Escola Primária de Favaios / Junta de Freguesia de Favaios

IPA.00009156
Portugal, Vila Real, Alijó, Favaios
 
Arquitectura educativa, do séc. 20. Escola primária do projecto-tipo Adães Bermudes, mista, de duas salas, duas residências e dois gabinetes laterais, de planta rectangular composta por três volumes principais escalonados, o central mais alto e de dois pisos, destinado à residência dos dois professores, e os laterais com as salas de aula, antecedidas por vestíbulos, com os alpendres e corpos perpendiculares correspondentes às instalações sanitárias adossados à fachada posterior. O edifício é rasgado, na fachada principal, por vãos em arco abatido no piso inferior, de aduelas calçadas, simples, em tijolo, e pedra de fecho em cantaria, e rectilíneos no superior, com moldura na verga e parte superior da ombreira em cantaria de granito, típico da região nortenha, com pedra de fecho fingida e saliente. O corpo central, mais avançado, possui, no piso térreo, duas janelas centrais e duas portas, para individualizar as dependências dos professores, a que correspondem, no superior, quatro janelas, e os panos extremos, com entrada para a sala de aula e um gabinete da professora, também mais avançados, terminam em empena, de friso e cornija sobre falsas mísulas, truncada por sineira. Fachada posterior rasgada nas alas laterais por duas portas e janelas rectangulares jacentes, e corpo central tendo adossado perpendicularmente no primeiro piso as casas de banho, criando pequeno pátio fechado para os professores, e sendo rasgado no segundo piso por duas janelas e, nas fachadas laterais, por três lumes escalonadas com moldura comum. Cada uma das salas de aula possui três amplas janelas em arco abatido, que permitem a iluminação unilateral daquele espaço de estudo. Junto à fachada posterior desenvolve-se pátio, murado, que constituía a zona de recreio descoberto.
Número IPA Antigo: PT011701070023
 
Registo visualizado 59 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Escola   Escola primária  Tipo Adães Bermudes

Descrição

Planta rectangular irregular, composta por dois corpos rectangulares, de um só piso, com um central quadrangular, de dois pisos, em disposição simétrica, e tendo adossado na fachada posterior dois outros corpos rectangulares alpendrados, dispostos separada e perpendicularmente ao centro. Volumes articulados com coberturas escalonadas em telhados de quatro águas no corpo central, de três águas nos corpos laterais, ambos com ângulos rematados por pináculos cerâmicos, e de duas nos corpos posteriores. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a principal percorrida por embasamento de cantaria com frestas de arejamento e terminadas em cornija de betão sobreposta por beiral. Fachada principal voltada a SE. desenvolvida simetricamente em cinco panos escalonados, o central e os dos extremos levemente salientes, rasgada regularmente por vãos em arco abatido no piso inferior e rectilíneos no superior, assentes em pequena cornija de cantaria, e todos com bandeira. O pano central, com dois pisos divididos por friso de cantaria, é rasgado, ao nível do piso térreo, por duas janelas de peitoril centrais e dois portais laterais de aduelas calçadas, simples, em tijolo, com pedra de fecho saliente em cantaria e parte superior das jambas também em cantaria; no segundo piso, abrem-se quatro janelas de peitoril, sobrepostas às do piso inferior, com molduras de cantaria na parte superior das jambas, percorrendo as bandeiras, com pedra de fecho saliente, e com friso interligando as janelas; as duas janelas centrais são encimadas por cartela de granito, moldurada, com a inscrição "ESCOLA PRIMÁRIA". Os corpos intermédios possuem três amplas janelas de peitoril, com molduras semelhantes às do primeiro piso do corpo central. Os panos extremos terminam em empena, de friso e cornija assente em falsas mísulas, interrompida por sineira rectangular de granito, albergando sino, encimada pela base do antigo telheiro que a rematava; ao centro, rasga-se portal de arco abatido, com moldura de cantaria e fecho saliente, ornado por motivo geométrico, sendo encimado por cartela de granito rectangular de ângulos recortados com a inscrição "SEXO FEMININO", no lado esquerdo, e "SEXO MASCULINO", no oposto. Fachadas laterais semelhantes, escalonadas, com os alçados correspondentes aos corpos laterais, de um pano e um piso, rasgados por duas janelas iguais às da fachada principal, mas mais estreitos; as fachadas do segundo piso do corpo central são rasgadas por três lumes juntos, estreitos e escalonados, com molduras comuns. Fachada posterior com corpo central de dois pisos, tendo adossado parcialmente ao piso inferior os anexos com alpendre, correspondentes aos sanitários, rasgados lateralmente por duas portas de verga recta encimadas por grelhas de alvenaria para arejamento; os dois corpos são unidos por muro, criando pequeno pátio intermédio para os professores; no piso superior, surgem duas janelas de peitoril iguais às da fachada principal, e sobre o telhado duas chaminés. Em cada um dos corpos laterais, simétricos, e sob o alpendre do recreio coberto, assente em pilares quadrangulares com chanfro, de granito, rasga-se uma porta de verga recta e duas janelas jacentes. INTERIOR rebocado e pintado de branco. As salas de aula, nas alas laterais, têm acesso pelo exterior dos corpos extremos, sendo antecedidas por pequeno vestíbulo, que conduz também a um gabinete posterior.

Acessos

Largo Conselheiro Teixeira de Sousa, Avenida do Senhor do Socorro. VWGS84 (graus decimais) lat.: 41,267323 long.: -7,500482

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo urbano de Favaios / Conjunto arquitectónico do Largo da Praça e Rua Direita de Favaios (v. PT011701070139)

Enquadramento

Urbano, isolado. Ergue-se no limiar do principal núcleo da vila, onde o povoamento é mais disperso e começam os campos de cultivo da vinha moscatel, junto a uma das estradas que atravessam a povoação, tendo como elemento separador da mesma passeio. Fronteiro, desenvolve-se jardim com canteiros baixos de relva, pontuados de plátanos e outras árvores, centrado por fonte circular, com pequeno repuxo, passeios pavimentados a paralelepípedos, e bancos de madeira; o jardim é protegido por muro baixo, em alvenaria de granito com capeado a cantaria. Junto à fachada posterior, fechada por alto muro e grade de ferro, existe terreno com vinha.

Descrição Complementar

Entre as janelas do segundo piso do corpo central surgem duas mísulas de suporte às hastes da bandeira. As inscrições das três cartelas da fachada principal são avivadas a preto.

Utilização Inicial

Educativa: escola primária

Utilização Actual

Política e administrativa: junta de freguesia

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Arnaldo Redondo Adães Bermudes, autor do projecto-tipo.

Cronologia

1897 - Congresso Pedagógico de Lisboa argumenta que perante o analfabetismo de 4, 5% da população portuguesa, a inversão de tal situação deveria começar pela construção de escolas; refere a urgente dotação de edifícios apropriados a todas as povoações com escolas primárias num período de 5 anos, seguindo um plano de construção estudado por uma comissão de engenheiros, que o Governo delegou à Associação dos Engenheiros Civis Portugueses; a equipa era constituída por Augusto Simões de Carvalho, Severino da Fonseca Monteiro, Polycarpo José da Costa Lima, António Teixeira Júdice e Joaquim Renato Baptista; 1898, 3 Janeiro - assembleia extraordinária aprova o projectos de edifícios destinados a escola primária, elaborado pela Associação dos Engenheiros Civis Portugueses; no texto, reconhecia a necessidade de difusão da instrução e a influência que a disposição adaptada nos edifícios escolares exercia no desenvolvimento físico, intelectual e moral das populações; 10 Janeiro - entrada no Ministério das Obras Públicas dos programas do Concurso para apresentação de projectos de edifícios destinados a escolas de instrução primária e o respectivo relatório; 2 Março - abertura oficial do concurso público por anúncio no Diário de Governo, estipulando-se um prazo de 6 meses para admissão dos projectos concorrentes; os trabalhos teriam de ser entregues na 1ª Repartição da Direcção-Geral de Instrução Pública; era obrigatório o uso de pseudónimos; estipulavam-se 3 prémios de mérito relativo para os projectos que satisfizessem todas as condições do concurso e tivessem sido aprovados com mérito absoluto: 750$000 rs, 450$000 rs e 300$000 rs, respectivamente *1; 31 Outubro - júri aprova projecto do Arq. Arnaldo Redondo Adães Bermudes, sob o pseudónimo Fiat Lux, que fora o único candidato *2; 10 Novembro - homologação do parecer técnico, pelo Ministro do Reino e confirmação da atribuição do 1º prémio; 23 Novembro - Adães Bermudes é oficialmente nomeado delegado por Lisboa à Exposição Universal de Paris e convidado por Ressano Garcia a apresentar o projecto dos edifícios escolares como concorrente; 9 Dezembro - Direcção-Geral de Instrução Pública expediu circular aos governadores civis de todos os distritos em que se perguntava: "quantas e quaes são, as escolas primárias officiaes do distrito que não têm casa propria; quaes as escolas que, na conveniente distribuição dos edificios escolares, devem ser preferidas, e com que auxílio poderá o governo contar da parte das corporações administrativas ou dos particulares para a diminuição dos seus encargos na construção dos edifícios"; 1900 - Adães Bermudes obtém a medalha de ouro da Secção Escolar na Exposição Universal de Paris; 1902, 18 Dezembro - assinatura de contrato de empréstimo de 245 rs. para auxílio da Direcção-Geral de Instrução Pública na diminuição dos encargos na construção das escolas; séc.20, inícios - construção da escola de Favaios; séc. 20, 2ª metade - instalação da Junta de Freguesia de Favaios na ala masculina.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria rebocada e pintada; cantaria de granito e placas cerâmicas nas molduras dos vãos; embasamento da fachada principal em cantaria de granito; portas e caixilharia em madeira; vidro simples; cobertura exterior de telha cerâmica, a dos alpendres posteriores assente em travejamento de madeira.

Bibliografia

BEJA, Filomena, SERRA, Júlia, MACHÁS, Estella, SALDANHA, Isabel, Muitos Anos de Escolas, Edifícios para o ensino infantil e primário até 1941, vol. 1, Lisboa, 1987; Coord. SILVA, Isabel, Dicionário Enciclopédico das Freguesias, vol. 3, Matosinhos, 1997; SILVA, Carlos Miguel de Jesus Manique da Silva, Escolas Belas ou Espaços São? Uma análise histórica sobre a arquitectura escolar portuguesa (1860 - 1920), (Dissertação de Mestrado), Lisboa, 2000; CD Portugal Século XXI - Distrito de Vila Real, Matosinhos, 2000.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - O programa preliminar do projecto estabelecia que: deveriam ser apresentadas peças desenhadas à escala 1/100, memória descritiva e justificativa, medição e orçamentos; era apresentada uma listagem de áreas que contemplava um vestiário, uma ou mais salas de aula, pátio com recreio coberto, habitação do professor e instalações sanitárias; requeria-se dimensões para o máximo de 50 alunos por sala, na razão de 1,25 m2 por aluno, sendo o pé direito de 4 m. a 4,5 m.; os pavimentos, de madeira, teriam de ser elevados de 1,5 m. acima do terreno exterior; quanto à iluminação natural, excluíram-se as entradas de luz pelo tecto e exigiam-se janelas rectangulares; considerando-se a hipótese de escolas mistas, tornaram-se obrigatoriamente independentes as salas de aulas, os sanitários e as habitações dos professores e as entradas e vestíbulos; nas condições especiais do programa determinava-se que os projectos considerassem 3 tipos diferentes de edifícios: escolas com 1 sala, para 50 alunos, e habitação para um professor (só rapazes ou só raparigas); escolas com 2 salas para 100 alunos (só para rapazes ou só raparigas) com habitação para professor e ajudante; escolas mistas, com 2 salas, para 100 alunos, com duas habitações para os professores e ajudantes respectivos; como limite para a base orçamental dos edifícios indicava-se 40$000 rs / aluno, especificando-se que a este preço correspondiam alicerces a 1,50 m. de profundidade; recomendava-se pela primeira vez que cada tipo de edifício viesse a ser construído de acordo com as técnicas e materiais próprias de cada zona do país, considerando-se 7 regiões: Minho e Douro, Trás-os-Montes, Beiras, Estremadura, Alentejo, Algarve, Ilhas Adjacentes. *2 - O seu projecto tinha as seguintes características: salas de aula térreas, abrindo 3 grandes janelas para a fachada principal assegurando boa entrada de luz natural e arejamento suficiente; sanitários bem articulados com a sala, sendo possível o seu acesso circulando pelo recreio coberto; o vestíbulo (nalguns casos adaptado e com utilização diferente) permitia que se organizasse uma zona para cuidados de higiene dos alunos (desparasitação, etc.); casa do professor desenvolvida em 2 pisos e sótão, com entradas e janelas sempre sobre a fachada principal; nas escolas com 2 salas, a habitação ocupava a parte central do conjunto; o projecto não incluía desenhos de mobiliário escolar, que seria providenciado pelas Câmaras Municipais.

Autor e Data

Paula Noé 2005

Actualização

 
 
 
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