Capela de São Miguel-o-Anjo

IPA.00009071
Portugal, Braga, Braga, União das freguesias de Braga (Maximinos, Sé e Cividade)
 
Arquitectura religiosa, rococó e revivalista. Capela de planta longitudinal, de nave única, capela-mor e corpo em L, adossado lateralmente integrando sacristia e salão. A capela construída no final do séc. 19 apresenta uma fachada principal neomaneirista, inspirada na igreja jesuíta de São Paulo (v. PT010303070056) com jogo de pilastras e rematada por frontão interrompido na base por janelão, com sineira a coroar a empena, de recorte neobarroco. Interior com nave e capela-mor cobertas por abóbada de berço estucada. Alberga todo o recheio proveniente da primitiva capela, composto por sanefas, púlpito e retábulos rococós, ricamente decorados por acantos e conheados.
Número IPA Antigo: PT010303240120
 
Registo visualizado 724 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal, composta por nave única e capela-mor, rectangulares, em eixo, e corpo em L, adossado e envolvendo lateralmente a S., integrando sacristia e salão. Volumes escalonados de dominante horizontal com coberturas diferenciadas em telhados de uma e duas águas, integrando, a S., trapeira de madeira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco. Fachada principal voltada a E., percorrida por embasamento e estruturada por pilastras, que definem quatro panos, um correspondente ao braço do corpo em L e os outros à nave. Panos da nave encimados por frontão triangular de base interrompida por janelão rematado frontão triangular, com pináculos piramidais nos extremos e ao centro sineira com duas ventanas em arco pleno, sobre pilastras, com remate em cornija contracurvada coroada por pináculos e cruz sobre acrotério na empena. Portal principal de verga recta, rematado por cornija recta. Pano do braço do L com porta de verga recta encimada por janelão em arco abatido. Fachada lateral N. parcialmente oculta pelos edifícios adossados, rematada por cornija encimada por platibanda onde assenta o beiral. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com nave e capela-mor cobertas por abóbada de berço estucada. Pavimento em soalho. Coro-alto sobre arco abatido com balaustrada de madeira avançada ao centro. Sub-coro com guarda-vento de castanho enquadrado por estípides com capitel volutado. Do lado do Evangelho, pia de água benta circular, com duplo bordo. Na nave, lateralmente, duas portas com sanefas de talha policroma a branco, azul e dourado, com decoração de acantos e concheados. A porta do lado da Epístola encontra-se entaipada. Ambas são encimadas por janelões com sacada à face, com guarda em balaustrada de madeira, encimados por sanefas idênticas às das portas. No lado do Evangelho, púlpito com base de pedra, rectangular, assente em modilhão, com guarda plena de talha policroma. Porta de acesso encimada por sanefa idêntica às restantes. Junto ao arco triunfal encontram-se dois retábulos laterais inscritos em vãos de arco pleno, com retábulos de talha policroma a branco, dourado e azul, o do lado do Evangelho da invocação da Sagrada Família e o do lado da Epístola dedicado a Nossa Senhora das Graças. Arco triunfal pleno sobre pilastras toscanas que se interligam com a cornija de suporta a abóbada da nave. Capela-mor rebocada com duas portas confrontantes, a do lado da Epístola entaipada. Retábulo-mor de talha policroma, branca, azul e dourada, de planta côncava com três eixos, os laterais marcados pelas peanhas com baldaquino, formadas pela moldura da tribuna, sob portas de acesso a esta. Remate em cornija recortada pontuada por decoração de acantos e concheados. Tribuna recortada, com trono eucarístico encimado por maquineta. Extremos enquadrados por par de pilastras, colucadas em ângulo. Sacrário em forma de templete colocado sobre a banqueta. Altar em forma de urna. O corpo em L possui, no primeiro piso, corredor com pavimento em tijoleira, de acesso à sacristia e a escada de madeira, que conduz ao piso superior onde existe o salão nobre. A sacristia possui dois arcazes de castanho, um deles com oratório. Lavabo de pedra com espladar com bica antropomórfica envolta por decoração de motivos flamenguistas, com volutas, rematado por frontão curvo. Taça ligeiramente rectangular, gomada.

Acessos

Rua Cardoso Avelino

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado, à face da rua pública, ladeado por edifícios térreos e rodeada por prédios de habitação com vários de andares. Desenvolve-se, fronteiro, espaço relvado e ajardinado enquadrado a N. e a S. por prédios e a E. por muro com dupla escadaria, integrando vão em arco pleno com tanque de água.

Descrição Complementar

TALHA: Retábulos laterais idênticos, apenas com diferença na tribuna. apresentam planta recta, de um só eixo, enquadrados por volutas e rematados por cornija recortada. Tribunas com decoração ao nível superior de acantos. Retábulo da Sagrada Família com tribuna dividida em dois, na metade superior com a imaginária e na inferior com o sacrário embebido. Tribuna do retábulo de Nossa Senhora das Graças com maquineta encimada por peanha com imagem do orago. Altar em forma de urna.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Braga)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: João Baptista Braga (1880); ENTALHADOR:André Soares (atr. talha) (séc. 18, segunda metade); IMAGINÁRIO: José Alves Loroto (1894); PINTOR: José Dias Ferreira (1894).

Cronologia

1591 - Instituição da capela de São Miguel-o-Anjo; 1744, 29 Janeiro - a Confraria de São Miguel-o-Anjo, através do seu Juíz, o reverendo Francisco Delgado, entregam a execução da obra de pedraria do corpo da capela a Domingos Martins, mestre-pedreiro da Rua da Cónega, da cidade de Braga, que se compromete a seguir os apontamentos fornecidos e a dar a obra concluída no prazo de 3 meses, recebendo a quantia de 86$400 reis; 1755, 23 Julho - o Juíz da Irmandade de Nossa Senhora do Ó e de São Miguel, Francisco de Araújo, contratou com o mestre-pedreiro João Gonçalves Ribeiro, morador na Cruz de Pedra, arrabalde de Braga, o aumento da capela-mor pelo preço de 95$000 reis; 1756, 24 Março - a Irmandade de Nossa Senhora do Ó e de São Miguel contrata com o mestre-pedreiro João Gracias, galego assistente em Braga, a construção da sacristia e casa da Mesa da Irmandade, na forma da planta e apontamentos fornecidos; séc. 18, segunda metade - execução dos retábulos, possivelmente segundo o risco de André Soares; 1879, Dezembro - em virtude do alargamento da rua que conduz à Sé afectar a sua capela, a Mesa da Irmandade de São Miguel-o-Anjo nomeou uma Comissão para tratar com a Câmara o ajuste da expropriação da capela e procurar fazer a sua remoção; 1880, Novembro - projecto da autoria do escultor João Baptista Braga para a reedificação da capela; 1881, Maio - acordo entre a Irmandade e a Câmara sobre a localização futura da capela, perto da estação dos Caminhos de Ferro; Agosto - assinatura com a Câmara Municipal de contrato para a desmontagem da capela; 1882, Julho - inicio da remoção das ossadas da capela, para a Igreja Paroquial de Maximinos; Dezembro - é lançado concurso público para a demolição do velho templo e edificação do novo; 1884 - arrematação da obra de caiador e do assentamento dos retábulos na nova capela de S. Miguel-o-Anjo; Dezembro - benção da nova capela; 1892 - decisão de proceder a obras de reconstrução perante a ameaça de ruína; 1894 - é recebida uma nova imagem do Sagrado Coração de Jesus, esculpida por José Alves Loroto e encarnada por José Dias Ferreira; 1897, Setembro - são descerrados na sala das sessões os retratos dos beneméritos António Bernardino Pinto de Madureira, Manuel Esteves Ribeiro e Reverendo António José Pinheiro Braga, Abade de Celeirós; 1899, Fevereiro - é nomeada uma comissão composta pelo engenheiro militar João Teixeira da Silva e pelos mestres de obras Joaquim da Silva Gonçalves e António Rodrigues Junqueira, para resolver os problemas surgidos na capela, nomeadamente o aparecimento de fendas nas paredes e a ameaça de derrocada; 1900, Maio - é reaberta a capela após um período de obras.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura, embasamento, elementos decorativos, pias de água benta, base do púlpito e lavabo da sacristia, em granito; portas, janelas, trapeira, balaustrada do coro-alto, guarda-vento, guarda do púlpito, retábulos, sanefas, pavimentos e escada interior, em madeira; tectos em estuque; grades das janelas, em ferro; cobertura exterior em telha de aba e canudo.

Bibliografia

ROCHA, Manuel Joaquim Moreira da, Arquitectura Civil e Religiosa de Braga nos séculos XVII e XVIII. Os Homens e as Obras, Braga, 1994, pp. 108 - 109, 124 - 125, 171 - 172; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, Um novo mapa de Braga de finais do século XVIII, in Estudos sobre o século XVII e XVIII no Minho. História e Arte, Braga, 1996, pp. 26 - 27; COSTA, Luís, Braga Roteiro Histórico e Monumental Extra-Muros, Braga, 1998, pp. 18 - 19; Vv.Aa., Braga, os tempos e o lugar..., Paços de Ferreira, 1998, p. 106; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, Arte Religiosa e Artistas em Braga e sua Região (1870 - 1920), Braga 1999, pp. 75 - 77.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID, DREMN

Documentação Administrativa

Irmandade de São Miguel-o-Anjo

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

António Dinis 2001

Actualização

 
 
 
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