Paço Episcopal de Angra / Palácio da Junta Geral do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo / Edifício da Direção Regional da Educação e Cultura

IPA.00008116
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Angra (Sé)
 
Paço eclesiástico construído no séc. 18 e reformado no séc. 19 e no 20, não só devido aos dois incêndios que sofreu, mas também para instalação da Companhia da Junta Geral ao Estado. Apresenta planta retangular simples e fachadas evoluindo em dois pisos, separados por cornija, com soco de cantaria, pilastras nos cunhais e terminado em platibanda plena. A fachada principal tem cinco panos, o central rematado em empena alteada, com brasão, e rasgado por portal em arco de volta perfeita e janela de sacada. Os panos laterais são rasgados por eixos de vãos retilíneos interligados, correspondendo no andar nobre a janelas de varandim, com guarda em ferro e terminadas em cornija reta. A fachada lateral é semelhante. É notório o contraste entre o tratamento das fachadas viradas à rua e a posterior. No interior tem vestíbulo central de distribuição espacial, a partir do qual se desenvolvem as escadas para o andar nobre, de braços convergentes e lanço inferior comum.
Número IPA Antigo: PT071901160019
 
Registo visualizado 507 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Paço eclesiástico  Paço episcopal  

Descrição

Planta retangular de massa simples, com cobertura homogénea em telhados de quatro águas, na posterior rematada em beirada simples. Fachadas de dois pisos, rebocadas e pintadas de branco, a principal e lateral direita, com cunhais apilastrados, percorridas por socos, terminadas em cornija e platibanda plena, capeada a cantaria e com os pisos separados por cornija. Fachada principal virada a E., de cinco panos, o central delimitado por duplas pilastras em silharia fendida, terminado em empena interrompendo a platibanda e com os ângulos horizontalizados, coroados por pináculos; é rasgado por portal em arco de volta perfeita, de chave relevada, sobre pilastras, e por janela de sacada ao nível do segundo piso, sobre duas mísulas e com guarda em ferro, pintada de vermelho, de verga reta e moldura encimada por cornija reta; sob a empena, dispõe-se em eixo, brasão. Os panos intermédios são rasgados por um eixo de vãos interligados, correspondendo o do piso térreo a janela de peitoril, de moldura simples, e o do andar nobre a janela de sacada, com guarda em ferro, pintada de vermelho, e moldura rematada em cornija reta. A platibanda sobre este pano é interrompida por balaustrada de cantaria. Os panos exteriores, os mais largos, possuem esquema semelhante ao anterior, sendo rasgados por cinco eixos de vãos, alternando, no piso térreo, duas portas com três janelas de peitoril. Fachada lateral direita, semelhante, rasgada por dois eixos de vãos interligados, compostos por janela de peitoril e janela de sacada. Fachada posterior com cunhais pintados, percorrida por cornija sob a beirada, corpo central avançado, rasgado no andar nobre por janela de perfil curvo e bandeira de vidrinhos, e nos laterais por vãos retilíneos, correspondendo no andar nobre a janelas de varandim, com guardas em ferro pintadas de vermelho; todos os vãos posteriores têm as molduras pintadas de cinzento. INTERIOR: a entrada principal acede a vestíbulo, com pavimento em mármore branco e preto, tendo frontalmente arco abatido entre colunas estriadas, a partir do qual se desenvolve escada de acesso ao andar nobre, amplamente iluminada por vão em eixo. No topo da escada e já no segundo piso, os dois braços da escada, com guarda em balaustrada de madeira, conduzem a novo vestíbulo, com duas colunas estriadas, e teto de apainelados de madeira.

Acessos

Angra (Sé), Rua Carreira de Cavalos

Protecção

Incluído na Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo (v. IPA.00010623)

Enquadramento

Urbano, adossado a edifício de habitação pela fachada lateral esquerda e disposto de gaveto no centro histórico da cidade de Angra. Implanta-se adaptado ao declive do terreno, possuindo junto à fachada posterior logradouro, desenvolvido a uma cota superior, vedado por muro encimado por gradeamento de ferro, intercalado por acrotérios com pináculos tipo urna; tem acesso lateral por portão em ferro, flanqueado por dois pilares, ornados com silharia fingida e coroados por pináculos tipo urna. Nas imediações erguem-se a Catedral de Angra do Heroísmo (v. IPA.00008159) a NE., o Palácio Bettencourt (v. IPA.00008157) a E., o Prédio na Carreira dos Cavalos, nº 9-13 (v. IPA.00008114) a S., o Convento de São Gonçalo (v. IPA.00008101) a O., o Prédio na Carreira dos Cavalos, nº 25-29A (v. IPA.00008115), o Prédio na Carreira dos Cavalos, nº 55-59 (v. IPA.00008117), o Prédio na Carreira dos Cavalos, nº 61-65 (v. IPA.00008118), todos a N.

Descrição Complementar

O portal principal é ladeado por duas lápides em bronze, com as inscrições: "PAÇOS / DA / JUNTA GERAL" e "REGIÃO AUTONOMA DOS AÇORES / DIRECÇÃO REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA".

Utilização Inicial

Residencial: paço eclesiástico

Utilização Actual

Política e administrativa: junta geral de distrito / Política e administrativa: direção-regional

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1544, 3 novembro - Carta de D. João III fazendo doação e mercê à Sé para que, "para todo osempre", servisse de aposento do bispo de Angra umas casas do rei existentes junto à Sé e pegadas com o adro dela, que haviam sido de Francisco de Giberlião, ex-rendeiro das ilhas dos Açores, e ao qual foram tomadas por dívidas que deixara; são duas casas de morada, com suas câmaras e cozinhas e um quintal em face da rua, na carreira dos Cavalos; posteriormente as instalações são ampliadas e melhoradas, situando-se ao lado o Aljube e, nos baixos, à entrada, os serviços da Câmara Eclesiástica *1; 1603, 8 abril - decreto do Governo concede o subsídio anual de 500$000 para custear as obras de reparação do paço, orçadas em mais de 2:700$000; 1614, 24 maio - na sequência do sismo de Vila Franca do Campo, as freiras do mosteiro de Santo André ficam albergadas no Paço Episcopal, na altura vago; séc. 18 - o bispo D. José Pegado de Azevedo manda colocar as suas armas no teto da sala de visitas; 1727 - 1799, entre - o bispo D. Frei José de Avé Maria enriquece o oratório com outros quadros: vários Passos, São João da Mata, São Félix de Valois, São Raimundo de Penafort, etc; séc. 18 / 19 - a residência episcopal compunha-se de várias salas no andar nobre, destacando-se a chamada docel, onde os prelados concediam as audiências particulares e se realizavam os exames sinodais; a sala de visitas, que ficava contígua; uma boa casa de jantar; a capela ou oratório do paço, que tinha uma tela de Jesus Crucificado, emoldurado por anjos com instrumentos da Paixão, crucifixo de prata, alguns quadros com São Pedro e São Paulo, Assunção da Virgem, Descida da cruz, e Doutores da Igreja e, sobre a porta de entrada, uma Descida do Espírito Santo; tinha ainda cerca para horta e jardim, centrado por um chafariz de repuxo, numerosas lojas, cocheiras, etc.; 1832, após - o edifício deixa de pertencer à Diocese de Angra e é ocupado pela Junta Geral do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo; séc. 19, 2ª metade - a sala de visitas ainda tinha no teto as armas do bispo D. José Pegado de Azevedo; 1885, 31 julho - deflagração de incêndio durante a madrugada na ala N. do palácio que, segundo a tradição, teve oigem criminosa; o bispo D. João Maria estava ausente, na residência de verão, a quinta do Imaculado Coração de Maria, à Estrela, freguesia de São Pedro, mas o familiar padre António Maria Ferreira, que ali pernoitava, foi salvo a grande custo; dados os estragos causados, o bispo muda para o Palácio Bettencourt; 1900 - o bispo passa a residir a casa da R- D. Amélia, n.º 74, para ali também se transferindo a secretaria eclesiástica; 1902, novembro - aquando da chegada do novo bispo, D. José Manuel de Carvalho, aloja-se numa parte do antigo paço episcopl, "que ultimamente e à pressa, foi restaurado, porque el há muito estava desabitado e em ruínas", ali também se achando "provisòriamente instalada numa pequena sala a secretaria eclesiástica"; 1903, 30 maio - ofício do bispado para o Ministério do Reino refer que o arquivo do bispado "muito acanhadamente, sabe Deus como", também está arrumado no edifício; 1910, 20 junho - data da morte de D. José Cardoso Correia Monteiro, último bispo a acupar o edifício; 22 junho - o Cabido elege Vigário Capitular o mon. António Maria Ferreira; 26 junho - o mon. António Maria Ferreira anuncia a vacância da Diocese; 1911 - confisco dos bens eclesiásticos pelo Governo da República, onde se incluía o antigo paço episcopal; 1914, cerca - compra do edifício pela Companhia da Junta Geral ao Estado; 1919, 19 setembro - novo incêndio provoca grandes danos no edifício; 1958 - por ocasião da visita aos Açores do Presidente Marechal Craveiro Lopes, procede-se à decoração e compra de mobília ao gosto do séc. 18, por uma firma portuense *2; 1971, 13 e 14 dezembro - aqui se reunem os presidentes de França e dos Estados Unidos, George Pompidou e Richard Nixon; 1980, 1 janeiro - terramoto causa alguns danos no edifício.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; frisos, cornijas, pilastras, molduras dos vãos, pináculos e outros elementos em cantaria basáltica; portas e caixilharias de madeira; janelas com vidros simples e martelados; guardas em ferro; placas de bronze; pavimentos de mármore e em madeira; tetos de madeira ou de estuque; cobertura de telha.

Bibliografia

Angra do Heroísmo: Janela do Atlântico entre a Europa e o Novo Mundo. Horta (Faial): Direcção Regional do Turismo dos Açores. s.d.; MERELIM, Pedro de - As 18 Paróquias de Angra. Sumário Histórico. Angra do Heroísmo: tipografia Minerva Comercial, 1974.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1902 / 1903 - obras de restauro do paço episcopal; 1919 - obras de restauro, na sequência do incêndio; 1981, depois - obras de restauro do edifício.

Observações

EM ESTUDO. *1 - O Aljube foi construído após o bispo D. Jorge de Santiago ter adquidido, em 1558, a Sebastião Rodrigues, as casas para instalação do aljube, na esquina das Ruas Rio de Janeiro e Conselheiro Jacinto Cândido. *2 - Segundo descrição transcrita em Merelim (p. 539), o salão nobre possuía dois monumentais lustres de cristal, co, 1,56 m dediâmetro por 1,30 de altura, com 56 lâmpadas cada; nas paredes, forradas a papel damasco aveludado, destacavam-se onze apliques igualmente de cristal, de oito lumes cada; os cortinados eram de veludo cor de ouro velho; as guarnições do teto em madeira trabalhadae, cobrindo quase por completo o pavimento, uma carpete, estilo persa, laborada em Beiriz, de 9,00x15,00 m; na parede do fundo tinha i, quadro pintado por Maduro Dias, artista da Terceira, com o "Sonho de Infante".

Autor e Data

Paula Noé 2013

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login