Ermida de Nossa Senhora da Vitória / Ermida de Santa Vitória de Montes Claros

IPA.00008890
Portugal, Évora, Borba, Rio de Moinhos
 
Ermida de planta retangular composta por alpendre com sineira, nave, capela-mor mais estreita e sacristia adossada ao alçado lateral esquerdo. Fachada principal em empena lisa, rasgada por portal de verga recta, ladeado por duas janelas. Coberturas em cúpula e abóbada de berço, tendo retábulo-mor de cantaria e púlpito no lado do Evangelho. Primitivo santuário de planta cúbica rematada por cúpula esférica e coberto por telhado radial, a que se acrescentou amplo nartex e capela-mor rectangular na testeira conferindo-lhe uma planimetria longitudinal. A actual nave, primitivo santuário, inclui-se no tipo de construções do aro alentejano vulgarmente designadas por cubas, sendo de salientar o facto de a nave ser coberta em cúpula e a capela-mor em abóbada de berço, contrariando o esquema comum na região. Retábulo-mor de cantaria em estilo barroco. Notável pelo contexto histórico que rodeia a sua fundação, assinalado por padrão memorial frente à sua fachada principal.
Número IPA Antigo: PT040703030006
 
Registo visualizado 438 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta retangular, composta por nartex, nave, capela-mor, sacristia e construções anexas, com coincidência exterior - interior. Volumes articulados na horizontal e coberturas diferenciadas em telhado de duas águas na capela-mor, de uma água na sacristia e dependências anexas, em telhado de linhas radiadas, com cruz no topo, correspondente à cúpula da nave. Fachada principal voltada a O. com nartex de três arcadas redondas com tecto em abóbada de arestas e campanário axial com empena triangular, encimada por cruz, e dois pináculos laterais com decoração piriforme. Portal simples ladeado de duas janelas para exposição permanente do altar e luneta central acima da cobertura do nartex. Na fachada N., corpo da sacristia com pequena janela, corpo da nave e arcada lateral N. do nartex. Fachada E. cega, constituída pelo alçado da capela-mor ladeado pelos da sacristia e construções anexas. Fachada S. com construções anexas e arcada S. do nartex. INTERIOR: nave de planta quadrangular, coro falso sobre a entrada, com arco abatido e gradeamento. Tecto em cúpula hemisférica, paredes revestidas com fingidos marmoreados. Púlpito e pia de água benta respectivamente nas paredes N. e S. da nave. Capela-mor de planta quadrangular e tecto em abóbada de berço; retábulo-mor de mármore, branco e negro, apilastrado, com frontão semicircular, de volutas e aletas, decorado por um grupo de anjos e ladeado por fogaréus; no centro, o nicho envidraçado com a imagem de Nossa Senhora da Vitória, de roca e, em baixo, painel esculpido em baixo-relevo sobre as Almas no Purgatório.

Acessos

Situa-se a c. de 100 m. da aldeia de Barro Branco ( a 6 km. de Borba ), alcançando-se por estrada vicinal

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, planície, isolada; no sopé da Serra d'Ossa, construída sobre plataforma delimitada por muretes, portão e adro com alegretes plantados, oliveiras e estruturas precárias de sombra para um pequeno parque de merendas. Muito perto da ermida, frente à fachada principal, encontra-se o padrão memorial da sua fundação. Domina a SE. sobre a pequena aldeia de Barro Branco e a NO. sobre a imensa planície, sendo visível no horizonte a vários quilómetros.

Descrição Complementar

O padrão memorial da fundação da ermida tem forma de pórtico sobre três degraus com pilastras angulares e frontão de volutas com enrolamento; pináculos discóides nos acrotérios, troféus militares e o escudo de D. Pedro II. A lápide em duas placas de mármore sobrepostas com 4m de altura e 3m de largura tem inscrição em de 41 linhas com o seguinte texto: NO ANNO DE 1665/REINANDO EM PORTUGAL EL REI D.AFONSO/VI SO NOME D.ANTÓNIO LVIZ DE MENESES DO SEV/CONSELHO DE ESTADO E GVERRA MARQVES DE MARIAL/VA CAP.M GENERAL DESTA PROVINCIA DE ALEMTE/IO GOVERNADOR DAS ARMAS DA CORTE DE LX.A CAS/CAES x E PROVINCIA DA EXTREMADURA E VEEDOR DA/FAZENDA REAL OFERECEO A DS NOSSO S.OR ESTA EERMIDA QVE/FVNDOV DEDICADA A INVOCAÇãO DAS ALMAS - EM/SATISFAÇãO DO VOTO QVE FES ESTANDO P.A SAIR A CAM/PANHA COM O EXERCITO SOCORRER A PRACA DE VIL/LA VICOZA x E PROMETTEO SE O SENHOR DOS EXERCITOS LHE/CONCEDESSE VICTORIA CONTRA AS ARMAS DE CASTELLA/A FVNDARIA NO LOGAR DA BATALHA EM MEMORIA/COM MISA TODOS OSDIAS PELLOS QVE MORRESEM/NA PELLEIA FABRICANDOA DO QVE AVIA MISTER/ TEM 40$ REIS DE RENDA EM CADA/HVM ANNO PAGOS NA CONSIGNAÇãO DA CAZA RE/AL x QUE VAE NO ALMOXARIFADO DO CAMPO DE/OVRIQUE EQ.TO NAO CABEM NO DE ESTREMOS P.A / SVSTENTO DO CAPELLãO QUE SERVIR/DE QVE O PRINCIPE D. PEDRO GOVER NANDO ESTES REINOS/LHE FEZ M,CE EDOTOV TENDO CONSIDERAÇãO A CAVSA POR/QVE O MARQVES SE/EMPENHOV COM DS PELLO SERVICO EBEM DO/REINO COMO SEVEE DO ALVARA DAD EM 2/DEABRIL DO ANNO DE 669/A PIEDADE DESTE CAP.M E O AMOR COM QVE/SERVIO A PATRIA PEDEM AOS FIEIS QVE ENTRA/REM NESTA CAZA ROGVEM A DS NOSSO S.OR CON/CEDA DESCANÇO ETERNO AOS QVE MORRERãO E/SE ACHARãO NA BATALHA DE MONTES CLAROS/CONSERVAÇãO DA PAX QVE A MãO DIVINA/PERPETVE NESTES REINOS POR SVA MIZERICOR/DIA CONSEGVIDA DETAES TRABALHOS CON/TINVOS E M.TO SANGVE DERRAMADO/E NOSSOS NATURAES NãO PADEÇãO EM/TEMPO ALGVM O QVE OS PREZENTES OVVIRãO/VIRãO E EXPRIMENTARãO/ESPERA CONFIADO POR PREMIO DO QVE TRA/BALHOV NO SOSCEGO QVE LOGRAO SE LEMBRA/RãO DA SVA ALMA.

Utilização Inicial

Religiosa: ermida

Utilização Actual

Religiosa: ermida

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1665 - fundação do primitivo templo pelo príncipe Regente D. Pedro II, para comemoração da vitória que D. António Luís de Meneses alcançou sobre os exércitos espanhóis comandados por D. Luís de Enevides, Marquês de Caracena, nas faldas da Serra d'Ossa; o primitivo templo *1 era dedicado às Almas do Purgatório por vontade expressa do fundador pelos mortos no campo da batalha, que fez uma doação de 50000 reis ao capelão João de Andrade Pegas; séc.17 - 18 - acrescento da capela-mor, adossada à testeira do primitivo templo, do nártex e campanário, casa do capelão, sacristia e ermitério; 1981 - obras de recuperação; 1981, 27 de maio - despacho da Secretaria de Estado da Cultura de classificação como IM; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251 de 28 dezembro 2012, que faz caducar os procedimentos que não se encontrem em fase de consulta pública.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante de paredes maciças, com arcos para suporte de abóbadas.

Materiais

Alvenaria mista de pedra e tijolo, rebocada e caiada no exterior e pintada com fingidos de marmoreados no interior da nave e com tinta de água na capela-mor, pavimentada com mármore branco, telha de canudo nas coberturas exteriores, púlpito em madeira e altar em mármore branco e preto. Caixilharias dos vãos em madeira.

Bibliografia

ANSELMO, P. António J., O Concelho de Borba, 1907; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, vol. 9, Lisboa, 1979; Chancelaria de D. José, Lº 30, fl. 166; BORGES, Artur Goulart, As kubas alentejanas, Évora, 1985.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

1981 - recuperação geral; Comissão de Festas: posteriores intervenções pontuais ao nível da caiação e da conservação das coberturas.

Observações

*1 - a primitiva ermida possuia fachada principal iluminada por luneta central e porta de verga recta, flanqueada por duas pequenas janelas.

Autor e Data

Manuel Branco 1993 / Paula Amendoeira 1999

Actualização

Paula Figueiredo 2001
 
 
 
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