Casa da Taipa

IPA.00008774
Portugal, Braga, Cabeceiras de Basto, Cabeceiras de Basto
 
Casa de quinta quatrocentista e setecentista, constituída por casa principal, casa de caseiros, e alpendres, todos dispostos em torno de terreiro, e um longo espigueiro, com corpo de madeira e pés graníticos. Casa principal de planta em L, com quase todas as fachadas em alvenaria de granito, com vãos simples de verga recta, possuindo um arco quebrado entaipado, provavelmente ainda de influência gótica. Seria originalmente uma Casa-torre, cujo volume da mesma poderá corresponder ao topo E. da casa, pois, que para além de ser demarcado interiormente, existe a encimar uma janela que corresponderia inicialmente a uma porta, no segundo registo, a pedra de armas dos Pereira. O topo S. da Casa terá tido uma remodelação já no séc. 17 ou 18, pois são visíveis as pilastras emolduradas de influência maneirista, que procurariam enobrecer as fachadas simples da casa. Interiormente o primeiro piso corresponde a lojas e cortes e o segunda à zona residencial, com coberturas em madeira e telha vã. A casa ainda preserva a simplicidade original quatrocentista, que as obras do séc. 17 e 18 não conseguiram retirar. São de destacar alguns elementos originais ainda de carácter medieval como é o caso do arco quebrado, da porta com lintel interrompido e a pedra de armas da família dos Pereira. O acesso principal da casa é feito num dos topos do braço do L, tratado já como uma fachada principal, ao contrário das restantes. O espigueiro apresenta planta bastante alongada, raro na região, o que se poderá explicar devido à grande produção de milho que existiria na quinta.
Número IPA Antigo: PT010304060031
 
Registo visualizado 932 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Quinta    

Descrição

Quinta constituída por casa principal, casa de caseiros, e alpendres, todos dispostos em torno de terreiro e mais afastado da casa principal um espigueiro. CASA PRINCIPAL de planta em L, com volumes articulados de dominante horizontal, e cobertura única em telhado de quatro águas, com chaminé junto à fachada O.. Fachadas de dois registos em alvenaria de granito, excepto o topo S. e parte da fachada E., que apresenta vestígios de reboco pintado de branco. Remates em duplo beiral. Acesso principal feito no topo S., definido por cunhais apilastrados toscanos emoldurados, rasgado, no segundo registo, por porta de verga recta emoldurada, com acesso por escadaria de pedra, disposta lateralmente, de lanço recto, com guardas plenas de pedra. Fachadas voltadas terreiro, rasgadas por vãos de verga recta, no primeiro correspondendo a portas e no segundo a janelas. Pano voltado a E., possuindo no extremo esquerdo, porta com lintel interrompido, e no extremo oposto, porta ladeada por pequena janela, inscritas em grande arco quebrado entaipado. No ângulo dos dois corpos, encontra-se pequeno curral definido por murete de granito. Pano voltado a S. possuindo no extremo direito, no segundo registo, janela inscrita em vão entaipado, que corresponderia a uma porta. É encimada pelas armas dos Pereira. Fachada O. rasgada, no primeiro registo, por gateiras e janelas, rectangulares e, no segundo, por cinco janelas, também rectangulares, protegidas por grades de ferro. A fachada N., onde é visível a ligação dos dois corpos e as remodelações operadas, detectadas na irregularidade do seu aparelho de cantaria, apresenta no segundo registo fenestração irregular em vãos rectangulares. No prolongamento da fachada desenvolve-se alpendre que integra a portal de acesso à propriedade. INTERIOR: Primeiro piso organizado em lojas e cortes, com paredes em alvenaria de granito e xisto e tecto correspondendo ao travejamento e soalho do piso superior. Piso superior com paredes em alvenaria de granito, taipa pintada de branco e madeira, organizado com salões, quartos e cozinha, com escada interior de pedra de comunicação entre pisos, forno e lareira de pedra. Coberturas em madeira e telha vã e pavimento em soalho. CASA DE CASEIROS de planta rectangular, de massa simples de dominante horizontal. Cobertura em telhado de quatro águas. Fachadas em alvenaria de granito, rematadas por beiral. Fachada principal a O., voltada ao terreiro, de dois registos, rasgadapor vãos de verga recta, no primeiro, com portas, e no segundo, com porta com acesso por escada de lanço recto e pequenas janelas. ESPIGUEIRO estreito, bastante alongado, e alto, assente em pés sobre socos de diferentes tamanhos, devido ao declive do terreno, com mesas rectangulares, corpo de madeira pintado de vermelho, com ripado e cobertura em telhado de duas águas.

Acessos

Quinta da Taipa

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, em encosta voltada à ribeira de Painzela, no interior de propriedade agrícola com acesso através de carreiro murado, rodeada por campos de cultivo e integrando edifícios ligados à exploração agrícola. Para S., com ligação por alameda murada, ergue-se a capela da quinta, de invocação de Nossa Senhora da Conceição (v. PT010304060019).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 15 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1250 - Referência à Quinta da Taipa nas Inquirições de D. Afonso II; 1258 - nova referência à Quinta da Taipa nas Inquirições de D. Afonso III; séc. 15 - obras de remodelação da casa, que integraram o arco quebrado de uma das fachadas viradas ao terreiro; 1500 - nascimento de D. António Pereira Marramaque *1, neto de D. João Rodrigues Pereira, Senhor de Cabeceiras de Basto; 1525 - D. António Pereira Marramaque, Senhor da Casa da Taipa, põe ao dispôr de D. João III homens de armas e cavalos para o respectivo equipamento de guerra; 1527 - referência às casas da Taipa pertencentes ao senhor de Basto, "fortes com muro e torre"; séc. 16, meados - D. António Pereira Marramaque acolhe na sua residência o poeta Sá de Miranda; 1540 - nascimento de D. João Rodrigues Pereira, filho varão do Senhor da Casa da Taipa; 1541 - na sequência de demanda judicial, D. António Pereira Marramaque, manda colocar um padrão de propriedade na sua levada em Sendim (v. PT01030406017); 1554 - construção da capela da quinta, com invocação de Nossa Senhora da Conceição, por ordem de D. António Pereira Marramaque; 1566 - morre na Casa da Taipa, D. António Pereira Marramaque; 1583 - morre D. João Rodrigues Pereira, sem herdeiros, ficando vagas para a Coroa as suas propriedades que irão ter às mãos de Cristóvão de Moura, protegido do rei D. Filipe I; séc. 17 / 18 - obras de remodelação da casa *2; 1726 - numa descrição da freguesia de "São Nicolau de Basto" refere-se a Quinta da Taipa como "a mais nobre que tem esta freguesia, e o concelho, pois nas ruínas das suas casas e torre, bem mostra a sua antiguidade e nas muitas águas, fontes e terras, a sua grandeza" (CRAESBEECK 1992, p. 394).

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura dos edifícios, pés e socos do espigueiro pilastras, escadarias, pedra de armas e forno, em granito; pavimentos do primeiro piso térreos; portas, janelas, tectos, pavimentos do segundo piso e corpo do espigueiro em madeira; grades das janelas em ferro; cobertura exterior da casa principal, alpendres e casa do caseiro em telha de canudo; cobertura do espigueiro em telha marselha.

Bibliografia

MIGUEL, António Dias, António Pereira Marramaque, Senhor de Basto, in Arquivos do Centro Cultural Português, vol. 15, Paris, 1980, pp. 135 - 221; CRAESBEECK, Francisco Xavier da Serra, Memórias Ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho no ano de 1726, vol. 1, Ponte de Lima, 1992, pp. 394 - 395; Vv.Aa., Cabeceiras das Terras de Basto..., Paços de Ferreira, 1998, pp. 74 - 75; STOOP, Anne de, Palácios e Casas Senhoriais do Minho, Porto, 2000; Casa da Taipa é considerada a mais antiga da região, in Diário do Minho, 28 Dezembro 2006.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: séc. 17 / 18 - São feitas diversas obras de remodelação na casa, nomeadamente a colocação de pilastras molduradas no pano do topo S..

Observações

*1 - A família de D. António Pereira Marramaque provem da mesma linhagem de D. Nuno Álvares Pereira (1360 - 1431), o 2º Condestável, primo direito de D. Rui Vasques Pereira (1310), Senhor de Paiva e Baltar, tetravô do referido António Pereira Marramaque; *2 - a tentativa de "enobrecer" a casa com as obras, provavelmente terá ficado aquém do previsto, pois as obras parecem não ter sido acabadas.

Autor e Data

António Dinis 2001

Actualização

 
 
 
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