atravessando parte do esteiro do rio.

Protecção

Em vias de classificação.

Enquadramento

Rural, ribeirinho, isolado, na margem Sul do rio Tejo, construído no fundo do esteiro da Lançada, donde se vislumbra, afastadas cerca de 50 metros, edificações habitacionais simples, baixas, e casa de quinta.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: moagem

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 15 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 13, meados - A Quinta da Lançada figurava entre as propriedades de Santa Marinha do Outeiro de Lisboa; 1386 - a Quinta da Lançada possuía um moinho de maré pelo menos desde esta data; 1405 - o rei D. João I autoriza Álvaro Gonçalves a construir um moinho de maré na Lançada; 1409 - D. João I autoriza Gonçalo Lourenço, escrivão da puridade, para fazer moinhos de maré no rio da Lançada; 1424 - primeira referência às moendas da Lançada; 1523 - D. Joana de Sousa vende a Quinta da Lançada a Violante Rodrigues por 180 000 réis; 1542 - por escritura de 1 de Agosto fica detentor do domínio útil Pero de Braga; 1551 - por acto notarial de 6 de Fevereiro torna-se dono o Doutor Jorge Rodrigues Lançada, que deixa como herdeiro Jerónimo Vaz Brandão, acto que foi contestado, mais tarde, pelo prior de Santa Marinha, Diogo Pestana, que foi preso pelo protesto apresentado; 1584 / 1585 - nesta época o Tombo das propriedades do morgado do senhor António de Guama, e seus sucessores refere um moinho de maré na lançada; 1605 - o detentor do domínio útil da Quinta da Lançada é Lourenço Vaz Brandão que, a 6 de Maio desse ano, cede ao procurador da Misericórdia, para os bens da capela instituída pelo Doutor Luís Correia, um assento de moinhos que havia herdado do pai; o telhado era em telha de canudo; 1612 - a Misericórdia de Coimbra paga a sisa correspondente à compra dos moinhos para a capela de Luís Correia; 1906 - data de uma gravura onde se vê o moinho ainda coberto em maré vazia, juntamente com outras construções erguidas próximo; séc. 20, 2ª metade - o moinho deixa de exercer qualquer tipo de função industrial; 2008, 20 agosto - a Câmara Municipal do Montijo determina a abertura do procedimento de classificação como de Interesse Municipal; 2010, 15 março - parecer da Direção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo considerou que o imóvel não reune condições para classificação nacional, o que mereceu acordo do presidente do IGESPAR.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Pedra: calcário, entulho, cal, lajes de pedra calcária; cerâmica: tijolo, tijolo maciço, telha de canudo; metal: ferro fundido; alvenaria: mista de pedra com inclusão de fragmentos de tijolo, argamassa; madeira.

Bibliografia

CARDOSO, Padre Luís, Dicionário Geográfico, Lisboa, 1758; RAMA, José de Sousa, Coisas da nossa Terra - Breves Notícias da Villa de Aldeia-Gallega-do-Riba-Tejo, Lisboa, 1906; DIAS, Jorge, OLIVEIRA, Ernesto Veiga de, GALHANO, Fernando, Sistemas Primitivos de Moagem em Portugal, Porto, 1959; OLIVEIRA, António de, Um Moinho de Maré em Aldeia Galega do Ribatejo no século XVI, "in" O Instituto, vol. CXXIX, Coimbra, 1967; OLIVEIRA, Ernesto Veiga de, GALHANO, Fernando, PEREIRA, Benjamim, Sistemas de Moagens, Lisboa, 1983; GRAÇA, Luís, Edifícios e Monumentos Notáveis do Concelho de Montijo, Montijo, 1989; NABAIS, António J. C. M., Foral de Alcochete e Aldeia Galega (Montijo) - 1515, Montijo, 1995; LUCAS, Isabel Maria Mendes Oleiro, Subsídios para a História do Concelho do Montijo - Cronologia Geral, Montijo, 1997.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

ANTT: Ìndices B-340 e 342; Tombo das capelas, tomo III, fls. 408-410v; Chancelaria de D. João I, Livro III, fls. 53, 87; doc. 88, mç. 3; doc. 99, mç. 3; doc. 383, mç. 10; Arquivo da Misericórdia de Coimbra: Documentos Antigos, 2, fls. 235, 243-244, 370-403, 441v., 517v, 452, 612-629.

Intervenção Realizada

Observações

*1: Também de acordo com gravura existente de épocas anteriores. Pertenceu ao grupo de moendas mistas cuja força motriz foi ora a das águas de rio desviada para golas ora a água das correntes, utilizando com vantagem, para além das águas das marés, as águas salgadas do rio Tejo, funcionando com as marés na enchente e com as águas doces que vinham da linha de água que desaguava naquele local.

Autor e Data

Albertina Belo 2001

Actualização

 
 
 
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