Palácio da Condessa de Mangualde / Estalagem Casa da Azurara

IPA.00008520
Portugal, Viseu, Mangualde, União das freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta
 
Casa tardo-barroca, bastante remodelado no século 20, com reforma das fachadas laterais, introdução de mansarda e entaipamento dos amplos vãos da fachada posterior, que, inferiormente, constituiriam zonas de armazenamento, mantendo os pilares de cantaria, com capitéis de perfis curvos, que sustentam o piso superior, em lajeado, que constituiria pequena varanda, hoje parcialmente entaipada. É de planta rectangular simples, evoluindo em dois pisos, a que foi acrescentada mansarda, que remata as fachadas laterais em empena. As fachadas são perfeitamente simétricas, excepto a posterior, marcada por um balcão no extremo esquerdo, a partir de eixos de vãos centrais, sendo os da fachada principal mais ricamente trabalhados, com perfis em arco abatido, remates em cornija, avental e brincos. As fachadas laterais revelam uma reforma do final do séc. 19 ou início do 20, com janelas em arco de volta perfeita, algumas abrindo para sacadas comuns, com guardas metálicas. A fachada principal remata em cornija, alteada na zona central, dando lugar à pedra de armas, num esquema recorrente no distrito na época de construção. O acesso ao andar nobre, processa-se por escadaria saliente de dois braços convergentes, criando uma dependência na sua base. Interior com acesso por amplo vestíbulo, que liga às várias dependências através de portas rectilíneas. Numa das dependências, ampla lareira de granito, assente em pilares de arestas biseladas. Algumas salas possuem o tecto ornado por estuque decorativo ao centro, formando florão.
Número IPA Antigo: PT021806100017
 
Registo visualizado 442 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta retangular

Descrição

Planta rectangular simples com disposição horizontalista das massas e cobertura e telhados de quatro águas, alteada na zona central, marcando o sótão, com cobertura também a quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, rematadas em cornija e beiral. Fachada principal, virada a NE., com embasamento de cantaria aparente, em aparelho isódomo, flanqueada por cunhais apilastrados da ordem colossal, evoluindo em dois pisos e remate em cornija que se encurva ao centro, dando lugar à pedra de armas; segue uma disposição simétrica, a partir do eixo central composto por escadaria em cantaria, de dois lanços convergentes e guardas metálicas, formando, na zona inferior, uma dependência iluminada por óculo ovalado com moldura de cantaria; a escada leva a patamar, com guardas também metálicas e acrotérios em cantaria, encimados por urnas transformadas em floreiras, que acede ao portal principal em arco abatido e moldura recortada, sublinhada por fragmentos de cornija e frontão curvo interrompido, encimado pela pedra de armas dos Amarais. De cada um dos lados, surgem, em cada piso, três vãos, correspondentes, no inferior, a portas e janelas rectilíneas com molduras simples, e no superior três janelas em arco abatido emolduradas, rematadas por pequena cornija e formando avental almofadado. Fachada lateral esquerda, virada a SE., de dois pisos, com os vãos dispostos simetricamente, o inferior com porta de verga recta, com acesso por pequena escadaria de dois lanços convergentes, ladeada, em cada um dos lados, por duas janelas de peitoril, rectilíneas com molduras simples e grades metálicas em papo de rola. No piso superior, dupla janela em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e com fecho saliente, que abrem para sacada comum, pouco saliente e com guarda metálica vazada, ladeada por duas janelas de cada lado, com o mesmo perfil e mesmo tipo de modinatura, cuja moldura se prolonga inferiormente, formando falsos brincos. Superiormente, desenvolve-se mansarda, em empena, rasgada por tripla janela em arco de volta perfeita, que abrem para sacada comum com guarda metálica. Fachada lateral direita virada a SO., com vãos dispostos simetricamente, de dois pisos, o inferior rasgado por porta de verga recta e o superior com tripla janela em arco de volta perfeita, que abre para sacada comum com guarda metálica, flanqueada por duas janelas de peitoril de cada um dos lados, sendo os vãos semelhantes aos da fachada oposta; superiormente, mansarda em arco de volta perfeita, que abre para sacada comum, semelhante à anterior. Fachada posterior de dois pisos, marcada no extremo esquerdo por escadaria de cantaria e guarda metálica, formando balcão com guarda de cantaria, que acede a porta de verga recta e moldura simples; na base do balcão, porta com o mesmo perfil. Ao centro, três janelas rectilíneas, amplas e com molduras comuns, a que correspondem, no piso superior, três janelas de peitoril, também com molduras comuns, a central entaipada; no lado esquerdo, surge janela de peitoril rectilínea com moldura simples, surgindo, no lado oposto, em cada um dos andares e correspondentes, duas janelas semelhantes. Superiormente, surge mansarda fenestrada por janelas rectilíneas. INTERIOR composto por amplo vestíbulo que acede às várias dependências, através de portas rectilíneas, contemplando 15 quartos, suites, e salas, todas rebocadas e pintadas de amarelo ou rosa, com tectos planos, pintados de branco, alguns com estuque artístico central, formando motivos fitomórficos, com pavimentos em madeira ou tijoleira. Algumas salas possuem lareira e armários embutidos na parede, uma delas com lareira em cantaria, assente em pilares do mesmo material e com arestas biseladas. No primeiro piso, surge ampla sala de refeições, assente em vários pilares de cantaria, encimados por capitéis de perfil curvo, que sustentam arquitrave e pequena cornija com duplo toro, suportando as lajes divisórias dos pisos. Envolvendo o imóvel, surge zona ajardinada que confina com a zona agrícola. No extremo direito, a zona ajardinada está dividida por muros, com alguns canteiros de flores e buxos geométricos; possui tanque de rega, rectangular, seccionado em pequenos tanques rectangulares.

Acessos

Rua Nova, n.º 78

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Deliberação da Assembelia Municipal de Mangualde de 29 março 2010, Edital da Câmara Municipal de Mangualde, n.º 52/2010 de 11 maio 2010

Enquadramento

Urbano, isolado e destacado, implantado num ligeiro declive. A fachada principal encontra-se separada da via pública, pavimentada a cubos de granito, por murete metálico com acrotérios de cantaria, aberto, nos extremos, por portões, também metálicos; as restantes fachadas confinam com zonas ajardinadas, que constituem a quinta, também ela protegida por muro de cantaria, rasgado, junto à casa, por portão de verga recta com moldura saliente, protegido por grades metálicas pintadas de verde e com decoração geométrica vazada. Junto ao muro da fachada principal, vários canteiros com flores e vegetação e algumas árvores de médio porte.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Comercial e turística: estalagem

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 (conjectural) / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 19, início - provável edificação do imóvel; séc. 19 / 20 - remodelação dos vãos das fachadas laterais; séc. 20, 1.ª metade - o filho do primeiro conde, Fernando de Almeida Cardoso e Albuquerque, 2.º Conde de Mangualde *1, comprou o solar aos herdeiros de Bento José do Amaral, família já desaparecida; construção da mansarda; 1978, 15 maio - em sessão camarária desta data, foi deliberada a proposta de classificação de vários imóveis de Mangualde, entre os quais, o Palácio da Condessa de Mangualde; 16 maio - envio de ofício ao Director Geral do Património Cultural, pedindo a classificação como Imóvel de Interesse Público; 1991 - recuperação geral do edifício para adaptação à actual função; 2008, 09 janeiro - proposta da DRCCEntro de envio do processo à CMMangualde para classificação de Interesse Municipal.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura em cantaria e alvenaria de granito rebocada; modinaturas, cornija, pedra de armas, escadas, guardas das escadas, pavimento, pilares, pilastras e lareira em cantaria de granito; coberturas, pavimentos, caixilharias e portas de madeira; guardas de ferro; juntas preenchidas a cimento; pavimentos com tijoleira; coberturas exteriores com telha de aba e canudo; janelas com vidro simples.

Bibliografia

SILVA, Valentim da, Concelho de Mangualde Antigo Concelho de Azurara da Beira, s.l., s.d.; Falcão, Armando de Sacadura, Cabrais, da Freguesia de Nabais - Subsídios Genealógicos, in Revista da Beira Alta, vol. XXV, nº 3, 1966; Cardoso, Anabela dos Santos Ramos, Casas Solarengas do Concelho de Mangualde, Mangualde, 1994.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMM (cedeu algumas destas fotografias à DGEMN)

Documentação Administrativa

CMM

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1991 - recuperação geral do edifício, com restauro das coberturas, tratamento de rebocos e pinturas; redimensionamento do interior; tratamento de caixilhos e colocação de vidros; tratamento do jardim e plantação de algumas espécies.

Observações

*1 - a família dos Condes de Mangualde está ligada à família Silva Albuquerque; Francisco de Almeida Cardoso e Albuquerque, foi o 1.º Visconde de Mangualde, por decreto de 1889 e 1.º Conde de Mangualde, por decreto de 1905, sendo o 4º filho de Tiago da Silva Albuquerque e Amaral de Almeida Cardoso, morgado de Nabais, senhor da Casa e vínculos de Mangualde e, por casamento, senhor da casa da Portela, na Mesquitela.

Autor e Data

João Carvalho 2000

Actualização

 
 
 
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