Igreja Paroquial de Castelo Branco / Igreja de Santa Maria do Castelo

IPA.00000848
Portugal, Castelo Branco, Castelo Branco, Castelo Branco
 
Arquitectura religiosa, oitocentista. Igreja de planta longitudinal composta por nave, capela-mor mais estreita, sacristia e torre sineira adossadas ao lado direito, esta com remate em cúpula. Fachada principal com vãos rasgados em eixo, composto por porta e janelão, ambos em arco abatido, rematando em empena encurvada com cornija. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados e remates em friso e cornija, as laterais rasgadas por janelas em capialço e por portas de verga recta. Interior com coberturas diferenciadas em falsas abóbadas de berço, de madeira na nave e rebocada na capela-mor. Na nave, púlpitos rectangulares com acesso pelos muros e capelas laterais confrontantes. Arco triunfal de volta perfeita e capela-mor com retábulo de talha policroma maneirista. Igreja matriz, situada no reduto muralhado, próximo da alcáçova, com a qual ligava, sendo a primitiva de estilo românico, de que se mantém vestígios de frestas no lado NO.. Durante o séc. 13, foi completamente alterada ou mesmo reconstruída uma nova igreja sobra a primitiva dos Templários, sendo o edifício que hoje subsiste o resultado de sucessivas intervenções, quase na totalidade da primeira metade do séc. 19. Das fachadas sóbrias, podemos destacar a principal, com moldura do portal que se prolonga em espaldar, ligando ao janelão que o encima, surgindo, ainda, na empena, óculo quadrilobado. Nas fachadas laterais, surgem vários vãos entaipados e, no lado NO., vestígios das primitivas frestas românicas e de um contraforte.
Número IPA Antigo: PT020502050030
 
Registo visualizado 426 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta por nave, capela-mor ligeiramente mais estreita, torre sineira e sacristia, ambas adossadas ao lado direito, com volumes articulados de disposição na horizontal e coberturas diferenciadas em telhado de 2 águas na igreja, 3 águas no volume da sacristia e cúpula com pináculo na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento, limitadas por cunhais apilastrados e remates em friso e cornija. Fachada principal voltada a NO., rasgada por portal em arco abatido moldurado, com remate em friso, cornija e espaldar encurvado com painel almofadado, que liga à cornija que sustenta o janelão gradeado e com o mesmo perfil. Sobre o friso e a cornija, espaldar encurvado, rasgado por óculo quadrilobado e remate em friso, cornija e cruz latina central. Torre sineira de dois registos, o inferior rasgado por janelas quadrangulares molduradas e, no superior, uma sineira em cada face, de volta perfeita e com impostas salientes; remate em friso, cornija e pináculos nos ângulos. Fachada NE., em cota mais elevada, rasgada por três janelas gradeadas, duas delas em rampa, duas frestas e duas portas entaipadas, todas de perfil rectilíneo e molduradas. Junto ao cunhal direito, um contraforte e são, ainda, visíveis orifícios rectangulares *1. Fachada voltada a SO. com porta de verga recta, duas janelas de rampa gradeadas, um vão entaipado e uma janela gradeada na sacristia, todas molduradas. Fachada posterior com porta de verga recta, de acesso à sacristia e empena cega na capela-mor. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com pavimento em lajeado de granito e cobertura em falsa abóbada de berço de madeira pintada de azul, assente em cornija do mesmo material e com a mesma tonalidade. Confrontantes, surgem dois púlpitos quadrangulares, assentes em consolas, com acesso por portas de verga recta e moldura simples, entaipadas; também confrontantes, dois nichos em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas e com pedra de fecho saliente, contendo retábulos de talha dourada e policroma. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas com pedra de fecho decorada por cruz. Capela-mor elevada por dois degraus, com cobertura em falsa abóbada de berço rebocada e pintada de branco, assente em frisos e cornijas de cantaria. Confrontantes, duas portas de verga recta, moldura simples e encimadas por frontões curvos interrompidos. Sobre supedâneo de três degraus, retábulo-mor de talha pintada de branco, azul e rosa, de planta recta e cinco eixos definidos por duas pilastras e quatro colunas torsas ornadas por pÂmpanos; ao centro, tribuna de perfil contracurvado, com moldura simnples e fundo pintado a imitar brocados, contendo trono expositivo de três degraus; os eixos intermédios possuem painéis rectilíneos vaxios e os extremos nichos rectangulares, contendo plintos com imaginária; remate em frioso e cornija e altar paralelepipédico, sobre o qual surge sacrário embutido, rodeado por acantos.

Acessos

Rua do Mercado, no interior do Castelo

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, no esporão granítico, no interior do perímetro das muralhas que definem o Castelo de Castelo Branco (v. PT020502050035), envolta por amplo adro com várias árvores de grande porte, e, no lado direito, pela casa dos romeiros.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Portalegre - Castelo Branco)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Filipe Tiago da Fonseca (1704). PEDREIRO: Augusto de Sousa (1871-1873); José Rodrigues Castilho (1871-1873); Pedro Sanches (séc. 16). PINTOR: Bento Coelho da Silveira (1704).

Cronologia

Séc. 12 - construção do imóvel primitivo, talvez sobre um primitivo templo pré-romano; 13 - reedificada pelos Templários; 1213 - referida no foral como pertencendo aos Templários; 1260, 16 julho - no documento que divide as paróquias entre o bispado da Guarda e o Cabido da Egitânea, a igreja surge como pertencendo ao Bispado; séc. 14 - até esta data, era no adro que se reunia a Assembleia dos homens-bons e as autoridades monástico-militares; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo as igrejas de Castelo Branco, Vila Velha do Ródão e Vigueira, taxadas em 170 libras na parte da comenda da Ordem de Cristo e em 560 libras na parte do temporal; encontra-se no termo da Covilhã; 1408 - a Ordem deveria ter capelães e tesoureiros na Igreja de Santa Maria e na de São Miguel; séc. 16 - sepultado no interior o poeta João Roíz de Castelo Branco; o rei D. Manuel instituiu a Colegiada de Santa Maria, com 4 beneficiados; 1523, 18 Agosto - D. João III aumentou a Colegiada em uma dignidade; 1540 - primeiro registo de baptismo; séc. 16, 2.ª metade - obras no imóvel, a cargo de Pedro Sanches; 1551 - primeiro registo de óbito; 1560 - primeiro registo de casamento; 1610 - instituição da Capela das Almas pelo vigário Heitor Borralho de Almeida, que deixou bens para uma missa anual; 1640 - foi praticamente destruída pelos Espanhóis na Guerra da Independência; 1641, 19 Junho - os tectos ameaçavam ruína e o rei D. João IV ordenou a doação, para a sua reconstrução e ampliação, de 200$000 reis por ano e por um período de 5 anos dos sobejos da Câmara, depois de pagas todas as despesas ordinárias e os gastos dos soldados; 1644 - referida a existência de inscrições debaixo da torre dos sinos, no arco e na torre do lado esquerdo; 1684, 29 Agosto - a capela de Nossa Senhora do Rosário foi instituída por Gaspar Mouzinho Magro, comunicando com a capela-mor; 1685, 28 Abril - codicílio ao testamento do anterior, legando à Capela 39 propriedades, doando ao Santíssimo 6 castiçais, uma lâmpada, 2 lanternas, 2 galhetas e pratos, 2 caldeirinhas; séc. 18 - feitura do lavabo da sacristia; 1704 - o exército Franco-Espanhol incendeia a igreja; seguem-se obras, trabalhando no local o pintor Bento Coelho da Silveira; execução do retábulo-mor por Filipe Tiago da Fonseca; demolição da porta do castelo onde estava o campanário; 1706 - descrita no Tombo da Ordem de Cristo, como tendo pórtico principal de volta perfeita, rematado por tímpano semicircular, assente em quatro colunas, tendo porta travessa virada a S., onde surgiam as medidas do Concelho, e seis frestas, 3 de cada lado; a cabeceira era de perfil semicircular; no interior, tinha, à direita, sepultura assente em 3 leões de pedra com a inscrição: "Aqui jaz a madre de Fernão Rodrigues Sequeira Mestre da Cavalaria de Avis", junto à qual surgia o púlpito, decorado com a Cruz de Malta e as chagas de Cristo; uma escada de seis degraus ligava ao coro, na altura arruinado; em frente da porta travessa, uma tribuna de pedra, destinada aos comendadores, com cinco colunas e guarda balaustrada, sustentada por dois arcos; existiam 5 capelas, todas arruinadas e a igreja destelhada, na sequência da invasão do inimigo em 22 Maio de 1704, quando foram queimados 4 retábulos, de Santo António e São Jerónimo, que se encontravam junto ao retábulo-mor, e os colaterais de Cristo e do Menino Jesus, um quadro com o martírio de Santa Catarina; 1744 - os beneficiados eram coadjutores da Ordem de Cristo, sendo o vigário nomeado pelo rei, nomeando um tesoureiro, um cura e um sineiro; 1752 - o vigário Dr. António Gomes Castelão iniciou diligências para a reedificação da igreja, tendo sido restaurada; 1753 - no tombo da Ordem de Cristo desse ano, é mencionado um portal anterior e uma tribuna, à época destruída, da qual os freires assistiam à missa *2; 1762, Setembro - profanação do templo pelo exército franco-espanhol, que o utilizou como caserna; 1763 - obras de reconstrução; 1807 - é novamente incendiada pelas tropas Francesas sob o comando do General Junot, ficando quase totalmente destruída, o que obrigou à transferência do culto para a Capela de São Brás; 1818, 1 Maio - o Papa Pio VII deu licença para que os bens da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário fossem utilizados em obras na igreja; 1834 - extinção da Colegiada; 1849, 20 Julho - a freguesia de Santa Maria foi extinta, anexada à de São Miguel com as suas irmandades do Santíssimo, Almas e Nossa Senhora do Rosário; 9 Outubro - a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário foi autorizada a celebrar ofícios divinos na igreja, desde que a conservasse; 1861, após 4 Abril - as propriedades da Irmandade foram vendidas, conforme a lei da desamortização; 1867 - a Câmara manifesta a necessidade de reconstruir o templo; é executada, então, uma terraplanagem soterrando parte da parede da fachada orientada a NE. e obrigando ao entaipamento das portas laterais; 1867 - a Câmara manifesta a necessidade de reconstruir o templo; 1871 - 1873 - ampliação do imóvel e construção do campanário, por José Rodrigues Castilho e Augusto de Sousa; 1950 - grande reparação no imóvel; 1979 - aluimento de terras em frente à igreja pôs a descoberto estelas funerárias pré-românicas.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Pedra granítica na estrutura, reboca e pintada, nas modinaturas, cunhais, pináculos, contraforte; madeira nas coberturas internas e portas; ferro forjado; telha lusa nas coberturas; vidro simples nas janelas.

Bibliografia

CARVALHO, Rogério, Proposta de Classificação do Castelo de Castelo Branco, 10 de Novembro de 1988; HORMIGO, José Joaquim Mendes, Arte e Artistas na Beira Baixa, s.l., Janeiro 1998; Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. I, Lisboa, 1993; LEITE, Ana Cristina, Castelo Branco, Lisboa, 1991; Mapa de Arquitectura de Castelo Branco, Castelo Branco, 2003; OLIVEIRA, Manuel Alves, Guia Turístico de Portugal de A a Z, Lisboa, 1990; PROENÇA, Raul, Guia de Portugal, Beira - Vol III - Tomo II - Beira Baixa e Beira Alta, 2ª ed., Lisboa, 1994; SANTOS, Manuel Tavares, Castelo Branco na História e na Arte, Castelo Branco, 1958; SILVEIRA, António, AZEVEDO, Leonel e D'OLIVEIRA, Pedro Quintela, O Programa POLIS em Castelo Branco - álbum histórico, Castelo Branco, 2003; VITERBO, Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, vol. 3, Lisboa, 1922.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMCB

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMCB

Documentação Administrativa

CMCB; BNL: Reservados (Cod. 927, fl. 5), GDAN/TT: Mesa da Consciência e Ordens (Ordem de Cristo, TC 143); ADCB: Actas da Câmara Municipal de Castelo Branco (mç. 37, lv. 28)

Intervenção Realizada

Séc. 20, década de 40 - reparação dos rebocos e pintura das fachadas, eliminação da humidade e arranjo dos telhados; 1950 - beneficiada com grandes obras de restauro; 1988 - obras de restauro.

Observações

*1 - supõe-se que os orifícios se destinassem a suporte de um alpendre em madeira sobre o qual se abriria uma porta hoje entaipada; seria este lado que fazia a fronteira com o pátio do primitivo Paço. *2 - o acesso à tribuna fazia-se por uma porta travessa que comunicava com o Paço da Alcáçova; na traça primitiva, a igreja não tinha torre sineira; o tombo refere que a igreja tinha 33x7,5 m., tendo a tribuna no lado N.; a Capela das Almas tinha uma lápide com a inscrição: "Esta Capela mandou fazer Heitor Borralho de Almeida, vigário que foi desta Igreja, a qual deixou por herdeira com a obrigação de uma missa cantada cada ano. Jaz enterrado ao pé deste altar. Ano de 610"; tinha muitas pedras tumulares, removidas para nivelar o pavimento; o campanário, com dois sinos, estava sobre uma torre que existia sobre a porta de entrada do castelo.

Autor e Data

Luís Castro 1998 / Marisa Costa 2001

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login