Igreja Paroquial da Camacha / Igreja de São Lourenço

IPA.00008044
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Santa Cruz, Camacha
 
Igreja paroquial barroca de planta retangular e nave única, fachada principal em empena de cornija com portal de cantaria de arco pleno e cornija de balanço encimada por janelão, tendo no interior retábulo barroco, de estilo joanino ( o do Santíssimo ), retábulos ( os laterais e o mor ) e azulejos envolvendo arco triunfal neoclássicos, um outro ( o do Rosário ) revivalista, neobarroco, e pinturas do tecto da nave do início de novecentos.
Número IPA Antigo: PT062209020018
 
Registo visualizado 506 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular composta de nave única e capela-mor, com torre sineira quadrada e 2 capelas laterais a E., encostados a N. / O. a antiga residência e, perpendicularmente, os serviços paroquiais a fecharem o adro a N.. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, de 4, 3 e 2 águas, com beirais simples e duplos de telha "marselha" e de canudo, e torre com telhado de alvenaria de cimento. Fachada principal virada a S. com embasamento e pilastras de alvenaria pintadas a cinza, e terminada em empena com cimalha de cantaria com cruz de remates em trevo e pináculo piramidal sobre a pilastra O.. Portal de cantaria regional com arco de volta perfeita sobre pilastras com capitéis e bases ressalvados e remate com cornija de balanço e filete intermédio relevado; encima-o janelão rectangular moldurado com lintel de balanço e filete intermédio relevado pintada a cinza. A E., torre com vãos em arco pleno e registo superior octogonal, mais recuado, delimitado por balaustrada e uma sineira por face. Recuada, a fachada da capela do Rosário de Fátima, com porta de moldura de alvenaria pintada a cinza e arco de volta perfeita com bandeira envidraçada; para O., fachada com porta lateral com moldura de cantaria e janelas com molduras de alvenaria de iluminação da nave. Antiga residência paroquial com 2 pisos e escada de acesso ao piso superior perpendicular à fachada da Igreja. Cartório paroquial com fachada a S., de um piso, com porta e 2 janelas com molduras de alvenaria e arcos de volta perfeita pintadas a cinza forte, com terraço superior de serviço da antiga residência paroquial. No INTERIOR, nave com coro-alto avançado, assente em pilares quadrados de madeira pintada, com balaustrada de madeira; lajeada a cantaria com soalho de madeira aos lados, paredes parcialmente revestidas a azulejos de diferentes tipos e coberta por tecto de madeira de 3 panos, pintado com: "Imaculada" ao centro, uma alegoria à Música, sobre o coro; e lateralmente "Anunciação", "Visitação", "Revelação a São José", "Natividade", "Fuga para o Egipto" e "Jesus no Templo" sobre cornija também de madeira; no lado do Evangelho, junto à entrada, debaixo da torre, antigo baptistério, e púlpito de madeira pintada em marmoreados, com baldaquino e envolvido por decoração entalhada, entre os arcos de alvenaria marmoreada de acesso às capelas do Rosário e do Santíssimo, ambos com retábulos de talha. Arco triunfal de volta perfeita pintado a marmoreados, ladeado por 2 retábulos em talha dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, em espaço demarcado da nave por balaustrada de madeira. Na capela-mor, lambril de azulejos, portas e janelas laterais com vitrais e varandas à face, com molduras de talha branca e dourada; sobre supedâneo, retábulo de talha dourada, com 2 pares de colunas marmoreadas a enquadrarem nichos com mísulas, molduras e frontões entalhados, e camarim fundo com tela do orago, moldura e frontão entalhados, encimado por brasão com as armas reais. Tecto de madeira com imagem do orago pintada.

Acessos

Santa Cruz, Camacha, Largo da Igreja Velha

Protecção

Categoria: VL - Valor Local, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 242/99, JORAM, 1.ª série, n.º 26, de 09 março 1999

Enquadramento

Urbano, isolado num amplo adro elevado, empedrado a calhau rolado miúdo à frente da Igreja e britado aos lados, murado e gradeado, com escada de acesso a S.; coreto, algumas árvores e antiga residência e cartório paroquiais para O. e N.

Descrição Complementar

Na capela do Santíssimo, lambril de azulejos em azul e amarelo, janelas laterais com enxalço em arco pleno também azulejado, importantes e originais molduras entalhadas, com parras e grande cachos de uvas, ao gosto de meados do 18 e anteriores ao actual edifício, amplo retábulo com arco de arquivoltas perfeitas, nichos laterais e grande baldaquino; interessante grade de madeira entalhada; tecto de madeira pintado com motivos alegóricos e decorativos. A Capela do Rosário apresenta retábulo de talha e pintado a casca de ovo. As paredes da nave encontram-se revestidas a meia altura por azulejos neomouriscos e a parede do arco triunfal, totalmente, com azulejos românticos, azuis e brancos.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIRO: Domingos Rodrigues Martins (1751 / 1754); João António Vila Vicêncio (1783 / 1785). ENTALHADORES: Estêvão Teixeira de Nóbrega (1784); Julião Francisco Ferreira (1750 / 1760). PINTORES: Luís Bernes (1921) ; J. Z. N. "Cirilho" (1922). PEDREIRO: Manuel Teixeira (1754).

Cronologia

Séc. 17, 1ª metade - instituição da capela de São Lourenço por Francisco Gonçalves Salvago; 1676, 28 Dezembro - alvará régio autorizando o bispo D. Fr. António Teles a criar a nova freguesia de S. Lourenço da Camacha, no território da do Caniço, assinando a côngrua do novo vigário a partir de 1680, a partir do acrescentamento do cura do Caniço, que reverteria para o vigário de S. Lourenço da Camacha; 1680, 4 Março - alvará régio a favor do novo vigário de S. Lourenço da Camacha, padre Manuel de Sá, de seu ordenado de 10$000 réis em dinheiro, 1 e ½ moio de trigo e 1 e ½ pipa de vinho, que eram do extinto tesoureiro beneficiado e não do cura do Caniço; 1680 a 1699 - vigência do 1º pároco padre Gaspar Pinto Correia; 1722 - referência de Henriques de Noronha de que S. Lourenço da Camacha voltara à anterior situação "de ermida", tendo assim sido desinstalada a paróquia; 1746 - referência a encontrar-se muito arruinada a capela de São Lourenço; 1748, 31 Março - terramoto afecta profundamente a Matriz da Camacha; 1750 - mandado do Conselho da Fazenda para a fazenda do Funchal poder despender verbas até 50$000 réis para reparo de "qualquer igreja paroquial", caso se entendesse com isso "se evitar maior ruína" e lembrava-se o caso da paroquial da Camacha, onde o ruir posterior da capela-mor destruíra o retábulo-mor de talha dourada, constituindo um mais alto prejuízo, 1752, 10 Fevereiro - decreto especificando todos os trâmites do processo das obras reais, enviado com o "Mandado do Conselho da Fazenda para se por em lanços a obra nova da Igreja de São Lourenço da Camacha, e se remeter na forma do Decreto ao diante"; 1754, 1 Agosto - autorização da arrematação do mestre pedreiro Manuel Teixeira, por 5:859$000 das obras, que tinham sido orçadas pelo mestre das obras reais Domingos Rodrigues Martins na ordem de 5:918$155; 1764, 7 Outubro e 1765, 26 Março - mandado do Conselho da Fazenda de 286$530 para ornamentos e 60$000 para uma custódia; 1766, 12 Abril e 30 Abril - mandado do Conselho da Fazenda de 448$680, sob fiança, para uma âmbula, uma lâmpada, turíbulo, naveta, uma cruz e castiçais; 1770, 7 Março e 20 Abril - mandado do Conselho da Fazenda para se receber uma caixa onde seguiam um turíbulo, uma âmbula e uma cruz; 1781, 2 Abril - inspecção das obras pelo capitão engenheiro Vila Vicêncio: 14$350; 1783, Julho a 1785, Agosto - fiscalização do Vila Vicêncio das obras da nova igreja, que importaram em 5:315$700 réis; 1783, 30 Setembro - lançamento da 1ª pedra; 1784, Ago. - arrematação das obras de talha, pintura e douramento do altar-mor por Miguel Francisco da Câmara: 555$000 réis; 1786, 29 Julho - pagamento do entalhe do sacrário, castiçais, frontal e mais reparos: 200$000 réis; 1801 - criação de um curato na Camacha, tendo exercido funções o padre Inácio Cristóvão da Silva; 1803, Feveiro a 1804, Abriil - reparação da escada e patim para o campanário pelo mestre de obras António João da Silva, 490$000; 1811, Maio - arranjos pelo mestre José de Gouveia: 400$000; 1886 - reparação das paredes laterais que ameaçavam ruína; 1908 - arranjo do adro da Igreja; 1914, 10 Agosto - execução da pintura da capela-mor com a evocação do orago: "Assatum est Jam. Versa et Manduca. 10.8.258 M. est. 10.8.1914. P. est."; 1921 - execução da pintura da nave pelo pintor Luís Bernes; 1922 - execução da pintura do sub-coro por J. Z. N. "Cirilho"; 1933 - execução da capela de Nossa Senhora do Rosário de Fátima conforme inscrição: "Capela de Nossa Senhora do Rosário de Fátima erecta pelo reverendo padre vigário J. A. F. e seus Paroquianos no 19º centenário da Redenção de J. C. Rei de 1933"; 1991, 12 Maio - benção pelo papa João Paulo II, na sua visita à Madeira da 1ª pedra da nova igreja da Camacha.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Cantaria mole e rígida regional aparente, alvenaria de cantaria regional rebocada, madeira ( carvalho e outras ), amarrações mistas de tirantes de madeira e de ferro, talha dourada e pintada, pintura sobre madeira, azulejos, vidro e telha "marselha" e de meio canudo.

Bibliografia

NORONHA, Henrique Henriques de, Genealogia... Ilha da Madeira, ano de 1700, São Paulo, Brasil, 1948; SILVA, Padre Fernando Augusto da, Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal, 1945; SILVA, Agostinho, Camacha: chuva não molha fiéis. A tradição das "missas do parto", in Diário de Notícias, 22 Dez. 1990; MOTA, Filipe, Na Camacha. O imaculado amor de mãe, Diário de Notícias, 26 Mai. 1991; NORONHA, Henrique Henriques de, Memórias Seculares e Eclesiásticas...1722, Funchal, 1997; CARITA, Rui, História da Madeira, vols. 4º.e 5º, Funchal, 1996 e 1999.

Documentação Gráfica

GR / Equipamento Social; DRAC, Funchal

Documentação Fotográfica

Museu Vicentes Photographos; DRAC, Funchal

Documentação Administrativa

AN/TT, Junta da Antiga Provedoria da Alfândega do Funchal; ARM; CMF; RN; GC; Funchal

Intervenção Realizada

Observações

A construção de uma nova e aparatosa Matriz, tem levado a que a "igreja velha" somente abra em determinadas festas. Assim fechada, o rigoroso clima da Camacha está a afectar perigosamente todo o conjunto, tendo ruído parte da balaustrada de alvenaria da torre e apresentando as estruturas de madeira: chão e balaustrada do coro, teia e chão da nave importantes marcas do ataque de insectos xilófagos.

Autor e Data

Rui Carita 2000

Actualização

 
 
 
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