Casa Tomaszewsky

IPA.00008057
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Funchal, Funchal (São Pedro)
 
Casa barroca de planta em L invertido, composta por 2 volumes integrando torre, com fachada principal de 3 pisos dentro das características tradicionais das edificações solarengas madeirenses dos séc. 17 e 18: o 1º piso de lojas de arrecadações e celeiro, o 2º de serviços e o 3.º nobre, demarcados por pilastras laterais em cantaria, vãos emoldurados a cantaria cinzenta com tapa-sóis, no 2º e no 3.º lambrequins e persianas fasquiadas de madeira pintadas a verde escuro e cornija larga, saliente sob o telhado de beiral duplo de telha de canudo.
Número IPA Antigo: PT062203080108
 
Registo visualizado 112 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa    

Descrição

Planta composta por dois volumes articulados, um longitudinal, no sentido E. e outro perpendicular à direita, orientado horizontalmente a N. - S., integrando torre recuada no corpo longitudinal com janelas envidraçadas em 3 panos sendo o de O. cego. Coberturas diferenciadas com telhados múltiplos de 2, 3 e 4 águas, em telha de canudo ou romana sobre cornija larga saliente, que se estende sob o beiral duplo, levantado nos ângulos, rematado por seta. Fachada principal virada a O. com 3 pisos separados por cornija de cantaria, demarcados por pilastras laterais de cantaria de cor, da região, com bases relevadas e vãos emoldurados a cantaria cinzenta. Piso térreo com embasamento pintado a cinza, 2 portas laterais de verga recta e 2 janelas rectangulares de grades. No 2.º piso sobrepõem-se 4 janelas de guilhotina, com avental de recorte relevado, rectangular, tapa-sóis de verde escuro; no 3.º piso, janelas de sacada corrida, extensiva a toda a fachada assente sobre 8 cachorros talhados em cantaria cinzenta e fixando-se lateralmente aos cunhais, com molduras trabalhadas em relevo, encimadas por cornija de cantaria de cor, sobreposta, saliente; lambrequins e persianas fasquiadas em madeira pintada a verde escuro. A grade da varanda é de ferro forjado de secção quadrangular, colocados na vertical e unidos em baixo e em cima por elementos em forma de enrolamento com espirais, pintados de verde escuro. No corpo horizontal, N. - S., a fachada E., apresenta fenestração regular, com janelas de arco pleno, com molduras simples de cantaria cinzenta e de cor, e tapa-sóis verde escuro; a S. a pequena fachada com 2 janelas rectangulares de vidraça de guilhotina e tapa-sóis. No piso térreo, 3 portas têm acesso ao pátio interior, onde foi construído um pavilhão pré-fabricado; o pequeno corpo que se articula no topo da ala longitudinal, apresenta um pé direito baixo, sem ligação interior ao piso térreo, cobertura de 4 águas de telha romana, beiral duplo e saliente. No piso térreo o acesso faz-se pelo pátio interior por 2 portas, apresenta janelas com gradeamento de ferro, no 2.º piso as janelas são de verga recta, de portada envidraçada e tapa-sóis. No interior, pátio empedrado a calhau rolado, dá acesso ao andar térreo, actualmente dividido em vários compartimentos, mas conservando ainda visível 5 arcos plenos em cantaria de cor, das primitivas "loja celeiro"; ao 2º piso acede-se por escadaria em patamar de cantaria, degraus e balaustrada em madeira torneada, iniciada no lado esquerdo por voluta invertida em cantaria rija cinzenta e termina no 2º piso com passagem por vão de cantaria com arco abatido sobre mísulas salientes com pilastras até ao chão. Apresenta espaços remodelados com excepção do acesso ao 3º piso por escadaria em madeira, que passa ao centro de 3 vãos de arcos abatidos, em cantaria de cor, apoiados nas paredes e em 2 pilastras. Este piso possui 7 divisões, 2 casas de banho e 2 salas viradas a O com tectos de decoração simples em estuque de gesso. Acesso à torre por escada de madeira em espiral a partir de um hall.

Acessos

Funchal (São Pedro), Rua dos Ferreiros, n.º 146 a 150

Protecção

Categoria: VL - Valor Local, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 239/99, JORAM, 1.ª série, n.º 26 de 09 março 1999

Enquadramento

Urbano, integrado num quarteirão do centro histórico do Funchal, flanqueado por outras casas a N. e a S., com acesso pela R. dos Ferreiros, e pátio interior.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: regional

Afectação

Instituto de Gestão da Água

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

ALVENEIROS: Francisco Pereira (1848); José Nunes (1848). CARPINTEIROS: Ambrósio da Câmara (1848); António Rebelo (1870); João Silvestre (1848); José Pereira (1848). PINTOR: António da Silva (1848). PEDREIROS: João Gomes (1848); João Pereira (1848); Joaquim Pereira (1848); Manuel Rodrigues (1866).

Cronologia

Séc. 17 - Construção; 1617 - ali viviam António Lopes Vila Real e sua mulher, Maria Delgada, de ascendência judaica; 1619 - as casas eram avaliadas em 520$000, confrontando por N. com as casas de Pero Nunes Florença, a S. com as casas de Manuel Fernandes Rocha, a NE. com um serrado do Pe. Roque Lopes Queirós e a NO. com a R. do Colégio; 1624, 19 Abril - devendo António Lopes Vila Real 153$000 a Jacques Guilherme Donis, este obtém sentença de arrematação dos arrendamentos da casa, a 9 mil réis anuais, até perfazer o pagamento da quantia em dívida, e toma posse das "casas altos e baixos com seu quintal e serventias"; entretanto, acorda com Catarina Lopes Queirós, irmã do falecido António L. Vila Real, a liquidação da dívida e acaba por tomar conta da casa; arrenda-a a João Bettencourt de Freitas e mulher D. Beatriz de Freitas; Jacques Guilherme Donis foge para a Holanda, levando todos os comprovativos do pagamento da dívida; 1633, 16 Jun. - só nesta data D. Catarina consegue provar o pagamento da dívida e tomar posse da casa; 1638 - 1639 - vendida a D. Beatriz Mauriz, viúva de Agostinho de Ornelas de Vasconcelos, 6.º morgado do Caniço, entrando na posse da família Ornelas de Vasconcelos, ficando vinculada e anexa ao morgado do Caniço; posteriormente, deixa-a a seu filho Aires de Ornelas de Vasconcelos, 7º morgado do Caniço; 1717, 28 Abril - avaliada em 1.192$690; séc. 18, último quartel - remodelações que a levaram à categoria de nobre; a casa foi arrendada até 1838; neste ano, o Conde do Porto Santo, António Saldanha da Gama, herdeiro de Diogo de Bettencourt Vilela, por intermédio de sus mulher D. Antónia Basília Acciaiolly Vilela da Câmara, decide pô-la à venda; inicia-se processo judicial, visto o morgado Aires de Ornelas de Vasconcelos alegar ser o dono do prédio e o conde possuir apenas as benfeitorias na forma de contrato de arrendamento feito em 1717 e o conde do Porto Santo argumentar que re-edificou e melhorou a casa, elevando-a à categoria de prédio nobre; 1844, 6 Fevereiro - assinala-se o fim do litígio com a tomada de posse da casa pelo morgado de Ornelas; 1844 - 1845 - obras de beneficiação no valor de 85$865; 1848, Julho - Setembro - obras no valor de 603$441, trabalhando como pedreiros João Gomes, João Pereira e Joaquim Pereira, como carpinteiros Ambrósio da Câmara, José Pereira, João Silvestre, como alveneiros José Nunes, Francisco Pereira e pintor António da Silva; 1866 - para impedir a ruína da parede E., o morgado assina contrato orçado em 140$000 na parte relativa ao pedreiro e 53$000 ao carpinteiro, a executar pelos mestres Manuel Rodrigues e António Rebelo; 1870 - o mestre carpinteiro António Rebelo apresenta a conta de 278$510 relativos a consertos feitos durante 14 semanas; a casa é arrendada à viúva Abudarham, proprietária da firma "Viúva Abudarham & Filhos", "negociants en vins", que ali esteve até aos primeiros anos do séc. 20; 1902 - D. Isabel Ornelas de Vasconcelos herda a casa por falecimento do seu pai, Agostinho de Ornelas de Vasconcelos Esmeraldo Rolim de Moura; 1905 - arrendamento da casa por 5 anos a Willy Schnitzer para casa de bordados; a Câmara Municipal do Funchal autorizou a transformação de uma janela do 1.º andar em porta; 1930, década - a família ali passou a residir; posteriormente foi herdada por D. Maria de Ornelas Szezerbinka, filha do casal Tomaszweski e mulher de Zagislaw Szezerbinski; 1957 - tinha o valor venal de 288.000$00; 1958 - tinha o valor venal de 1.050.000$00; 1972, Abril - vendida à Junta Geral do Distrito do Funchal, onde estiveram até 1998; obras de adaptação aos serviços administrativos da Secretaria Regional do Equipamento Social e Ambiente, Laboratório de Engenharia Civil, Direcção de Serviços de Hidráulica e Gabinete de Aquisição de Imóveis; 1998 - passa a devoluto, com excepção de um pequeno espaço no 1.º piso, n.º 146, onde funciona Associação da Abraço; 2000 - recuperação do edifício para instalações futuras da Secretaria Regional do Equipamento Social e Ambiente, Instituto de Gestão da Água.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Cantaria mole e rija da região, basalto regional, cimento rebocado, madeira, amarrações mistas, telha de meia cana ou romana.

Bibliografia

FERREIRA, Fátima Aragão de Barros, Arquivo da Família Ornelas Vasconcelos - Instrumentos Descritivos; SILVA, Padre Fernando Augusto da, MENEZES, Carlos Azevedo, Elucidário Madeirense, vol. 3 , Funchal, 1992; GOMES, Fátima Freitas, Agostinho de Ornelas e Vasconcelos. O morgado liberal e a decisão criativa, Islenha, n.º 21, Jul. -Dez. 1997, pp. 79 a 109; FERREIRA, Maria de Fátima Araújo de Barros, Arquivo Histórico da Madeira, Boletim do Arquivo Regional da Madeira, vol. 22, Funchal, 1998.

Documentação Gráfica

SRESA-IGA

Documentação Fotográfica

DRAC; IGA

Documentação Administrativa

IGA

Intervenção Realizada

Junta Geral do Distrito do Funchal: 1972 - remodelação interior, construção de pavilhão pré-fabricado no pátio interior.

Observações

A história desta casa remonta ao séc. 17, e sofreu grandes remodelações nos finais do séc. 18, que levaram à categoria de nobre. É conhecida por casa Tomaszweski por aí ter residido D. Luisa Júlia Isabel de Ornelas Vasconcelos, mulher de George Tomazszewki e irmã de Isabel de Ornelas de Vasconcelos. Durante o ano 2000 o Instituto de Gestão da Água vai proceder a remodelações para adaptação às suas futuras instalações.

Autor e Data

Teresa Brazão 2000

Actualização

Paula Noé 2000
 
 
 
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