Capela de São Martinho

IPA.00000803
Portugal, Castelo Branco, Covilhã, União das freguesias de Covilhã e Canhoso
 
Capela de execução românica, o edifício mais antigo da cidade, possuindo, na nave, cachorrada sem decoração, que sustenta a cornija do remate e o portal principal e a fresta sobre este, ornado por colunas com capitéis fitomórficos, o primeiro com tímpano vazado por quadrifólios. Sobre a empena do remate, cruz da Ordem de Malta, revelando uma ligação desta paróquia com a de São João, a ela pertencente. O facto de possuir linhas de mísulas na nave, indicia a anterior existência de alpendres, que protegeriam as portas travessas, uma delas muito alterada, agora com perfil de verga recta. É de planta retangular composta nave e capela-mor, de espaços diferenciados, com coberturas intenas em vigamento de madeira, escassamente iluminada por frestas rasgadas nas fachadas laterais da nave e da capela-mor, bem como na fachada principal e posterior, umas em capialço, e as da fachada principal com colunas e capitéis de ornamentação vegetalista estilizada. Fachada principal em empena, rasgada por portal em arco de volta perfeita, assente em colunas com capitéis esculpidos e tímpano vazado por quadrifólio. Fachadas rematadas em cornija, com portas travessa em arco de volta perfeita, uma delas com sineira sobre a empena, em arco abatido. Interior com pavimento lajeado e pia baptismal, possuindo arco triunfal de volta perfeita, ladeado por altares revestidos a azulejo mudéjar e, sobre os altares colaterais, a existência de vestígios de pinturas murais, do mesmo período. Na capela-mor, simples altar e nicho.
Número IPA Antigo: PT020503190004
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta nave e capela-mor, de massas dispostas horizontalmente e volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas em cantaria de granito aparente, rematadas em cornija e beirada simples. Fachada principal, voltada a O., em empena com cruz de Malta no vértice, rasgada por portal em arco de volta perfeita composto por duas arquivoltas, assentes em impostas curvas e colunas de fuste liso e capitéis decorados por motivos vegetalistas estilizados, possuindo tímpano ornado por quadrifólios insculpidos; encontra-se encimado por fresta de volta perfeita, com uma arquivolta assente em duas colunas de fuste lisos e com capitéis ornados por motivos vegetalistas estilizados. Fachada lateral esquerda, virada a N., ostentando, na nave, cachorrada lisa a sustentar a cornija, sendo marcada por uma linha de quatro mísulas em cantaria e rasgada por porta em arco de volta perfeita, e por duas frestas em capialço. Sobre a cornija, sineira em arco abatido. Fachada lateral direita, virada a S., com cachorrada lisa a sustentar a cornija, sendo rasgada por portal de verga recta, mas com vestígios de ter possuído um arco de volta perfeita, com vestígios de duas mísulas; na capela-mor, rasga-se fresta em capialço. Fachada posterior em empena, rasgada por fresta em capialço. INTERIOR em cantariade granito aparente, com pavimento em lajeado de granito e coberturas diferenciadas em vigamento de madeira, possuindo, numa das frestas, a da fachada principal, colunas e capitéis de motivos vegetalistas. No lado do Evangelho, a pia baptismal, hemisférica. Arco triunfal de volta perfeita, ladeado por duas mesas de altar, com os frontais revestidos a azulejo de aresta policromo, formando elementos geométricos, sobre os quais existem vestígios de frescos com figuração sacra. Estão ladeados por nicho forrado a azulejo de aresta plicromo. Capela-mor elevada por um degrau, possuindo mesa de altar rectilínea e, na parede testeira, um nicho com revestimento de azulejo de aresta, formando padronagem geométrica.

Acessos

Rua Marquês de Ávila e Bolama

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45 327, DG n.º 251 de 25 outubro 1963

Enquadramento

Urbano, isolado e destacado sobre plataforma plana que se eleva acima do nível da avenida que lhe está paralela; o acesso é efectuado através de dois lanços de escadas, delimitadas por muro em alvenaria e portões em ferro, enquadrando taludes ajardinados. Nas proximidades, situa-se a Biblioteca da Universidade da Beira Interior (v. PT020503190088) e do antigo edifício da Real Fábrica de Panos da Covilhã, actual Museu de Lanifícios e Universidade da Beira Interior (v. PT020503190006) *1.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 12 / 13 (conjectural) / 16

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 12 / 13 - provável construção do edifício, cuja fundação a lenda atribui a Fuas Roupinho; foi sede da paróquia de São Martinho; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 75 libras; integra o termo da Covilhã e o bispado da Guarda; séc. 16 - hipotética aplicação do revestimento azulejar e pictórico *1; 1758 - referida nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo padre Manuel Lopes Campos, como sendo uma paróquia situada fora da vila da Covilhã, com 78 fogos, tendo três altares, o mor com as imagens de vulto de Nossa Senhora do Rosário, São Martinho Bispo (Evangelho) e São Francisco de Paula (Epístola), surgindo, junto ao trono, um relicário em prata com um Santo Lenho; o colateral do Evangelho era dedicado a Santo André e o oposto a São Jacinto, ambos com imagens de vulto dos oragos; o pároco era de apresentação ordinária; 1851, 19 Fevereiro - são estabelecidas as quatro freguesias actuais da Covilhã, com o desaparecimento das treze que constituíam a povoação; a freguesia de São Martinho recebe as antigas freguesias de São Vicente e São João do Monte in Coelo, com a respectiva casa de residência do pároco e passal, bem como alguns antigos fogos de outras freguesias, em número de 19 e antigas quintas, ficando com um total de 432 fogos; por a igreja ser de pequenas dimensões, as funções litúrgicas ocorriam na Igreja de São João, depois demolida; séc. 19 - desaparecimento do adro da antiga feira para a construção da Estrada Real n.º 55; 1899 - a capela tinha três altares; o culto era celebrado na Igreja de São João; 1970 - com a demolição da Igreja de São Vicente, alguns quadros são recolhidos na Capela.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; colunas, modinaturas, cachorros, colunas, pia baptismal, nichos em cantaria de granito; cobertura e portas de madeira; azulejo de aresta; cobertura exterior em telha.

Bibliografia

QUINTELLA, Arthur de Moura, Subsídios para a Monographia da Covilhan, Covilhã, 1899; DIAS, L.F. Carvalho, História dos Lanifícios (1750 / 1834) - Documentos, Lisboa, 1958; SILVA, José Aires da, História da Covilhã, Covilhã, Edição do Autor, 1970; SALVADO, António, Elementos para um Inventário Artístico do Distrito de Castelo Branco, Castelo Branco, 1976; ALMEIDA, José António Ferreira de, dir., Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1980; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Lisboa, 1984; DELGADO, Rui, História da Covilhã (1800 a 1926), vol. I, Covilhã, Câmara Municipal da Covilhã, 1991; FERNANDES, Adelino Pais, Concelho da Covilhã e Memórias Paroquiais, Covilhã, Outubro de 2000; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73628 [consultado em 14 outubro 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1938 - demolição de construções anexas (entre as quais uma torre) aos alçados N. e S.; construção de muro de vedação no adro; regularização geral do lajedo da nave e capela-mor; limpeza geral das cantarias; modificação da armação e cobertura dos telhados; execução de portas e vitrais e outras pequenas obras complementares; reconstrução da fresta da fachada principal; 1940 - substituição completa da armação e cobertura dos telhados; reconstrução da fresta da fachada principal; apeamento e reconstrução da parede lateral da nave, incluindo execução de cachorros; assentamento de lajedo em cantaria; escavação e remoção de terras; 1941 - construção de muro de vedação, escadas e portão de acesso; 1942 - aplicação de cantaria apicoada em molduras e de lajedo em cantaria em pavimentos; construção e assentamento de grades em ferro; 1944 / 1945 - assentamento de cantaria apicoada; limpeza da cantaria e tomada das juntas; 1963 - arranjo da instalação eléctrica; 1966 - arranjo do adro; 1969 / 1970 - arranjo do adro; demolição de muros de alvenaria; escavação em terra branda; construção de muros em alvenaria e assentamento de capeamento em cantaria; lajeamento de patamares e degraus; ajardinamento de taludes; Universidade da Beira Interior: 1988 - diversas obras de beneficiação; restauro e consolidação do revestimento azulejar por técnicos formados pelo Museu Nacional do Azulejo; 1994 - consolidação das pinturas murais dos retábulos colaterais.

Observações

*1 - a abertura da EN teve como consequência a destruição da antiga Praça de São Martinho.

Autor e Data

Margarida Conceição 1994 / Paula Figueiredo 2009

Actualização

 
 
 
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