Ermida de Santo António

IPA.00008423
Portugal, Faro, Castro Marim, Castro Marim
 
Ermida maneirista e barroca, de nave única e capela-mor pouco profunda, com domo, típica das construções de devoção isoladas e em meio rural no séc. 17. Retábulo-mor de estrutura maneirista mas com apontamentos decorativos já a apontar para o barroco como as colunas torsas; a disposição em 5 panos encontra-se presente igualmente nos retábulos da Capela de Santo António de Castro Marim, no da Igreja Matriz do Pereiro e no da Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz de Faro. Retábulos laterais rasgados junto ao arco triunfal com aplicações de talha barroca. Implantação num monte fronteiro à povoação, como acontece em outros casos de localidades portuguesas, como com a Ermida de Santo António de Budens (v. PT050815020017). Espólio artístico do interior sem grande relevância mas importante numa perspectiva histórico-artística periférica e modesta em recursos.
Número IPA Antigo: PT050804020006
 
Registo visualizado 410 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única, capela-mor, sacristia e dependências anexas. Volumes articulados, massas dispostas na horizontal com cobertura diferenciada em telhado de duas águas na nave, cujas abas se prolongam pelas dependências anexas e sacristia, e em domo, irrompendo directamente do telhado, na zona da capela-mor. Fachada principal orientada, de pano único definido por cunhais apilastrados, munidos de mísulas molduradas, e embasamento pintados; portal de verga recta e molduras em cantaria, sobrepujada por frontão curvo, ornado de pequenos dentículos, sobre pequenas aletas tudo em trabalho de massa pintada; axial e superiormente rasga-se janela quadrangular, gradeada, de moldura em cantaria; remate em empena moldurada sublinhada por listel de massa pintada do qual partem ao nível do vértice duas pequenas aletas em massa que se ligam aos ângulos da verga da janela; no tímpano do frontão assim criado, medalhão em massa ovalóide; beirado saliente, que se prolonga sobre as mísulas dos cunhais, e cruz pétrea no vértice. Fachada lateral S. de pano único cego, tendo adossado o corpo da sacristia rasgadoa a S. por porta simples; na intersecção da nave com a sacristia contraforte. Fachada N. de pano único, cego, integrando, junto ao cunhal NO., campanário de duplo vão sobrepujado por cornija com frontão triangular ladeado por pináculos nas extremidades; a E. adossa-se o corpo rectangular das dependências anexas, rasgado a O. por porta simples. Fachada E. de pano único, abrangendo a capela-mor, sacristia e dependências anexas, rasgada apenas por fresta rectangular a N.; remate em empena. Alçados de alvenaria rebocada e caiada; cunhais, mísulas e ornatos em massa, pintados a cor azul escura. INTERIOR: nave com cobertura em abóbada de berço; os alçados laterais são revestidos, até à altura do arranque da abóbada e em cerca de um terço do comprimento total da nave, por espaldares de madeira, dispostos em dois registos, o inferior simulando sanca de placas rectangulares de mármore vermelho em fundo de mármore negro; o registo superior decorado com cercaduras de florzinhas e folhas enquadrando tábuas com pinturas alusivas à Vida de Santo António, colocadas em conjuntos de duas de um e outro lado da nave; remate dos espaldares em cornija pintada simulando mármore vermelho e negro. Do lado do Evangelho, destruindo e ocultando parte do espaldar e de uma das tábuas de pintura, púlpito, colocado em posição bastante elevada, de caixa rectangular, de madeira pintada, decorada com motivos de rosetas inseridos em composição geométrica; tem acesso a partir de porta simples, em parte rasgada na zona de arranque da abóbada, acompanhando a sua curvatura. Duas capelas laterais abertas junto do arco triunfal, dedicadas a Nossa Senhora da Conceição e a São Pedro Gonçalves, em arco de volta perfeita sobre impostas e pés direitos revestidos de talha, pintada de cor verde claro e castanho, com decorações à base de motivos geométricos; mesas de altar de madeira com frontais em composição tripartida, com aplicações de talha pintada; arcos e pés direitos emoldurados por decorações de talha, pintada a cor-de-laranja, sobrepondo-se parcialmente aos espaldares de madeira que revestem os alçados, de volutas e acantos emoldurando brasão coroado ao centro; paredes fundeiras e intradorso dos arcos das capelas revestidos por madeira pintada de branco; ao centro rasga-se nicho em arco de volta perfeita,contendo imagens modernas. Pavimento de tijoleira tendo ao centro os túmulos de Domingos Martins Mascarenhas e sua mulher D. Isabel Lopes, com inscrições, a do túmulo do lado do Evangelho ilegível. Arco triunfal de volta perfeita sobre impostas e pés direitos pintados a cor verde idêntica à das capelas laterais, definindo molduras rectangulares. Capela-mor com acesso através de um degrau; pavimento em tijoleira e cobertura em abóbada de berço, revestida por caixotões de madeira rectangulares, arrancando de sanca pintada a cor verde; retábulo-mor plano de 5 panos definidos por colunas pseudosalomónicas munidas de plintos e impostas decorados por aplicações de talha; no banco cartelas rectangulares pintadas fingindo mármores verde e vermelho; no corpo painéis pintados, os extremos revestidos por decoração de talha figurando palmeira e ao centro nicho de volta perfeita, com pintura fingindo marmoreados e fundo adamascado; ático disposto em 3 panos definidos por pilastras de talha com decorações de acantos; nos panos laterais aplicações de talha de enrolamentos e folhagem; ao centro aplicações de talha de acantos enrolados; remate semicircular, acompanhando a curvatura da cobertura; zona do altar elevada por degrau semicircular. Alçados laterais da capela-mor rasgados pelas portas simples, de acesso à Sacristia e dependências anexas, respectivamente do lado da Epístola e do Evangelho, duas outras tábuas alusivas à Vida de Santo António ( Santo António pregando aos peixes e Santo António oficiando uma cerimónia litúrgica ). SACRISTIA: de planta quadrangular; no alçado S. lavabo barroco. ANEXOS: comunicando com a capela-mor sala quadrangular onde funciona a Sacristia, com arcaz encostado à parede S.; a O. porta de comunicação com compartimento de planta rectangular, por onde se faz o acesso ao púlpito.

Acessos

À entrada de Castro Marim, no extremo E., sobranceiro à EN 122

Protecção

Incluído na Reserva Natural Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António.

Enquadramento

Rural, planalto, isolado. Situado a E. da vila, num cerro sobranceiro ao Sapal de Castro Marim e à depressão do Rio Guadiana. Implantação no Revelim de Santo António, pequena fortificação associada ao Forte de São Sebastião ( v. 0804020003 ) e em conexão com o Castelo de Castro Marim ( v. 0804020001 ). Possui pequeno adro murado diante da fachada principal, de planta em meia-laranja, interrompido ao centro e aos lados para acesso ao templo.

Descrição Complementar

Nos alçados laterais da capela-mor duas tábuas de pintura alusivas à Vida de Santo António ( Santo António pregando aos peixes e Santo António oficiando uma cerimónia litúrgica ); no nicho do retábulo-mor imagem de Santo António, em madeira, provavelmente do séc. 19. INSCRIÇÕES: túmulo do lado da Epístola: "ESTA CANPA HE / DE DOMINGOS / MARTINS . MAS / CARENHAS ANN / NO DE 1772".

Utilização Inicial

Religiosa: ermida

Utilização Actual

Religiosa: ermida

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Algarve)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 17 - provável data de construção da ermida, ao que tudo indica mandada construir por D. João IV, embora não se conheça o diploma; 1776 - Data do túmulo de Domingos Martins Mascarenhas; 1976 - possuía um retábulo com sete tábuas alusivas aos milagres de Santo António.

Dados Técnicos

Estrutura mista; contrafortagem a N. e a S..

Materiais

Alvenaria de pedra caiada; telha, madeira, tijoleira, alcatifa; talha pintada.

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de ( coord. ), Tesouros artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções do Reader's Digest, 1976; LAMEIRA, Francisco, Inventário artístico do Algarve. A talha e a imaginária, vol. 6, Faro, Secretaria de Estado da Cultura, Delegação Regional do Algarve, 1991;IDEM, A talha no Algarve durante o Antigo Regime, Faro, Câmara Municipal de Faro, 2000; MOREIRA, Maria da Conceição, Apontamentos históricos sobre Castro Marim, Lisboa, Secretaria de Estado do Ordenamento e Ambiente, 1978; QUINTINO, Pe. Jacinto Augusto, Estudo à cerca dos Templos Cristãos em Castro Marim, Março 1916 - Novembro 1919.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Rosário Gordalina 2000 / Paulo Fernandes 2001

Actualização

 
 
 
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