Casa da Quinta do Saldanha

IPA.00007871
Portugal, Lisboa, Sintra, União das freguesias de Sintra (Santa Maria e São Miguel, São Martinho e São Pedro de Penaferrim)
 
Palacete eclético, composto por três corpos, o principal de planta sensivelmente em L, um secundário e uma pequena capela. Fachadas de decoração bastante simples, presente quase exclusivamente nas janelas de recorte neogótico. São ainda visíveis algumas decorações de policromia nas fachadas. Remates em cornija sob beiral e em merlões no corpo secundário e nas chaminés. Fachada principal precedida por galilé suportada por arcos quebrados, com cobertura interior em abóbada de cruzaria. Junta a esta, capela com portal e medalhões neomanuelino. Interior com pinturas murais de inspiração medieval e clássica. Terreiro junta à casa com monumento de grandes dimensões, de alegoria à fé, com decoração neogótica flamejante. A casa encontra-se envolvida por jardim e mata romântica, pontuada por caminhos e mirantes com duas fontes neomanuelinas, com decorações de embrechados. Todo o conjunto da quinta se encontra encaixado na encosta da serra, com as casas e o jardim virado à paisagem.
Número IPA Antigo: PT031111110095
 
Registo visualizado 546 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Quinta composta por casa principal, rodeada por jardim e mata, com dois edifícios secundários distanciados. Casa principal composta por três corpos, um principal de planta sensivelmente em L, a que se adossa na fachada principal, um segundo, rectangular correspondente à capela, e um terceiro sensivelmente rectangular, adossado a S. Volumetria de dominante horizontal, com coberturas efectuadas em telhados diferenciados de duas e quatro águas, com diversas chaminés rematadas por pequenos merlões. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com vestígios de decoração policroma e alguns cunhais em chanfro. Remates em beiral, cornija sob beiral, e em merlões no corpo que se adossa a S. ao corpo principal. Fachadas ritmadas por vãos moldurados em arco quebrado. Corpo principal com fachada principal a E., possuindo no extremo, pano avançado com galilé assente em arcaria quebrada, coberta interiormente por abóbada de cruzaria com vestígios de policromia assente em mísulas e superiormente guarda de ferro, com decoração inspirada nos arcos quebrados das janelas, possuindo ao centro as armas do Duque de Saldanha. Protegido pela galilé, portal em arco quebrado enquadrado por colunelos e moldurado por motivos florais. Corpo da capela, encaixado na fachada principal, em pano recuado junto à galilé, em empena coroada por cruz celta, enquadrado por cunhais apilastrados encimados por urnas com fogaréus. Frontespício rasgado por portal em arco conopial, com cogulho, enquadrado por colunelos e decoração de cordas, e motivos vegetalistas. É encimado por três medalhões com decoração fitomórfica. Entre o corpo principal e o que se adossa a S. existe um pequeno pátio que dá acesso a pequeno túnel em arco quebrado que comunica com o terreiro existente junto à fachada posterior. Fachada lateral N., com janelas de bandeira bipartida, ao nível do segundo registo. Fachada posterior, virada ao terreiro, rasgado no extremo, pelo arco quebrado correspondente ao túnel de passagem. Fachada do topo do braço O., em empena, com janelas de sacada de acesso a pátio, protegido por guarda de ferro. INTERIOR não observado *3. JARDIM a ladear a alameda da entrada, prolongando-se pela fachada posterior da casa principal. É composto por canteiros geométricos de buxo, com diversas camélias, possuindo, junto à alameda um tanque rectangular, com bica fitomórfica e junto à fachada principal da casa um chafariz de tanque circular, com escultura de bronze ao centro, com putti e golfinho, por onde jorra a água. Na fachada posterior da casa, terreiro com monumento escultórico dedicado à Fé, junto a uma enorme araucária, assente em plataforma octogonal de dois degraus, com soco quadrangular, apresentando nas faces, bancos rectangulares assentes em mísula, ladeados por orelhas. Nos ângulos, pilares abertos superiormente por arcos quebrados rendilhados, encimados por pináculos piramidais escalonados. Remate em cornija sob guarda vazada, em circulos. Sobre o soco ergue-se possante coluna ritmada por colunelos, que suportam composição flamejante de motivos vegetalistas. Em faces opostas, dois escudos de ponta epigrafados superiormente festonados e ornamentados, e encimados por coroa fechada. A rematar o conjunto coruchéu em agulha coroado pela estátua alusiva à Fé. Ainda no terreiro existe uma pequena estufa com paredes em cantaria. Na encosta da quinta, a S. da alameda e da casa principal, existe uma MATA densa, percorrida por caminhos pedestres. Perto da alameda encontra-se mirante, junto a um terreiro murado, com conversadeiras e ritmado por vazos decorados com embrechados. Num dos topos, fonte de espaldar semi-circular, possuindo ao centro corpo destacado e elevado, decorado com embrechados, coroado por vazo. Possui no eixo, nicho rectangular enquadrado por colunas estriadas de ordem jónica, suportando entablamento encimado por frontão curvo, com inscrição em verso datada de 1835, ladeado por urnas e coroado por acanto. Ao centro bica enquadrada por motivo floral, sobre taça recortada suportada por coluna bojuda. A ladear este corpo espaldar decorado por festões de embrechados, percorrido por bancos. Em quota mais elevada outra fonte, encaixada nas rochas da encosta, de espaldar rectangular com decoração de embrechados. É vazada ao centro por nicho com bica enquadrada por colunelos ligados superiormente por arco conopial com cogulho ao centro. Taça recortada assente em colunas entrelaçadas. Edifício secundário, junto ao portal principal, de planta rectangular simples, de dominante horizontal, devoluto. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais apilastrados, rematadas por cornija sob beiral. Fachada principal virada à alameda, de dois registos, separados por friso, possuindo ao centro, pano destacado rematado por frontão aberto ao centro por óculo. No primeiro registo portais em arco abatido, à excepção do central que apresenta arco de volta perfeita. No segundo registo, janelas de bandeira em arco quebrado, com janela de sacada em arco de volta perfeita encimada por cornija recta, no pano central. Varanda com guarda de ferro. A ladear este edifício duas minas de água. Edifício secundário existente na encosta, de planta rectangular, com volumetria de dominante horizontal. Fachadas parcialmente rebocadas, com alguns panos com a alvenaria de pedra à vista. Remate em duplo beiral. Apresentam dois registos, sendo rasgadas por portas e janelas de verga recta. Fachada posterior virada à paisagem, sendo visível a integração desta nos penedos. Junto à fachada principal, existe um pequeno terreiro com acesso por através de latada, com fonte e mesa de pedra também coberta por latada.

Acessos

Rua Marechal Saldanha, n.º 4. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,795585; long.: -9,389824

Protecção

Incluído na Área Protegida de Sintra - Cascais (v. PT031111050264)

Enquadramento

Urbano, isolada, nos limites da Vila Velha, implantada na encosta da Serra de Sintra. Os terrenos da quinta confrontam a NE., em quota mais baixa, com a Casa dos Penedos (v. PT031111110097) e com a Casa Italiana (v. PT031111110114) *1 e a SO., em quota mais elevada com a Quinta da Amizade (v. PT031111110096) e a mata do Castelo dos Mouros (v. PT031111120005). A quinta é fechada por muro de alvenaria, com acesso principal, junto à Fonte da Sabuga (v. PT03111111110109) por portão de ferro, enquadrado por pilares de pedra fendida coroados por pináculos. A quinta possui dois edifícios secundários, um junto à entrada principal e outro, em quota mais elevada, junto ao edifício principal *2. A entrada da quinta, faz-se por extenso caminho, no sentido E. / O., ladeado a S. por mata densa, percorrida por caminhos pedestres, pontuados por mirantes e a N. por muro percorrido por conversadeiras.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: JARDIM: 1 e 2. Inscrição gravada nos escudos do monumento consagrado à Fé; estrela de cinco pontas inicia o texto; mármore; Tipo de Letra: gótica do séc. 19 e de imprensa do séc. 19; Leitura: O amor de Deus, do qual nasce O amor da familia, do qual deriva O amor da Pátria, é só o que pode assegurar-nos A felicidade na terra, No Céu, a bem aventurança. O marechal Duque de Saldanha 1870 (ILPCS n.º XXXII). MATA: 3. Inscrição alusiva a Sintra composta de quatro versos extraídos de "Os Lusíadas", Canto III, estrofe 56, gravada no arco do frontão de uma fonte; está enquadrada por motivos fitomórficos e por duas laçarias, à do lado esquerdo está associada uma pena de ave, e à do lado direito uma mão; calcário; Tipo de Letra: gótica do séc. 19; Leitura: Marquês de Saldanha Sintra onde as narades escondidas / nas fontes vão fugindo ao doce laço/ onde amor as enreda brandamente, / nas águas acendendo fogo ardente Ano de 1835 (ILPCS n.º XXXIII).

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Joaquim Possidónio da Silva.

Cronologia

1820 - João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun, passa a estanciar em Sintra, à semelhança da Corte, permanecendo aí grandes temporadas; 1827 - é lhe concedido o título de 1º Conde de Saldanha; 1830 - o Conde decide adquirir uma quinta, por 30 contos de reis, implantada na encosta da serra de Sintra, para aí construir uma casa de campo; 1834 - são feitos diversos melhoramentos na casa; 1833 - o rei D. Pedro nomeia-o Marechal do exército; 1833, 14 Janeiro - confirmação do título de Conde de Saldanha; 1835 - a grande maioria das obras da quinta já estava concluída; é colocada no jardim uma fonte neomanuelina que possui no arco do frontão uma inscrição em verso retirada dos" Lusíadas" e alusiva a Sintra; 1846, 4 Novembro - é lhe concedido o título de 1º Duque de Saldanha; 1855, 13 Agosto - morre na quinta D. Maria Teresa Margarida Horan Fitzgerald, Duquesa de Saldanha; 1856, 12 Setembro - o Duque casa em Londres, em segundas núpcias com D. Carlota Isabel Maria Smith; 1870 - o Duque manda construir no jardim da casa uma estátua, de alegoria à Fé, cujo pedestal ostenta em dois escudos ornamentados um texto epigrafado da sua autoria; o Duque é nomeado embaixador em Londres, sendo a propriedade vendida a uma família inglesa; 1876, 21 Novembro - morre em Londres o Duque de Saldanha; 1997 - é iniciada a remodelação e adaptação do edifício principal para residência do Cardeal Patriarca; 1998 - morre o Cardeal D. António Ribeiro, sendo as obras suspensas.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Estrutura dos edifícios em alvenaria; elementos decorativos em cantaria; estátua da fé, fontes do jardim, mirante, pilares do portal de entrada da quinta e estufa em calcário; betão nas remodelações do interior do edifício principal; grades da galilé em ferro; fonte da fachada principal em bronze; portas e janelas em madeira, cobertura em telha de canudo no edifício principal e marselha no edifício secundário, junto à entrada principal.

Bibliografia

SOUSA, J.M. Cordeiro de, Inscrições Lapidares Portuguesas do Concelho de Sintra, Câmara Municipal de Sintra; 1959, p. 16; LINO, Raúl, Sintra - À Pena pelo Castelo dos Mouros, in Guia de Portugal, Lisboa e arredores, Lisboa, 1991, p. 527; RIBEIRO, José Cardim (coord.), Sintra, Património da Humanidade, Sintra, Câmara Municipal de Sintra, 1996; AZEVEDO, José Alfredo da Costa, A Vila Velha (Ronda pelo Passado), in Obras de José Alfredo da Costa Azevedo, vol. I - Bairros de Sintra, Sintra, Câmara Municipal de Sintra, Sintra, 1997, pp. 15-89; Câmara Municipal de Sintra, www.cm-sintra.pt, 29 Outubro 2003.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1834 - são feitos diverso melhoramentos no edifício principal; Patriarcado: 1997 - inicio da remodelação do edifício principal.

Observações

*1 - a Casa Italiana, foi mandada construir pelo Duque de Saldanha, para a sua mãe, possuindo ligação interior através de escadaria no jardim. *2 - segundo a tradição era desta casa que o Marquês de Castelo Melhor se correspondia por meio de sinais com D. Afonso VI, quando este estava preso no Paço da Vila (v. PT031111110006). *3 - segundo alguns autores o interior apresenta diversas salas com paredes cobertas por pinturas de temática medieval e clássica, assim como a representação da casa da Quinta Saldanha, aparecendo com as fachadas pintadas com listas azuis e brancas, realçadas a ocre. No segundo piso quarto com pintura mural intitulada "o olhar alcança ao longe a Serra de Sintra, a Pena, o Castelo dos Mouros, e o Palácio da Vila".

Autor e Data

Joaquim Gonçalves 2003 / Filipa Avellar 2004

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login