Capela de Nossa Senhora da Paz / Capela de Constantina

IPA.00008875
Portugal, Leiria, Ansião, Ansião
 
Capela maneirista, de modelo e volumetria classizante com galilé alpendrada. Estrutura da nave única com capelas laterais, iluminadas por pequenas janelas, que contrastam com a sobriedade estrutural da nave. Retábulo-mor de estrutura arquitectural maneirista.
Número IPA Antigo: PT021003020014
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal orientada composta por galilé alpendrada, nave única, capela-mor e sacristia a S.. Volumes articulados dispostos na horizontalidade com cobertura diferenciada em telhados de duas águas (nave e capela-mor), uma água (sacristia) e três águas (alpendre). Galilé alpendrada com cobertura assente em dez colunas de fuste liso suportadas por estilóbato; pano único do frontispício aberto por pórtico de cantaria com a data 1623 lavrada na verga, sobre a qual se adossa um nicho em vieira sob capitel e entre dois enrolamentos. O portal ladeado por dois janelões gradeados é sobrepujado por olho-de-boi. Fachada S. correspondente ao corpo da nave, aberta por três janelos chanfrados, pelo corpo saliente da sacristia aberto por porta e janela e pelo volume, mais alto da capela-mor, iluminado no topo O. por óculo e a S. por janela. Fachada E. cega, em empena angular. Fachada N. saliência do corpo correspondente à capela-mor, mais alto, aberto por janelão exteriormente a nível térreo, corpo da nave rasgado por três janelos chanfrados de altura decrescente, e por vão de porta entaipado; escada adossada ao pano acede à sineira assente sobre o muro da fachada principal. INTERIOR: coro alto de balaustrada, com um lanço de escada abre sobre nave única de pavimento lageado e cobertura em tecto de madeira com barrotes. Tem púlpito policromado com acesso por escada em pedra. Os dois altares colaterais de talha dourada de estilo nacional são constituidos por colunas pseudo-salomónicas com entrelaçados de ramos de videira, parras e cachos (*2). O arco triunfal de cantaria com o intradorso lavrado com motivos geométricos em forma de losangos rematados por três tetrafólios sobrepostos em florão assenta sobre imposta saliente, tendo na base uma concha de cada lado repetindo-se no extradorso uma série de florões. Capela-mor com tecto composto por trinta e cinco caixotões decorados por laçarias, rosas, ramagens, anjinhos sobre conchas, tendo os caixotões do fecho a representação da coroa Real da Dinastia de Bragança, o ceptro, o Sol, a Lua e uma estrela (*3). A parede lateral Sul tem três telas retabulares representando Eva colhendo a maçã da àrvore, Eva induzindo Adão ao Pecado Original e o Castigo Divino como consequência do Pecado. A parede lateral oposta apresenta a expulsão de Adão e Eva do Paraiso, a figuração dos filhos do Pecado no Purgatório e Nossa Senhora da Conceição. Ao fundo, o retábulo do altar-mor com estrutura de talha composta por dois andares com cinco pinturas sobre tábuas de carvalho entre colunas corintias de fuste canelado, motivos fitomórficos e cabeças de anjo, com friso profusamente decorado por folhas de acanto e pontas de diamante e frontão circular em que grandes folhas de acanto convergem para o quadro central, sob este, e entre as colunas, o nicho que guarda a imagem de Nossa Senhora da Paz assenta sobre mísula ornada de querubins. Os óleos estão dispostos em duas fiadas, representando os que ladeiam a imagem escultórica do orago a "Visitação" e "Aparecimento de Cristo à Virgem", e sobre estes ao centro a "Imposição da Casula a Santo Ildefonso" ladeado por a "Adoração dos Pastores" com a legenda "INTERRA PAX HOMNIBUS" e "A Virgem com o Menino ao colo" com a legenda "IVSTITIA ET PAX OSCVLATAE SVNT". Na sacristia encontra-se um arcaz encimado por um retábulo "fingido" de sete tábuas verticais que alternam elementos sagrados com naturezas mortas, encimados por representação dos instrumentos da Paixão. Iluminação feita por óculos do frontispício e capela-mor e por pequenas janelas.

Acessos

Lugar da Constantina

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 226/2013, DR, 2.ª série, n.º 72, de 12 abril 2013

Enquadramento

Periurbana, isolada, implanta-se a meia encosta, acompanhando o declive do terreno em harmonia com o seu entorno. Uma ampla escadaria acede ao adro de onde se vislumbra uma magnífica paisagem. Tem nas imediações a antiga casa dos peregrinos (actual escola primária) e coreto.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Coimbra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1622 - a imagem de Nossa Senhora da Paz é transferida da igreja Matriz da Ansião para a ermida de Constantina; 1623, 11 de Agosto - acontece o milagre da Fonte Santa, inicia-se a construção da actual capela; 1623, 17 de Outubro - erecção da Confraria de Nossa Senhora da Paz e elaboração dos respectivos estatutos; 1624, 30 de Outubro - alvará dado e assinado por Filipe III de Portugal em Lisboa, a confirmar e a dar valor legal às clausulas do Compromisso de 1623; 1625, 12 de Agosto - visita do Chantre da Sé de Évora, Manuel Severim de Faria, como peregrino, à Fonte Santa (v. PT021003020015) e à Capela da Constantina; 1692 - edificação da torre sineira; 1697, 25 de Junho - alvará das Feiras Francas a conceder autorização aos oficiais da Confraria para a cobrança do terrádego, dado em Lisboa pelo Rei D. Pedro II; 1746 - colocação de um sino, na torre sineira, com a legenda "SNRA DA PAZ ORA PRO NOBIS"; 1778 - conserto do alpendre; 1786 - roubo na Capela de Nossa Senhora da Paz em que após arrombamento da porta norte vários objectos em ouro foram furtados da imagem; 1788 - obra nos telhados; 1798 - arranjo no telhado da capela; 1804 - grandes obras na capela com dinheiro adiantado pelos mesários; 1807 - conserto das pias de água benta e telhados da capela;1811 - as casas e alpendres da Confraria foram destruidos pelo fogo aquando das Invasões Francesas; 1814 - conserto nos telhados; 1816 - vários consertos na capela; 1825 a 1828 - grandes obras de carpintaria na capela, pelo que não houve missas durante este periodo; 1847 / 1848 - conserto dos telhados; 1856 / 1857 - portas novas para a sacristia e Porta do Sol; 1863 / 1864 - conserto do sino; 1865 - conserto do alpendre; 1870 - despesa com os telhados da capela; 1892, 7 de Julho - as Feiras Francas que por concessão régia se realizavam todos os anos na Constantina, foram transferidas para a Vila de Ansião por deliberação camarária; 1895, 5 de Outubro - aprovação dos novos estatutos da Confraria pelo Governo Civil de Leiria; 1898, 16 de Novembro - aprovação dos estatutos pelo Paço Episcopal de Coimbra; 1926 - policromia dos altares efectuada por um pintor de Figueiró dos Vinhos; 1985 - o retábulo-mor é restaurado com o apoio financeiro do Sr. João Pires dos Santos; 1993, Outubro - inicio do restauro dos altares pelo Departamento de Arte e Arqueologia da Escola Superior de Tecnologia de Tomar; 1994, Junho - o altar de Santo António é recolocado no seu lugar, mas numa posição oblíqua para poder deixar a descoberto o arco cruzeiro; 1996, 03 abril - Despacho de aberturado do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 2011, 20 julho - proposta da DRCCentro de classificação do edifício como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção; 2011, 23 novembro - parecer favorável à classificação pelo Conselho Nacional de Cultura; 2012, 14 novembro - publicação do projeto de decisão relativo à classificação da capela como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 13695/2012, DR, 2.ª série, n.º 220.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura mista.

Materiais

Estrutura em lvenaria e cantaria, madeira, telha, talha, óleo sobre madeira.

Bibliografia

COUTINHO, José Eduardo Reis, Ansião - Perpectiva Global da Arqueologia História e Arte da Vila e do Concelho, Coimbra, 1986; DIAS, Manuel Augusto, Confraria de Nossa Senhora da Paz de Constantina, Ansião, 1996; MALVA, Filomena, O Retábulo-mor da Capela de Nossa Senhora da Paz no lugar da Constantina, Coimbra, 1996; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artistico de Portugal, Vol. V, Lisboa, 1955; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/155603 [consultado em 2 janeiro 2017].

Documentação Gráfica

Carta Militar nº 275

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMAnsião

Intervenção Realizada

Escola Superior de Tomar: 1993 - retauro dos altares laterais, em que se retirou a policromia de 1926 e se douraram; Irmandade: 1994 - recolocação do altar de Santo António.

Observações

*2 - A decoração dos altares submete-se às novas regras da dinâmica barroca na talha retabular representando as colunas com entrelaçados de ramos de videira, parras e cachos a concordância entre o Antigo Testamento - a coluna do Templo de Salomão e o Novo Testamento segundo São João que cita a frase dita por Cristo "Eu Sou a Vida". *3 - A gramática iconográfica do tecto brutescado traduz-se num entrelaçado de elementos de exaltação à pátria (a coroa real, o ceptro e s ameias de castelos) e de cariz religioso (rosas - vocábulo das litanias marianas) a que se juntam motivos vegetalistas regionais (árvores, ramagens) (MALVA, 1996).

Autor e Data

Lurdes Perdigão 2000

Actualização

 
 
 
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