Convento de São Bento e de Nossa Senhora da Glória / Igreja da Ordem Terceira de Monção / Quinta dos Frades

IPA.00009625
Portugal, Viana do Castelo, Monção, União das freguesias de Monção e Troviscoso
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e rococó. Convento franciscano capucho, de que subsiste a igreja, o núcleo conventual, implantado no lado direito da igreja, e a cerca que se desenvolve nos lados esquerdo e posterior. A igreja é de planta longitudinal composta por nave antecedida por galilé, capela lateral saliente e capela-mor mais estreita, possuindo coberturas internas diferenciadas em falsas abóbadas de berço, a da capela-mor com painel pintado, intensamente iluminada pelos vãos da fachada principal e os laterais. Fachadas com cunhais apilastrados, os da fachada principal com silhares almofadados, rematados por pináculos. Fachada principal com remate em empena contracurva, datável do final do séc. 18, seguindo os esquemas barrocos finais dos conventos de Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Mosteiró, Moncorvo, Vila Real, São Pedro do Sul e Fraga; ao centro, galilé em arco abatido, tendo no interior o portal axial, encimado por nicho, e as portas da Portaria e Capela do Senhor dos Passos. Sobre o arco da galié, janelão de perfil recortado e óculo circular, ladeado por nichos com imaginário. No lado direito, campanário de dois registos separados por friso e cornija, o inferior com janelas rectilíneas e o superior com uma sineira em arco de volta perfeita e remate simples em friso, cornija e pináculos, seguindo o esquema dos conventos de Arcos, Melgaço, Mosteiró, Moncorvo e Vila Real. Interior com coro-alto em arco abatido, assente em mísulas recortadas e com pingentes, possuindo guarda de madeira balaustrada, que se prolonga numa tribuna lateral, no lado da Epístola, assente em mísula, com órgão positivo de armário. No mesmo lado, o púlpito quadrangular, assente em mísula e com guarda plena de talha policroma com marmoreados fingidos e acesso por porta rectilínea. No lado oposto, três confessionários formando vãos rectilíneos, com ligação ao corredor dos confessionários no claustro, com o mesmo tipo de vãos. A capela lateral possui acesso por arco de volta perfeita com cobertura em falsa abóbada de berço, tendo frontal a antiga porta de acesso à zona claustral. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, ladeado por retábulos de talha policroma, de estilo rococo e encimado por um Calvário. Capela-mor com retábulo de talha maneirista, transferido de outro imóvel, de planta recta e três eixos, possuindo grande sacrário em forma de templete. Dá acesso à Via Sacra, sacristia, com os armários dos cálices e amitos e amplo arcaz encimado por espaldar pintado com cenas hagiográficas, e casa do lavabo, possuindo lavabo com espaldar simples e taça rectilinear, para onde vertem bicas almofadadas. O convento desenvolve-se em torno de claustro com três arcadas e acesso central, no primeiro piso, e com vãos arquitravados no segundo, todos assentes em colunas toscanas. Na ala da fachada principal, a portaria, surgindo na oposta a Casa do Capítulo, com vestígios do antigo oratório; na ala oposta à igreja, a zona de refeição, com cozinha e refeitório, ligados por uma ministra, despensa, adega e o De Profundis, onde se situa o lavabo e as escadas de acesso ao piso superior, marcadas por um oratório. Cerca ampla formada por vários talhões de cultivo e bosque, onde surge uma fonte e o poço, elementos integrantes do sistema hidráulico. Convento e cerca relativamente bem conservados, com a igreja a seguir o esquema assimilado pela Província da Conceição no final do séc. 18, com empena de perfil bastante elaborado, destacando-se o portal encimado por nicho. No interior, destaca-se o retábulo-mor de estrutura maneirista, com esculturas sobre o remate, que teria uma tabela desaparecida na reforma tardo-setecentista. Na estrutura, destaca-se o imponente sacrário, o melhor de toda a província, que evolui pela tribuna, com estrutura escalonada e várias edículas que serviam para a exposição de relicários em épocas festivas. O tecto da capela-mor ostenta um painel amendoado, pintado com o orago da Província. Conserva o órgão de feitura setecentista, do tipo armário, com afinidades com o que subsiste no Convento de Ponte de Lima. Possui sobre o arco triunfal Calvário sobre mísulas e sobrepostos por sanefas de talha A pintura do arcaz da sacristia, em termos iconográficos, apresenta um esquema simples, com a representação dos principais santos da Ordem, dando algum ênfase aos santos leigos, como São Diogo, surgindo, na zona inferior, um culto intensificado desde a Idade Média, dedicado aos Mártires de Marrocos, aqui apresentando a particularidade de se acharem identificados com os seus nomes. O armário dos amitos, em pau santo com embutidos e ferragens douradas, e remate contracurvado, é datado de 1779. O tecto da sacristia possui grandes afinidades com o da sacristia do Convento de Ponte de Lima e a pintura central é já rococó. O silhar de azulejos do frontispício, nártex e interior é do tipo tapete, de finais do séc. 17, colocado no convento no imediato, por aquisição ao convento feminino local. O convento encontra-se bastante adulterado pela adaptação a edifício turístico, sendo bastante difícil reconstituir os espaços funcionais, só possível pela documentação subsistente. Conserva a cerca, com os seus socalcos, uma capela e um poço.
Número IPA Antigo: PT011604170011
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos (Real Província da Conceição)

Descrição

Conjunto conventual, de planta rectangular irregular, composto por igreja, convento situado no lado direito e vasta cerca que se adapta ao abrupto declive do terreno. IGREJA de planta longitudinal composta por nave antecedida por galilé, capelas laterais e capela-mor mais estreita, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria e flanqueadas por cunhais apilastrados com silhares almofadados, encimados por capitéis com pequenos pingentes e pináculos fusiformes, rematadas em cornija e beirada simples. Fachada principal, virada a N., rematada em cornija contracurva, com cruz latina no vértice sobre plinto facetado *2, percorrida, inferiormente, por silhar de azulejo de padrão plicromo, que se prolonga pela galilé, com acesso por vão em arco abatido, assente em pilares toscanos, com silhares almofadados, que acede ao espaço, com pavimento em lajeado de granito e cobertura em falsa abóbada de aresta, rebocada e pintada de branco; é rasgado pelo portal axial de verga recta, encimado por nicho em arco de volta perfeita, ambos com molduras recortadas e vestígios de pinturas murais formando falsos marmoreados, o primeiro com duas folhas de madeira almofadada e o segundo com vidraça, encontrando-se vazio. Sobre o vão da galilé, janelão central, ladeado por dois nichos, todos com molduras recortadas, os segundos contendo as imagens policromas de São Francisco e São Bento; sobre o janelão, óculo circular com moldura simples em cantaria. No lado direito da fachada, o campanário de dois registos definidos por friso e cornija, o inferior com janela rectilínea e moldura simples e o superior com sineira em arco de volta perfeita, rematado por cornija e pináculos boleados. Fachada lateral esquerda, virada a E., rasgada por duas janelas rectilíneas na nave e uma na capela-mor, todas com molduras em cantaria de granito. Fachada lateral direita adossada à zona conventual, sendo visível uma janela rasgada na capela-mor, semelhantes às do lado oposto. A fachada posterior é cega, sendo visíveis as duas empenas do cruzeiro e capela, esta rematada por cruz latina. INTERIOR rebocado e pintado de branco, percorrido por silhares de azulejo de padrão policromo formando silhar; tem pavimento em lajeado de granito e coberturas em falsas abóbadas abatidas, rebocadas e pintadas de branco, assentes em cornijas de cantaria, com vestígios de policromia. As janelas e portas estão encimadas por sanefas de madeira policroma. Coro-alto em arco abatido, sustentado por duas mísulas com molduras recortadas formando pingente, com guarda de madeira vazada, formando elementos volutados; possui a antiga porta de acesso, de verga recta, rasgada no lado da Epístola, confrontante à actua porta, com acesso por escadas adossadas à fachada lateral esquerda. O portal axial está resguardado por guarda-vento de madeira e vidro. No lado do Evangelho, púlpito *3 quadrangular, com bacia assente em mísulas, ambas de cantaria e com vestígios de policromia, possuindo guarda plena com pilares angulares, pintada, formando marmoreados fingidos; possui porta de acesso de verga recta e moldura simples em cantaria, encimada por sanefa de talha policroma, com marmoreados fingidos, de perfil recortado e ornada por concheados e lambrequins. No mesmo lado, uma estrutura retabular, inserida num vão em arco de volta perfeita e assente em pilastras toscanas, com vestígios de pinturas murais, com altar dedicado a Nossa Senhora das Dores. No lado oposto, surgem três confessionários embutidos no muro, compostos por vãos rectilíneos com molduras simples em cantaria de granito, e, confrontante ao retábulo do Evangelho e ocupando a primitiva porta de acesso à zona conventual, uma estrutura em formna de gruta, dedicada a Nossa Senhora de Lourdes. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, tudo com marmoreados fingidos pintados de azul e rosa, sobrepujado por Calvário com as imagens do Crucificado ladeado por Nossa Senhora e São João Evangelista, sobre mísulas e encimados por sanefas de talha; está flanqueado por dois retábulos de talha dourada e pintada de branco, dedicados a Santo António e a São Bento *4. Capela-mor com cobertura ornada por painel em forma de mandorla, muito deteriorado, onde se vislumbra a representação de Nossa Senhora da Conceição; o espaço acha-se marcado pela existência de alguns elementos que compunham o cadeiral dos frades em madeira de pau-preto, apresentando os espaldares pintados com falsos almofadados, sobrepujados por folhagem de acanto. No lado da Epístola, surge uma porta de verga recta de acesso à sacristia. Sobre supedâneo galbado, em cantaria e com acesso por quatro degraus centrais, ergue-se o retábulo-mor *5 de talha dourada e pintada de branco, de planta recta e três eixos definidos por quatro colunas com o terço inferior ornado de grotesco, os superiores com espiras e capitéis coríntios, assentes em plintos paralelepipédicos, firmadas por urnas, com tribuna central de volta perfeita, contendo a imagem do orago, flanqueada por dois apainelados rectilíneos, que enquadram mísulas, com imaginária. Remata em espaldar trapezoidal, decorado por acantos e com as armas franciscanas e possui, destacado, altar paralelepipédico com o frontal ornado por albarradas policromas. No centro da estrutura e embutido na base da tribuna, o sacrário em forma de templete semicircular, evoluindo em três andares escalonados, possuindo, nos dois primeiros níveis, colunas semelhantes às do retábulo e, no superior, quarteirões, com vários nichos, que albergariam, certamente, relíquias, expostas nas épocas festivas, e, na porta, a representação de um Cristo Redentor. CONVENTO de planta rectangular regular, desenvolvendo-se em dois pisos, em torno de claustro quadrangular, com coberturas diferenciadas em telhados de uma água. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento e soco em cantaria de granito aparente, circunscritas por cunhais do mesmo material e rematadas em cornija e beirada simples. Fachada principal, virada a N., rasgada, inferiormente, por porta e duas janelas de peitoril, todas rectilíneas e com molduras de cantaria; no segundo piso, surgem três janelas de peitoril e três de sacada, com bacias de cantaria e guardas metálicas, pintadas em prateado, existindo, numa delas, duas portas-janelas. Fachada lateral esquerda adossada à igreja, tendo a oposta, quatro portas e uma janela de vergas rectas e molduras simples em cantaria, encimadas por quatro janelas de peitoril e quatro de sacada, com bacias de cantaria e guardas metálicas. Sob a fachada, a enorme chaminé, a marcar a zona de refeições. Fachada posterior com várias janelas de peitoril em ambos os pisos e uma porta no piso inferior, correspondente à zona do antigo retábulo da Casa do Capítulo. INTERIOR com claustro de dois pisos, composto por três alas com três vãos em arco de volta perfeita assentes em pilares de cantaria e murete, interrompidos no vão central para aceder ao centro da quadra, encimados por três vãos arquitravados, sustentados por colunas toscanas. A quadra *6 tem pavimento lajeado e jogo de água central, com as alas pavimentadas a lajeado e forros de madeira. No piso inferior, surgem a recepção, salas de estar e sala de jantar, seccionada por amplo vão em arco abatido sustentado por pilares, surgindo, no superior, os quartos, com pavimentos em soalho ou lajeado e tectos falsos, rebocados e pintados de branco, cor que domina nos paramentos *7. Na ala SE., a sacristia *8 com pavimento em lajeado de granito e tecto pintado com elementos decorativos, compostos por asas de morcego e acantos, que rodeiam cartela contracurva, representando as armas seráficas. O arcaz é composto por nove gavetas com ferragens recortadas, encimado por espaldar, tendo, ao centro, nicho circunscrito por quarteirões dourados, contendo um Calvário, encontrando-se flanqueado por três pinturas de cada lado e quatro nas ilhargas, todos enquadrados por molduras de talha dourada, com volutas nos topos. No lado esquerdo, surgem três painéis de maiores dimensões, a representar São Bernardino de Siena, Santo António tendo a visão do Menino, surgindo, sob estas, a representação dos Mártires de Marrocos; na ilharga, São Boaventura, que encima dois painéis, com São Jácome de Marca, surgindo, num painel saliente Santa Rosa de Viterbo. No lado oposto, São Francisco rodeado de anjos músicos e São João de Capristano, tendo, na base, os Mártires de Marrocos, surgindo, nas ilhargas, São Luís Bispo, sobre as imagens de São Diogo e São Pedro de Alcântara; num painel saliente, a imagem de Santa Clara. No espaço, surge o armário dos cálices com as portas almofadadas, pintadas com marmoreados fingidos e o dos amitos, datado de 1779, em pau-preto, embutido de várias madeiras, rematado por cornija contracurva, composto pelas gavetas dos amitos, duas portas, e duas gavetas na base. Da sacristia, uma porta com as modinaturas pintadas com remate contracurvo, semelhante ao do armário, que encima um pequeno tímpano com a representação da pomba do Espírito Santo, acede à casa do lavabo. Este, junto à janela, possui amplo receptáculo, encimado por espaldar rectilíneo, com duas bicas em losango almofadado que vertem para taça rectilínea. ANTIGA CERCA *9 transformada em zona de lazer, cujo perímetro se encontra praticamente coincidente com a fachada posterior do edifício conventual, bem como uma zona no lado direito da mesma, tendo a configuração de um triângulo alongado e irregular, composta por court de ténis, piscina, zonas de passeio e um mini-golfe; no local, completamente murado, mantém-se a Fonte de Santo António, adossada a um muro de suporte de terrenos, com acesso por amplo vão rectangular, no interior da qual surge uma mesa e dois bancos laterais, tudo em cantaria, tendo, no topo, o tanque, encimado por um nicho em arco abatido, de moldura simples e assente em pequena cornija, que teria, certamente, a imagem do orago do espaço, já desaparecida.

Acessos

Monção, Caminho dos Capuchos; Estrada de Melgaço (EN 202)

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 1/86, DR, 1.ª série, n.º 2 de 03 janeiro 1986 (igreja) *1

Enquadramento

Urbano, elevado, com acesso por larga calçada, que liga a zona da margem do rio Minho e as antigas Portas de São Bento da fortaleza, e escadaria que leva a pequeno adro, protegido por gradeamento e porta metálica, tendo, no lado esquerdo, um espaço ajardinado, com canteiros e árvores de grande porte. Implanta-se em zona de forte declive, desenvolvendo-se a antiga cerca em zona de cota menos elevada. A fachada posterior implanta-se paralelamente à EN 202, no extremo E. da Praça de Monção (v. PT011604170001), nas proximidades dos antigos Quartéis, em ampla esplanada sobranceira ao Rio Minho, e integrado em propriedade murada que, desniveladamente, se estende até à Avenida das Caldas. O edifício é cerrado, a E., por muro, rematado por cornija com urnas, onde se rasga entrada monumental com portão em ferro forjado, enquadrado por pilares sobrepujados por pináculos, ao qual se acede por ampla escadaria, pétrea, de dois lanços, tendo parapeito do patamar coroado por pináculos. Possui, ainda, cinco portas de verga recta de acesso a anexos agrícolas, junto da fachada O., e ao terreiro da fachada S., onde, em nível inferior, se dispõem três tanques em cantaria.

Descrição Complementar

Órgão com caixa pintada de marmoreados fingidos, possuindo duas portas almofadadas, que escondem as flautas, maioritariamente desaparecidas, possuindo um teclado e consola em janela, flanqueada pelos 24 botões dos registos; na base da consola, uma pintura de paisagem e a caixa remata em cornija, com espaldar vazado e recortado, centrado por um sol e por elementos concheados. Retábulo da capela lateral é de talha pintada de branco e dourado, de planta côncava e um eixo definido por quatro pilastras com os fustes ornados por acantos, e por duas colunas torsas, percorridas por espira fitomórfica, tendo, ao centro, nicho semicircular, com uma peanha que sustenta o orago; a estrutura remata em fragmentos de frontão e sanefa com lambrequins, ornada por concheados profusos, com o altar em forma de urna, decorado por palmas; sobre este, um sacrário, flanqueado por enrolamentos e concheados e a porta decorada por motivos eucarísticos. Os retábulos colaterais são semelhantes, de talha pintada de branco e dourado, de planta recta e um eixo definido por duas colunas de fuste liso, pontuado por acantos, com capitéis de inspiração coríntia e por duas pilastras ornadas por folhas de acantos, que sustentam fragmentos de frontão, a centrar espaldar, ornado por cartelas, concheados e palmas, encimado por sanefa de lambrequins e um segundo espaldar, recortado e decorado por rocalhas. Ao centro, nicho em arco de volta perfeita, com peanha bolbosa, que sustenta as imagens dos oragos; têm mesas de altar em forma de urna, decoradas com cartelas douradas.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Comercial e turística: casa de turismo de habitação

Propriedade

Privada: Igreja Católica / Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CAIADOR: Meninas (séc. 19). CARPINTEIROS: António José (1775-1777); Francisco da Silva (1771-1773); Mestre Espanhol (1755-1791); Mestre Pedro (1830). EMPREITEIRO: Bascol (2006-2007). FERREIRO: Mestre Alexandre (1764-1766). FUNDIDOR: João Correia Lima (1755-1757); José Rodrigues (1759); Simão António da Silva Santos (1834). MINEIROS: Mestre Alexandre (1762-1765); Mestre Domingos (1762-1765). PEDREIRO: António José de Barros (1764-1766); Domingos Lourenço (1764-1766); Francisco Adão (1756-1757, 1766-1791); Mestre João (1830). PINTOR: Frei de Santa Rosa Viterbo (atr., séc. 18). RELOJOEIRO: Ilhéu (1798).

Cronologia

1705, 24 Abril - nascimento da Real Província da Conceição *10, por Breve de Clemente XI; séc. 18 - a população de Monção reivindicou um Convento de Franciscanos que os servisse espiritualmente; Manuel Godinho de Castro, residente no Rio de Janeiro enviou 12 mil cruzados para a construção, tendo várias famílias locais contribuído generosamente; 1746 - doação de uma capela à Ordem Terceira de São Francisco; 1748 -privilégio do altar de Santo António, por Bento XIV; 25 Maio - aquisição do terreno para a construção, uma quinta murada, com casas ("hospício velho"), hortas, vinhas e monte, a Ana Maria Nogueira Falcão e aos filhos, Luís Filipe Esteves Falcão e João Esteves Nogueira Falcão, por 1:066$400, a que tiraram 80$000, doados à comunidade; 1749 - construção da Fonte de Santo António, cujo tanque importou em $340; 14 Setembro - Diogo Gomes de Távora doou um terreno junto à Fonte da Vila; início da construção do templo; 1749-1750 - construção da parede da portaria, por 4$200; 1749-1759 - obras de construção do convento; séc. 18, 2.ª metade - feitura das imagens em terracota da fachada principal; execução do púlpito; pintura do tecto da sacristia, segundo a tradição por frei de Santa Rosa Viterbo; 1754 - feitura da Escada Regral e do nicho no topo da mesma; foram estofadas as imagens de São Luís Bispo e São Francisco, que ocupavam o retábulo-mor; feitura de um resplendor para São Francisco, por 21$980; 1755 - construção do dormitório no segundo piso por 29$725, na ala virada à fachada principal, a única do segundo piso, pelo carpinteiro Espanhol, de Bela; colocação de dois retábulos colaterais, provenientes de outro convento, pintados nesta data; 1755-1756 - feitura do retábulo das escadas, por 12$800, onde surgia uma imagem da Virgem com sete palmos; 1755-1757 - execução de dois sinos para o campanário, um grande e um para o relógio, pelo fundidor João Correia Lima, por 35$880; 1756 - feitura do cadeiral, em pau-preto, transportado de Ponte de Lima, pelo carpinteiro Espanhol; 1756-1757 - construção do refeitório, cozinha e despensa, com pavimento lajeado, janelas e canos, obra a cargo de Francisco Adão, por 47$997; compra do lavabo do refeitório em Braga, por 6$920; colocação de mesas e feitura de um armário no refeitório; 1758 - feitura do pano para o portal axial, por $300; feitura da imagem do Senhor dos Passos e a porta para a respectiva capela, que importou em 1$160; feitura da teia da capela-mor, em madeira e com ferragens metálicas, por 7$605, já desaparecida; 1758-1759 - feitura da cobertura da nave, em madeira; 1759 - lajeado da calçada que ligava ao convento, por 14$480: execução da sineta pelo fundidor José Rodrigues, por 3$930; 1760 - feitura do véu e manto de Nossa Senhora das Dores, por 2$020, a qual se achava colocada num retábulo proveniente de outro convento; 1762 - forro do dormitório, que possuía 3 celas; início da construção da enfermaria, com 2 cubículos; construção da hospedaria, importando 13$920; início das obras do encanamento de água pelos mineiros Alexandre e Domingos, por 87$674; pintura do nicho para o Cristo jacente, no retábulo de Nossa Senhora das Dores; pintura das modinaturas da sacristia; 1762, 22 Novembro - pedido de autorização dos frades à Câmara de Monção para transportarem a água através da Porta de São Bento, o que seria autorizado; 1762-1763 - feitura de uma coroa de folha para o orago, por 4$800; feitura de uma custódia em prata, em Viana da Foz do Lima; 1763 - colocação de lajeado no pavimento da galilé pelo pedreiro Francisco Adão, por 10$800; 1764-1766 - obras no muro da cerca, devido às obras de encanamento, pelos pedreiros António José de Barros e Domingos Lourenço, com pedra extraída da zona posterior à igreja, e pelo ferreiro Alexandre de Troviscoso que executou as portas de acesso, num total de 180$275; 1765 - feitura dos confessionários e respectivas portas e ralos por 14$560; lajeamento da portaria pelo mestre António José de Barros, por 7$600; lajeado da Via Sacra pelo pedreiro António José de Barros, por 6$820; entaipamento da chaminé da hospedaria; chega a Monção o antigo órgão de Arcos de Valdevez; 1766 - início da construção da Casa do Capítulo; execução da imagem de um Santo António para o nicho do portal, por 25$691; aquisição de cravos para o Cristo do Calvário, por $300; caiação das capelas do claustro por 1$000; 1766 - 1791 - início da ampliação do claustro, que se mantinha com o piso térreo, que importou em 316$981, compreendendo a construção das varandas, guardas, telhados, forro e soalho, talvez por Francisco Adão e pelo carpinteiro Espanhol; feitura das colunas e lajeado do pavimento, que importou em 70$135; 1768 - cobertura da Escada Regral por forro de fasquiado e estuque, por 28$000; conclusão da obra da enfermaria, com a colocação do forro; início da obra da livraria e rouparia, importando em 28$000; divisão da casa do fogo, por 28$000; feitura do armário dos cálices; séc. 18, década de 70 - reconstrução do templo, com a remodelação da fachada *11; 1770 - feitura de alguns canos de madeira para transporte da água, por 8$775; assentamento do tanque de rega por $900; execução de uma custódia em bronze prateado por 6$400; 1771 - feitura do pavimento em lajeado da capela-mor; compra do resplendor para o Senhor dos Passos; feitura dos resplendores para a Virgem e para São João do Calvário, por 20$000;1771-1773 - ampliação do dormitório, com feitura de paredes, janelas, portas, coberturas, forros de madeira e clarabóias de iluminação, obra adjudicada a Francisco da Silva, por 297$455; 1773 - colocação de ferros nas janelas da Casa do Capítulo; execução de um manto para a imagem do orago, por 6$140; pintura do retábulo da enfermaria por um mestre de Coura, o qual tinha cortinas de dobrim, surgindo, sobre a banqueta, sacras, que importaram em 8$455; 1775-1777 - feitura de uma cobertura em falsa abóbada de berço de madeira para a nave, pelo carpinteiro António José, pela quantia de 300$000; 1777 - feitura do retábulo da capela lateral, pelo carpinteiro António Pereira; 1778-1779 - pintura e douramento do retábulo da capela lateral; 1779 - feitura do armário dos amitos, para o qual se adquiriu, em Viana do Castelo, madeira de castanho e pau-preto, o qual importou, contemplando as respectivas ferragens, dobradiças, colas, tintas e mão-de-obra de carpinteiros e pintor, a quantia de 64$993; 1783 - feitura das estantes da livraria em madeira de castanho e ferro, importando em 1$400; 1792 - pintura do retábulo colateral do Evangelho, por 20$000, o qual teria sido feito recentemente; 1793 - com a reforma do claustro, construção de uma nova Escada Regral; 1794 - feitura das grades da galilé, colocadas por 2$540; aquisição por 37$500 dos azulejos ao extinto Mosteiro de São Francisco de Monção, de Clarissas, tendo sido colocados na galilé, igreja e antigo refeitório, estes desaparecidos; a colocação no refeitório importou em 3$400; 1800, 20 Março - doação ao Convento da horta do Pontilhão de São Bento; séc. 19 - feitura da sanefa do púlpito; 1804 - compra de uma túnica para o Senhor dos Passos, por 2$520; 1808 - feitura dos taburnos da nave, para o que foi adquirida madeira por 8$000; 1816 - construção de um coberto para guardar a lenha; 1817 - execução das guardas do coro-alto e respectiva maquineta contendo um Crucificado; feitura do armário do coro-alto; pintura do cadeiral e colocação de folhas dew acanto no remate por $630; 1824 - execução do relógio da horta, por 1$460; pintura de uma Última Ceia para o refeitório, por 2$880; 1827 - pintura das modinaturas dos vãos, por 10$370; 1830 - feitura das janelas regrais e respectivas sacadas pelo mestre pedreiro João e pelo carpinteiro Pedro, por 151$320; 1834 - o sino grande foi removido para com os dois se fazer uma sineta de duas arrobas, estando a obra a cargo do fundidor Simão António da Silva Santos; 10 Maio - extinção da Ordem Religiosa por Decreto Régio; ainda neste ano foi doada à Ordem Terceira de São Francisco, passando a ser governada pelo irmão Frei Domingos de Santa Clara; séc. 19, após a década de 30 - funcionou no edifício conventual uma escola e tribunal; 1837 - acrescento das folhas de acanto no remate do cadeiral, por $630; 1838, 28 Maio - doação de uma parcela da cerca à Câmara para construção do cemitério; 1840, 2 Julho - Portaria a oficializar a cedência do templo; 1845, 5 Agosto - doação de uma segunda parcela da cerca, junto à fonte pública; séc. 19, meados - feitura do retábulo de Nossa Senhora de Lourdes na antiga zona de acesso ao claustro, pela Ordem Terceira de São Francisco; 1859 - falecimento de Frei Domingos de Santa Clara; 1873, 15 Outubro - aquisição do edifício e cerca em hasta pública por João José Rodrigues de Sá; 1880 - individualização da zona conventual do templo, com entaipamento dos vãos e construção de umas escadas exteriores de acesso ao coro-alto, por iniciativa do pároco Marques da Silva; 1881, 8 Outubro - venda do imóvel e cerca a Manuel Joaquim Domingues; séc. 19, final - pertencia à família do Barão de São Roque; 1905, 19 - venda do imóvel e cerca a José António de Azevedo Rodrigues, ascendente dos actuais proprietários; os vãos do piso superior do claustro foram tapados com taipa, visando um maior conforto interior; feitura de uma estrutura em cantaria numa das alas; 1956, 11 Junho - perante queixas do estado arruinado da igreja, por parte do pároco, António Marques de Oliveira, um técnico da DREMN visitou o imóvel, fazendo um relatório em que afirma ser necessário proceder ao arranjo das coberturas e rebocos, no valor de 80.000$00; séc. 20, década de 80 - obras de remodelação da igreja, por iniciativa do pároco local, com feitura das coberturas, rebocadas e pintadas de branco; 2004, 12 outubro - despacho de abertura do processo de classificação; 2006 - 2008 - obras de adaptação do núcleo conventual a casa de turismo de habitação, com 24 quartos, 3 bares, restaurante, salão, piscina, campo de ténis, mini-golf, parque infantil e SPA; a obra preserva o claustro primitivo e constrói dois novos corpos de apoio; a obra está a cargo da Bascol e é financiada por fundos comunitários, através do FEDER, e pelo Estado, pelo programa Prime; 2004, 12 outubro - despacho de abertura do processo de classificação do convento; 2008 - inauguração do hotel rural; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251 de 28 dezembro 2012, que faz caducar os procedimentos que não se encontrem em fase de consulta pública.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria e alvenaria de granito e tijolo, com paramentos rebocados e pintados; coberturas e lajes de betão; modinaturas, cunhais, sineira, coro-alto, colunas, mísulas, púlpito, pavimento e supedâneo em cantaria de granito; silhares de azulejo tradicional; coberturas, guardas, retábulos, pavimentos, portas em madeira; pavimentos em ladrilho; janelas gradeadas e envidraçadas, cruz e catavento de ferro, gradeamento e portão de ferro forjado; caixilharias de alumínio; coberturas em telha.

Bibliografia

NATIVIDADE, Frei Manoel e ROZA, Frei João de Santa, Estatutos da Província da Conceyção no Reyno de Portugal, Coimbra, Officina Luiz Seco Ferreira, MDCCXXXV (1735); DEOS, Frei Martinho do Amor de, Escola de Penitencia, caminho de perfeição estrada segura para a vida Eterna Chronica da Santa Provincia de Santo António, Lisboa, António Pedrozo Galram, MDCCXL (1740); JOSÉ, Frei Pedro de Jesus Maria, Chronica da Santa, e Real Provincia da Immaculada Conceição de Portugal da mais estreita e regular Observancia do Serafim Chagado S. Francisco, 2.ª ed., 2 vols., Lisboa, Officina de Miguel Manescal da Costa, MDCCLX (1760); VITERBO, Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, vol. 3, Lisboa, 1922; RIBEIRO, Bartolomeu (Padre), Os Terceiros Franciscanos Portugueses - Sete séculos da sua história, Braga, Tipografias das Missões Franciscanas, 1952; COSTA, Avelino de Jesus da (Padre), “O culto de São Bento na terra de Valdevez (subsídios para a monografia do concelho)” in Separata de Terra de Val de Vez, Arcos de Valdevez, 1984; ROCHA, J. Marques, Monção - uma monografia, Gondomar, Edição do Autor, 1987; SOROMENHO, Miguel Conceição Silva, Manuel Pinto de Vilalobos da engenharia militar à arquitectua, (dissertação de Mestrado em História da Arte Moderna), UNL, Lisboa, 1991; ARAÚJO, António de Sousa (Frei), Antoninhos da Conceição - dicionário de capuchos franciscanos, Braga, Editorial Franciscana, 1996; SIMÕES, J.M. dos Santos, Azulejaria em Portugal no século XVII, 2.ª ed., 2 vols., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1997; Reconversão do Convento dos Capuchos, in Imobiliária, 05 Abril 2006; Convento dos Capuchos em Monção vai ser transformado em hotel rural, in Viajar, 15 Maio 2006; FIGUEIREDO, Ana Paula Valente, Os Conventos Franciscanos da Real Província da Conceição - análise histórica, tipológica, artística e iconográfica, [tese de doutoramento], 3 vols., Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; AHM: Desenho da Praça de Monção, 1802, 3.ª divisão, 47.ª secção, 19242, AH 3/9; BPMP: BRANDÃO, Gonçallo Luis da Sylva, Topographia da Fronteyra, Praças, e seus contornos, Raya Seca, Costa e Fortes da Provincia de Entre Douro e Minho, MDCCLIII (1753)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DREMN; DGARQ/TT: AHMF, Conventos extintos, Convento de Santo António de Monção, cx. 2238; ADB: Fundo monástico-conventual: Ordem dos Frades Menores, Província da Conceição, Hospício de Nossa Senhora da Glória e São Bento de Monção, "Documentos vários", F12, "Livro de Contas", 3 vols., F9 a F11; BPMP: Crónica da Provincia da Conceição, 1737, FA - 69

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1755 - nova pintura do retábulo-mor e douramento dos 6 tocheiros que integravam a estrutura, por 28$280; 1757 - arranjo do telhado da capela da cerca, dedicada ao Senhor Esquecido, por $700; 1757 / 1758 - restauro das celas do dormitório, provavelmente redimensionadas, por 4$707; 1758 - conserto do muro da cerca por $400; 1759 / 1760 - restauro da sepultura da galilé, por 1$290; 1760 - conserto da porta da horta por $370; 1762 / 1763 - abertura de uma janela na adega; 1763 - arranjo da fechadura da casa dos moços, por $160; 1766 - feitura de uma grade para a Capela do Senhor dos Passos, substituindo a porta de madeira; restauro da imagem, que foi encarnada e recebeu uma nova cabeleira, por 6$400; 1769 - repinte dos tocheiros do retábulo-mor, por $800; 1773 - arranjo da porta da Escada das Matinas, com colocação de nova folha de madeira, ferragem, fechadura, pregos e mola, por 8$745; colocação de uma nova bica no lavabo da sacristia, que importou em $100; arranjo das ferragens dos armários da enfermaria, que se destinariam, certamente, à arrecadação da botica, por 5$725; 1776 - arranjo do relógio por 6$400; 1777 - reforma do telhado da casa dos moços, por 2$260; 1781 - reforma do muro da cerca pelo pedreiro Francisco Adão, por um ferreiro e caiadores, num total de 48$430; 1783 - arranjo do relógio por $320; 1785 - arranjo do relógio por 2$400; 1786 - arranjo do relógio por $800; 1788 - arranjo da mina por 38$390; séc. 18, final - reforma da caixa do órgão; 1794 - caiação do refeitório; 1798 - arranjo do relógio pelo Ilhéu, por 1$960; séc. 19 - caiação do refeitório pelo oficial Meninas, por 4$270; 1806 / 1807 - colocação de duas torneiras de madeira na cozinha; conserto dos pesos da balança; 1807 - arranjo das janelas dos dormitórios, com colocação de vidraças, por $200; 1808 - arranjo de carpintaria na capela da cerca por 9$650: arranjo da teia da capela-mor por 8$000; 1809 - arranjo do relógio por 2$400; 1812 / 1813 - arranjo do relógio por 6$600; 1820 - arranjo do relógio por $300; 1822 - restauro do telhado e respectiva caiação, por 15$360; 1825 - restauro do telhado e respectiva caiação, por 9$340; 1828 - pintura das janelas, caixilhos e ferragens do refeitório; 1829 - conserto dos foles do órgão, por $720; 1830 - conserto do pavimento pelo carpinteiro Pedro; arranjo do forno, com colocação de novos ladrilhos; 1832 - arranjo do relógio por 1$440; 1833 - pensou-se reformar a tribuna da capela-mor, pois fez-se um pedido de madeira para a mesma, o que se concretizaria com a reforma da zona do banco, decorada com elementos tipicamente neoclássicos, o mesmo acontecendo com o remate, desaparecendo a tabela vertical que surgiria sobre a tribuna, dando lugar a um espaldar; reforma das estantes da livraria pelo valor de 15$000.

Observações

*1 - DOF: Igreja de Santo António dos Capuchos. *2 - a igreja primitiva teria um remate em empena, constituindo o esquema mais anacrónico da Província, remodelada posteriormente. *3 - o púlpito está no lado do Evangelho, mudado pelos proprietários actuais, para poderem aceder ao mesmo, por porta de verga recta e escadas exteriores. *4 - são actualmente dedicados a Santo António e São Bento, mas eram, em 1834 e provavelmente desde o início, dedicados a Nossa Senhora da Conceição (Evangelho) e Santo António (Epístola). *5 - é de talha dourada, proveniente de um dos Conventos da Ordem, uma vez que segue um esquema maneirista, utilizado ao longo do séc. 17, datando o edifício da centúria seguinte. *6 - em torno da ala do claustro existiam várias capelas, referidas na documentação de "Receitas e Despesas", desconhecendo-se, contudo, a sua localização e os respectivos oragos., mas cremos que surgiriam disseminadas por ambos os pisos; uma delas estaria situada junto ao antigo acesso ao coro-alto, onde se registava, antes das obras, a existência de pintura decorativa representando falsos drapeados e lambrequins. *7 - o convento tinha, na ala NO., a portaria, com um nicho, entaipado no séc. 20, onde surgia a imagem de São Francisco de madeira; fronteiro a esta, o corredor dos confessionários, que ligava à Via Sacra, sacristia e casa do lavabo, anexa à qual surgia a Casa do Capítulo; na ala NE., o refeitório, cozinha, zona de arrumações, "De Profundis", escada regral e lavabo; no segundo piso, na ala NO,. Viradas à fachada principal, surgiam seis celas, correspondentes ao nome de janelas existentes; cada uma das celas possuía um armário, como percebemos pelos arranjos sucessivos nos mesmos, constantes nos livros de "Receitas e Despesas". *8 - pouco sabemos das alfaias que possuía, referindo o Inventário de 1834 que possuía uma custódia de prata lavrada, dois cálices com a copa de prata dourada com pés de latão igualmente dourados com as suas respectivas patenas, e colherinhas de prata, também douradas, um turíbulo e uma naveta de latão. *9 - o perímetro era relativamente amplo como se depreende de plantas da Fortaleza de Monção, dentro da qual se encontrava o Convento, estendendo-se de um dos extremos da construção militar até um dos revelins, verificando-se que forma um rectângulo irregular, dividido em talhões regulares de produção. O espaço era composto por terreno "(...) Lavradio, ortas, vinhas, Arboris de fruto, e Espinho (...)" (Doc. 67); a horta tinha um acesso particular, por uma porta, e onde a actividade laboral era regulada por um relógio, permitindo paragens para os momentos de oração, no caso dos frades, e de descanso, no caso dos moços, que trabalhavam a terra. No espaço da cerca, surgiam várias estruturas, como a casa dos moços, e a casa da madeira, certamente um coberto para guardar a lenha. No interior da cerca e já desaparecida, existia uma Capela, local onde os frades se retiravam para meditação, dedicada ao Senhor Esquecido. A comunidade terá sobrevivido, inicialmente, com a água que chegava à antiga quinta, bem como a extraída de um poço e da Fonte de Santo António, subsistentes, ainda, no perímetro da cerca. *10 - fazem parte da Província os seguintes Conventos: Santa Maria de Mosteiró (v. PT011608030013), Santa Maria da Ínsua (v. PT011602120133), São Francisco de Viana (v. PT011609310047), Santo António de Ponte de Lima (v. PT011607350252), Santo António de Caminha (v. PT011602070044), São Bento de Arcos de Valdevez (v. PT011601340059), São Bento e Nossa Senhora da Glória de Monção, Nossa Senhora da Conceição de Melgaço (PT011603180044), Santo António do Porto (v. PT011312120035), São Francisco de Lamego (v. PT011805010074), São Francisco de Orgens (v. PT021823190031), São Francisco de Moncorvo (v. PT010409160053), São Francisco de Vila Real (v. PT011714240091), Santo António de Serém (v. PT020101120131), Santo António de Viseu (v. PT021823240358), Santo António de Viana (v. PT011609310048), Santo António de Vila Cova de Alva (v. PT020601180012), Santo António de Pinhel (v. PT020910170012), São José de São Pedro do Sul (v. PT021816140005), Convento do Senhor da Fraga (v. PT021817040031), Colégio de Santo António de Coimbra (v. PT020603020036 e PT020603020163) e o desaparecido Hospício de Lisboa. *11 - antes das obras, o espaço conventual tinha nas fachadas voltadas ao claustro, no primeiro piso, algumas tampas sepulcrais anepígrafas, portas de verga recta e de arco pleno de acesso ao edifício e gateiras rectangulares para iluminação e arejamento; no segundo piso, as varandaseram cerradas por parede de tabique, com vidraças rectangulares. No interior átrio com lambril de azulejos de padrão azul, amarelo e branco, com portas rectangulares de comunicação com diversos compartimentos do primeiro piso, onde se destacavam a sala de jantar com tecto decorado em gesso, cozinha com chaminé pétrea de amplo saco, lagares e trave de prensa de grandes dimensões e compartimentos de vocação agrícola, assim como escada de acesso ao segundo piso. Neste, as diferentes divisões distribuem-se ao longo do corredor que percorre o edifício, com tecto de perfil curvo, estucado e iluminado por clarabóias; dos compartimentos distinguiam-se a sala de jantar de grandes dimensões, cozinha com chaminé pétrea, quartos de dormir, grande parte dos quais corresponde à modulação das antigas celas, virados ao exterior.

Autor e Data

Paulo Amaral 1999 / 2000 / Paula Figueiredo 2009

Actualização

 
 
 
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