Solar e Capela da Madre de Deus

IPA.00008162
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Angra (Santa Luzia)
 
Casa nobre de construção seiscentista, de planta em T invertido, com corpo principal integrando capela retangular no topo esquerdo, de construção setecentista. Apresenta fachada principal bastante longa, resultante da construção da capela no séc. 18 e, possivelmente, do pano correspondente no extremo oposto, evoluindo em dois pisos, separados por frisos e cornija, com cinco panos definidos por falsas pilastras, remates em frisos e cornija, e rasgada regularmente por vãos retilíneos, moldurados que, no andar nobre, são encimados por frisos e cornija, sendo os elementos estruturais e decorativos em argamassa pintada de branco. No pano central rasga-se o portal, encimado por frisos, cornija e brasão de família, entre janelas de peitoril que, no andar nobre têm pano de peito pintado de branco; nos dois panos laterais, semelhantes, abre-se, no piso térreo, porta entre janelas de peitoril e, no andar nobre, três janelas de sacada corrida, e no topo direito uma porta e janela de peitoril. O pano do extremo esquerdo, correspondente à capela, termina em frontão de volutas recortado, com nicho no tímpano, e é rasgado por portal de verga reta e janela, entre duas ordens de pilastras toscanas com arquitraves. A casa manteve-se na possa da família entre o séc. 17 e a sua venda ao Estado, na década de 1980.
Número IPA Antigo: PT071901100032
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  

Descrição

Planta em T invertido, composto por corpo principal retangular, tendo ao centro da fachada posterior corpo retangular. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no corpo principal, rematadas em beirada dupla, e de duas águas no perpendicular. Fachada principal virada a S. rebocada e pintada de azul e faixa a preto, de dois pisos separados por duplo friso e cornija central, de cinco panos definidos por falsas pilastras, com estes elementos pintadas de branco, tal como as molduras dos vãos e o friso e cornija do remate. A ala residencial possui quatro panos, surgindo o principal ao centro, rasgado por portal de verga reta, com moldura terminada em cornija, encimada por friso e cornija, sobre o qual se desenvolve, em cantaria, brasão de família entre aletas e fogaréus relevados, ladeado por duas janelas de peitoril, com caixilharia de guilhotina, sendo as do andar nobre encimadas por frisos e cornija e tendo o pano de peito pintado de branco. Os dois panos laterais são mais largos e semelhantes, rasgados por portal central de verga reta entre duas janelas de peitoril, com caixilharia de guilhotina e, no andar nobre, por três janelas de sacada corrida, com guarda em ferro, e com molduras encimadas por frisos e cornija. O pano do topo direito, mais estreito, é rasgado por porta de verga reta e, no andar nobre, por janela de peitoril igual às do pano central. O pano do topo esquerdo corresponde à capela, com as pilastras definidoras coroadas por bolas, sobre plintos paralelepipédicos, e com remate em cornija e frontão de volutas recortado ao centro, integrando no tímpano nicho em arco de volta perfeita, albergando imagem da Virgem. É rasgada por portal de verga reta e ampla janela retilínea, ambos moldurados e enquadrados por duas pilastras, assentes em plintos paralelepipédicos, suportando cornija. INTERIOR: casa com vestíbulo central, pavimentado a calhau rolado, formando ondulado, desenvolvendo-se a partir do ângulo esquerdo escada para o andar nobre. À esquerda, uma porta liga a sala seccionada em duas alas paralelas, a posterior com dois amplos arcos frontais de volta perfeita sobre pilar e um outro arco intermédio. Andar nobre com tetos de madeira em gamela. CAPELA de planta retangular composta por nave e capela-mor, volumetricamente indistinta, marcada por teia de balaústres. Paredes rebocadas e pintadas de branco, com pavimento de madeira. Coro-alto de madeira formando U, comunicando com sala do andar nobre; no sub-coro, o portal é ladeado, por pia de água benta, exteriormente gomeada. No lado do Evangelho possui púlpito com bacia de cantaria sobre mísula e com guarda em balaustrada de talha. Sobre supedâneo de três degraus, surge o retábulo-mor, de planta côncava e um eixo. No lado da Epístola, abre-se porta de verga reta e superiormente tribuna retilínea com guarda em ferro.

Acessos

Angra (Santa Luzia), Rua da Boavista, Rua da Madre de Deus

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 41/1980, JORAA, 1.ª série, n.º 20 de 11 junho 1980 / Incluído no Núcleo urbano da cidade de Angra do Heroísmo (v. PT071901160035)

Enquadramento

Urbano, adossado, em posição destacada na zona alta do centro histórico e frontal ao Castelo ou Fortaleza de São João Baptista (v. PT071901160001). A casa ergue-se sobre plataforma adaptada ao declive do terreno, mais cacentuado na fachada posterior, e insere-se numa propriedade de planta trapezoidal, vedada por alto muro, rebocado e pintado de branco, com a casa precedida por amplo pátio, pavimentado. Este é acedido por portal, em alvenaria rebocada e pintada a azul e branco e faixa a preto, de quatro panos, definidos por falsas pilastras decoradas com botões, e coroadas por dois pináculos piramidais com bola, assentes em plintos paralelepipédicos, e dois seccionados, possuindo ainda duas cartelas recortadas com a data de "1850" seccioanda. À fachada lateral esquerda adossa-se pequeno corpo rectangular e a E. o pátio frontal é delimitado por dois corpos retangulares, desiguais, cobertos por telhados de uma água, possuindo num pano de muro intermédio fonte de espaldar. Junto à fachada posterior desenvolve-se jardim arborizado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: residência oficial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17, 2º quartel - construção do solar por determinação do então Morgado e Capitão-mor de Angra, João de Bettencourt de Vasconcelos, talvez aproveitando uma pequena casa com fachada ficava virada a E., da qual subsiste a parede que separa a atual sala de jantar do corpo principal do edifício; 1641 - João de Bettencourt de Vasconcelos, juntamente com o seu cunhado, o Capitão-mor Francisco de Ornelas da Câmara, preside ao Conselho de Guerra que se constitui em Angra para ordenar o cerco da fortaleza de São João Baptista, sendo possível que o comando das operações se fizesse a partir do solar, junto à qual se abriu uma das diversas trincheiras para defesa dos sitiantes; 1727 - construção da capela do solar, dedicada a Nossa Senhora da Madre de Deus, por iniciativa de Vital de Bettencourt de Vasconcelos, bisneto do capitão-mor João de Bettencourt; 1728, 15 junho - alvará do bispo de Angra, D. Manuel Alvares da Costa, autorizando o culto na capela, visto ter "os paramentos necessários, campanário e porta para a rua"; 1850 - data inscrita no portal de acesso ao patio frontal da casa; 1980, 1 janeiro - terramoto que assolou a ilha provoca sérios danos ao imóvel; posteriormente é adquirido pelo Estado para instalação do Gabinete do Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores; 2004, 09 setembro - publicação da Resolução do Conselho do Governo n.º 126/2004, referindo consumir a classificação anterior do imóvel por inclusão na Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo, em JORAA , 1.ª série, n.º 15.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; retábulo de talha; pavimentos e tetos de cobertura de telha.

Bibliografia

Angra do Heroísmo: Janela do Atlântico entre a Europa e o Novo Mundo. Horta (Faial): Direcção Regional do Turismo dos Açores, s.d.; DIAS, Pedro - Arte de Portugal no Mundo - Açores. Lisboa: Péblico - Comunicação Social S.A., 2008.

Documentação Gráfica

DGEMN:DSE/DC, Arquivo Pessoal de Frederico George

Documentação Fotográfica

SIPA, Arquivo Pessoal de Frederico George

Documentação Administrativa

DGEMN:DSE/DC

Intervenção Realizada

1980, década - obras de restauro e adaptação às instalações ministeriais; DGEMN: 2000 - aquisição de cortinas em linho bordadas à mão; adaptação da cave e do piso térreo - rede de ventilação dos gabinetes; obras de beneficiação do piso térreo.

Observações

EM ESTUDO

Autor e Data

Paula Noé 2012

Actualização

 
 
 
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