Fonte de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00008847
Portugal, Vila Real, Vila Real, Vila Real
 
Arquitectura infraestrutural, barroca. Fonte urbana de espaldar com alas laterais perpendiculares, em cantaria. Apresentando o espaldar de planta rectangular com corpo definido por pilastras enquadrando brasão e cartelas inscritas, terminado em frontão interrompido por nicho albergando imagem de Nossa Senhora da Conceição, coroado por plinto central e quatro urnas sobre plintos laterais; alas laterais terminadas em voluta, tendo no arranque plintos paralelepipédicos, coroados por bola, prolongando-se paralelamente à rua, onde se rasgam vãos de acesso às minas de água; frontalmente, desenvolve-se tanque de planta trapezoidal com lajes de perfil contracurvado e duas bicas laterais nos plintos.
Número IPA Antigo: PT011714240087
 
Registo visualizado 103 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Hidráulica de elevação, extração e distribuição  Chafariz / Fonte  Chafariz / Fonte  Tipo espaldar

Descrição

Compõe-se por espaldar de planta rectangular e alas laterais perpendiculares, em cantaria aparente. O espaldar, ligeiramente facetado nos ângulos e de corpo convexo, é delimitado por duas pilastras toscanas e é rematado por friso e frontão de lanços interrompido por nicho, em arco de volta perfeita sobre pilastras almofadadas e com chave saliente, albergando imagem escultórica de Nossa Senhora da Conceição, em pedra e com vestígios de pintura policroma, terminado em cornija coroado por pináculo; ladeia o frontão quatro urnas, com decoração diferente duas a duas, sobre plintos parapelepipédicos, escalonados. O espaldar é decorado por amplo brasão, com as armas nacionais, envolvido por elementos volutados, encimado por coroa fechada e tendo, inferiormente, pingente fitomórfico e a data 1738 inscrita. Num plano inferior o brasão é ladeado por duas cartelas ovais, envolvidas por pequenas volutas, encimadas por flor-de-liz com a seguinte inscrição: "Fons hic purus a ad est: Virgo Fons purior extat Fons maris al Coe li Virgo minis trat aquas" e "Labe caret Virgo, vitio caret junda Parentum: Ebibe : nam puras utraque praebet aquas". Na base do espaldar, ao centro, quase ao nível do tanque, surge a parte superior de uma carranca dissimulada por enrolamento de volutas. Aos ângulos facetados do espaldar, adossam-se as alas laterais, perpendiculares, de remate recortado por voluta e terminado em friso; no arranque das alas dispõem-se dois altos plintos quadrangulares, coroados por bolas sobre acrotérios. As alas prolongam-se paralelamente ao espaldar e ao passeio, no alinhamento do muro sustentador da placa ajardinada, possuindo dois outros plintos coroados por bolas; estas alas, terminam em friso e são rasgadas por dois vãos rectangulares de acesso à mina, com portas metálicas pintadas de verde, tendo sob elas plinto com face frontal de almofada em losango, constituindo pousos para as bilhas. Entre o espaldar e os plintos nos arranques das alas, desenvolve-se tanque trapezoidal, formado por lajes de cantaria de perfil contracurvado, e bordo saliente, possuindo duas bicas nos plintos.

Acessos

São Pedro, Avenida Almeida Lucena. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,300315; long.: -7,741598

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado a alto muro de alvenaria de granito que suporta e delimita o Jardim da Carreira (v. PT011714240184), voltando-se para a avenida. Lateralmente desenvolve-se um muro baixo do mesmo tipo que enquadra canteiro ajardinhado. Em frente, o passeio público alarga-se formando um espaço rectangular delimitado por esferas metálicas.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Hidráulica: chafariz

Utilização Actual

Cultural e recreativa: fonte ornamental

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Luiz Manuel Álvares Coelho de Matos (1738 / 1739). PEDREIRO: António Ribeiro (1753); Matias Lourenço de Matos (1738 / 1739); Miguel Francisco (1703).

Cronologia

Séc. 17 - provável construção de uma primeira fonte; 1703 - reconstrução pelo pedreiro Miguel Francisco (ALVES, 1983); 1725, 11 Julho - acta da Câmara revelando a intenção do município de construir um novo chafariz "no sítio que parecesse mais cómodo"; 1737, 10 Agosto - tendo-se "descoberto uma mina de água boa" na Carreira, a Câmara obteve provisão de D. João V para despender a quantia que resultasse da sisa da Quinta do Castro, que João Bellens, arrematou para prosseguir a obra; 20 Setembro - a Câmara decide não construir a fonte "porque esta se há-de proporcionar conforme a quantidade de água que se descobrir"; 1738 / 1739 - construção da fonte a meio da Carreira de São Francisco, a poucos metros da Fonte de São Francisco e pouco tempo depois da mesma ter secado definitivamente; o desenho do chafariz foi elaborado pelo arquitecto Luiz Manuel Álvares Coelho de Matos, de Vila Real, e a construção da parte mais considerável da obra foi arrematada pelo mestre pedreiro Matias Lourenço de Matos; 1760 - segundo descrição do Frei Pedro de Jesus Maria José, a fonte tinha "duas famosas escadas aos lados, que dão subida ao monte do calvário, "tudo fabricado com grande primor e custo"; 1823 - tendo os religiosos aberto uma mina e temendo puder-lhe diminuir o caudal, a Câmara embarga a obra em defesa da parte pública de Nossa Senhora da Conceição, da Carreira desta vila; séc. 19, finais - ainda existiam, ladeando a fonte, duas escadas que ligavam a Carreira de Baixo ao jardim da Carreira, ou Carreira de Cima; 1856 - construção de dois lanços de escadas dando acesso à zona superior, então transformada em jardim público; séc. 20, início - fotografia de António Pinheiro de Azevedo mostra que a fonte possuía grade de ferro à frente do nicho; 1929, 11 Junho - inauguração solene do sistema de abastecimento de águas.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura e decoração em granito; portas dos vãos de acesso à mina em metal pintado de verde.

Bibliografia

ALVES, Joaquim J. B. Ferreira, Matias Lourenço de Matos, mestre pedreiro de Vila Real no século XVIII (aportações documentais para o estudo da sua actividade), Estudos transmontanos, 1, Vila Real, 1983, p. 241, 242; NOGUEIRA, Vítor, Águas Públicas de Vila Real, do século XIII ao século XX, Vila Real, 2001; BORGES, Júlio António, Monografia do Concelho de Vila Real, Vila Real, 2006.

Documentação Gráfica

DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1753 - reparação da fonte pelo pedreiro António Ribeiro (ALVES, 1983); 1820 - reforma e ampliação do chafariz.

Observações

Júlio Teixeira traduziu as inscrições das cartelas da fonte do seguinte modo: "Está aqui uma fonte de água pura; a Virgem, fonte mais pura, está em cima; a fonte dá água do mar, e a Virgem ministra água do céu. A Virgem é imaculada, a água da fonte não está conspurcada: sacia-te, porquanto uma e outra fornecem água pura".

Autor e Data

Ricardo Teixeira 2000 / Paula Noé 2007

Actualização

 
 
 
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