Convento de Nossa Senhora da Conceição de Melgaço / Igreja das Carvalhiças

IPA.00009628
Portugal, Viana do Castelo, Melgaço, União das freguesias de Vila e Roussas
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e rococó. Convento franciscano capucho, de que subsiste a igreja, o núcleo conventual, implantado no lado direito da igreja, e a cerca que se desenvolve nos lados esquerdo e posterior. A igreja é de planta longitudinal composta por nave antecedida por galilé, capela lateral saliente e capela-mor mais estreita, possuindo coberturas internas diferenciadas em falsas abóbadas de berço de madeira, a da nave pintada em "trompe l'oeil", intensamente iluminada pelos vãos da fachada principal e os laterais. Fachadas com cunhais apilastrados, os da fachada principal com silhares almofadados, rematados por pináculos. Fachada principal com remate em empena contracurva, datável do final do séc. 18, seguindo os esquemas barrocos finais dos conventos de Arcos de Valdevez, Caminha, Monção, Mosteiró, Moncorvo, Vila Real, São Pedro do Sul e Fraga; ao centro, galilé em arco abatido, tendo no interior o portal axial, de perfil contracurvo e moldura recortada, e as portas da Portaria e Capela do Senhor dos Passos. Sobre o arco da galié, janelão de perfil recortado e óculo circular. No lado direito, campanário de dois registos separados por friso e cornija, o inferior com janelas rectilíneas e o superior com uma sineira em arco de volta perfeita e remate simples em friso, cornija e pináculos, seguindo o esquema dos conventos de Arcos, Melgaço, Monção, Mosteiró, Moncorvo e Vila Real.Interior com pavimento de madeira e coro-alto em arco abatido, assente em mísulas recortadas e com pingentes, possuindo guarda de madeira balaustrada, que se prolonga numa tribuna lateral, no lado da Epístola, assente em mísula, com órgão barroco composto por três castelos e rematado por espaldar recortado. No mesmo lado, o púlpito quadrangular, assente em mísula e com guarda plena de talha policroma com marmoreados fingidos e acesso por porta em arco de volta perfeita. Ainda no mesmo lado, três confessionários formando vãos rectilíneos, com ligação ao corredor dos confessionários no claustro, com o mesmo tipo de vãos. A capela lateral, algo profunda, possui acesso por arco de volta perfeita com cobertura em falsa abóbada de berço, tendo frontal a antiga porta de acesso à zona claustral. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, ladeado por retábulos de talha policroma, de estilo tardo-barroco. Capela-mor com retábulo de talha maneirista, transferido de outro imóvel, de planta recta e três eixos, possuindo grande sacrário em forma de templete. Dá acesso à Via Sacra, sacristia, com os armários dos cálices e amitos e pequeno arcaz, e casa do lavabo, possuindo lavabo com espaldar simples e taça polilobada. O convento desenvolve-se em tornod e claustro com três arcadas e acesso central, no primeiro piso, e com vãos arquitravados no segundo, todos assentes em colunas toscanas. Na ala da fachada principal, a portaria e a Casa do Capítulo, com cobertura de madeira em caixotões e vestígios do antigo oratório; na ala oposta à igreja, a zona de refeição, com cozinha e refeitório, ligados por uma ministra, despensa, adega e o De Profundis, onde se situa o lavabo e as escadas de acesso ao piso superior, marcadas por um oratório. Sobre estes, a enfermaria, de dois catres, com botica e casa do enfermeiro, e nas alas oposta e perpendicular as celas, divididas por taipa e tabique. Cerca ampla formada pro vários socalcos, onde surge o pomar, as vinhas em latada e o tanque de rega, quadrangular, onde termina o sistema hidráulico, de que subsistem vestígios de canos em pedra.
Número IPA Antigo: PT011603180044
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos (Real Província da Conceição)

Descrição

Convento formado por igreja, zona regral implantada no lado direito, rodeados por uma ampla cerca. A IGREJA é de planta logitudinal composta por nave antecedida por galilé, e por capela-mor mais estreita, de volumes escalonados e com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e caiadas, percorridas por cornija saliente, com pilastras almofadadas nos cunhais, coroadas, na nave e capela-mor, por pináculos e cruzes sobre acrotério no remate das empenas. Fachada principal, virada a SO., com embasamento saliente e terminada em empena contracurva *2, rasgada por acesso à galilé em arco abatido, com moldura em silharia de granito almofadada, sobrepujado por janelão recortado e janelão elipsoidal emoldurados a cantaria. O interior encontra-se rebocado e pintado, com pavimento em lajeado de granito e tecto plano de madeira pintada de castanho; frontal, surge o portal em arco abatido, avivado superiormente por cornija saliente, inscrito em moldura recortada, decorada com enrolamentos, motivo geométrico e pingentes laterais; está protegido por porta de duas folhas de madeira pintada de verde e ornada por almofadas. Confrontantes, surgem duas portas de verga recta, a do lado direito desactivada, de acesso à antiga portaria, e a da direita correspondente à Capela do Senhor dos Passos, protegida por porta de madeira e vidro, denotando vestígios de ter possuído uma grade. O campanário implantado no lado direito, evolui em dois registos separados por cornija, o inferior rasgado por duas janelas rectangulares e o segundo por ventana em arco de volta perfeita comportando sino, rematado em cornija recta sobrepujada por cornija coroada por pináculos de bola. Fachada lateral esquerda, virada a NO., composta por volumes escalonados, sendo rasgada, na nave e capela-mor por janelas rectilíneas, surgindo, na oposta, algumas janelas parcialmente entaipadas. Fachada posterior em empena cega, com dois pequenos orifícios que iluminam escassamente a casa da tribuna. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com pavimento soalhado e corredor central lajeado; sobre cornija saliente, cobertura de perfil curvo em madeira, pintado com quadraturas formando uma tarja fingindo plintos, entrecortados por cartelas concheadas sobre as quais surgem putti, que sustentam festões de flores; ao centro, uma ampla cartela, contracurva, decorada por rocalhas, fragmentos arquitectónicos e motivos florais, com o orago do templo sobre um crescente lunar, um globo, envolvida por uma glória de querubins, o escudo e coroa portugueses e as armas franciscanas. Coro-alto sobre arco abatido, assente em mísulas decoradas com avental recortado e com borlas, com guarda de madeira balaustrada e, no lado da Epístola, coreto sobre ampla mísula, suportando um grande órgão. O coro-alto, com vestígios do anterior acesso por porta de verga recta rasgada no lado da Epístola, possui, sobre estrados de madeira, parte do cadeiral, em madeira de castanho, com dois conjuntos de seis cadeiras, encimadas por espaldar e remate em cornija; possui porta lateral, de verga recta, de acesso à sineira. O sub-coro apresenta guarda-vento de vidro, pias de água benta, gomadas, ladeando o portal principal, e, no lado do Evangelho, escada em caracol de acesso ao coro-alto. A nave possui, no lado da Epístola, três confessionários com acesso por vão rectangular e moldura simples, surgindo, ainda, um púlpito de base rectangular, sobre mísula pétrea, com guarda de talha pintada com dourados e marmoreados fingidos em tons azuis e vermelhos. Confrontantes, surgem duas capelas laterais, com acesso por arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas, integrando retábulos de talha policroma, dedicados a São Pedro de Alcântara (Evangelho) e São Roque (Epístola). Arco triunfal de volta perfeita sustentado por pilastras toscanas, sobrepujado por cena do Calvário, com a imagem do Crucificado ladeado por Nossa Senhora e Santa Maria Madalena, sobre mísulas pétreas e as últimas encimadas por sanefas de talha; encontra-se ladeado por dois retábulos de talha dourada e policroma dedicados a Nossa Senhora das Dores (Evangelho) e Santo António (Epístola). Capela-mor elevada por um degrau, com paredes rebocadas e pintadas de branco, a do lado da Epístola rasgada por porta de verga recta de acesso à sacristia, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, assente em cornija de cantaria, e pavimento em lajeado do mesmo material. Sobre supedâneo de cantaria com três degraus centrais, o retábulo-mor de talha dourada e pintada de branco e cinza, de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas coríntias, com o terço inferior marcado por elementos fitomórficos e putti. A estrutura remata em friso de querubins e cornija, onde surge uma tabela vertical, flanqueada por colunas coríntias com o terço inferior marcado por acantos, rematada pelas armas seráficas e contendo uma pintura a representar o Milagre da Porciúncula, ladeado por duas outras, que compõem uma Natividade *3. Ao centro, tribuna em arco de volta perfeita, na base da qual surge um sacrário de dois pisos, o inferior trapezoidal, dividido por colunas grupadas, com o fuste ornado por espira, com o terço inferior ostentando querubins e capitéis coríntios, com almofadados nos painéis laterais e, na porta, uma cartela enrolada com a representação do cálice; no segundo piso, de perfil semicircular, surgem vãos relicários, em forma de losango. Nos eixos laterais, surgem apainelados pintados a imitar brocados, de execução recente, onde surgem duas mísulas douradas sustentando imaginária. O altar é paralelepipédico, com o frontal tripartido, ornado por elementos relevados, num esquema corrente em Viana e Braga, figurando um Ecce Homo, flanqueado por dois anjos chorosos, surgindo, nos painéis laterais, dois anjos tenentes, que apontam para o Redentor e sustentam cartelas com inscrições latinas, a do Evangelho "VIDE LOMINE AFFLICTIONEM MEAM, Jrem.J", surgindo, na oposta, "ASPECTVS FIVS INEO NON EST Jrem, 3". CONVENTO de planta rectangular simples e regular, de dois pisos desenvolvidos em torno de um claustro quadrangular, possuindo coberturas a uma e duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco com cunhais de cantaria de granito e remates em cornija e beirada simples, rasgadas por vãos rectilíneos com molduras simples de cantaria. Fachada principal virada a SO. com três portas, uma delas de maiores dimensões e de acesso à actual garagem, e duas janelas em capialço, encimados por sete janelas e uma janela regral, com pano de peito em cantaria de granito. Fachada lateral esquerda adossada à igreja, tendo na oposta, virada a SE., com três portas e quatro janelas de peitoril de dimensões variadas no piso inferior, encimadas por sete janelas de peitoril e duas regrais, com pano de peito em cantaria de granito. Fachada posterior virada a NE., com quatro portas e quatro janelas de dimensões distintas no piso inferior, surgindo no superior, quatro janelas de peitoril e quatro de varandim, com pano de peito em cantaria. INTERIOR com claustro de quadra quadrangular, tendo as alas definidas por três arcadas de volta perfeita, assentes em quatro colunas toscanas, duas delas embebidas nos pilares de ângulo, sobre murete de cantaria, rasgado por passagem central; no piso superior, três vãos arquitravados, sustentados por igual número de colunas, dispostas da mesma forma. Na ala SO., situam-se, sucessivamente, a antiga portaria, a Casa do Fogo, onde surge ampla lareira, a Casa do Capítulo com tecto em forro de madeira e, no topo, vão de volta perfeita, onde se integrava a estrutura retabular; sucede-se dependência de ocupação desconhecida. Na ala SE., mais ampla, desenvolve-se a escadaria de acesso ao piso superior, de lanço único e com coluna de arranque volutada, tendo no topo um nicho de volta perfeita, constituindo um oratório; na base, situa-se o antigo "De Profundis", marcado pela presença do lavabo do refeitório, com taça lobulada e reservatório protegido por espaldar de cantaria, com vestígios de duas bicas, possuindo cobertura em abóbada de concha. Uma porta de verga recta acede ao antigo refeitório, que se separa por uma ministra, ladeada por duas cantareiras, da cozinha, com ligação, por porta, à antiga despensa, que confina com uma capela doméstica e a adega. O refeitório com forro de madeira, formando quatro caixotões, possui os bancos corridos em cantaria e, na cozinha, existem vestígios do forno. Na ala NE., desenvolve-se a Via Sacra, sacristia e casa do lavabo. Na sacristia, mantém-se um simples móvel de madeira, com seis gavetões, o que terá restado do primitivo arcaz, sobre o qual surge um nicho de pedra. Nas paredes, dois armários de madeira, para guarda dos cálices e amitos. Na casa do lavabo, surge um exemplar em cantaria de granito com reservatório interno e espaldar rectilíneo, composto por duas bicas que vertem para uma taça de perfil lobulado. No segundo piso, as alas SO. e SE. possuem corredor de circulação interno, com várias divisórias em tabique ou taipa, pavimento em soalho e cobertura em forro de madeira, com caixotões e florões nas intercepções das molduras; na ala SO., são visíveis sete celas. A ala NE. possui a enfermaria, botica e casa do enfermeiro, possuindo, na primeira, dois cubículos decorados com madeira pintada de verde ornada por lambrequins e um oratório em arco de volta perfeita; na botica, um armário embutido na parede com portadas de madeira. No corredor dos confessionários, o vão entaipado que constituía o antigo acesso à Escada das Matinas. A CERCA é bastante vasta, apesar de amputada em determinados pontos, implantada num declive, que vai até ao muro, rasgado por uma janela com conversadeiras, de onde se vislumbra o curso do Rio Minho. Os socalcos, em muros de granito de pedra insonsa, e o pomar setecentistas permanecem no local, bem como as latadas de vinha, armadas com elementos metálicos, que substituíram os primitivos esteios de cantaria e que constituem vários caminhos ao longo de toda a cerca. Nesta, surge o tanque de rega, de forma rectangular, em cantaria de granito. Construído em época desconhecida, surge um viveiro, de água perene, implantada num dos muros dos socalcos, onde eram mantidas vivas as lampreias pescadas no Rio, para permitir a sua utilização praticamente todo o ano. O carácter rural da comunidade encontra-se bem patente na manutenção de dois espigueiros no lado esquerdo da igreja.

Acessos

Rua das Carvalhiças

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, confinando com a via pública, de que se separa por um muro de alvenaria de granito, rebocado e pintado de branco, implantado em zona em declive, com integração harmónica em plataforma sobranceira ao vale do Rio Minho. Junto ao convento e à igreja, surgem dois espaços murados, separados por muro rebocado e pintado, não permitindo o acesso da população à zona regral; o espaço junto à igreja forma um adro, murado, lajeado e relvado, tendo acesso por escadaria de um lanço, com pináculos enquadrando a entrada *1. O perímetro da cerca encontra-se totalmente murado e com acesso por porta carral junto à igreja, protegida por portão de grades metálicas. No lado direito, ergue-se a Capela da Senhora da Pastoriza (v. PT011603180046).

Descrição Complementar

Na galilé, surgem dois registos de azulejo policromo 6x4, com moldura recortada em forma de cartela, contendo as representações de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora da Pastoriza, com legenda identificativa: a primeira referindo "AM" e "Nossa Senhora da Conceição", estando assinado "M. Félix Igrejas, Rio 1993"; a segunda refere "AM" E "NOSSA SENHORA DA PASTORIZA PADROEIRO DOS EMIGRANTES Melgaço - Portugal", com a assinatura "M. Félix Igrejas Rio 1990". No lado da Epístola, o órgão sobre tribuna própria, assente sobre ampla mísula, com guarda em falsa balaustrada, no centro da qual surge um espaço pleno com cartela concheada e acantos; a caixa de órgão, de madeira em branco, é de planta trapezoidal, com castelo central proeminente e dois nichos laterais divididos por pilastras com os fustes ornados por acantos, possuindo gelosias plenas decoradas com asas de morcego; remata, ao centro, em espaldar curvo e projectado, flanqueado por acantos enrolados; possui a estrutura que fixava as flautas de montra e os orifícios correspondentes à palheteria, com consola em janela, ladeada pelos furos dos botões dos antigos registos, já desaparecidos. Retábulo da capela lateral de talha pintada, com aplicações de prata dourada, de planta recta e um eixo definidos por duas colunas de fuste liso e capitéis coríntios e duas pilastras com os fustes ornados por motivos fitomórficos, que sustentam fragmentos de frontão, entre os quais se desenvolve um espaldar recortado e vazado no centro, decorado por cornijas, enrolamentos e concheados; possui amplo nicho de volta perfeita com peanha para a imagem do orago. Os retábulos colaterais são semelhantes, de talha policroma, com marmoreados fingidos, amarelo, rosa e azul, com apontamentos dourados, de planta recta e um eixo definido por duas colunas de fustes lisos e capitéis coríntios, e por quatro pilastras. Ao centro, nicho contracurvo, rematado por fragmentos de frontão e espaldar recortado, ornado por concheados, encimado por sanefas recortadas e com lambrequins. Os altares são em forma de urna. O retábulo de Santo António apresenta cartela com a inscrição: "ALTAR / PRIVILIGIADO / PARA OS RELIGI/OSOS". Na capela-mor, uma sepultura com a inscrição: "AQUI HE SEPULTURA DO REVERENDO ABBADE DA ERBA DE CHRISTOVAL DA CAZA DORIO DO PORTO HE SEUS DESCENDENTES". Na sacristia, uma sepultura com a inscrição: "Aqui jas depozitado Silvestre Theixeira Torres primeiro Sindico que foi deste convento na era de 1757". Os espigueiros são de planta rectangular, estreitos e de paredes aprumadas, com esqueletos de pedra e paredes inexistentes num deles, sendo possível que, primitivamente, tivesse ripado de madeira, surgindo, no segundo, em alvenaria de tijolo. O mais descaracterizado tem porta rectilínea, tendo o segundo porta em arco de volta perfeita, rematando o primeiro em empena com cruzes nos vértices, sendo o segundo em empena simples. Ambos assentam em pés singelos com mós redondas, o primeiro com data inscrita delida. Cobertura de duas águas em telha no melhor preservado, não existindo no primeiro.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Agrícola e florestal: quinta

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Viana do Castelo) / Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: Bento Manuel da Costa (1843-1844). ENTALHADOR: Frei Jorge dos Reis (1643-1644, atr.); FUNDIDOR: Rebelo Silva e Companhia, de Braga (1936). REBOCADOR: João Manuel Domingos Lamas (1834-1844). PEDREIROS: António de Lanhelas (1750); Luís de Lanhelas (1750). PINTOR: António Vieira (1643-1644, atr.). PINTOR de AZULEJOS: M. Félix Igrejas (1990-1995).

Cronologia

1705, 24 Abril - nascimento da Real Província da Conceição, por Breve de Clemente XI *4; 1746 - a Câmara de Melgaço e população da vila pedem um Convento de Franciscanos, pois achavam-se mal servidos espiritualmente; 29 Julho - chegada de Frei Francisco da Trindade, Frei Paulo da Soledade e um irmão leigo à vila; ficaram hospedados na casa de Silvestre Teixeira Torres, no Campo da Feira; 1748 - envio de Lisboa, de 96$000 para a construção do hospício, por Pedro Fernandes da Silva, natural de Rouças; houve, ainda, um segundo benfeitor, José Alves, do Souto, natural do Prado; privilégio do altar de Santo António, por Bento XIV; 4 Maio - o irmão pregador Frei André de Jesus Maria deitou sortes para escolher o local da construção do convento, entre a Calçada e o Sítio da Pastoriza, caindo no último; compra do terreno e casas ali existentes por 500$000; pedreiros de Lanhelas vieram ver o local e, feita a planta pelos franciscanos capuchos, ajustou-se a capela-mor com o primeiro dormitório em 500$000 que, depois de alguns acréscimos, ficou em 600$000; o síndico Silvestre Teixeira Torres deu 50$000 para as obras; 10 Outubro - os pedreiros principiaram a arrancar a pedra; 28 Novembro - lançamento da primeira pedra no cunhal da capela-mor; 1749, 30 Maio - lançamento da primeira pedra no cunhal do dormitório, do lado da vila, depois de concluídas as paredes da capela-mor; a zona conventual teria apenas um piso, com a adega virada à fachada principal, surgindo o dormitório na ala oposta; 12 Dezembro - conclusão das paredes do dormitório; séc. 18, meados - execução do órgão; 1750, 8 Setembro - transferência dos frades das casas do campo da Feira para o convento, depois de estar coberto, forrado, ter as divisórias em taipa e algumas janelas, sendo o dormitório primitivo, efectuado pelos pedreiros de Lanhelas, provavelmente António e Luís; tendo o Inverno sido muito rigoroso, alagando as celas viradas a O., os frades tiveram de proceder a vários reparos; 1751 - vinda de pedreiros de Viana para executarem os telhados "dobrados" dos dormitórios; encomenda da imagem do orago, feita em Ponte de Lima; início da plantação do pomar, por ordem de Frei Manuel de São Francisco; 18 Dezembro - benção da capela-mor, com celebração da primeira missa pelo regente Frei Francisco da Trindade; continuação das obras no convento, desde a cozinha até fechar na capela-mor; 1752 - término de uma das alas do claustro, que o fechava até à zona da capela-mor; execução da despensa, ligada à cozinha e ao refeitório, por ordem de Frei Manuel de São Francisco, com pedra e madeira provenientes de Parada do Monte e do lugar das Cavencas de Riba de Mouro; Setembro - a Ordem Terceira de São Francisco está instalada no local; 1753 - início da feitura do muro da cerca, por iniciativa de Frei Félix de Santa Teresa; 1756 - dedicação da capela lateral à Natividade, com a colocação das imagens de roca do Menino, Nossa Senhora e São José, e um quadro com a Adoração dos Reis Magos; forro e pintura do refeitório, com Frei José da Madre de Deus; soalho no De Profundis; divisão de mais celas e colocação de soalho no corredor do dormitório por Frei Félix de Santa Teresa; feitura de uma custódia por ordem de frei José da Madre de Deus; este mandou executar, ainda, a imagem de Nossa Senhora da Escada e um sino para o campanário; 1757 - sepultura do primeiro síndico do Convento, Silvestre Teixeira Torres, na sacristia; 29 Setembro - plano de uma nova igreja, implantada no local da eira anexa, doada por Manuel Gonçalves Gomes; 1758, 13 Abril - inauguração do novo templo; 1760 - continuava a construção do muro da cerca, com Frei Inácio de Santo António, que mandou colocar uma cruz virada para a Galiza; feitura de dois socalcos no pomar e ruas de latadas, por ordem de Frei Inácio de Santo António; aumento da dimensão do pomar e colocação de novas laranjeiras, limoeiros e árvores de espinho; plantação de castanheiros na mata; 1761 - feitura de resplendores de prata para as imagens de Santo António e o Menino; Março - conclusão do madeiramento, combotaria da igreja e seu fasquiado e ripado e toda a carpintaria do coro; 9 Abril - início das obras de reboco; a sacristia servia então de coro; 4 Julho - a igreja encontrava-se telhado, estucada, rebocada e caiada, fechando-se a porta da nova igreja e portaria; 16 Julho - benção da nova igreja; 1 Agosto - colocação dos 3 altares da igreja, com urnas, banquetas e seus santos; o colateral do Evangelho com Nossa Senhora das Dores, no da Epístola, de Santo António, que recebeu resplendor de prata, tal como o Menino, feitos à moderna tendo este sido privilegiado por Breve do Papa Benedito 14; no altar da capela do cruzeiro colocaram-se o Menino Deus, a Madre de Deus, de outro e São José, ambos de roca e de estatura proporcionada; e fizeram-se cimalhas de talha à moderna sobre as frestas da capela-mor, e da mesma se fez o púlpito e se o soalho todo o arco cruzeiro até à grade; esta assenteva sobre degrau de esquadria; fez-se a vidraça do óculo do coro, que levou 100 palmos de vidro, e a sua rede 120, fizeram-se as redes que faltavam na vidraça da igreja e no Profundis; acabou-se de travejar e soalhar o dormitório do coro, que se madeirou e telhou, e pôs-se na torre o sino do relógio; para todas estas obras deu de esmola 7$400 João Manuel da Costa, da vila, e 11$530 que deixara Antónia Gomes; 1761-1763 - feitura das sanefas e sanefão para os vãos do templo; execução do cadeiral; execução do púlpito; feitura de uma nova estrutura retabular para a capela lateral, por ordem de Frei Francisco da Madre de Deus; feitura das grades confessionários, com assentamento de degrau de cantaria; feitura dos retábulos colaterais; 1763 - execução do pavimento em lajeado da galilé; feitura dos taburnos da nave; feitura da cobertura da nave, rebocada e pintada, por ordem de Frei Diogo da Purificação; o mesmo iniciou a captação de água a partir da Fonte Nova, situada fora da cerca, o qual deu 200$000 para a obra; feitura do armário do coro-alto; 1764 - continuação da obra do sistema hidráulico, com a doação de 150$000 por frei Diogo da Soledade, tendo a água chegado à cozinha; 1765, 24 Janeiro - a conduta de água para a horta ficou concluída; Junho - Agostinho Fontes e Francisco Álvares queixaram-se da altura do muro que transportava a água, tendo sido indemnizados *5; 13 Junho - decisão de construir um novo núcleo conventual, por Frei Francisco do Rosário, que deixou metade da obra feita, concluída pelo seu sucessor Matias do Espírito Santo; 1766 - feitura de uma cobertura em falsa abóbada de berço de madeira; 1767 - reforma da fachada principal, ordenada pelo guardião Frei Matias do Espírito Santo, para o que contribuiu Frei Paulo da Conceição com a esmola de 32$000; feitura do tanque de rega, por ordem de Frei Matias do Espírito Santo; 1768 - construção da casa do fogo, que servia para distribuir esmola aos pobres; feitura da imagem do Senhor dos Passos, por ordem de Frei António de São João; execução das imagens do Calvário por ordem de frei Matias do Espírito Santo; 1769 - Caetano de Abreu Soares e a esposa pediram o padroado da capela lateral de Nossa Senhora das Dores; 1770 - os frades concedem a capela, que, por razões desconhecidas não se chegou a efectivar; 1770-1771 - conclusão da obra do claustro, com feitura de duas alas em falta e a "casa última", tendo soalhado e retelhado as varandas; 1771 - execução de uma imagem de São Pedro de Alcântara para o retábulo do Capítulo, por ordem de frei Francisco da Madre de Deus, o qual mandou fazer um São João Nepomuceno para o nicho da rouparia; 1773, 24 Janeiro - benção da sala do capítulo e claustro; 1776 - primeira caiação do convento por ordem de Frei Manuel de Santa Margarida; 1779, 21 Agosto - o filho de Caetano de Abreu Soares, Caetano José de Abreu Soares fundou a Capela de Nossa Senhora das Dores, deixando uma casa, horta e um monte, contíguos ao Convento; 1780 - doação de um terreno por Caetano de Abreu, para ampliação da cerca; feitura de um alpendre na casa do fogo; o contrato não se concretizou, sendo transferida para o local a imagem de São Pedro de Alcântara; termina a construção do muro da cerca; 1781 - data da sepultura de Jerónimo Gomes de Magalhães e Abreu, da Casa da Calçada, e Sargento-mor das Ordenanças, existente na igreja; 1782 - plantação de uma nova horta e construção de um galinheiro, por iniciativa de Frei Manuel de Jesus; 1782-1785 - feitura da livraria; execução da enfermaria; 1785 - execução de lâmpadas à romana para as capelas, por ordem de frei Francisco de Santa Quitéria; 1797, 28 Agosto - início da guardiania de Frei Bernardino de São José, o qual mandou fazer 3 cálices novos para a sacristia e um para a enfermaria (9$000), vários livros místicos e morais na livraria, que valiam 6$400, na igreja; 1798 - pintura da cobertura da nave, substituindo o estuque primitivo por madeira, por iniciativa de Frei Bernardino de São José; pintura das modinaturas dos vãos; pintura de passamanaria em volta do Calvário; douragem do retábulo da capela lateral, tendo sido colocada a imagem de São Pedro de Alcântara no local, e do retábulo de Nossa Senhora das Dores, com feitura de nova imagem, em, Braga, por 60$000, com os respectivos vestidos; 1800, 20 Agosto - aquisição de um relógio para o campanário, por ordem de frei Manuel de Santa Teresa de Jesus; 1806, 14 Junho - João António de Abreu Cunha Araújo pede autorização para se fazer sepultar na capela-mor; 1813, 30 Março - cedência de sepultura na capela-mor, junto ao primeiro degrau do altar-mor a João António de Abreu Cunha Araújo; 1834, 28 Maio - decreto extinguindo as Ordens Religiosas, cessando de imediato as masculinas; procedimento ao inventário dos bens do convento *6; 30 Novembro - cedência da igreja à Ordem Terceira de São Francisco; 1836, 27 Fevereiro - a Junta da Paróquia, constituída por Francisco Manuel Lopes, presidente, João Correia dos Santos Lima, secretário, e Miguel Caetano Torres de Araújo e José Vaz, vogais, dirigiu-se à Câmara informando-a do estado de ruína em que se encontrava a Matriz e pedindo diligências para conseguir a cedência do sino do convento de Santo António das Carvalhiças para a Matriz e da quinta para aí instalar o cemitério, dando assim, adequada resposta às medidas sanitárias, relativamente aos enterramentos; fundamentava a sua petição com a incapacidade da população arcar com as despesas do restauro da Matriz e com a aquisição de paramentos; 17 Maio - informa-se que o Governo Civil de Viana queria saber quantos sinos havia e o respectivo peso; no convento havia apenas um e o Administrador do Concelho, António Máximo Gomes de Abreu, mandou-o examinar, ficando a saber que pesava cerca de 32 arrobas; 9 Julho - ordem para apeamento do sino e enviá-lo para Caminha ou Viana, o que nunca aconteceu; 15 Julho - ofício do Administrador do Concelho ao Governador Civil informando que o convento só tinha um sino e recorda-lhe que o edifício já tinha sido pedido por duas vezes ao Governo para a Igreja servir de Matriz; não tendo havido resposta, solicita ao Governo Civil instruções sobre se, nestas circunstâncias, devia ou não mandar apear o sino em causa; 20 Agosto - a Junta da Paróquia envia ofício à Câmara, dando conta da preocupação da população face ao sucedido e solicitando o adiamento do envio do sino; recordava o estado de inutilidade dos dois sinos da Matriz, visto que um estava partido e o outro quase na mesma situação, a apreensão de se verem privadas do único sino capaz de ser utilizado, pois o sino habia sido custeado com as esmolas do povo; se necessário, apela para se recorrer novamente à Rainha; as freguesias da Vila, Prado, Remoães e Caviães pediram ao Administrador que obtivesse do governador Civil uma moratória para a remessa do sino; 23 Agosto - o novo Administrador, João António de Abreu Cunha Araújo, comunica ao Governador que suspendesse a remessa do sino, atendendo ao ofício enviado pela Câmara, sob pressão de quatro paróquias; 30 Agosto - apesar do novo pedido para enviar o sino, o Administrador respondeu ao Governador Civil que não executaria a ordem devido ao ofício da Junta da Paróquia; 11 Novembro - afirmava-se em ofício que o extinto convento servia de Igreja Paroquial porque a Matriz se encontrava em ruínas, mas não havia qualquer notícia de cedência governamental; a quinta ou cerca não foi cedida para cemitério e não se sabia o destino do sino; 1837 - venda do imóvel em hasta pública a António Bernardo Gomes da Cunha (cavaleiro professo da Ordem de Cristo e abade de São Paio de Melgaço); o proprietário manda entaipar as portas de ligação ao convento, o que tentou ser embargado pela Câmara, que pretendia continuar a efectuar as procissões da Quaresma no interior do claustro; o pleito foi resolvido em favor do proprietário;1842 - pedido do edifício conventual pela Ordem Terceira de São Francisco, que seria indeferido; 1843-1844 - a Ordem Terceira removeu o Senhor dos Passos da respectiva capela; 1845 - testamento de Maria Francisca Teixeira a Manuel Gonçalves, obrigando-o a pagar 30$000 a Nossa Senhora das Dores, que estava na portaria do extinto convento, para ajudar a fazer-lhe um nicho de madeira com pintura; 1896, 17 Julho - Administração do concelho informa o Governador Civil de Viana que a Ordem Terceira da Vila devia ser extinta e que os seus bens deveriam ser incorporados na Junta da Paróquia; 30 Julho - Despacho do Ministro do Reino adjudicando os bens e valores da confraria da Ordem Terceira de Melgaço à Santa Casa da Misericórdia como administradora do hospital da Caridade; tendo-se esquecido o administrador do concelho de fazer convites para o acto público da posse, a situação da Ordem Terceira manteve-se; 1900, 2 Julho - auto de entrega dos bens da extinta Ordem Terceira à Misericórdia; transporte para o templo do retábulo para a capela lateral, proveniente da demolida Capela de Santo António, pertença da Misericórdia; 1930 - construção da estrada e do mercado, ocupando parte da cerca; aquisição do edifício pela sogra do actual proprietário; 1936 - feitura de um sino para o campanário por ordem da Misericórdia, por Rebelo Silva e Companhia, de Braga; 1950 - a Misericórdia desiste do edifício que foi doado à Paróquia; construção do altar lateral da Epístola, dedicado a São Roque; 1990 - pintura do painel de azulejo com Nossa Senhora da Pastoriza, para a galilé, por M. Félix Igrejas; 1995 - pintura do painel de azulejo com Nossa Senhora da Conceição para a galilé, por M. Félix Igrejas.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria, com paramentos rebocados e pintados; modinaturas, cunhais, campanário, lavabos, pias de água benta, mísulas, pináculos, canos, colunas, pilares, pilastras, púlpito, lambrequins dos catres e pavimentos em cantaria de granito; retábulos, coberturas, forros, pavimentos,guarda do coro e púlpito, celas, portas em madeira; janelas gradeadas e envidraçadas; guarda-vento em ferro e vidro; escada em ferro forjado.

Bibliografia

CONCEIÇÃO, Frei Apolinario, Claustro Franciscano, Lisboa, Officina de Antonio Isidoro da Fonseca, MDCCXL (1740); DEOS, Frei Martinho do Amor de, Escola de Penitencia, caminho de perfeição estrada segura para a vida Eterna Chronica da Santa Provincia de Santo António, Lisboa, António Pedrozo Galram, MDCCXL (1740); ESTEVES, Augusto César, Melgaço e as Invasões Francesas (1807 - 1814), Melgaço, Tipografia Melgacense, 1952; ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, vols. I e II, Porto, Livraria Civilização Editora, 1968; ARAÚJO, António de Sousa (Frei), Antoninhos da Conceição - dicionário de capuchos franciscanos, Braga, Editorial Franciscana, 1996; AAVV, Dicionário de História Religiosa de Portugal, 4 vols., Lisboa, Círculo de Leitores, 2001; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, 3 vols., Viseu, Governo Civil de Viseu, 2001; CERDEIRA, Maria Amélia Esteves, Santa Casa da Misericórdia de Melgaço: cinco séculos ao serviço das carências de um povo, in I Congresso das Misericórdias do Alto Minho, Viana do Castelo, 2001, pp. 256 - 259; ESTEVES, Augusto César, Obras completas, vol. I, tomo 2, Melgaço, Edição da Câmara Municipal de Melgaço, 2002ALMEIDA, Carlos A. Brochado de, O sistema defensivo da Vila de Melgaço - dos castelos da Reconquista ao sistema abaluartado, Melgaço, Câmara Municipal de Melgaço, 2003, p. 161; MARQUES, José, A Defesa do Convento de Santo António das Carvalhiças e dos seus bens. Uma questão que apaixonou o concelho de Melgaço, Boletim Cultural de Melgaço, nº 3, s.l., 2004, pp.115-131; FIGUEIREDO, Ana Paula Valente, Os Conventos Franciscanos da Real Província da Conceição - análise histórica, tipológica, artística e iconográfica, [tese de doutoramento], 3 vols., Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

DGARQ/TT: AHMF, Convento de Nossa Senhora da Conceição de Melgaço, cx. 2237; AMM: Livro de Despesa da Ordem Terceira, Novembro 1816 - 1895, 1.294.12, Livro de Eleições da Ordem Terceira, 1.29.4.11, MARIA, Fr. Manuel de Jesus, Convento das Carvalhiças, 1.2.2.4 - 1; BPMP: Crónica da Provincia da Conceição, 1737, FA - 69

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1751 - reboco da capela-mor e reforma dos telhados, fazendo-os "dobrados"; 1766 - regularização dos taburnos da nave; 1771, 21 Dezembro - reparação do muro da cerca, na zona da mata; ORDEM TERCEIRA: 1843 / 1844 - reforma dos telhados pelo carpinteiro Bento Manuel da Costa e pelo rebocador João Manuel Domingos Lamas, por 64$865; substituição dos vidros quebrados por 14$920; 1866 / 1867 - caiação da igreja por 50$000; 1871 / 1872 - encarnação da imagem do orago por 12$000; SCMM: 1961 - conserto do telhado; PROPRIETÁRIO: 1998 / 2000 - obras de reparação dos paramentos, instalação eléctrica e restauro do retábulo-mor; 2000 - restauro das imagens do retábulo-mor e das pinturas da sacristia.

Observações

*1 - em frente ao acesso, existia um nicho de pedra com a imagem de Nossa Senhora das Dores, tendo uma espada cravada no peito, de feitura tardo-setecentista. *2 - a Igreja primitiva teria um remate em empena, constituindo o esquema mais anacrónico da Província, remodelada posteriormente. *3 - o retábulo foi efectuado para o Convento de Santo António de Viana do Castelo (v. PT011609310048) por Frei Jorge dos Reis e as pinturas podem ser atribuídas a António Vieira, pintor com vasta obra no Norte de Portugal, desde Lamego, Viseu, Mangualde, Vila Real e Porto, obedecendo ao seu esquema ingénuo de tratamento das figuras (ALVES, vol. III, pp. 275-276). *4 - fazem parte da Província os seguintes Conventos: Santa Maria de Mosteiró (v. PT011608030013), Santa Maria da Ínsua (v. PT011602120133), São Francisco de Viana (v. PT011609310047), Santo António de Ponte de Lima (v. PT011607350252), Santo António de Viana (v. PT011609310048), Santo António de Caminha (v. PT011602070044) São Bento de Arcos de Valdevez (v. PT011601340059), São Bento e Nossa Senhora da Glória de Monção (v. PT011604170011), Nossa Senhora da Conceição de Melgaço, Santo António do Porto (v. PT011312120035), São Francisco de Lamego (v. PT011805010074), São Francisco de Orgens (v. PT021823190031), São Francisco de Moncorvo (v. PT010409160053), São Francisco de Vila Real (v. PT011714240091), Santo António de Serém (v. PT020101120131), Santo António de Viseu (v. PT021823240358), Santo António de Viana, Santo António de Vila Cova de Alva (v. PT020601180012), Santo António de Pinhel (v. PT020910170012), São José de São Pedro do Sul (v. PT021816140005), Convento do Senhor da Fraga (v. PT021817040031), Colégio de Santo António de Coimbra (v. PT020603020036 e PT020603020163) e o desaparecido Hospício de Lisboa. *5 - no mês de Junho, Agostinho Fontes e Francisco Álvares, proprietários de um terreno denominado Marrocos, do qual cada um possuía uma parte, pelo qual tinham que passar as canalizações, queixaram-se da altura que o muro atingia ao atravessar esse campo, em algumas zonas com sete a oito palmos, pois o terreno não era firme, obrigando ao aumento da parede em determinadas zonas e, apesar das licenças anteriormente solicitadas a ambos, eles pretendiam embargar a obra; os danos causados nas respectivas propriedades foram avaliados em 12$000, tendo, a título compensatório, sido feito um contrato com Agostinho Fontes, dando-se-lhe 4$000 e a serventia da porta carral para sempre, não exigindo o outro proprietário qualquer indemnização, pedindo, apenas, uma sepultura para si e seus familiares no Convento e meia hora da água que vinha para a horta. Contudo, no final do ano, Francisco Álvares arrependeu-se do contrato e exigiu que se removesse o muro do seu terreno, tendo-se-lhe doado mais 18$000, além do já estabelecido para que a obra não voltasse a ser embargada, tendo o pleito ficado concluído. *6 - este inventário, além de fundamental para perceber a disposição dos espaços funcionais, permite captar informação relativa aos elementos que os decoravam; na galilé existia, na Capela do Senhor dos Passos, uma lâmpada de latão sobre a porta; no coro-alto, regista-se a presença de um candeeiro das Trevas; a imagem de Nossa Senhora das Dores tinha um diadema de folha; na sacristia, existia uma custódia, uma píxide e um cálice, tudo de metal dourado, surgindo um turíbulo e uma naveta de latão e um vaso de estanho para dar a comunhão aos fiéis e uma caldeirinha para a água benta, em latão, revelando uma comunidade pobre e com um número reduzido de alfaias; possuía, primitivamente, um arcaz, encimado por espaldar com o mesmo tipo de imagem, flanqueado por quatro painéis pintados, que ainda se mantinha íntegro no ano 2000; o claustro tinha uma Via Sacra pintada e um quadro da "Última Ceia"; o refeitório possuía cinco mesas de tábua, assentes em pés de cantaria, sendo o espaço decorado por uma pintura a representar a "Última Ceia" e iluminado por lâmpadas de latão; a enfermaria tinha, no oratório, uma imagem de vulto de Nossa Senhora da Conceição, tendo o altar pedra de ara, toalha e um Crucificado; existia, ainda, uma sineta para marcar os momentos litúrgicos.

Autor e Data

Paulo Amaral 2000 / Paula Figueiredo 2009

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