Castelo de São Sebastião / Forte de São Sebastião / Pousada de Angra do Heroísmo

IPA.00008100
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Angra (Nossa Senhora da Conceição)
 
Forte construído na década de 70 do séc. 16 e re-edificado em 1698, por D. Pedro II, tendo sido a primeira grande fortificação marítima na cidade, cruzando fogos com a Fortaleza do Monte Brasil, para defender o porto de Pipas, o mais importante ancoradouro e estaleiro da ilha, onde escalavam as embarcações da Carreira da Índia e as frotas do Brasil. Apresenta traçado abaluartado, adaptado à morfologia do terreno, de planta pentagonal irregular, composta por cortinas a estreitar e com pendente de norte para sul, tendo um baluarte a NO., um meio baluarte a NE., este com praça baixa, um meio baluarte a este e outro a oeste, um redente agudo a sul e, por fim, uma bateria baixa poligonal, de construção oitocentista, também a sul. Estruturalmente conserva com poucas alterações a estrutura primitiva, ainda que tenha sido demolido o revelim que cobria a N. o portal e a cisterna interior, que tinha capacidade para 33.000 litros de água. A escarpa exterior é em talude, rematada em cordão e parapeito liso ou de merlões e canhoneiras, integrando guaritas circulares na face virada a terra, onde se rasga também o portal de acesso, em arco de volta perfeita, encimado por brasão real, com ponte de cantaria sobre o fosso. No interior tem pátio de armas irregular, tendo a norte o antigo corpo da guarda e caserna, de planta retangular e fachadas de um e dois pisos, respetivamente, rasgados por vãos retilíneos. A antiga casa do governador, também retangular, tem dois pisos, contrafortados na fachada posterior, e vãos retilíneos, mas de maior cuidado decorativo, já que os do segundo piso têm avental rematado em botão. O acesso aos baluartes faz-se por escadas ou rampas, existindo rampas de comunicação com casamata soterrada e abobadada. Sob o terrapleno dos baluartes possuía ainda paióis. Alguns autores pensam que a cortina virada a este foi construída no período Filipino, a qual integra casamata retangular soterrada, coberta com abobada de berço e rasgada por canhoneiras a este e amplo vão a norte, possuindo assim dois níveis de tiro. A bateria baixa da Heroicidade foi construída em 1828 para reforço da frente sul., sendo seccionada por uma bateria coberta, possivelmente construída durante as grandes guerras do séc. 20, tal como devem datar desse período os vãos nos flancos do baluarte e meio baluarte virados a norte. Conserva ainda um sistema subterrâneo de condução de águas, de oeste para este com 1,5 a 2 m de altura, construído em 1850 pela Câmara.
Número IPA Antigo: PT071901040006
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Forte    

Descrição

Planta pentagonal irregular, composta por um baluarte poligonal irregular disposto a NO., por um meio baluarte a NE., este com praça baixa, um meio baluarte virada a E. e um outro a O., desiguais, e por cortinas que se vão estreitando de N. para S., até se encontrarem a S. num redente agudo, sob o qual se construiu posteriormente uma bateria baixa poligonal, denominada bateria da Heroicidade. Adaptando-se ao declive do terreno, organiza-se em três ordens de baterias, as dos baluartes mais elevadas, a 32,70 m acima do nível do mar, a do pátio de armas a 26,60 e a bateria baixa a 13,40 m. Apresenta paramentos em talude, com a escarpa exterior em alvenaria de pedra irregular, com algumas zonas rebocadas, sobretudo nos parapeitos, e com cunhais aparelhados, coroados por cordão (exceto no troço O. do redente) e parapeito liso (a N., excepto nos flancos dos baluartes, e a O.), ou de merlões e canhoneiras (a E. e na bateria da heroicidade, neste último caso com merlões de grande espessura). Na cortina virada a N., com fosso inclinado e com pendente para O., rasga-se a porta fortificada em arco de volta perfeita, com aduelas largas sobre os pés direitos encimado, sobre o cordão, por brasão com as armas reais e lápide inscrita, ladeadas por duas pilastras toscanas suportando entablamento. O portal é precedido por ponte de cantaria, construída sobre o fosso, assente em dois arcos de volta perfeita, e o último tramo sobre dois vãos de verga reta, com guarda plena de cantaria. Nos ângulos flanqueados do baluarte e meio baluarte virados a N. elevam-se sobre o parapeito guaritas cilíndricas com cobertura em domo coroada por pináculo piramidal. Os flancos destas estruturas são rasgados por dois vãos jacentes para artilharia. No meio baluarte O. o parapeito no ângulo flanqueado é encimado por falsa guarita quadrangular, rasgada por um ou dois vãos em arco de volta perfeita. A cortina virada a E. é rasgada no terço superior por sete canhoneiras em arco abatido e, no ângulo virado a N., por amplo vão em arco de volta perfeita, sobre pilastras. INTERIOR com trânsito abobadado. No terrapleno, à face interna da cortina N. adossam-se dois corpos, volumetricamente distintos, com coberturas em telhados de uma água ou em terraço, e fachadas rebocadas e pintadas de amarelo, com molduras dos vãos a branco. O corpo mais baixo, correspondente ao antigo corpo da guarda, termina em beirada simples, e é rasgado por arco de volta perfeita, no enfiamento do trânsito, entre janelas de peitoril, uma à esquerda e duas sobrepostas à direita, junto a contraforte. O corpo mais alto, correspondente à antiga caserna no piso térreo e ao alojamento do ajudante no piso superior, termina em platibanda plena, e é rasgado ao centro por portal de verga reta encimado por óculo circular e, de cada lado, por quatro janelas de peitoril sobrepostas duas a duas. A NE. ergue-se a antiga casa do governador, de planta retangular composta por dois corpos paralelos, o virado a E. mais longo, com volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas. Tem fachadas de dois pisos, rebocadas e pintadas de amarelo e faixa a preto, terminadas em beirada dupla e rasgadas por vãos retilíneos com molduras pintadas de branco. A fachada virada a O. é rasgada no piso térreo por duas portas e no segundo por três janelas de peitoril com avental terminado em botão e na virada a S. por três janelas iguais no segundo piso. A fachada virada a E., a mais comprida, é reforçada por dois contrafortes, e rasgada no piso térreo por portas e no segundo por janelas de peitoril, a do extremo esquerdo com avental. A NO. e ao longo da cortina O. erguem-se as construções modernas da pousada, de volumes escalonados, cobertos em terraço, e fachadas de dois pisos rebocadas e pintadas de cor clara. Antigo pátio de armas com zonas arrelvadas, largos passeios lajeados, bancos de cantaria e piscina a O.. A praça baixa do meio baluarte NE. é acedido por escadas de cantaria junto à fachada E. da casa do governador, e possui no topo virado a S. arco de volta perfeita semi-entaipado. O acesso ao meio baluarte O. faz-se por rampa disposta junto à pousada. No pátio existem ainda duas rampas, uma perto da casa do governador, de acesso a uma casamata soterrada e com abobada de berço, sobre friso, rasgada a E. pelas sete canhoneiras e a N. pelo vão em arco sobre pilastras; a outra, mais a S., comunica com a bateria da heroicidade, por meio de um túnel curvo, tendo no término portal de verga reta, rasgado no ângulo S. do redente. Esta bateria é seccionada em dois, tendo nos ângulos da face mais a S., dois vãos estreitos para artilharia. No flanco N. da seção maior possui ainda porta de verga reta de acesso ao porto das Pipas.

Acessos

Angra (Nossa Senhora da Conceição), Rua do Castelinho; Rua Manuel Marques

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 47 508, DG, 1.ª série, n.º 20 de 24 janeiro 1967 / Incluído na Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo (v. IPA.00010623)

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, num esporão rochoso do extremo E. da baía de Angra e da zona classificada do centro histórico, sobranceira ao ao porto das Pipas e ao oceano Atlântico, adaptado ao declive do terreno. O antigo fosso junto à face N. e a esplanada ao longo da virada a O., até ao varadouro do porto de Pipas, encontram-se arelvados.

Descrição Complementar

Sobre o portal surgem as armas reais do tempo de D. Sebastião: [de prata] com cinco escudetes [de azul], postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes em cruz [prata], bordadura [de vermelho] carregada de sete torres [de ouro]. O campo do escudo tem as setas alusivas ao santo padroeiro e é encimado por coroa. Sob o brasão surge lápide com a seguinte inscrição em latim, em nove regras: "JUBENT EPOTENTISSIMO REGAEALTISSIMO DOMINO NOSTRO PETRO II POPULI PATRE, QUI PATRIAM POSSUIT SUAM IN PACE SEMPER TUTAM QUO REGNI PETRA ERECTA FIRMISSIMA ETANGULARIS: CASTRUM A SEBASTIANO CONDITUM REEDIFICATUR, ANNO DOMINI MDCXCVIII".Na bateria baixa de construção oitocentista existe a inscrição "BATERIA DA HEROICIDADE 11 DE AGOSTO DE 1830 NA DEFENSÃO DAS LIBERDADES PATRIAS HEROES SE EXTREMAM NO GERAL DOS POVOS".

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Comercial e turística: pousada

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 17 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Isabel Santos (2001-2006). ENGENHEIRO: Isidoro de Almeida (atr., 1572); Serra (1828); Tommaso Benedetto de Pesaro (atri., 1572).

Cronologia

1537 - D. João III encarrega Pedro Anes do Canto de construir um baluarte em Angra; 1543 - apresentação a D. João III do plano para a fortificação do arquipélago dos Açores pelo engenheiro Bartolomeu Ferraz, informando que as ilhas de São Miguel, da Terceira, de São Jorge, do Faial e do Pico estavam mais vulneráveis aos ataques de corsários, piratas e hereges (protestantes), atraídos pelas riquezas das embarcações que aí aportavam, oriundas da África, da Índia e do Brasil; 1561, 14 maio - carta do Cardeal D. Henrique à Câmara de Angra, onde se constata que o baluarte mandado construir por D. João III, mesmo que tivesse sido construído, já não mais existia; 1562, 22 abril - alvará nomeando Luís Gonçalves como mestre das obras de fortificação, com vencimento de 80$000, no entanto, as obras do forte só se iniciaram cerca de dez anos depois; 1567 - envia-se aos Açores o engenheiro militar italiano Tommaso Benedetto de Pesaro, para orientar a fortificação das ilhas; este, achando que o inimigo surgiria forçosamente por mar, intende que a defesa se deveria concentrar nos portos e ancoradouros, guarnecidos pelas populações locais sob a responsabilidade dos respetivos concelhos; para a defesa de Angra, preconiza a fortificação de toda a península do Monte Brasil; sem condições de custear um projeto de tal envergadura, a Câmara Municipal de Angra, propõe ao cardeal D. Henrique a construção de uma fortificação de maiores dimensões junto ao porto das Pipas e de uma outra, fronteira a essa, na encosta do Monte Brasil, permitindo o cruzamento de fogos, a última das quais veio a denominar-se Forte de Santo António do Monte Brasil; 1572 - na sequência de uma exposição da Câmara, D. Sebastião determina a construção de dois fortes, um no porto de Pipas e outro nos Fanais, em detrimento do que lhe havia sido proposto erguer na ponta do Monte Brasil; em anexo, envia ao corregedor Diogo Álvares Cardoso as plantas para as fortificações, pedindo a maior brevidade na sua construção; segundo Rui Carita a autoria da planta do forte é do engenheiro Isidoro de Almeida e do Dr. Manuel Álvares e segundo Sérgio Alberto Fontes Rezendes do engenheiro Tommaso Benedetto de Pesaro; início da construção do forte, que se denominaria de São Sebastião em homenagem ao rei, sendo o terreno de implantação, sobranceiro à enseada, adquirido a Pedro do Canto e Castro; 1576 - o forte de São Sebastião já se encontrava em condições de ser utilizado; 25 outubro - alvará nomeando Manuel Corte-Real como alcaide-mor; 1580 - as obras são dadas como concluídas embora incompletas, visto faltar quase toda a muralha E., voltada à Baía das Águas; 1581 - o forte contribui para afastar a esquadra de D. Pedro de Valdez dando lugar ao subsequente desembarque e Batalha da Salga; 1582, 26 julho - D. Álvaro de Bazán, vencedor da batalha naval de Vila Franca contra a esquadra francesa enviada aos Açores em apoio à causa de D. António Prior do Crato, não acometeu a cidade nem a ilha; 1583 - aquando do desembarque na Baía das Mós, D. Álvaro de Bazán entrou vitorioso em Angra pelo portão de São Bento, visto o acesso por mar ser-lhe vedado pelos fogos combinados do Forte de São Sebastião com o de Santo António; o marquês de Santa Cruz recebe a rendição formal das tropas francesas aquarteladas na ilha no Forte de São Sebastião; 1589 - o forte, sob o comando de Juan de Horbina, impede o saque do corsário inglês Sir Francis Drake aos navios no porto de Angra; 1597 - forte impede a tentativa de desembarque na Terceira de uma armada sob o comando de Robert Devereux, 2º conde de Essex, com cerca de 140 embarcações, e que fizera grande saque à ilha do Faial; 1641 - no contexto da Restauração da Independência, o Mestre de Campo Álvaro de Viveiros propõe plano de destruição do Forte de São Sebastião, rejeitado pelo Senado de Angra; 1641, 27 março - assalto e conquista do forte, então com guarnição castelhana comandada pelo capitão Respenho, pelas mulheres e Companhia da Ribeirinha, sob o comando do capitão Manuel Jacques de Oliveira; a operação foi favorecida pelo artilheiro português Pedro Caldeirão mas ao serviço de Espanha; depois de dominado, obtém-se o controle do porto e ataca-se a Fortaleza de São Filipe (v. PT071901160001) onde os espanhóis estavam sitiados; 1649, 7 outubro - Carta-régia nomeando alcaide-mor do forte Manuel de Barcelos da Câmara Vasconcelos; 1698 - devido necessitar de restauro, D. Pedro II manda re-edificar o forte, conforme inscrição na porta; 1708 - o forte com o apoio da fortaleza do Monte Brasil impede a armada de René Duguay-Trouin de atacar Angra do Heroísmo, a qual atacara a vila de Velas, na Ilha de São Jorge; 1767 - segundo relatório da inspeção efetuada pelo Sargento-mor Engenheiro João António Júdice, a fortificação tinha alguma ruína, a artilharia era a mesma que os espanhóis haviam deixado em 1641, e a sua guarnição permanente era dada pela Fortaleza de São João Baptista, sendo comandada por um capitão, cargo que era disputado e movia influências na corte; 1772 - data de uma planta do forte remetida com outras à Secretaria da Guerra em Lisboa, representando o revelim cobrindo a cortina N. e a porta, a ponte de pedra sobre dois arcos e com a zona terminal com ponte levadiça, em madeira, e o terrapleno interior bastante desimpedido, com poucas construções adossadas a N. e com a casa do governador; 1828 - no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), por determinação da Regência da Ilha Terceira, é-lhe adicionada a bateria baixa ao forte, denominada como "Bateria da Heroicidade", sob a direção do engenheiro Serra; 1850 - abertura de túnel subterrâneo pela Câmara Municipal de Angra, com 1,5 a 2 metros de altura média e uma extensão ainda desconhecida mas que ia de O. até à rocha da costa a E., para dar vazão às águas pluviais que de vários pontos elevados da cidade ali afluíam em grandes enxurradas; a sua abertura provocou alguma polémica local; 1862 - relação do Barão de Basto refere o forte "Dito de S. Sebastião. Em bom estado de conservação. Com quanto seja uma fortificação secundária deve ser conservada porque auxilia com um eficaz cruzamento de fogos as baterias do Castelo de S. João Baptista que defende a baía d'Angra"; 1868 - relatório do Corpo de Engenharia dá o forte como bem guarnecido, tal como o Castelo de São João Baptista, de que dependia; 1885 - tendo surgido uma epidemia de cólera em Espanha e receando-se que ela invadisse Portugal e chegasse aos Açores, o Governo Civil do Distrito de Angra pede ao Ministério do Reino que obtivesse do Ministério da Guerra autorização para construir no forte um lazareto, onde pudessem ser "tratados, vigiados e saneados" todos os indivíduos que chegassem à ilha, vindos de portos suspeitos de tal epidemia; 16 julho - cedência provisória do forte ao Governo Civil de Angra para construção de um lazareto, em madeira, pelo Ministério das Obras Públicas, o qual seria instalado na bateria baixa da Heroicidade, com trânsito direto para o porto das Pipas por uma pequena porta rasgada na cortina; 1857, 5 setembro - cedência de parte da esplanada ao longo da face O. do forte; 1887 - relatório regista o mau estado de conservação do forte, propondo o seu "encascamento" e a reposição de pedras em falta nas bases das cortinas; 1902 - a Junta Geral do Distrito de Angra satisfazendo a necessidade há muito reclamada pela população encomenda o projeto de um Posto de Desinfeção Terrestre e Marítimo; 1904 - construção do "Posto de Desinfeção" no forte, aproveitando-se a sua localização sobranceira ao porto de Pipas e facilidade de acesso pela bateria baixa *1; 1905, 10 julho - auto de cedência precária do forte à Junta Geral para conclusão das infraestruturas do Posto de Desinfeção, com reserva absoluta de intervenção nas estruturas da fortificação sem prévia autorização do Exército; 1914 / 1918, entre - instalação de baterias de artilharia no forte durante a Primeira Guerra Mundial; construção de um longo edifício de planta retangular para o serviço do posto, o que implicou no desvio do acesso original àquela bateria; posteriormente foram-se construindo outros edifícios, como barracões e telheiros para recolha de equipamento, e uma casa pré fabricada; 1935 - devolução do forte ao Exército Português; até esta data residiu no forte com a família o chefe do posto de Desinfecção; 1943 - ocupação do forte por tropas britânicas aquando da Segunda Guerra Mundial; 1944 / 1958, entre - o ministro Santos Costa promove a reparação geral das cortinas do forte; 2001 - assinatura de protocolo entre a Direção-Geral das Infraestruturas Militares, a Secretaria Regional da Economia, Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e a Enatur - Pousadas de Portugal, para transferência dos militares ali instalados e cedência do forte à Enatur, tendo em vista a instalação de uma pousada; 2002, novembro - data prevista para a transferência dos serviços da Capitania do Porto de Angra do Heroísmo e da Polícia Marítima do forte para o antigo edifício da Lotaçor no porto das Pipas e instalação no porto da Praia da Vitória; a documentação de Arquivo existente no forte seria transferida para o edifício da Lotaçor; os militares em serviço na Capitania de Angra serão alojados em habitações a disponibilizar pela Câmara em São Sebastião e Praia da Vitória; o projeto para instalação de uma pousada, da autoria da arquiteta Isabel Santos, visa a recuperação dos edifícios existentes no interior do forte, albergando 20 quartos, um restaurante para 50 pessoas, um bar e uma sala polivalente com capacidade para 120 pessoas, prevê a construção de um novo edifício, adossado às cortinas N. e O., com um piso subterrâneo e dois acima do solo, bem como a requalificação da área circundante do forte; 2003, 2 maio - a Marinha Portuguesa asteia pela última vez a bandeira portuguesa no Forte de São Sebastião, dando lugar a uma intervenção de manutenção e recuperação; 2004, 09 setembro - publicação da Resolução do Conselho do Governo n.º 126/2004, referindo consumir a classificação anterior do imóvel por inclusão na Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo, em JORAA , 1.ª série, n.º 15; 2006, abril - abertura da pousada no forte, cujas obras de construção orçaram em sete milhões de euros; 21 agosto - inauguração oficial da pousada; 2008, 9 novembro - derrocada de parte da cortina E., ao que parece devido a um antigo processo de infiltração.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de basalto aparente ou rebocada; cordão, brasão, lápide, ponte, abóbadas e outros elementos em cantaria de basalto; placa de betão; portas de madeira; caixilharias, portas e outras estruturas da pousada em perfil de aço; vãos com vidros simples; cobertura de telha ou em terraço.

Bibliografia

ANTUNES, Marisa, Fortaleza nos Açores convertida em Pousada, in Expresso, 02 Ssetembro 2006; CARITA, Rui, O Atlântico: Ilhas e Costa Africana, in MOREIRA, Rafael (dir.), História das Fortificações Portuguesas no Mundo, Lisboa, Alfa, 1989, p. 188-206; DIAS, Pedro, Arte de Portugal no Mundo - Açores, Lisboa, Público - Comunicação Social S.A., 2008; IDEM, História da Arte Portuguesa no Mundo (1415-1822). O Espaço Atlântico, Navarra, Círculo de Leitores e Autor, 1999; Fortaleza nos Açores convertida em pousada, Expresso - Espaços & Casas, 2 Agosto 200, p. 6; Marinha deixa Castelinho até final de Outubro, Diário Insular, p. 3, 16 Outubro 2002; MARTINS, José Manuel Salgado, Património fortificado da Ilha Terceira: o passado e o presente, Separata da Revista de Cultura Atântida, vol. LII, Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura, 2007, pp. 09-52; Pousadas de Portugal inauguram nova unidade em Angra do Heroísmo, in Vida Económica, 01 setembro 2006, p. 19; REZENDES, Sérgio Alberto Fontes, A fortificação da Idade Moderna nos Açores: o caso específico das Ilhas de São Miguel, Terceira e São Jorge, in VI Seminário Regional de Cidades Fortificadas e Primeiro Encontro Técnico de Gestores de Fortificações, 31 de março a 02 de abril de 2010 (http://www.fortalezas.ufsc.br/6seminario/index.php); http://pg.azores.gov.pt/drac/cca/enciclopedia, março 2012; http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_São_Sebastião_de_Angra_do_Heroísmo.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DREML; Ministério do Exército: IE

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN/DREML

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH

Intervenção Realizada

1767, cerca - obras de melhoramentos; 1936 - adaptação do edifício do parque da bateria de artilharia de Defesa Móvel de Costa nº 2, a caserna do Batalhão Independente de Infantaria nº 23; pedido de arranjo das muralhas em mau estado, pois a muralha O. tinha um rombo de 24 m, o último ciclone escavara as terras de apoio à muralha, a cortina E. estava parcialmente "descalça" junto ao mar; precisava-se fazer as seguintes obras: refazamento da muralha O., revestimentos das terras de suporte à muralha superior e calçamento da muralha E.; 1938 - projeto de reparação nas muralhas elaborado pelo engenheiro Jaime Real; 1959 - projeto de construção de um parque de estacionamento de embarcações junto ao forte, que não foi construído; 1963 - projeto de beneficiação e adaptação do edifício principal do forte (arranjo dos telhados, de portas e janelas e caiação das paredes exteriores); 1965 - instalação de um depósito de água no interior do forte; necessitava de obras urgentes de consolidação e beneficiação; 2000, década - obras de adaptação a pousada, tendo-se recuperado as construções mais relevantes no interior do forte, como a caserna e a casa do governador, e construção de um novo edifício adossado interiormente às cortinas a N. e O.

Observações

*1 - O Posto de Desinfeção destinava-se à desinfecção de pessoas, roupas, bagagens e mercadorias que chegassem por mar, mas foi concebido para também responder ao frequente aparecimento e desenvolvimento na ilha Terceira de doenças epidémicas, como a febre tifóide, meningite cérebro-espinal, difterias, varíola, tuberculose, escarlatina, carbúnculo e sarampo. O projecto inicial incluía o rasgamento da cortina a O., para acesso ao interior do forte, o que levou o Exército a pedir o embargo das obras, opondo-se a essa alteração da estrutura arquitetónica, pelo seu grande valor. *2 - No séc. 20 o forte foi sucessivamente ocupado pela Bateria de Artilharia de Defesa Móvel de Costa n.º 2, Depósito de Presos da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, Quartel das Forças Britânicas, 3.º BE do GACA n.º 1 da Base Aérea n.º 4, Serviço de Obras de Engenharia do Comando Militar da Terceira, e Capitania do Porto de Angra do Heroísmo. *3 - O forte na segunda metade do séc. 20 tinha ainda acesso pelo chamado "Caminho de Cima", hoje desaparecido, e pela rampa do varadouro do porto de Pipas, hoje bloqueada.

Autor e Data

Paula Noé 2012

Actualização

 
 
 
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