Igreja Paroquial de Ribas / Igreja de São Salvador

IPA.00009035
Portugal, Braga, Celorico de Basto, Ribas
 
Arquitectura religiosa, românica, gótica, barroca, neoclássica e revivalista. Mosteiro de construção tardo-românica, possuindo já os tradicionais arcos quebrados góticos, de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, rectangulares, em eixo e torre sineira, salão paroquial, capela lateral e sacristia, adossados lateralmente. Fachada principal aberta por portal gótico com duas arquivoltas quebradas decoradas por motivo de pérolas, que se repete em vários elementos exteriores da nave, tímpano e colunas com base e fuste de decoração fitomórfica. O portal é encimado por vão em arco pleno, que se repete no topo oposto da nave. Ambos os topos são em empena coroada por cruz pátea. Fachadas laterais da nave com pingadouro, parcialmente oculto de um lado devido à capela lateral, com portal lateral numa das fachadas, em arco quebrado, também gótico, com tímpano e impostas salientes. Este portal é encimado por cachorrada que suportaria alpendre, que existiria também do lado oposto. Torre sineira barroca com vãos com moldura de avental e cobertura em coruchéu bolboso. Interior com nave e capela-mor coberta por tecto barroco de abóbada de berço com caixotões decorados por florões nos ângulos. Coro-alto com guarda em balaustrada de bolacha. Retábulo de Nossa Senhora da Conceição neo-barroco com aproveitamento de colunas maneiristas. Capela lateral com entrada por arco quebrado. Retábulos laterais junto ao arco triunfal neoclássicos. Arco triunfal de morfologia idêntica ao portal principal. Retábulo-mor neo-barroco com aproveitamento de colunas maneiristas.
Número IPA Antigo: PT010305180030
 
Registo visualizado 1032 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor, rectangulares, em eixo e torre sineira, salão paroquial, capela lateral e sacristia, adossados lateralmente a O. Volumes articulados e escalonados, de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre sineira. Coberturas diferenciadas em telhados de uma água no salão, duas na nave, capela lateral, capela-mor e sacristia e em coruchéu bolboso coroado por esfera, catavento e cruz, em ferro. Fachadas em alvenaria de granito, com embasamento e remates em cornija sob beiral, nas laterais da nave e capela-mor, suportada por cachorrada, tendo a da nave motivos de pérolas. Fachada principal orientada, em empena decorada por friso de pérolas, coroada por cruz pátea sobre haste fitomórfica, com portal principal de duas arquivoltas quebradas, com chanfro, decoradas também por pérolas, com cruz pátea gravada no tímpano e colunas de secção circular com capitéis com ornamentos fitomórficos. O portal é encimado por pequena janela, em arco quebrado, decorada também com o mesmo motivo do portal e da empena, cerrada por vitral, contendo a imagem de São Salvador. A ladear a fachada, pela esquerda, encontra-se torre com pilastras nos cunhais, acesso exterior e interior, e três registos marcados por cornija, a do primeiro, suportando beiral. Neste, rasga-se frontalmente a porta, encimada por janelão em arco abatido. O segundo registo possui relógios nas fachadas O. e N.. Terceiro registo com sineira de quatro ventanas em arco pleno. Num silhar da torre encontra-se inscrição. Remate em cornija, com pináculos nos ângulos. A fachada lateral N., onde é visível o escalonamento dos corpos, é marcada, além da torre sineira, pelo salão e pela sacristia, mais baixos e rasgados por porta e janela, rectangulares, e pela capela lateral da Senhora das Dores, entre estas duas últimas, em empena com beiral, coroada por cruz sobre acrotério entre pináculos piramidais que coroam as pilastras estruturantes dos cunhais. Fachada lateral S. rasgada, na nave, por porta em arco quebrado, com motivo de pérolas no chanfro, com tímpano liso e impostas destacadas. Este pano é percorrido por quatro cachorros encimados por pingadouro. Pano da capela-mor rasgado por fresta e janela em capialço. Fachada posterior com pano da capela-mor em empena coroada por cruz pátea, rasgada por longa fresta, e na sacristia, por janela quadrangular, em capialço. No pano da nave, em empena, com beiral, decorada com pérolas e coroada por cruz pátea sobre haste fitomórfica, rasga-se janela em arco pleno, ladeada por cachorros. INTERIOR com paredes em alvenaria de granito iluminado por seis frestas, confrontantes, com vitrais. Nave coberta por abóbada de berço, em madeira, decorada por caixotões de com decoração de filetes e florões dourados, assente sobre cornija ritmada por volutas. Pavimento em soalho. Coro-alto de madeira sobre mísula de pedra, com balaustrada de bolacha, com decoração marcada a dourado. Sub-coro com guarda-vento de madeira e escada de acesso ao coro-alto, do lado da Epístola. A nave apresenta três retábulos laterais, confrontantes, os do lado do Evangelho, da invocação de Nossa Senhora da Conceição e do Sagrado Coração de Jesus, e o do lado da Epístola, dedicado ao Sagrado Coração de Maria. Entre os dois retábulos do lado do Evangelho, abre-se vão em arco quebrado de acesso à capela lateral. A capela possui pavimento em laje de granito e tecto de masseira de madeira. Na parede testeira mísula suportando a imagem. Arco triunfal com duas arquivoltas quebrados de decoração com pérolas sobre colunas de secção circular e capitéis fitomórficos. É encimado por monumental sanefa de talha policroma a branco, dourado, castanho e azul, recortada com decoração fitomórfica. Capela-mor sobrelevada, com duas frestas confrontantes e porta para a sacristia, do lado do Evangelho. Cobertura em abóbada de berço, em madeira policroma a branco, verde e dourado, decorada por caixotões de com decoração de filetes e florões. Pavimento em soalho, com supedâneo central de granito, onde assenta altar de talha policroma a branco, dourado e vermelho, com marmoreados a azul e verde, e representação do sol. Retábulo-mor de talha policroma a branco, dourado, azul e vermelho, de planta recta e três eixos. Remate em espaldar recortado com volutas. Tribuna em arco plenol, com trono eucarístico circular, coroado por maquineta com custódia. Eixos laterais enquadrados por colunas compósitas, estriadas em espiral, com o terço inferior demarcado com decoração fitomórfica e de querubins. Entre as colunas peanhas com imaginária. Sacrário embutido no banco. Sotobanco enquadrado por plintos em forma de volutas e decorado por pâmpanos. A sacristia, em alvenaria de granito, lajeada e com tecto em masseira, de madeira, conserva um arcaz de castanho e um lavabo em pedra com pia decorada com volutas, espaldar quadrangular com bica antropomórfica, encimado por abertura em semi-circulo do depósito e acrotério com cruz relevada.

Acessos

Lugar da Igreja

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, meia-encosta sobranceira ao rio de Veade, afluente do Tâmega, isolado, rodeado pela residência paroquial e por edifícios de apoio aos serviços da igreja. Acesso a N. e a O., o primeiro por rua larga que se inicia junto ao cemitério e último por avenida, com separador relvado, partindo do Cruzeiro dos Centenários de Ribas (v. PT010305180133). Envolve a igreja adro, murado, onde se encontra a antiga pia baptismal *1, de taça circular, fracturada e em mau estado de conservação, junto à fachada posterior da igreja. O adro é precedido, frontalmente, por jardim com busto do Padre Magalhães Costa.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: (CEMP nº 371) Inscrição comemorativa da conclusão da igreja, gravada em silhar existente na torre sineira; granito; leitura: M C C C [VII] / [...]T ISTE FECIT / [...mclitis mlvii]; TALHA: Retábulo de Nossa Senhora da Conceição em talha policroma a branco, dourado, vermelho e azul, de planta recta, um só eixo, rematado por entablamento com faixas e urnas nos extremos, e ao centro alto espaldar recortado com decoração fitomórfica. Tribuna recortada com renda, enquadrada por colunas compósitas, estriadas em espiral, com o terço inferior demarcado com decoração fitomórfica e de querubins. Altar recto; retábulos do Sagrado Coração de Jesus e do Sagrado Coração de Maria, em talha policroma a branco, dourado, azul e vermelho. Retábulo do Sagrado Coração de Jesus de planta côncava, de um eixo enquadrado por pilastras e colunas compósitas com fuste decorado por motivo fitomórfico espiralado e demarcação no terço inferior. Remate em entablamento interrompido por espaldar com simbolo do orago encimado por arquivolta plena, com aletas nos extremos e sanefa com lamberquim. Tribuna recortada, com renda enquadrada por peanhas. Sacrário embutido no banco. Altar em forma de urna. Retábulo do Sagrado Coração de Maria de planta recta, um só eixo enquadrado por colunas compósitas com estrias no terço inferior. Remate em entablamento com urnas nos extremos e ao centro espaldar com simbolo do orago. Tribuna recortada com renda enquadrada por peanhas. Altar em forma de urna.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Braga)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1160 - Fundação do Mosteiro de Santa Maria de Ribas pelo Arcebispo de Braga, D. João Peculiar, sendo entregue aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho *2; 1170, 2 Outubro - falecimento de D. Mendo *3, primeiro abade do mosteiro; 1217 - recurso ao Papa Inocêncio III sobre disputa entre os clérigos de Ribas e a Colegiada de Guimarães sobre direito ao padroado de 4 casais; 1240 - referência ao mosteiro apenas como "ecclesiam de Ripis"; 1269 - data da inscrição atestando a conclusão da igreja ou de alguma fase construtiva, que se encontra actualmente na torre sineira; séc. 14 - reconstrução da igreja; 1556 - o mosteiro de Ribas passou a comendatários; 1565 - sendo o mosteiro Comenda da Ordem de Cristo e seu comendador Rodrigo de Melo Pereira, neto de João de Melo de Sampaio, D. Abade de Pombeiro, abriu-se a sepultura do 1º prior e acharam o seu corpo incorrupto, sendo isso interpretado como sinal de santidade; 1635 - o Arcebispo de Braga, D. Rodrigo da Cunha, na sua História Eclesiástica dos Arcebispos de Braga, refere-se à santidade do beato Mendo, cónego regular de Santa Cruz e Prior do Mosteiro de Santa Maria de Ribas, então Comenda da Ordem de Cristo, tendo apontado o epitáfio da sua sepultura; 1650 / 1684 - manuscrito de Frei Timóteo dos Mártires declarando que D. Mendo faleceu a 2 de Outubro e foi sepultado no claustro em sepultura rasa com epitáfio; 1692 - o padre Torcato Peixoto de Azevedo refere que o mosteiro é comenda de Cristo e começou por ser uma pequena ermida com ermitão; séc. 18 - edificação da torre sineira; 1706 - referência a um mosteiro que "teve sua primeira fundação numa Ermida do Salvador do Mundo, na qual residia um Ermitão" 1726 - referência à igreja "que é antiga, e o mais do mosteiro está arruinado", sendo seu comendador D. Diogo Correia de Sá e Benavides, Visconde de Asseca, e reitor o Padre Jerónimo da Silva; referência à existência de uma pedra com inscrição de 1269, atestando a conclusão de obra, situada no interior da igreja, entre a porta travessa e o altar colateral, do lado da Epístola, "de três palmos de largo e um e meio de altura" (CRAESBEECK 1992, p. 361); séc. 19, início - colocação dos dois retábulos laterais, junto ao arco triunfal; 1878 - Pinho Leal refere a inscrição do túmulo de D. Mendo e que estaria em arca tumular embutida na parede do claustro.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura, elementos decorativos, cúpula da torre, pia baptismal, pavimento da capela lateral e da sacristia, supedâneo da capela-mor e lavabo da sacristia, em granito; portas, janelas, pavimento da nave e capela-mor, tectos, guarda-vento, coro-alto e escada de acesso, retábulos e sanefas, em madeira; frestas com vitrais; esfera, catavento e cruz do remate da torre, em ferro; cobertura exterior em telha de aba e canudo.

Bibliografia

COSTA, Pe. António Carvalho da, Corografia Portugueza e Descriçam Topografica do famoso Reyno de Portugal, Braga, 1868, p. 129; LEMOS, João Marinho (compilação), Celorico de Basto, entre o passado e o futuro, Celorico de Basto, 1988, pp. 97 - 101; CUNHA, Dom Rodrigo da, História Eclesiástica dos Arcebispos de Braga, II, Braga, 1989, cap. 107, nº 4; CRAESBEECK, Francisco Xavier da Serra, Memórias Ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho no ano de 1726, vol. 1, Ponte de Lima, 1992, pp. 360 - 361; FERREIRA, José Carlos, ASSIS, Francisco de, D. João Peculiar mandou fazer de uma ermida um mosteiro, in Diário do Minho, 8 Fevereiro 2007.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1970, década - Substituição do soalho; 2000 / 2001 - obras de beneficiação geral da igreja; substituição dos telhados, recuperação da ala lateral N.., limpeza exterior, colocação de vitrais e arranjo do adro.

Observações

Por ocasião de obras na igreja foi descoberta pintura mural, atrás do retábulo-mor, representando uma adoração de anjos; 1- No interior da igreja encontra-se uma réplica da pia baptismal, colocada junto ao arco triunfal, do lado do Evangelho; *2 - o mosteiro não é referido nas Inquirições do séc. 13; *3 - existia uma inscrição funerária do prior D. Mendo, cujo paradeiro se desconhece, que estaria colocada no antigo claustro, com a seguinte leitura: (CEMP nº 135) "HIC IACET DOMINUS MENEDUS HUIUS MONASTERII PRIMUS PRIOR QUI NUNQUAM DUM VIXIT PEDEM MOVIT NISI AD OSEQUIUM DEI OBIIT VI NONAS OCTOBRI E M CC VIII", tradução: AQUI JAZ D. MENDO, O PRIMEIRO PRIOR QUE FOI DESTE MOSTEIRO, O QUAL NUNCA DEU UM PASSO QUE NÃO FOSSE EM SERVIÇO DE DEUS. FALECEU A 2 DE OUTUBRO DA ERA DE 1170.

Autor e Data

António Dinis 2001

Actualização

 
 
 
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