Mosteiro de Vilela / Igreja Paroquial de Vilela / Igreja de Santo Estêvão

IPA.00008793
Portugal, Porto, Paredes, Vilela
 
Arquitetura religiosa, oitocentista. Mosteiro de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho composto por igreja e zona conventual adossada ao lado direito, desenvolvida em torno de pátio quadrangular. A igreja, profundamente remodelada no séc. 19, para adaptação a igreja paroquial, é de planta retangular, composta por nave, capela-mor e anexo no lado direito, tendo coberturas em falsas abóbadas de berço, em caixotões simples, iluminada uniformemente por janelas retilíneas rasgadas nas fachadas laterais. Fachada principal do tipo fachada harmónica, composto por corpo rematado por frontão triangular e com vãos rasgados em eixo composto por portal de verga reta e janelão; é flanqueado por torres sineiras de dois registos, o superior com ventanas de volta perfeita e cobertura em coruchéu piramidal. Interior com coro-alto assente em arco abatido, tendo acessos laterais e, sob este, o batistério no lado do Evangelho; possui confessionários confrontantes e púlpito no lado do Evangelho. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, flanqueado por retábulos colaterais. Capela-mor com supedâneo, sobre o qual surge o retábulo-mor de talha pintada, de influência clássica. Zona conventual com três alas de dois pisos, os inferiores com vãos retilíneos e os superiores com arcos de volta perfeita; na ala anexa à igreja, o corredor dos confessionários, surgindo, na que lhe fica perpendicular, a sacristia. Possui ampla cerca a desenvolver-se na fachada posterior. Igreja monacal, onde funciona a paróquia de Vilela, restando do conjunto edificado a zona conventual, com algumas alterações e adaptação a atividades culturais, a estrutura da igreja, com o antigo coro-alto, com os acessos parcialmente entaipados, o púlpito, os confessionários embutidos nas estruturas murarias e o sanefão com as armas da Ordem. O retábulo colateral da Epístola também é original, neoclássico, sendo o oposto e mor feitos à sua semelhança. As várias mesas de altar em talha dourada, com apainelados barrocos, reaproveitados. É possível que o retábulo-mor mantenha alguns elementos de uma estrutura primitiva, como os capitéis e o remate em espaldar e frontões interrompidos. Possui pia batismal de execução quinhentista. A zona conventual possui interessante corpo saliente numa das alas, que se destaca exterior e interiormente, possuindo escada de aparato no interior.
Número IPA Antigo: PT011310240016
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho

Descrição

Planta retangular composta por igreja e zona regral, adossado ao lado direito. IGREJA de planta retangular composta por nave, capela-mor, anexo adossado à fachada lateral direita, e torres sineiras a flanquear a fachada principal, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, sendo de quatro nos anexos, e em coruchéus piramidais, rebocados e pintados nas torres. Fachadas rebocadas e pintadas, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos em balaústre, assentes em plintos paralelepipédicos, exceto no anexo, com cunhais em cantaria, e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a NO., rematada em frontão triangular com tímpano vazado por óculo circular, tendo cruz latina sobre plinto no vértice; é rasgada por portal de verga reta e moldura simples de cantaria, encimado por fragmentos de frontão invertidos e afrontados, sobre os quais, surge o janelão do coro, de moldura recortada, encimado por nicho com a imagem do orago, rodeado por volutas. Em cada um dos lados, as sineiras, de dois registos, os inferiores cegos, surgindo pequeno postigo na do lado esquerdo, e. no superior, as ventanas de volta perfeita, assentes em impostas salientes, estando o conjunto rematado por cornijas. Fachada lateral esquerda rasgada, no corpo da nave, por porta travessa de verga reta e três janelas retilíneas, com molduras em cantaria recortada, surgindo uma segunda porta e uma janela no corpo da capela-mor. O corpo adossado possui óculo, tendo, na face NO., dois panos, o direito com janela retilínea e óculo e o esquerdo rematado em frontão triangular com cruz no vértice, tendo porta de verga reta; na face SE., porta de verga reta. Fachada lateral direita articulada com a zona regral, sendo a posterior em empena cega com cruz latina no vértice. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com coberturas em falsas abóbadas de berço abatido, divididas em caixotões pintados de branco, assentes em frisos e cornijas de cantaria, tendo pavimentos em madeira, com corredores de circulação em cantaria. As janelas possuem molduras de cantaria, que se prolongam inferiormente, formando falsos brincos. Coro-alto assente em arco abatido, sustentado por mísulas ornadas por pingentes, tendo guarda de madeira torneada e acesso por portas de verga reta, confrontantes, parcialmente entaipadas; possui um órgão elétrico. O portal axial, protegido por guarda-vento de madeira e vidro, encontra-se ladeado por pias de água benta em cantaria, de perfis galbados, No sub-coro e confrontantes, dois vãos de volta perfeita, assentes em impostas salientes, ambos protegidos por duas folhas de vidro; no do Evangelho, pia batismal com o pé facetado e de perfil recortado, encimado por colunas e taça hemisférica estriadas. Confrontantes, quatro vãos retilíneos e de molduras recortadas, surgindo mais dois no lado da Epístola, transformados em nichos e constituindo os primitivos confessionários. No lado do Evangelho, a porta travessa, de verga reta e moldura recortada, ladeada por pia de água benta, ao lado da qual surge o púlpito, com bacia em cantaria, de perfil recortado, assente em mísula bolbosa, com guarda de madeira torneada, pintada de branco e dourado, e com acesso por porta de verga reta e moldura recortada; sucede-se porta retilínea, de acesso ao anexo. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, rematado por sanefão de talha pintada de branco, azul e dourado, com cartela central ostentando as armas dos Agostinhos; está ladeado por capelas retabulares colaterais, dedicadas ao Crucificado (Evangelho) e Nossa Senhora do Rosário (Epístola). Capela-mor ampla, com pavimento em cantaria, tendo, confrontantes, portas de verga reta, a do Evangelho direta à rua e a oposta à zona regral. Sobre supedâneo de cantaria, com degraus centrais, o retábulo-mor, de talha pintada de branco e dourado, de planta convexa e três eixos definidos por colunas grupadas centrais, coríntias e o terço inferior liso, assentes em plintos paralelepipédicos, de faces almofadadas. Ao centro, tribuna de perfil curvo, com moldura dourada, encimada por acantos e interrompida em volutas por querubim, contendo trono expositivo de cinco degraus, encimado por baldaquino, de cobertura bolbosa. Os eixos laterais são definidos por mísulas concheadas, contornadas por filete dourado, formando apainelado, rematado por concha; sob estes, portas retilíneas de acesso à tribuna, rematadas por cornijas contracurvas, de perfil borromínico. A estrutura remata em frontão semicircular, encimado por espaldar curvo, pilastras e frontão de lanços, contendo glória de querubins. Banco apainelado, encimado por sacrário encimado por colunas coríntias, tendo a porta ornada por Agnus Dei, envolvido por rocalhas, enrolamentos e querubins. Fronteira, a mesa de altar em talha dourada, apainelado e ornado por cartelas, "ferronerie", acantos e concheados, seccionado por sebastos e sanefa. No lado do Evangelho, ambão de talha pintada e dourada, estando, no lado oposto, plinto com a imagem de Nossa Senhora de Fátima. No lado da Epístola, pequena sacristia com pavimento em soalho e lavabo em cantaria, com espaldar retilíneo, encimado por remate galbado, onde se integra o reservatório, tendo taça retilínea, assente em mísula e de bordo boleado; tem corredor, o antigo corredor dos confessionários, com teto plano e pavimento em ladrilho cerâmico, tendo armários de madeira. No lado direito a ZONA CONVENTUAL, de dois pisos e desenvolvido em torno de pátio retangular, conformado por três alas com coberturas a duas águas, a do lado SO., seccionada por amplo corpo saliente com cobertura a duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais em cantaria e remates em frisos e cornijas. Fachada principal virada a NO., com dois panos, o do lado esquerdo simétrico, com amplo portão central, em arco abatido e moldura recortada, encimado por friso e frontão interrompido por cartela ornada por folhas e concheados, sobrepujada por cornija em cortina; sobre este, óculo hexagonal, com moldura lobulada; na verga, o n.º de polícia "441". Está ladeado por duas portas de verga reta e bandeira e por duas janelas jacentes, sobre pequenos óculos com molduras em losango; no piso superior, quatro janelas em arco abatido e molduras simples, protegidas por caixilharias em guilhotina. O pano do lado direito possui porta, janela jacente e janela em arco abatido, semelhante às anteriores. Fachada lateral direita com três panos, o central saliente e rematado em empena, com vãos retilíneos no piso inferior e em arcos abatidos no superior, surgindo, no topo, óculo circular. Os panos laterais são semelhante com cinco vãos retilíneos em cada piso, os superiores correspondendo a janelas de peitoril. O pátio possui alas de dois pisos com vãos retilíneos, destacando-se o corpo saliente a SO, com escadas convergentes, de acesso a varanda com cinco arcos de volta perfeita, os laterais protegidos por guardas balaustradas; sobre o central, óculo circular.

Acessos

Avenida do Mosteiro, n.º 441

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 422/2013, DR, 2.ª série, n.º 122 de 27 junho 2013 *1

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, implantado em plano ligeiramente inclinado, abrindo para largo fronteiro, pavimentado a cubos de granito, envolvido por via pública alcatroada. No lado esquerdo, pequeno canteiro relvado, contendo monumento comemorativo ao Padre João Mateus, composto por plinto paralelepipédico, de arestas recortadas e busto em bronze; no plinto, a inscrição: "PADRE JOÃO MATEUS / ABADE DE VILELA / 1891-1955 / VIGÁRIO DA VARA 1909-1955". Está rodeado por casas de habitação, terrenos de cultivo e parte da antiga cerca, onde se vislumbram várias estruturas de apoio. A N., situa-se o Cemitério.

Descrição Complementar

No exterior, lápide com a inscrição: "AS OBRAS DE RESTAURO / DESTA IGREJA / DE SANTO ESTÊVÃO / DE VILELA / FORAM INAUGURADAS / PELO SENHOR BISPO / D. MANUEL MARTINS / EM 26 DE DEZEMBRO / DE 1999". Os retábulos colaterais são semelhantes, de talha pintada de branco e dourado, de planta reta e um eixo definido por duas colunas coríntias, o do Evangelho com os terços inferiores lisos, assentes em plintos paralelepipédicos, ornados por folhagem, encimados por urnas. Ao centro, nicho de perfil curvo, com o fundo pintado de branco, contendo duas mísulas no interior, sendo ladeada por duas outras mísulas. A estrutura remata em falso espaldar vazado, ornado por enrolamentos e acantos, contendo atributos alusivos à Paixão de Cristo. Altares paralelepipédicos com frontais de talha, tripartidos e ornados por acantos e concheados, o da Epístola, encimado por sacrário embutido na estrutura, ladeado por apainelados de acantos.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Cultural e recreativa: edifício multiusos

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto) / Pública: municipal (zona conventual)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

980 - existência de um Mosteiro dúplice, fundado por Formarigo Espanssandis e a sua mulher, D. Vivili; 1069 - habitam o mosteiro Cónegos Regrantes de Santo Agostinho; 1118 - é prior do Mosteiro D. Afonso Pais; 1120 - 1128 - é coutado por D. Teresa; 1175 - passa a ser habitado por Cónegos Regulares de Santo Agostinho; 1500 - 1550 - entra em regime de comenda; 1582 - o Mosteiro é abrangido pelo "Contrato dos mosteiros novos", assinado entre o rei e o prior geral da Congregação de Santa Cruz, pelo qual o rei os ldoava à Congregação recebendo, em troca, uma pensão; 1587, 20 abril - primeiro registo de casamento na paróquia; 03 outubro - primeiro registo de óbito na paróquia; 1589, 06 agosto - primeiro registo de batismo na paróquia; 1590 - falecimento de António Brandão, ultimo abade comendatário do Mosteiro; início da reforma monacal; 1594, 19 maio - por Bula de Clemente VIII, passa a estar unido à Congregação de Santa Cruz de Coimbra; 1595, 24 janeiro - D. Jerónimo, bispo do Porto, toma posse do Mosteiro; 1612, 17 maio - fica anexo ao Mosteiro da Serra do Pilar, passando alguns religiosos para o Porto; 1758, 18 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Manuel da Silva, é referido que a paróquia é dedicada a Santo Estêvão e tem o altar-mor, com o Santíssimo e respetiva irmandade e as imagens de Santo Estêvão e Santo Agostinho, que centram um braço-relicário com relíquia do padroeiro; no colateral do Evangelho, Jesus Crucificado com a Confraria das Almas e as imagens de São Sebastião e São Silvestre; no lado oposto, Nossa Senhora do Rosário, com Irmandade e as imagens de São José, Santa Ana, e as mais pequenas de São Gonçalo e Santo António; o pároco é cura apresentado pelo prior do Mosteiro da Serra do Pilar e a paróquia rende 450$000, de que se paga ao padre 30$000 e o pé-de-altar; 1783 - reconstrução do edifício; 1834 - extinção das ordens religiosos, saindo do edifício os cinco religiosos que o habitavam; 1876 - restauro interior da igreja; séc. 20 - reforma do edifício, com colocação de azulejo na fachada exterior e feitura de novas estruturas retabulares; 1996 - a fachada principal da igreja está revestida a azulejo de padrão; 1997, 14 abril - Despacho de abertura do processo de instrução relativo à eventual classificação; 1999 - obras de restauro do edifício; 26 dezembro - inauguração da igreja após as obras, pelo bispo D. Manuel Martins; 2006, 15 outubro - escritura de aquisição do mosteiro pela Câmara Municipal de Paredes *2; 1997, 11 de março - proposta da CM de Paredes para a classificação do Mosteiro de Vilela; 4 de abril - proposta da DRPorto para abertura do processo de classificação do Conjunto constituído pela Igreja e Mosteiro de Vilela, cruzeiro fronteiro à igreja e parte da Quinta do Mosteiro; 14 de abril - despacho de abertura do Vice-Presidente do IPPAR; 2006, 7 de fevereiro - proposta da DRPorto para a classificação como IIP e definição da respectiva ZEP; 4 de outubro - parecer favorável do Conselho Consultivo do IPPAR; 2012, 27 de abril - proposta da DRCNorte para a classificação como MIP, com a designação de Antigo Mosteiro de Santo Estêvão de Vilela; 18 de junho - parecer favorável da SPAA do Conselho Nacional de Cultura; 27 setembro - publicação do projeto de decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção em Anúncio n.º 13481/2012, DR, 2.ª série, n.º 188; 2023, 25 junho - cerimónia de lançamento da obra de requalificação do mosteiro, investimento de mais de três milhões de euros, para instalação do futuro Museu do Mobiliário de Paredes.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada, frisos, cornijas, cruzes, modinaturas, mísulas em cantaria de granito; pavimento em granito, com zonas de madeira na nave, sendo em ladrilho cerâmico nos anexos; coberturas de madeira, revestidas exteriormente em telha cerâmica; supedâneo em cantaria de granito; pia batismal, base do púlpito em cantaria de granito; coro-alto de madeira; retábulos e sanefão de talha pintada; guarda-vento de madeira e vidro; portas de vidro.

Bibliografia

Câmara de Paredes adquiriu Mosteiro de Vilela in O Primeiro de Janeiro, 13 Outubro 2006; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; PINTO, Dr. Ricardo, Paredes - Jóia do Sousa..., Paços Ferreira, 1996.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGARQ/TT: Ministério das Finanças - Conventos extintos (cx. 2265, n.º 442) (não consultado), DGARQ/ADPorto: Paróquia de Vilela; ADBraga

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1999 - arranjo das pinturas e rebocos exteriores e interiores; limpeza das cantarias; colocação de novos pavimentos; revisão das coberturas; reforma das estruturas retabulares; entaipamento parcial das portas do coro-alto; pintura do guarda-vento; colocação de folhas de vidro nos vãos do sub-coro; remoção dos azulejos da fachada principal; CMPAREDES: séc. 21 - arranjo da zona envolvente e restauro do edifício conventual.

Observações

*1 - classificação conjunta com o cruzeiro fronteiro. *2 - a CMParedes pretende instalar no mosteiro um Museu das Artes do Móvel.

Autor e Data

Patrícia Costa 2002 / Paula Figueiredo 2012 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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