Capela de Nossa Senhora da Conceição / Santuário de Santa Maria de Vagos

IPA.00008674
Portugal, Aveiro, Vagos, União das freguesias de Vagos e Santo António
 
Capela de construção ancestral, tendo sido alvo de sucessivas remodelações, a última datada do séc. 19, composto pelo templo, casa dos romeiros, casa das confissões, velário e fonte, rodeado por ampla zona arborizada. O templo é de planta retangular composta por nave, antecedida por pequeno nártex, capela-mor e sacristia adossada ao lado direito, com coberturas interiores diferenciadas em falsas abóbadas de berço e iluminada uniformemente na capela-mor por janelas retilíneas rasgadas nas fachadas laterais. Fachada principal rematada em empena com nártex aberto por vãos curvos frontal e laterais, possuindo portal axial de verga reta, ladeado por postigos, o que subsiste da reconstrução setecentista, surgindo, junto a estes, as armas de um antigo ermitão, Estêvão Coelho. Fachada lateral esquerda com porta travessa de verga reta. A torre sineira será seiscentista, ampliada no séc. 20, com a colocação de um painel de azulejo financiado por um benemérito. Interior com coro-alto, púlpito no lado da Epístola com acesso pelo corpo anexo. Retábulo-mor de talha pintada, tardo-barroco, Mantém as colunas do antigo retábulo-mor, executado na segunda metade de Setecentos, mas ampliado na segunda metade do séc. 19 e restaurado no final do séc. 20.
Número IPA Antigo: PT020118080009
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Santuário composto por igreja, antiga Casa dos Romeiros, a N., surgindo, a E., uma construção, denominada Casa das Confissões ou Supedâneo, um fontanário, o velário, sanitários, casas da cera e arrumos. IGREJA de planta poligonal composta por nave, capela-mor, torre sineira e anexo adossados ao lado direito, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de uma (sacristia), duas (templo) e quatro águas na sineira. Fachadas em alvenaria, rebocada e pintada de branco, percorrida por socos salientes, pintados de bege, flanqueadas por cunhais pintados de bege e rematadas em frisos de betão; são rasgadas por vãos com modinaturas salientes, assentes em impostas e com fecho saliente. Fachada principal virada a SO., rematada em empena com cruz latina no vértice, rasgada por vão de volta perfeita, de acesso a um nártex com ligação lateral e frontal, encimado por janelão com o mesmo perfil. Portal principal em arco de volta perfeita, ladeado por postigos, o do lado direito encimado por escudo com leão rompante. No lado direito, o corpo da torre sineira com vãos de volta perfeita na zona inferior e quatro sineiras no topo; na face frontal, dois pequenos vãos de iluminação das escadas e mostrador do relógio. A estrutura remata em registo revestido a placas cerâmicas, rasgado, em cada face, por óculos circulares com molduras salientes. Fachada lateral esquerda com porta travessa em arco de volta perfeita e janela retilínea no corpo da capela-mor. Fachada lateral direita marcada pelo corpo anexo *2, rasgado por porta e duas janelas de peitoril, retilíneas, surgindo uma janela no corpo da capela-mor. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo de padrão policromo, possuindo inscritas seis cruzes de sagração, duas a ladear o arco triunfal; encontram-se inscritas em círculos simples, com terminações florais e uma delas inscreve-se num quadrado com as hastes direitas e rematadas em botões fechados. Tem coberturas em falsas abóbadas de berço, rebocadas e pintadas de branco, assentes em cornijas pintadas de amarelo, a da nave reforçada por tirantes metálicos, e pavimentos em lajeado axadrezado, preto e branco, surgindo, junto ao portal axial, três sepulturas. Coro-alto com guarda de madeira, em falsos balaústres. A ladear a porta travessa, pia de água benta, em cantaria calcária, embutida no muro, de perfil bojudo e bordo saliente. No lado da Epístola, púlpito quadrangular com bacia em cantaria e guarda de madeira balaustrada, acedido por porta de verga reta, a partir do corpo anexo. Arco triunfal de volta perfeita, ladeado por mísulas com imaginária. Capela-mor com mesa de altar e ambão em cantaria de calcário, assentes em pilares, os da mesa estriados e o do ambão com as iniciais "AM", Sobre supedâneo, retábulo-mor de talha pintada de marmoreados fingidos rosa, bege, azul e verde, e dourado, de planta reta e três eixos definidos por quatro colunas de fustes lisos, com o terço inferior marcado por folhagem e anel superior com festões, assentes em plintos paralelepipédicos ornados por folhagem, as exteriores sobre duas ordens. Ao centro, nicho de perfil contracurvo com moldura saliente e fundo pintado de azul e pontuado por flores, contendo peanha. Os eixos laterais possuem painéis retilíneos, pintados a fingir brocados, contendo mísulas bolbosas, encimadas por acantos, criando falsos baldaquinos. A estrutura remata em frisos, cornijas, fragmentos de frontão, os centrais invertidos, e enorme espaldar de volta perfeita com apainelados de folhagem, ladeado por apainelados separados por frisos e contendo palmas. Ao centro, resplendor e motivos fitomórficos. No lado da Epístola, porta de acesso à sacristia. A N., surge a antiga CASA DOS ROMEIROS, de planta retangular simples e cobertura homogénea em telhado de duas águas, com fachadas rebocadas e pintadas de branco, a principal virada a SE., rasgada por uma sucessão de portas de verga reta e janelas de peitoril; tem as instalações sanitárias, casa dos arrumos e casa da cera, com uma sucessão de portais com janelas jacentes. A CASA DAS CONFISSÕES ou CASA DO SUPEDÂNEO está situado a SE., de planta em T, com cobertura em terraço. As fachadas estão rebocadas e pintadas de branco com molduras e remates pintados de bege. Fachada principal virada a SO., rematada em empena reta, que enquadra um vão parabólico que remata em cruz latina sobre estrutura escadeada; o vão encontra-se protegido com caixilharias de alumínio e vidro. INTERIOR com a parede fundeira revestida a azulejo de traços dourados, representando a imagem do orago. A NE., um fontanário em cruz ascendente, revestido a calcário e azulejo, com dois tanques, um deles para lava-pés e um Velário, em pedra calcária. CRUZEIRO composto por plataforma de dois degraus, onde assenta plinto e uma cruz latina simples, esta de feitura recente.

Acessos

Rua de Cantanhede; Estrada da Senhora

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, implantado em zona plana e desafogado, a NO. de Vagos, rodeado pelos campos férteis da Gafanha da Boa-Hora e da Gafanha do Carmo *1 e tendo, a E., um braço da Ria de Aveiro, o Rio Boco. Possui amplo terreiro verdejante, pontuado por 9 choupos, 11 plátanos, 20 cedros do Buçaco, 216 acácias, austrálias, áceres, pitosporos, tílias, cerejeiras de jardim, choupos, pinheiros mansos, sequóia, mimosas e palmeiras. Tem acesso por ampla alameda com dois ciprestes no topo, onde se implanta um Cruzeiro. A S., surge amplo parque de estacionamento.

Descrição Complementar

Na fachada principal, subsiste um escudo dos Coelho: "De vermelho, com um leão de ouro, armado e lampassado de azul, ladeado de duas colunas de ouro assentes num contrachefe cortado de verde e faixado nodado de prata e de azul; cada colunas rematada por um escudete de azul carregado de cinco besantes de prata postos em sautor. Timbre: o leão do escudo, sainte." (Armorial Lusitano, p. 168). Junto a este, uma lápide com a inscrição: "D. SANCHO I DOOU Á ERMIDA DE NOSSA SENHORA DE VAGOS / AO MOSTEIRO DE GRIJÓ EM 18 DE AGOSTO DE 1200. / D. AFONSO II, D. SANCHO II E D. MANUEL I / CONTEMPLARAM ESTA ERMIDA COM DIVERSAS DOAÇÕES". No lado oposto, uma lápide com a inscrição: "A EDIFICAÇÃO DO PRIMITIVO SANTUÁRIO, SEGUNDO CONSTA, / REMONTA AO SÉCULO XV / AS OBRAS DE RESTAURAÇÃO PROMOVIDAS POR UMA COMISSÃO / CONSTITUIDA PELO PADRE CARVALHO E SILVA, / ARMINDO FERNANDES, JOÃO CARLOS RIBEIRO, DANIEL REDONDO, / ARMANDO MARTINS REI, ARMANDO DIONÍSIO EDUARDO / FERNANDES E BASILIO DE OLIVEIRA. FORAM INAUGURADAS / POR D. MANUEL DE ALMEIDA TRINDADE BISPO DE AVEIRO / EM 4 DE MAIO DE 1980". À entrada do templo, três lápides funerárias, a do lado esquerdo, com a inscrição: "AQVI JAS O / CAP(IT)AM JOÃO RO / DRIGVES DA GRA / ÇA JRMITÃO Q(VE) / TÃOBEM FOI / DESTA CAP(ELL)A F(ILH)O / DO DEF(VN)TO VEZI / NHO GA(BRIE)L RO(DRIGUE)S / DA GR(A)CA JRMÃO / DO DEF(VN)TO DALEM / PEDE P(E)LO D(IVIN)O AMOR / HVM P(ADR)E N(OSSO) E HVMA / AVE M(ARI)A / 1757"; ao centro, lápide com a inscrição: "AQUI IAZ G(A)BR(I)EL / RO(DRIGUE)Z DA GRAÇA.N(ATUR)AL / D OVAR. ASSIST / ENTE. EM S. ROM / AO. FR(E)G(UESI)A DE VAGOS / EREMITAM DE N(OSSA) / S(ENHORA) DA CONCEICAO / PEDE PELO A / MOR DE D(EUS) LHE R / EZEM.HU(M).P(ADR)E NO / SSO E HVA AVE M(ARIA) / FALECEO O P(RIMEI)RO DE MAYO D(E). 1713 / ANNOS"; a do lado direito, refere: AQUI JAZ JOZE / PH RO(DRIGUES) DA GR(A)CA / CAP(IT)AM Q(UE) FOI NES / TA V(ILL)A DE VAGOS / 2º JRM(I)T(A)O DE N(OSSA) S(ENHORA) / F(ILH)O DO D(E)F(UNT)O VEZ(INH)O G(ABRI)EL / RO(DRIGUE)S DA GR(A)CA. FALE / CEO AOS 30 DE / JAN(EI)RO DE 1733 / P(EDE) P(E)LO AMO(R) / DE D(EU)S (P.N. E A.M.)".

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Aveiro)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Pedro Castro (1998). ESCULTOR: Raposo de França (1941). PINTOR DE AZULEJO: António Rocha (1996); Fábrica Aleluia (1960). PINTOR - DOURADOR: Casa João Costa (1996).

Cronologia

1185-1211 - fundação do santuário por D. Sancho I; construção de uma pequena torre, alegadamente para defesa dos romeiros; 1190, abril - D. Fernando Joanes e a mulher, Maria Mendes, doam à igreja o couto, montes, fontes, prados e caminhos, em troca de missas por sufrágio; referência à imagem da Virgem; 1200, 18 agosto - D. Sancho I doa o templo ao Mosteiro de São Salvador de Grijó, juntamente com as marinhas, os quais ficam com a obrigação de nomear presbítero, o qual tinha o título "Administrador Perpétuo da Comenda de Santa Maria de Vagos"; 1221 - D. Afonso II deixa 100 morabitinos em testamento; 1240, 26 janeiro - demanda entre o bispo de Coimbra, D. Tibúrcio, e o prior de Grijó sobre a titularidade do templo, ficando decidido que a propriedade é do mosteiro, podendo o bispo visitá-lo e receber o dízimo das salinas; 1248 - D. Sancho II doa, por testamento, 200 morabitinos ao templo; séc. 14 - provável execução de uma nova imagem do orago; 1365 - a ermida paga anualmente ao Mosteiro 100 cestos de alhos e 15 libras, ao prior parte da colheita e, à sacristia de Grijó, 20 libras de cera (CARVALHAIS, p. 105); séc. 16 - construção da nova capela, mais próxima da vila; 1505, 22 fevereiro - D. Manuel I autoriza Gonçalo Gil, prior de Santa Maria de Vagos, a doar ao templo umas marinhas; 1515 - morre Estêvão Coelho *3, cavaleiro da Ordem de Cristo e enterrado na capela original, e cuja lápide foi trasladada para o novo templo; 1537, 18 janeiro - referência à Ermida com o título de Nossa Senhora da Conceição de Vagos *4; D. João III autoriza os juízes de Cantanhede a fazer um bodo, como se fazia no início da fundação; séc. 16, meados - devido ao avanço das areias, é construída uma nova capela em território mais no interior; 1574 - a igreja pertence ao padroado real e integra a Diocese de Coimbra; 1700 - acodem ao templo, em procissão, as populações de Vila de Sousa, Mamarrosa, Covão do Lobo, Mira, Covões, Oliveira do Bairro, Troviscal, São Lourenço do Bairro, Vilarinho do Bairro, Oiã, Sangalhos, Avelãs de cima e Danços; séc. 18, início - construção do templo atual, deslocado do local original, mas utilizando grande parte dos seus materiais e elementos decorativos; 1712 - segundo Frei Agostinho de Santa Maria, a imagem está num altar de talha à moderna, sendo de pedra, com 5,5 palmos de altura e tendo o Menino nos braços; a capela é ampla, composta por nave com 50x24 palmos e cabeceria com 18x15 palmos; o templo é visitado pelo Bispo de Coimbra anualmente; à festa ocorrem as freguesia de Sousa, Mamarosa, Covão do Lobo, Mira, Covais, Oliveira do Bairro, Troviscal, São Lourenço do Bairro, Vilarinho do Bairro, Oiã, Sangalhos, Avelãs de Cima e Danços; 1713 - data na sepultura de Gabriel Rodrigues da Graça; séc. 18, meados - os habitantes de Cantanhede fazem uma romagem anual na 2.ª feira de Pentecostes, agradecendo o auxílio numa época de forte seca; as câmaras oferecem um bodo aos peregrinos, pago pelos Condes de Cantanhede, que consta de meio quilo de carne de vaca cozida, pão e meio quartilho de vinho; este costume está na origem da denominação da Capela como de Nossa Senhora do Bodo; construção da Casa dos Romeiros; 1733, 30 janeiro - falecimento do ermitão José Rodrigues da Graça, sepultado no local; séc. 18, 2.ª metade - feitura do retábulo-mor; 1757 - data na sepultura de João Rodrigues da Graça; 1758, 06 maio - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Frei José de Santa Clara, é referida a Ermida como sendo dedicada a Nossa Senhora da Conceição, pertencente aos cónegos de Grijó, possuindo rendas próprias; na primeira oitava do Espírito Santo vem a população de Cantanhede à Capela, com a obrigação de dar a todos os locais um arratel de carne de vaca cozida, um pão e meio quartilho de vinho; a despesa é paga pelos mordomos designados para a festa ou pelo concelho; 1758, 29 maio - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco de Cantanhede, Manuel de Jesus Maldonado, é referido um privilégio antigo de que não há memória e que vem a ser que na primeira oitava do Divino Espírito Santo de cada ano vai a Câmara desta vila e dos lugares de toda a freguesia e o da Porcariça com cruz levantada e o pároco desta vila a Nossa Senhora de Vagos e entram pela vila de Mira por onde vão para Vagos e pelas ditas vilas com a Justiça e Câmara desta vila com suas varas levantadas e o pároco com estola com jurisdição para prenderem, havendo causa, nas ditas vilas dizendo nelas missa da terça ao povo e lendo papéis sem que os impeçam, o que tudo se diz privilégio concedido pelos senhores reis antigos a esta vila e nesta posse se conserva até ao presente e aos que faltam à dita procissão condena a Câmara; e vão quatro bodos da vila e um outro da Porcariça mais que são cinco e os outros dos lugares das freguesias e para os dar elegem as pessoas em Câmara desta vila, o que dizem em agradecimento daquele benefício que a Senhora de Vagos fez a este povo de Cantanhede de alcançar água no tempo em que não chovera sete anos; 1770, 29 setembro - o Mosteiro tem a obrigação de rezar 156 missas pela capela instituída por Gonçalo da Costa, para o que deixou os casais de Belazaima a Velha e Belazaima a Nova, e uma quinta em Macinhata do Vouga; tem a obrigação de rezar 13 missas por Estêvão Coelho, que deixou uma herdade de Crastovães e um casal na Borralha (CARVALHAIS, p. 108); séc. 19 - reconstrução do templo num terreiro arborizado perto de Vagos; colocação das ossadas de Estêvão Coelho na capela-mor; 1834 - com a extinção das Ordens Religiosas, o templo deixa de depender do Mosteiro de Grijó; séc. 19, meados - feitura do retábulo-mor, em madeira de pinho da Flandres (CARVALHAIS, p. 78); 1879, 30 outubro - inventários das peças existentes na capela, todas desaparecidas, como uma banqueta de talha, um Crucificado do sacrário, um arcaz de madeira de castanho, jóias, coroas de prata, cálices e paramentos (CARVALHAIS, pp. 83-84); séc. 20, década de 30 - o orago começa a ser conhecido como Senhora das Cerejas; 1941 - execução da imagem de Santa Inês pelo escultor Raposo de França, do Porto; 1942 - execução da imagem de Nossa Senhora de Fátima pelo escultor Artur Andrade do Porto, legada por ele; 1949 - menção à existência de dois ex-votos, um de milagre de marinheiro e outro de uma menina de Cantanhede, este datado de 1757 (CARVALHAIS, p. 85); 1959 - a Capela vem designada no Inventário de Nogueira Gonçalves como sendo dedicada a Nossa Senhora da Conceição; 1960 - colocação de azulejo na torre, feito na Fábrica Aleluia, custeado por João Duarte da Costa Ferro; a imagem do orago fratura a cabeça, tendo sido restaurada numa oficina do Porto; 1973 - colocação de três lustres, provenientes da Igreja Paroquial de Vagos, demolida em 1973 (CARVALHAIS, p. 74); 1975, 06 junho - várias pessoas assistem ao "choro" da imagem; séc. 20, último quartel - o património do Santuário aumenta de 8000 para 66000 m2 (CARVALHAIS, p. 63); 1980 - construção da Sala das Confissões para receber os peregrinos e ministrar a eucaristia; restauro do templo; 04 maio - inauguração do templo pelo bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade; 1982 - demolição da torre, indo o espólio para o Museu; 1988 - revestimento das paredes com azulejos produzidos em Ílhavo; 1996 - colocação de azulejo no fundo da Sala das Confissões, um ex-voto do pintor António Rocha; feitura da guarda do púlpito, torneadas a madeira exótica e douramento do retábulo-mor e do sacrário (do séc. 20, proveniente da capela privada do N. do país), este na Casa João Costa, de Braga (CARVALHAIS, pp. 74-76); 1998 - feitura do fontanário e do Velário pelo arquiteto Pedro Castro; 2000, 24 fevereiro - escritura de doação de uma área rústica na crasta das Paredes com 28000 m2.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; portas e mobiliário de madeira; modinaturas em cantaria; silhares de azulejo industrial; retábulo de talha pintada e dourada; coberturas em telha cerâmica.

Bibliografia

Armorial Lusitano - Genealogia e Heráldica. Lisboa: Editorial Enciclopédia, Lda., 1961; BARARDO, Maria do Rosário - Santuários de Portugal. Caminhos de Fé. Lisboa: Paulinas Editora, 2015; CALVET, Nuno - Nossa Senhora de Portugal. Santuários Marianos. Lisboa: Edições Intermezzo, 2003; CARVALHAIS, Manuel António - Santa Maria de Vagos. Vagos: Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Vagos, 2000; GONÇALVES, A. Nogueira - Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Aveiro, Zona-Sul. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes de Lisboa, 1959; LEAL, Augusto Soares d' Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: 1882, vol. 10; Público nº 3023 (Dezembro), Suplemento sobre Aveiro, 1981; MARIA, Agostinho de Santa - Santuário Mariano... Lisboa; Oficina de Antonio Pedrozo Galram, 1712, vol. 4; Nossa Senhora de Vagos - História, tradições e lendas. Vagos: Comissão do Santuário de Nossa Senhora de Vagos, 1982; «Origem e Significado de Gafanha» in Península da Gafanha Uma identidade. Uma viagem pela História, pela Geografia e pela Cultura desta região. Uma visão e um estudo. [consultado em 03 março 2014]; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971; VASCONCELOS, João - Romarias I. Inventários dos Santuários de Portugal. Lisboa: Olhapim Edições, 1996, vol. I.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

DGLAB/TT: Memórias Paroquiais: Vagos, vol. 38, n.º 4, fls. 17-27, Memórias Paroquiais: Cantanhede, vol. 9, n.º 110, fls. 745-752

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1980 - tratamento de rebocos e pinturas; remodelação das coberturas; restauro e pintura do retábulo-mor.

Observações

*1 - a existência de várias povoações com a toponímia Gafanha poderá ter várias interpretações, mas a que parece ser mais verosímil tem a ver com o território, lacustre e pantanoso, onde abundam espécies vegetais como o junco, o feno e papiro, dando origem ao termo Galafanha (Galafânia), toponímia registada em documentação mais antiga. É pouco provável que se relaciona com Gafaria, uma vez que os doentes (gafos ou leprosos) não se instalariam em terrenos tão insalubres e sem grandes hipóteses de sobrevivência. 2 - o corpo da sacristia era mais baixo do que o original, com remate reto, hoje em empena, com porta e duas janelas retilíneas. *3 - segundo a tradição, Estêvão Coelho era um fidalgo que habitava na Serra da Estrela e contraindo a lepra, desloca-se para Vagos, onde é alvo de um milagre da Virgem que o cura; torna-se, então, o primeiro ermitão da Capela, tendo-lhe doado todos os seus bens, em Sandomil e São Romão (Seia). *4 - ao longo dos séculos teve várias invocações: Nossa Senhora da Conceição, da Rosa, Nossa Senhora do Bodo, Nossa Senhora das Cerejas, Santa Maria de Vagos e recentemente Nossa Senhora de Vagos . Também as lendas sobre a sua origem e desenvolvimento são várias. Em 1185, um navio naufraga e apenas se salva uma imagem de Santa Maria de toda a carga; os náufragos que conseguem chegar a terra vão para Esgueira e pedem uma procissão de agradecimento, integrando a imagem, que acaba por permanecer no local. No séc. 13, ter-se-á dado o incremento do culto com um milagre da Senhora, ocorrido durante uma grande seca, de quatro anos, que levou a população de Cantanhede à Ermida de Nossa Senhora da Varziela, onde ouvem um sino que os leva até à Senhora de Vagos, começando, de imediato a chover; a imagem foi, então, colocada na Capela do Senhor do Rossio, em Cantanhede, mas "fugia" para Vagos.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2014 (no âmbito da parceria do IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

Actualização

 
 
 
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