Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição / Igreja de Nossa Senhora da Conceição / Santuário de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00008153
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Angra (Nossa Senhora da Conceição)
 
Igreja paroquial de fundação quinhentista e reconstruída no séc. 17, elevada a santuário nacional. A planta de três naves integra-se no programa nacional de construção de igrejas paroquiais pelas Ordens Militares, administradas diretamente pela Coroa. Tem planta composta pelas três naves separadas por arcos de volta perfeita sobre pilares, e cabeceira tripla escalonada, interiormente com iluminação axial e bilateral e coberturas de madeira nas naves e abóbadas de cantaria nos absidíolos, tendo adossado à fachada lateral esquerda da frontaria torre sineira. As fachadas são rebocadas e pintadas, com os elementos estruturais, decorativos e molduras dos vãos sublinhados a azul, de caráter popular; a principal termina em empena e é rasgada por três eixos de vãos retilíneos, correspondendo a portal, entre pilastras estriadas sustentando friso de acantos e frontão de aletas interrompido, e duas janelas laterais estreitas, e amplas janelas retangulares superiores. Os vãos são encimados por elementos decorativos relevados barroquizantes, nomeadamente com vieiras e pináculos sobre os do primeiro registo e falsos espaldares de aletas e cornija recortada e pináculos sobre os do segundo, os quais se abrem sobre cornija corrida. Torre sineira rematada em coruchéu piramidal facetado, revestido a azulejos, e de dois registos tendo, no primeiro, dois vãos e, no segundo, sineira em arco de volta perfeita. As restantes fachadas são mais sóbrias e despojadas, terminando em cornija e sendo rasgadas por janelas retilíneas e portas travessas, de verga reta. No interior possui coro-alto de madeira, batistério no lado do Evangelho com cobertura em abóbada de cantaria, formando caixotões, naves laterais com três capelas à face, com retábulos barrocos de talha dourada, e a central com púlpito de bacia retangular adossado a um dos pilares. As guardas vazadas do coro-alto, do púlpito, cujo acesso se faz por escada contornando o pilar, a porta do batistério e os três confessionários apresentam as mesmas características estilísticas e datam do séc. 19. As capelas laterais confrontantes são semelhantes e têm retábulos em barroco nacional enquanto o do Sagrado Coração de Jesus é já de transição do nacional para o joanino, apresentando a típica espira fitomórfica. O absidíolo do Evangelho, o do Santíssimo, tem grades encimada por uma tela de finais do séc. 19, e no interior, os apainelados que revestem uma das paredes foram aplicados no séc. 18, ou no 19, e um retábulo maneirista, de corpo reto e três eixos. O absidíolo da Epístola encontra-se atualmente despojado de decoração; a moldura e pilastras do vão que lhe dá acesso e do existente no lado do Evangelho são contudo percorridos parcialmente por friso concave, modinatura que não surge noutros vãos. O arco triunfal é integralmente revestido a talha, conservando o brasão nacional no fecho, documentando a administração régia. A capela-mor tinha os caixotões entalhados da cobertura com pinturas de iconografia Mariana, mas atualmente só conserva as molduras dos mesmos. As suas paredes são parcialmente revestidas a apainelados entalhados seiscentistas com painéis pintados, e retábulo-mor barroco, de talha dourada, com corpo reto e um eixo, mas o trono é já de finais do séc. 19. O órgão oitocentista do coro-alto, proveniente do mosteiro da Luz, de Praia da Vitória, é igual ao órgão existente na Igreja Matriz da Horta, com o n.º 78, construído um ano antes, apenas se distinguindo na configuração de um registo da mão esquerda, pois em vez do registo composto por Dezanovena e 22.ª tem uma Dozena de duas filas.
Número IPA Antigo: PT071901040029
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular composta por três naves e capeceira tripla escalonada, tendo adossado à capela-mor, em eixo, um anexo, à fachada lateral esquerda torre sineira quadrangular e sacristia retangular e na oposta uma sacristia e uma capela profunda. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e capela-mor, de três nas sacristias e de uma na capela lateral, rematadas em beirada dupla, e coruchéu octogonal na torre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento pintado de preto e cunhais apilastrados, remates em cornija, molduras dos vãos e outros elementos sublinhados a azul; os cunhais da igreja e da torre sineira são coroados por pináculos galbados sobre plintos paralelepipédicos almofadados. Fachada principal virada a O., terminada em empena, com cornija, coroada por cruz latina de braços quadrangulares, sobre acrotério com caveira. É rasgada por portal de verga reta ladeado por pilastras estriadas, assentes em plintos paralelepipédicos com faces decoradas com losango, e com capitéis de inspiração coríntia, sustentando entablamento, com friso de acantos relevados, e sobre o qual se desenvolve falso frontão de volutas interrompido por vieira sobre elemento fitomórfico, e possuindo duplos pináculos galbados sobre plintos paralelepipédicos no enfiamento das pilastras. Ladeando o portal, abrem-se duas janelas retangulares, molduradas, encimadas por cornija reta sobreposta por pináculos enquadrando vieira sobre motivo convexo. Sobre o portal e assentes em cornija reta, rasgam-se três janelas retangulares, a central maior, com molduras percorridas por frisos, encimadas por cornija reta, sobreposta por pináculos laterais e falso espaldar, nas laterais formado por aletas e sobreposto por pináculo, e, na central, recortado e formado por volutas, tendo vieira no tímpano e sendo encimado por óculo circular. No extremo esquerdo da fachada rasgam-se ainda duas frestas de capialço, gradeadas, sobrepostas. Torre sineira de dois registos, separados por cornija, o primeiro rasgado por janela quadrangular e por fresta de capialço, ambas gradeadas, e o segundo rasgado, em cada uma das faces, por sineira em arco de volta perfeita, frontalmente albergando sino. O coruchéu da torre surge revestida a azulejos azuis e brancos, formando zigue-zague, e é coroado por globo e cata-vento em ferro. Fachadas laterais terminadas em cornija e rasgadas, na nave, por porta travessa de verga reta e moldura simples encimada por cornija, e por janelas retangulares, três na lateral esquerda e quatro na oposta; na fachada lateral esquerda, a sacristia, de dois pisos, é rasgada a O. por porta de verga reta de moldura simples e, a N., por janela retangular e óculo circular, moldurados e gradeados; a sacristia da fachada lateral direita tem apenas um piso e é rasgada a E. por porta de verga reta e janela retangular, molduradas. A capela deste lado, terminada em meia empena, integra na fachada virada a E. frontão triangular e é rasgada a S. janela de capialço. A capela-mor, separada do anexo por pilastra, é rasgada de ambos os lados por janela retangular, tendo ainda na virada a S. porta ladeada por dois vãos, sobreposto por um outro, todos atualmente entaipados. Fachada posterior com o anexo terminado em frontão triangular, coroado por cruz latina, e rasgado por porta e duas janelas dispostas superiormente, de moldura simples e gradeadas. INTERIOR com as naves separadas por arcos de volta perfeira assentes em pilares, sobre bases paralelepipédicas, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento cerâmico e em cantaria e coberturas de madeira, sobre cornija de cantaria, nas naves laterais em masseira, pintadas de branco, e na central, plana, formando caixotões com florões, em madeira envernizada. Coro-alto de madeira com guarda pintada de verde, em apainelados de elementos vegetalistas vazados, acedido a partir da torre, que avança para a nave, rasgada por porta de verga reta, de moldura simples. Ao centro do coro existe grande órgão. Na nave central surge adossado a um dos pilares do lado do Evangelho púlpito, com bacia retangular de cantaria, de remate piramidal invertido, com guarda de madeira vazada, pintada de verde, acedida por escada de madeira que contorna o pilar, com guarda igual; é encimado por baldaquino retangular, pintado com motivos em xadrez e florão central. Na nave do Evangelho existe, a seguir à torre, batistério, com vão em arco de volta perfeita sobre pilastras, revestidas a talha pintada de verde e preto, com porta de duas folhas e bandeira, decoradas com elementos volutados e vegetalistas vazados e com cartela recortada na bandeira. Possui cobertura em abóbada de berço, formando caixotões, sobre cornija, tendo na parede do fundo armário embutido retangular; ao centro tem pia batismal, de taça hemisférica, exteriormente lisa, sobre coluna balaústre. Lateralmente apresenta duas capelas laterais com retábulos de talha dourada, dedicadas a São Sebastião e ao Sagrado Coração de Jesus e, na nave da Epístola, tem apenas uma, dedicada a São José, sendo esta e a de São Sebastião semelhantes. No topo da nave da Epístola, possui lateralmente porta de acesso a uma das sacristias, com moldura percorrida por friso boleado. O absidíolo do Evangelho, dedicado ao Santíssimo Sacramento, possui o acesso em arco de volta perfeita sobre pilastras, revestidas a talha, pintada de azul e ornada de elementos vegetalistas em dourado, com porta de duas folhas e bandeira com decoração vazada e dourada, nomeadamente volutas e cruz central; sobre o arco surgem seguintes com acantos em talha dourada, sobreposto por painel pintado com Ressurreição de Cristo, com moldura de talha rematada por espaldar recortado, ornado de acantos volutados, cartela e palma. No interior, a capela apresenta pavimento de cantaria, as paredes rebocadas e pintadas de branco, à exceção da do lado da Epístola, que é revestida a apainelados de acantos, e cobertura em abóbada de berço, em cantaria, com caixotões. Sobre o supedâneo, com acesso por três degraus centrais, surge o retábulo de talha, de planta reta e três eixos. O absidíolo da Epístola, com acesso por arco de volta perfeita sobre pilastras, ambos parcialmente percorridos por almofada côncava, é coberto por abóbada de berço formando caixotões de cantaria decorados com florões, desenvolvida sobre cornija, que contorna toda a capela. No lado do Evangelho abre-se vão em arco de volta perfeita sobre pilastras, igualmente percorrido por friso côncavo. Na parede testeira abre-se nicho, em arco de volta perfeita, sem moldura, albergando imaginária; ladeado, do lado da Espístola por pequeno nicho de alfaias retangular, em cantaria. Altar parelelepipédico, com frontal defenido por friso de talha dourada, com elementos recortados. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, integralmente revestido a talha, possuindo no fecho brasão com as armas nacionais, pintadas. Capela-mor com as paredes rebocadas e pintadas de branco e os dois terços superiores revestidos a apainelados de talha, envolvendo as janelas e integrando painéis pintados moldurados ou enquadrados por frisos de acantos. No lado do Evangelho o painel maior representa uma "Adoração dos Pastores" tendo nos quatro ângulos, pequenos painéis quadrilobados com São Lucas, São João (no plano inferior), um Santo e Santa Teresinha (no plano superior); sob a janela surge representação de Santa Helena ou Santa Clara, seguida dos painéis da Morte da Virgem (?) e São João Baptista. No lado da Epístola a tela grande representa uma "Adoração dos Reis Magos, as polilobadas São Mateus, São Marcos (no plano inferior) e dois Santos na fiada superior; sob a janela surge uma Santa, seguida dos painéis da Virgem com o Menino e São José com o Menino. Sob os grandes apainelados existe, de cada lado, o cadeiral da antiga Colegiada da Conceição dos Clérigos, entalhado, com espaldar retilíneo, rematado por cornija reta, com quarteirões delimitando sete lugares, com braços volutados, sendo o do topo mais alto, e terminado em espaldar interrompido por palmeta. Sobre o supedâneo surge o retábulo-mor de talha dourada, de planta reta e um eixo, definido por quatro colunas torsas, decoradas por parras, pâmpanos e aves, sobre mísulas com aves e de capitéis coríntios, e por dois frisos verticais intermédios ornados de acantos enrolados, que se prolongam pelo ático em três arquivoltas, de igual decoração, com fecho sobreposto por monograma com "AM" e coroa; ao centro abre-se ampla tribuna, interiormente pintada de branco, albergando trono expositivo, de cinco degraus facetados, pintados de branco, azul e dourado, sobreposta por baldaquino; banco com apainelados de acantos e querubins, e sotobanco com frisos de acantos enrolados. Altar paralelepipédico com frontal pintado com elementos vegetalistas prateados. Cobertura em falsa abóbada de berço, de madeira, formando 25 caixotões de molduras ornadas com motivos vegetalistas e painéis lisos, desenvolvida sobre cornija entalhada. Uma das sacristias tem as paredes rebocadas e pintadas de branco e teto de madeira sobre travejamento; numa das paredes possui arcaz em madeira de jancandará, encimado por espaldar, seccionado por colunas torsas, coroadas por pináculos igualmente torsos e sobreposto por nicho, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, albergando imaginária.

Acessos

Angra (Nossa Senhora da Conceição), Rua do Cruzeiro

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 41/1980, JORAA, 1.ª série, n.º 20 de 11 junho 1980 / Incluído na Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo (v. IPA.00010623)

Enquadramento

Urbano, isolado, adaptado ao declive do terreno, situado na confluência das ruas do Cruzeiro com as ruas do Galo a O. e dos Italianos a S.,em pleno centro histórico de Angra do Heroísmo. Integra-se parcialmente em adro, vedado por muro, rebocado e pintado de branco e capeamento a azul, encimado por gradeamento, formando espaço ajardinado entre a sacristia da fachada lateral esquerda e a torre sineira, onde possui acesso por portão de ferro, e ao longo da fachada lateral direita. O portal axial é precedido por escada adaptada ao declive. As frentes urbanas envolventes são constituídas por edifícios de valor arquitetónico, como o Solar e Capela de Nossa Senhora dos Remédios (v. PT071901040027) a S., o Palacete Silveira e Paulo (v. PT071901040039) a SO., o prédio na Rua do Cruzeiro, nº 28-32 (v. PT071901160010) e o Prédio na Rua do Cruzeiro, nº 34-40 (v. PT071901040011), ambos a NO..

Descrição Complementar

O órgão do coro-alto é de planta retangular e corpo (com l.225 cm x c. 141,5 cm x al. 392 cm) em talha policroma, a branco e marmoreados fingidos a rosa e azul, composto por um castelo proeminente e dois nichos, divididos por pilastras, coroadas por pináculos, com gelosias, no primeiro em cortina e nos nichos em harpa; remate em cornija, a do castelo contracurva e tubos de palheta em leque. Consola em janela ladeada pelos botões dos registos com a seguinte distribuição: lado esquerdo: Trompa de Batalha (hor.), Clarão, Vintedozena, Dezanovena, Quinzena, Dozena, Flautado 6 tapado, Flautado 6 aberto, Falutado 12 tapado; lado direito: Clarim (hor.), Corneta, Vintedozena, Dozena e Desanovena Quinzena, Oitava Real, Flauta Travessa, Voz Humana, Flautado 12 aberto. O teclado vai do dó da segunda linha suplementar inferior da clave de fá, ao mi do quarto espaço da pauta da clave de sol. O âmbito do teclado é Dó-dó1/dó#1-mi3; possui anulador de cheios (2 pisantes) e fole integrado (cunha), com 200 cm de comprimento e 93,5 cm de largura. As Capelas de São Sebastião e a de São José, apresentam-se revestidas a apainelados de talha dourada, ornados de acantos, tendo arco de volta perfeita sobre pilastras, decoradas de acantos; contêm retábulo de planta reta e um eixo definido por duas colunas torsas, ornadas de pâmpanos, e de capitéis coríntios, sustentando entablamento, sobre o qual se desenvolve o ático, de uma arquivolta e apainelados de acantos; ao centro possui nicho pouco profundo, com arco de volta perfeita, torsa, sobre duas colunas torsas, revestido a brocado, albergando imaginária; entre o nicho e as colunas surgem apainelados de acantos; banco com friso de acantos, o da capela de São José tendo superiormente fragmentos de inscrição. Têm altar tipo urna com frontal decorado por ampla cartela, contendo cruz grega trevada entre palmas. A capela do Sagrado Coração de Jesus, igualmente revestida a apainelados de talha, com fundo pintado de azul e acantos dourados, possui arco de volta perfeita sobre pilastras, albergando retábulo de planta reta e corpo côncavo, definido por quatro pilastras decoradas de acantos, sobre plintos também com acantos, e duas colunas torsas centrais, com espira fitomórfica, sobre mísulas e de capitéis coríntios, as quais se prolongam no ático em igual número de arquivoltas, unidas no sentido do raio; ao centro possui nicho pouco profundo, revestido a brocado, contendo imaginária; banco com apainelado de acantos integrando ao centro sacrário tido templete, ornado de motivos vegetalistas e rematado em espaldar recortado. Altar protegido por frontão de altar vermelho. O absidíolo do Evangelho, dedicado ao Santíssimo Sacramento, tem retábulo de talha dourada, de planta reta e três eixos definidos por quatro colunas de fuste torso com as espiras ornadas de botões e de terço inferior marcado, assentes em plintos paralelepipédicos decorados de acantos, e de capitéis coríntios, sustentando entablamento; no eixo central abre-se nicho pouco profundo, com arco em asa de cesto, sobre pilastras, ornadas de elementos fitomórficos e querubim no fecho, interiormente com painel pintado de vermelho, enquadrado por seguintes fitomórficos; nos eixos laterais surgem painéis decorados com motivos vegetalistas; ático com tabela retangular, decorada com anjos tenentes segurando uma custódia, definida por quarteirões e rematada em cornija curva; ladeiam a tabela quartos de círculo com apainelados vegetalistas adaptados ao perfil da cobertura, formando frontão curvo. Lateralmente surgem ainda dois frisos com motivos vegetalistas. Sotobanco com apainelados entalhados, com fundo pintado de azul e elementos vegetalistas dourados. Sobre a banqueta surge sacrário tipo templete, circular, com duas colunas laterais, de fuste ornado com elementos vegetalistas e terço inferior marcado, e coberto por domo, seccionado e com motivos vegetalistas; a porta é igualmente ornada por motivos vegetalistas. No início de cada uma das naves laterais existem confessionários de madeira, pintados de verde e preto, com o topo superior decorado por elementos volutados.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

AFINADOR DE ÓRGÃOS: Tomás Narciso do Canto (1949). ENTALHADOR: João Pereira Cardoso (1702); Lourenço Pereira (1704). ESCULTOR; Joaquim Esteves Carvalho (1912). MARCENEIRO: António da Costa (1707). ORGANEIRO: António Xavier Machado e Cerveira (1815); Dinarte Machado (1996). PINTOR-DOURADOR: Manuel da Cruz (1678); Pedro de Oliveira (1702).

Cronologia

1461 - data do desembarque na ilha Terceira de Álvaro Martins Homem; 1461 - 1474 - construção da primitiva ermida de Nossa Senhora da Conceição, por iniciativa de Álvaro Martins Homem; 1478 - a povoação ganha o estatuto de vila; 1534 - a vila é elevada a cidade; 1553, 26 março - alvará de D. João III ordenando ao bispo D. Frei Jorge Santiago a elevação da ermida a sede da paróquia com a mesma invocação; 1574 - data do registo de batismo mais antigo da paróquia; séc. 16, 2ª metade - o Dr. Gaspar Frutuoso descreve o templo como "rica e graciosa igreja de três naves", onde havia um vigário, um cura e sete beneficiados, existindo ainda na paróquia 900 paroquianos; 1582, 15 outubro - D. António Prior do Crato, antes de partir da ilha, "foi ter à igreja de Nossa Senhora da Conceição, que novamente se fazia, a que fez esmola de quinhentos cruzados para se acabar"; 1590, 7 agosto - a rogo do prelado D. Manuel Gouveia, a côngrua do vigário principal e de cada um dos nove beneficiados da freguesia aumentou para 40$000 e 18$000, respetivamente; 1603, cerca - o vigário, coadjutor e beneficiados que constituíam a primeira colegiada da ilha, a colegiada da Conceição dos Clérigos, com onze sacerdotes, solicitam ao rei o acréscimo de mais um beneficiado, alegando que o número estipulado se mostrava insuficiente para o serviço da paróquia; despacho régio indeferiu o pedido e transferiu dois dos beneficiados existentes na igreja para outra mais carecida de ministros; séc. 17 - provável reforma da igreja; 1650, cerca - data provável da feitura do painel de azulejos com representação da custódia colocada no absidíolo da Epístola; 1678, abril - douramento do retábulo-mor e das credências pelo pintor-dourador Manuel da Cruz, por 90$000; 1702, 02 junho - auto de arrematação da obra de escultura em madeira de cedro do teto da capela-mor, por João Pereira Cardoso, morador em São Pedro (Angra); arrematação da feitura dos 25 painéis do teto da capela-mor, com cenas da vida e atributos da Senhora, pelo pintor-dourador Pedro de Oliveira, por 4$000; 1704, 23 janeiro - feitura do retábulo-mor conforme o rascunho, pelo entalhador Lourenço Pereira, por 390$000; 1707, 16 agosto - auto de arrematação da obra de marceneiro dos vestiários da sacristia por António da Costa; 1717, 06 dezembro - criação da Confraria de Nossa Senhora da Conceição; 1759, 10 julho - criação da Confraria de São Francisco de Paula por alvará do bispo D. António Caetano da Rocha, para honra e glória de Deus "com obsequio do grande Patriarca dos Minimos", e com a obrigação de tirar esmolas pelas portas "e dar cada Irmão hu pão às segundas feyras pª se repartir com os prezos, e pessoas recolhidas mais necessitadas = Visitar os Infermos do Hospital em hu só dia na semana =" e ir às cadeias da cidade visitar os mesmos encarcerados e interceder por eles; 1761 - nomeação de Miguel Francisco da Fonseca como organista da Santa Casa da Misericórdia de Angra e da Colegiada de Nossa Senhora da Conceição; 1787, 29 novembro - fundação da Confraria do Santíssimo Sacramento; 1788, 20 junho - aprovação dos estatutos da Confraria do Santíssimo Sacramento, com o beneplácito de D. Maria I, reverendado pelo ministro Conde de Vila Nova de Cerveira; 1815, 20 julho - conclusão da execução do órgão por António Xavier Machado e Cerveira, o seu n.º 81, para o mosteiro de Luz, em Praia da Vitória; 1832 - supressão da Colegiada, ficando o serviço religioso da paróquia a cargo de um vigário, dois curas e um tesoureiro; 1834, cerca - após a extinção das Ordens Religiosas, a igreja recebe o órgão do mosteiro da Luz, de Praia da Vitória, o qual foi instalado num coreto, no lado da Epístola; 1842 / 1843 - transferência do órgão para o coro-alto, o que obrigou à remoção do remate superior para que coubesse no local, e venda do coreto para o mosteiro de São Gonçalo; 1858, 1 novembro - visita a igreja o Infante D. Luís, sendo vigário o Cónego Rogério, cavaleiro das Ordens de Cristo, de Portugal e Brasil e de Nossa Senhora da Conceição; 1862, maio - o cónego Francisco Rogério da Costa, autorizado pelo bispo D. Frei Estevam de Jesus Maria, inicia a devoção do Mês de Maria, celebração que depois irradiou para todo o arquipélago; são também da sua iniciativa as festividades da Primeira Comunhão, a La Salette e outras; 31 maio - desde esta data já existia a Arquiconfraria do Coração de Maria; 1875 - a Confraria de Nossa Senhora da Conceição contava com 89 irmãos e 97 irmãs, dispondo então do capital de 1.793$000 em domínio direto; a do Santíssimo Sacramento tinha 46 irmãos e 29 irmãs e 10:981$230 em domínios diretos, 1:000$000 em capitais mutuados e 2:000$000 em jóias e alfaias; 1876, 2 junho - realização de grandiosa procissão na paróquia, com a participação de grande parte da população da cidade, em cumprimento de um voto dos terceirenses, formulado aquando da crise sísmica; 1877 - fundação do Recreio dos Artistas, Sociedade Musical de Beneficiencia e Piedade, tendo como um dos objetivos principais o acompanhamento da imagem do Beato João Baptista Machado que se venerava na igreja; 1883 - aquisição e imagens e dos lustres de cristal suspensos nos arcos da igreja pela Mesa da Confraria do Santíssimo Sacramento; 1884 - extinção da Sociedade Musical Recreio dos Artistas; 1902, 29 novembro - início da subscrição para a aquisição da atual imagem de Nossa Senhora da Conceição, atualmente na capela-mor; 1904 - as solenidades jubilares na igreja revestiram-se de invulgar brilhantismo; 1910, 8 dezembro - inauguração da iluminação elétrica da igreja; 1912, 29 novembro - feitura da imagem de Nossa Senhora da Conceição pelo escultor portuense Joaquim Esteves Carvalho; 1946, 25 janeiro - data da morte de D. Francisca Ferraz que deixou à paróquia a sua casa para residência do pároco (legada em 27 abril 1942); 17 maio - nova sagração da igreja pelo bispo D. Guilherme Augusto após a conclusão das obras; após Roma ter autorizado a venda das jóias pertencentes à igreja, no montante de 17.470$000, adquire-se os "preparos necessários para um pavilhão do sacrário, frontal do altar-mor, cobertas dos dois púlpitos, pálio e umbela, tudo de fazenda e cor igual à dos paramentos oferecidos por Vírgilio Lory"; este ofereceu ainda os 40 bancos da Catequese, a imagem de São João de Brito, o pálio de seda vermelha para procissões com o Santo Lenho, e outros; sensivelmente deste período e do tempo do cónego Francisco Garcia da Rosa são a mesa e gavetões, os dois guarda-roupas da sacristia dos clérigos, para arrumo dos paramentos, a alcativa da capela-mor, as imagens da Virgem de Fátima, do Beato Nuno, de São José, do Sagrado Coração de Maria, as de Santo António, São Judas Tadeu, Santa Rita de Cássia e de Santa Inês, as quatro últimas de pequenas dimensões; 1948, janeiro - aquisição do pequeno harmónio portátil existente no coro; 1949, janeiro - Tomás Serafim, ou Tomás Narciso do Canto, afinador de órgãos e de pianos, reveste integralmente o órgão do coro-alto de peles novas; 1950, 12 agosto - colocação de lápide comemorativa da sagração da igreja em 1946 na parede da nave; 1950, depois - demolição da sacristia do Santíssimo, uma das três até então existentes, para construção de salão para a Catequese e reuniões da Acção Católica; 1953, 15 junho - escritura de doação de D. Isabel Diniz de Melo Azevedo, deixando à paróquia o seu prédio, na rua D. Amélia n.º 132-136, para residência do vigário-cooperador, com a obrigação de serem celebradas duas missas mensais em sufrágio da alma de sua filha, Maria de Assis, da de seu marido e da sua; 1963, cerca - Santos Simões refere a existência na face do arco do absidíolo da Epístola um painel de azulejos, com 4 azulejos de altura e 3 de largura, tendo ao centro uma custódia, envolvida por elementos de padrão policromo e cercadura de tipo vulgar; 1965, 5 fevereiro - inauguração do altar "versus populum", à entrada da capela-mor, para a celebração do culto virado para a assembleia, ofercido por José Cardoso Martins e Fernando Ávila, o qual custou cerca de 6$000; passam a celebrar-se na igreja as cerimónias da Semana Santa; 1980, 01 janeiro - terramoto provoca ruína parcial na igreja; 1987, 08 dezembro - reabertura da igreja ao culto, a qual é elevada a Santuário Mariano, pelo bispo D. Aurélio Granada Escudeiro; 2002 - contrato-programa de apoio financeiro para conservação e restauro de nove pinturas e das talhas dos retábulos da igreja; 2003, 06 março - comemoração dos 450 anos da elevação a paróquia; a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição volta a estar activa; 2004, 09 setembro - publicação da Resolução do Conselho do Governo n.º 126/2004, referindo consumir a classificação anterior do imóvel por inclusão na Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo, em JORAA, 1.ª série, n.º 15.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; pilastras, frisos, cornijas, elementos decorativos exteriores e molduras dos vãos em cantaria pintada; cruzes em cantaria basáltica aparente; pia batismal, pilares, molduras dos vãos interiores, bacia do púlpito, cornijas supedâneo e outros elementos em cantaria de basalto; portas de madeira; vãos com vidros simples; grades de ferro; pavimento cerâmico e em lajes de cantaria basáltica; tetos de madeira pintada ou envernizada; coro-alto e respetiva guarda, bem como a do púlpito, confessionários, porta do batistério em madeira pintada; retábulos e apainelados de talha dourada; telas pintadas; cadeiral de madeira; arcaz em madeira de jacarandá; cobertura de telha.

Bibliografia

Angra do Heroísmo: Janela do Atlântico - Entre a Europa e o Novo Mundo. Horta (Faial): BARARDO, Maria do Rosário - Santuários de Portugal. Caminhos de Fé. Lisboa: Paulinas Editora, 2015; CORDENIZ, José Nelson Leonardo - Os Órgãos de Tubos de António Xavier Machado e Cerveira nos Açores. Lisboa: s.n., 2010. Texto policopiado. Dissertação de Mestrado em Ciências Musicais - Musicologia História apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; DIAS, Pedro - Arte de Portugal no Mundo - Açores. Lisboa: Público - Comunicação Social S.A., 2008; GIL, Júlio, CALVET, Nuno - Nª Senhora de Portugal. Santuários Marianos. Lisboa: Intermezzo, 2003; JÚNIOR, Domingos A. Vaz - Restauro e Reestruturação (anti-sismica) na recuperação de efícios históricos na Região Autónoma dos Açores, in 10 Anos após o sismo dos Açores de 1 de Janeiro de 1980. Lisboa: Carlos Sousa Oliveira, Arcindo R. A Lucas e J. H. Correia Guedes, 1992, vol. 2, pp. 563-606; MERELIM, Pedro de - As 18 paróquias de Angra. Sumário Histórico. Angra do Heroísmo: tipografia Minerva Comercial, 1974; ROSA, Teresa Maria Rodrigues da Fonseca - O Convento de São Gonçalo em Angra do Heroísmo. Contributos para o Estudo da Arte Religiosa Açoriana, 1998. Dissertação de Mestrado em História da Arte apresentada à Universidade Lusíada; SIMÕES, J. M. dos Santos - Azulejaria Portuguesa nos Açores e na Madeira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1963; VALENÇA, Manuel - A Arte Organística em Portugal. Braga: Editorial Franciscana, 1990, vol. 2; Santuário Nossa Senhora da Conceição (http://www.viaoceanica.com/santuarioconceicao/), [consultado em 16 janeiro 2013].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal: Paulinas

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1842 / 1843 - obras na igreja; 1882 / 1883 - obras de melhoramentos na igreja, por iniciativa do padre Rogério, no valor de quatro contos de reis, abrangendo o trono da capela-mor e camarim, as grades da capela do Santíssimo, o baptistério, a capela do Beato João Baptista Machado, o confessionário, o segundo púlpito em simetria com o anterior, o novo artesoado no teto em madeira de cedro, as salas interiores e as modificações do adro; 1946 - obras de beneficiação da igreja, com comparticipação do Estado em 31.2000; as obras constaram de retelho, caiações exteriores e interiores, pintura das janelas, portas, tetos e colunas, colocação de um novo remate na torre, com um aguilhão de ferro, globo e catavento de metal nas obras; 1964, 29 novembro - colocação das lâmapadas de luz florescente na capela-mor; 1966 - obras de beneficiação da igreja; 1987 / 1988 - obras de restauro da igreja, orçadas em cerca de 12.500 contos; 1996 - restauro do órgão por Dinarte Machado.

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

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