Igreja Paroquial de Santa Maria da Feira / Igreja de Nossa Senhora da Assunção
| IPA.00000930 |
Portugal, Beja, Beja, União das freguesias de Beja (Salvador e Santa Maria da Feira) |
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Arquitectura de comunicações gótica e religiosa, gótica, manuelina, maneirista, modernista. Igreja paroquial de planta longitudinal, com 3 naves abobadadas à mesma altura e capela-mor no eixo da nave central, com galilé adossada à fachada principal e torre sineira afastada do corpo da nave. Características góticas na cabeceira de ábside poligonal, de 5 panos divididos por contrafortes escalonados, rasgados por janelas bífores de verga em arco quebrado, com cachorrada envolvente; galilé com características do gótico final de feição mudéjar, rasgada por arcadas quebradas, com contrafortes cilíndricos rematados por cones circundados por merlões chanfrados, constituída por 3 tramos cobertos por abóbada de cruzaria de ogivas, estribada em mísulas em tronco de prisma invertido, algumas com decoração fitomórfica; remodelação do interior da igreja, com criação de um espaço de igreja salão maneirista, com 3 naves abobadadas a igual altura estribadas em colunas e meias colunas de fuste cilíndrico e capitéis toscanos, seguindo o modelo de Santo Antão de Évora (v. PT04070505057); rasgamento do arco triunfal, dos altares e capelas laterais, dos amplos vãos de iluminação e das portas de vão rectangular, com idênticas características do maneirismo severo. A dupla torre de secção prismática e base rectangular, com remates diferentes, uniformizados pelo friso decorativo em argamassa do topo, pertence a duas épocas distintas de construção: a do lado O. mais antiga, inicialmente separada do corpo da igreja, foi a ela unificada pela construção de uma capela (da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário), modernamente destruída e transformada em edifício de características civis; o sino do relógio é um excelente exemplar do Séc. 14; no interior da torre subsiste precioso desenho preparatório, inciso no reboco e recorrendo ao estersido, do mostrador de um relógio com a data de 1672. Destaque para as pinturas murais setecentistas da dependência anexa a S. de temática pouco comum e para os vestígios de pinturas murais na primitiva ábside gótica. Retábulos de talha de excelente qualidade técnica e artística em particular o da Capela de São Miguel Arcanjo cuja policromia e douramento tem em conta a posição dos fiéis, recorrendo ao ouro e à decoração pictórica das ombreiras dos vãos de iluminação, apenas nas zonas visíveis a partir da nave; tudo o resto é revestido a pigmento amarelo ou deixado sem revestimento; no Retábulo da capela de Nossa Senhora do Rosário Árvore de Jessé toda entalhada de enormes proporções, muito semelhante às que se encontra nos altares da mesma invocação, localizados no transepto, na Igreja de São Francisco de Estremoz (v. PT040704060010) e na Igreja de Santa Cruz de Viana do Castelo (v. PT011609190002). |
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Número IPA Antigo: PT040205110010 |
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Registo visualizado 2043 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta composta pela igreja, antiga Capela de Nossa Senhora do Rosário e torre sineira, ambas de planta rectangular, adossadas a N..Volumes articulados, massas dispostas na horizontal execpto na torre, com cobertura diferenciada em telhados de vários águas sobre igreja e anexos, em cúpula sobre a torre. IGREJA: de planta longitudinal, composta por galilé, três naves e capela-mor com ábside poligonal, tendo adossadas de cada lado uma sacristia; capelas rectangulares adossam-se à nave a N. e a S.. Fachada principal a O. marcada pela massa da galilé, rasgada por arcos quebrados intercalados por coruchéus cilíndricos com pináculos cónicos rodeados por merlões chanfrados, com três tramos com abóbadas de cruzaria de ogivas; três portas (as laterais adinteladas, a central em arco redondo sobre colunas estriadas) e três janelas molduradas rasgam a fachada terminada em empena angular; na fachada lateral N. destaca-se a massa prismática da torre sineira com dois diferentes coroamentos, marcando os diferentes corpos que a compõem, uma cúpula baixa e uma torre maior cupulada e rasgada por ventanas; na cabeceira a ábside poligonal com vários panos marcados por contrafortes escalonados e rasgados por janelas bífores em arco quebrado, entaipadas. A torre tem na face principal virada a O. dois símbolos ligados à cidade de Beja: uma cabeça de touro romana e o brasão antigo da cidade. INTERIOR: três naves de igual altura, com quatro tramos separados por altas colunas cilíndricas toscanas, que recebem as abóbadas de cruzaria de ogivas que se apoiam lateralmente em meias colunas; arco triunfal a pleno centro sobre pilastras, abrindo para a capela-mor pouco profunda, com abóbada de aresta decorada por pinturas murais simulando estuques; arcos idênticos rasgam as paredes laterais das naves, de acesso às três capelas laterais; janelões com volutas laterais rematam as capelas junto ao arco triunfal, a do S. (do Santíssimo) mais profunda, com dois tramos com abóbada de penetrações. Retábulo-mor em madeira encerada de linhas neo-clássicas tendo de cada lado portada de acesso à cabeceira; nesta são ainda visíveis as nervuras da cobertura primitiva e netre elas vestígios de pinturas murais figurando bustos de santos em molduras circulares e painéis de marmoreados. Na nave, do lado do Evangelho: altar de Jesus ou das Dores de Maria com retábulo em talha dourada de estilo rococó; altar de Nossa Senhora do Rosário com retábulo de talha dourada barroco, de estilo nacional, com uma árvore de Jessé ocupando toda a tribuna; a talha cobre também o frontal do altar e o arco de acesso; altar de Nossa Senhora das Dores com retábulo em talha dourada neoclássico. Do lado da Epístola: capela do Santíssimo Sacramento, com abóbada e paredes estucadas, com pinturas murais, com retábulo em mármore neoclássico enquadrando uma tela de Pedro Alexandrino de Carvalho, representando a Última Ceia; altar de São Miguel Arcanjo com retábulo barroco em talha polícroma (subjacente o cubículo da extinta confraria de Nossa Senhora da Coroa revestido a azulejo de padrão polícromo seiscentista), de eixo vertical único com nicho de volta perfeita enquadrado por dupla arquivolta assente em colunas torsas decoradas de pampânos e aves polícromas; no alçado E. painel seiscentista representando a Virgem coroada por anjos); altar de Santo António com retábulo de talha polícroma, rococó. Do lado da Epístola, no 1º tramo tem-se acesso a dependência de planta rectangular subdividida em dois espaços: um mais pequeno, utilizado pelos serviços admnistrativos da paróquia, e um outro maior, utilizado como dispensa, apresentando o alçado E. revestido por pintura mural figurando a barca da Eucaristia. A dependência adossada a N. apresenta o interior totalmente revestido de azulejos de padrão, brancos, azuis e amarelos.Sacristias com cobertura em cúpulas sobre trompas a sanca decorada com pinturas murais. Na torre sineira subsistem gravados no reboco desenhos preparatórios do mostrador do relógio, com a data de 1672, e mostrando a utilização de estersido. |
Acessos
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Largo de Santa Maria e Rua Dr. Manuel Arriaga |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 42 255, DG, 1.ª série, n.º 105 de 08 maio 1959 *1 |
Enquadramento
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Urbano, adossado, harmónico. Enquadra-se num largo de edifícios antigos, entre os quais se destacam a casa da Torrinha, a antiga Câmara, e um outro de portal brasonado manuelino *2. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial / Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Beja) (igreja) / Pública: municipal (torre do relógio) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 13 / 15 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Arq. Pardal Monteiro, adaptação da Capela de Nossa Senhora do Rosário a sede bancária (séc. 20) |
Cronologia
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Séc. 13, último terço - construção da igreja, provavelmente em local outrora ocupado por igreja visigótica e mesquita árabe, após a doação régia à ordem de Aviz, em 1270, por iniciativa de Joanes Muniones; séc. 15, finais / séc. 16, inícios - adossamento da galilé; 1500 / 1550 - sede da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia; séc. 16, último quartel - reconstrução do interior; 1672 - data desenho preparatório de mostrador de relógio no interior da torre sineira; 1677 - 1681 - obra de talha altar Nossa Senhora do Rosário, segundo debuxos de Manuel João da Fonseca; 1686 - provável conclusão da capela de Nossa Senhora do Rosário, estabelecendo a ligação entre a igreja e a torre vizinha; 1732 - pintura mural na dependência anexa a S.; 1760 - retábulo altar de Santo António; 1770, c. de - retábulo altar de Jesus; séc. 18, última década - remodelação da capela-mor e da capela do Santíssimo Sacramento; construção dos janelões sobre as capelas laterais da nave, a seguir ao arco triunfal; 1873 - remate da torre do relógio; 1922 - construção do edifício da Caixa Geral de Depósitos (entre a igreja e a torre) no local da capela de Nossa Senhora do Rosário, segundo projecto de Pardal Monteiro, tendo-se mantido no interior a mesma estrutura e os silhares de azulejos pombalinos; 1980, 23 julho - carta do presidente do Cabido, Monsenhor Deão José Delgado Pires, ao Secretário de Estado da Cultura apelando ao restauro da capela-mor, cujas janelas ogivais se encontram entaipadas e encobertas por um altar de madeira "destituído de qualquer valor" (DGEMN:DSARH - 010/047-0276, TXT.00970080 e TXT.00970081); 2006 - proposta da Diocese de Beja da conclusão das obras de restauro da antiga Capela de Nossa Senhora do Rosário. |
Dados Técnicos
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Estrutura autónoma e mista |
Materiais
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Paredes de cantaria e alvenaria rebocada, com cobertura de telha. Colunas interiores de granito. |
Bibliografia
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BARROS, José Manuel Vieira de, DEVESA, António Carneiro, Acerca da Igreja de Santa Maria, da sua torre e edifício da Caixa Geral de Depósitos, Arquivo de Beja, vol. 1, fasc. 1 e 4, Beja, 1944; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Beja, Lisboa, 1993; VIANA, Abel, Arquivo de Beja, Beja, 1943. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSARH - 010 / 047 - 0135, 0256 - 0257, 0276 (TXT.00970080 a 82) |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1959 - levantamento de coberturas e consolidação das abóbadas; 1960 - reconstrução de coberturas; 1963 - reconstrução da cobertura da sacristia, reconstrução do altar de talha; 1964 - reparação de coberturas e rebocos; escoramento de altar de talha; 1969 - reparação de coberturas; reparação de pavimentos de cantaria; consolidação e refechamento de fendas; 1970 - reconstrução de rebocos; refechamento de fendas; 1980 - reconstrução de rebocos e refechamento de juntas no exterior e torre; sondagens na capela-mor; 1981 - reconstrução do reboco das torres; 2000 - conservação de coberturas, com impermeabilozação e substituição de tijoleiras no terraço do nartex, e substituição estrutura de madeira de telhado anexo; Paróquia sob orientação do IPPAR: 2006 - restauro da abóbada da capela-mor; 2006, 04 Junho - inauguração de espaço museológico. |
Observações
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* DOF...e o conjunto de edifícios a que pertencem a mesma Igreja e a Torre anexa; *2 - o largo da igreja realizava-se a feira desde o Séc. 13, funcionando aí a Casa do Peso, os Açougues e o Tribunal. Existe uma reprodução do templo num dos painéis de azulejos da estação de Caminho de Ferro de Beja. |
Autor e Data
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Isabel Mendonça 1993 / Rosário Gordalina 2006 |
Actualização
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Rosário Gordalina 2004 |
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