Casa de Dona Violante do Canto / Solar de Dona Violante do Canto

IPA.00008163
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Angra (Sé)
 
Casa abastada de construção seiscentista, mas de grande tradição histórica, visto nela ter vivido, no séc. 16, D. Violante do Canto, que defendeu a causa portuguesa durante a crise da sucessão de 1580, apresentando, no entanto, um esquema e decoração de vãos das fachadas maneirista, o que deve ter resultado de uma reforma posterior ao núcleo inicial. Tem planta retangular e lote largo, com fachada principal evoluindo em três pisos, flanqueada por pilastras, remate em cornija e modinatura dos vãos retilíneos sublinhados a policromia verde, a cor do Sporting Clube de Portugal, o atual utente do edifício, correspondendo no segundo piso a janelas de sacada e, no último, a janelas de peitoril com avental recortado e caixilharia de guilhotina. O portal rasga-se ao centro, com verga reta, ladeado por pilastras toscanas sustentando entablamento, rematado por pináculos.
Número IPA Antigo: PT071901160033
 
Registo visualizado 2077 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Casa abastada  

Descrição

Planta retangular de massa simples e cobertura homgénea em telhado de três águas, rematadas em beirada simples. Fachadas de três pisos, rebocadas e pintadas de branco, com faixa a preto, cunhais pintados de verde, remates em cornija da mesma cor e molduras dos vãos sublinhados na mesma tonalidade. Fachada principal virada a S., rasgada ao centro do piso térreo por portal de verga reta, com moldura ladeada por duas pilastras sobre plintos e suportando entablamento, sobrepujado por quatro pináculos piramidais assentes em altos plintos seccionados a meio. Sobre o portal abrem-se duas janelas retilíneas, a do terceiro piso com pano de peito em cantaria pintada de verde. No piso térreo abrem-se ainda lateralmente seis vãos de tamanhos diferentes, correspondendo a portas ou montras, no segundo piso abrem-se seis janelas de sacada, com guardas em ferro e, no terceiro, janelas de peitoril, com avental recortado pintado de verde e com caixilharia de guilhotina. Na fachada lateral esquerda rasga-se no piso térreo porta rebaixada, no segundo janela de peitoril com avental recortado e no terceiro duas janelas de igual modinatura.No INTERIOR o salão nobre conserva teto de apainelados, com dois brasões de família esculpidos, o dos Cantos e dos Castros.

Acessos

Angra (Sé), Rua da Sé (Rua da República), n.º 190 a 198

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 41/1980, JORAA, 1.ª série, n.º 20 de 11 junho 1980 / Incluído no Núcleo urbano da cidade de Angra do Heroísmo (v. PT071901160035)

Enquadramento

Urbano, adossado a edifícios de habitação pela fachada lateral direita e posterior. Implanta-se de gaveto no núcleo urbano da Cidade de Angra, adaptado ao declive suave, formando frente de rua, com passeios separadores, possuindo a O., junto à fachada lateral esquerda, praça trapezoidal, com árvores e bancos de jardim. Nas imediações erguem-se a S. a Sé Catedral do Santíssimo Salvador (v. PT071901160028), o Palácio Bettencourt (v. PT071901160025) e o Prédio na Carreira dos Cavalos, nº 61-65 (v. PT071901160022).

Descrição Complementar

A lápide ladeando o portal principal tem a seguinte inscrição: "AQUI RESIDIU NO SÉCULO XVI DONA VIOLANTE DO CANTO EXEMPLO SUBLIME DE VIRTUDES PATRIÓTICAS NA DEFESA DO REI PORTUGUÊS D. ANTÓNIO".

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa / Desportiva: clube desportivo

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 16 - construção da casa onde viveu D. Violante do Canto e Silva, herdeira do provedor das Armadas; 1580, após - visita de D. António Prior do Crato, pretendente ao trono e opositor de Filipe II de Espanha, a Dona Violante da Silva do Canto, para pessoalmente agradecer todo o auxílio prestado à causa da independência de Portugal; 1583 - após a capitulação da ilha e a entrada em Angra das tropas espanholas, a Casa de Dona Violante foi escolhida para residência do Marquês de Santa Cruz; D. Violante foi levada para Espanha e obrigada a casar com Simão de Távora, oriundo de uma importante família portuguesa aliada do rei espanhol; 1940 - o Dr. Francisco Lourenço Valadão Júnior, Secretário-geral servindo de Governador Civil, manda colocar na fachada principal da casa uma placa comemorativa, por ocasião do Duplo Centenário da Fundação e independência; 1962, julho - aquisição do imóvel pelo Sport Clube Lusitânia por 560 mil escudos; 1973 - conclusão do pagamento do imóvel, com o auxílio dos sócios; 2004, 09 setembro - publicação da Resolução do Conselho do Governo n.º 126/2004, referindo consumir a classificação anterior do imóvel por inclusão na Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo, em JORAA , 1.ª série, n.º 15.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; pilastras, pináculos, molduras dos vãos e avental em cantaria pintada; portas e caixilharias em madeira; vidros simples; guardas em ferro; cobertura de telha.

Bibliografia

LOPES, Frederico - «Da Praça as Covas». Angra do Heroísmo: Editora Andrade, 1971, pp. 274-276; http://pt.wikipedia.org/wiki/Solar_de_D._Violante_do_Canto, março 2012; http://marsilea.azorestourism.com/pt/arquitectura/urbana/casas/violantecanto, março 2012.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - Violante da Silva do Canto, nasceu em Angra, em agosto de 1556 e faleceu em Lisboa, a 17 de novembro de 1599; era filha de João da Silva do Canto e de sua esposa, Isabel Correia, neta pelo lado paterno de Pero Anes do Canto, 1º Provedor das Armadas, e de sua esposa, Violante da Silva; e pelo lado materno de Jácome Dias Correia e de Brites Rodrigues Raposo, da Ilha de São Miguel. Muito jovem e ainda solteira tornou-se herdeira de grande fortuna, resultante da terça de sua mãe, composta por bens móveis e imóveis na ilha de São Miguel. Aos 21 anos, com a ajuda de tutores, sucedeu a seu pai na administração dos bens e do vínculo instituído por seu avô, Pero Anes do Canto. Com a crise da sucessão de 1580, apoiou o partido de D. António I de Portugal contra as pretensões ao trono português de Filipe II de Espanha. Em 1583, D. Álvaro de Balzán, marquês de Santa Cruz, entrou na cidade com instruções régias para localizar e proteger Violante do Canto, que recolhera ao mosteiro de São Gonçalo, até à partida de D. Álvaro de Bazán. Depois, foi embarcada, com um grupo de aristocratas da ilha, para o exílio. Segundo o cronista Gaspar Frutuoso, D. Violante, acompanhada por António da Silva, seu meio-irmão, foi conduzida a Castela e enclausurada em mosteiros, sete meses em Cádis e onze meses em Jaén. Por iniciativa régia, foi obrigada a casar, a 1 de abril de 1585, com Simão de Sousa de Távora, filho de Álvaro de Sousa de Távora e de Francisca de Moura. O casal fixou-se em Lisboa, onde D. Violante do Canto viveu até à sua morte, sem filhos. Com o seu falecimento sem descendentes directos, os bens vinculados de que fora administradora reverteram a favor da linha do herdeiro de seu tio António Pires do Canto, na pessoa de Manuel do Canto de Castro, um filho do seu primo Pedro de Castro do Canto. Os restantes bens reverteram, entre outras instituições, a favor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, do Colégio da Companhia de Jesus de São Roque, da Cartuxa de Laveiras e dos Capuchos da Arrábida.

Autor e Data

Paula Noé 2012

Actualização

 
 
 
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