Asilo Fonseca / Colégio Português / Escola Municipal de Instrução Secundária

IPA.00007865
Portugal, Viana do Castelo, Valença, União das freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão
 
Arquitectura assistencial, ecléctica. Asilo de planta hexagonal irregular, composta por vários corpos dispostos à volta de pátio central, interiormente com tectos de estuque e amplamente iluminado. Fachada principal simétrica, de três panos, definidos por cunhais em alheta, sendo o central mais avançado, terminado em empena curva e alteada, rasgado por portal em arco de volta perfeita, flanqueado por colunas, ladeado por frestas, e encimado por três janelões em arco, sublinhados por friso denticulado, com sacada comum e guarda em balaustrada; panos laterais de dois pisos e mezzanino, com janelas de peitoril alteadas, de cornija inferior e verga encimada por friso em U invertido. As restantes fachadas apresentam janelas rectilíneas ou em arco abatido, dispostos regularmente e com a mesma modinatura. Interior com grandes compartimentos e largos corredores de circulação, junto à fachada posterior, adaptado à utilização como escola. Na capela, de planta longitudinal composta por nave e capela-mor semicircular, possui retábulo revivalista, neogótico, de planta recta e cinco eixos, terminados em baldaquinos torreados.
Número IPA Antigo: PT011608150044
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Assistencial  Recolhimento    

Descrição

Planta hexagonal irregular composta, por corpo principal rectangular, que na fachada posterior possui vários corpos articulados, duas alas laterais colocadas obliquamente e um posterior, ligando os anteriores por dois corpos mais pequenos e baixos, criando um pátio central. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas e de duas nos corpos posteriores. Fachadas rebocadas e pintadas, com embasamento de cantaria formando ligeiro esbarro, ritmado por frestas de arejamento rectangulares jacentes e delimitado superiormente por friso convexo, com pisos separados por friso plano de cantaria, terminadas num outro mais largo e cornija moldurada, rasgadas por janelas de peitoril tipo cornija recta e caixilharia de tripla guilhotina. Fachada principal virada a O., de três panos, marcados por cunhais em alheta, e dois pisos, com mezzanino superior nos laterais, terminado por cornija decorada com olivas. O pano central, mais avançado, termina em empena em arco de volta perfeita alteada e é rasgado, no primeiro piso, por portal em arco de volta perfeita, encimado por cornija com o mesmo perfil, sobre duas colunas dóricas assente em plintos paralelepipédicos, ladeada por duas janelas altas e estreitas de verga recta e com moldura superior formando U invertido; no segundo piso, abrem-se amplo janelão central e dois laterais mais estreitos, bastante alteados, em arco de volta perfeita, intercalados por falsas pilastras de capitel geometrizado, sublinhados por cornija formando arcos com decoração denticulada, abrindo para balcão corrido de cantaria sobre amplas mísulas e com guarda também de granito em balaustrada intercalada por acrotérios. Os panos laterais, de cunhais exteriores em cantaria aparelhada e os interiores em alheta, são simétricos, sendo rasgados em cada um dos pisos por três janelas rectilíneas, possuindo inferiormente cornija recta, tendo os do primeiro piso moldura superior em U invertido e os do segundo encimados por cornija recta sobre duas mísulas. Fachadas laterais e posterior de dois pisos, rasgada a ritmo regular por vãos alteados, moldurados a cantaria, sobrepostos e interligados, tendo no primeiro piso janelas de peitoril de verga abatida, sublinhada por friso em U invertido e com chave saliente, e, no segundo, janelas de verga recta, interrompendo o friso que remata as fachadas, possuindo inferiormente pequeno nicho rectangular, desnudo. Os topos das alas laterais possuem o mesmo esquema de fenestração. Fachada posterior com articulação de vários corpos, de dois pisos, mas com águas furtadas nos extremos, interrompendo a cornija do remate; é rasgada por janelas de peitoril, de verga recta ou abatida, com peitoril e verga de cantaria, que, na zona central, ao nível do piso superior, são intercaladas por frestas com a mesma modinatura. O corpo da capela, semicircular, é rasgado por duas janelas de arco de volta perfeita, alteado, com peitoril e friso de cantaria, que ao nível do arranque as interliga; termina em friso e cornija, decorada com motivo denticulado, e é coberto por cúpula em quarto de esfera, sobrepujada por corpo facetado de cantaria, parcialmente integrado na caixa murária, e uma torre sineira, de planta octogonal, com quatro ventanas em arco quebrado, protegidas por um varandim, assente em mísulas volutadas, e com guarda em balaustrada de cantaria, encimada por uma cúpula, sobre colunas dóricas, coroada por uma cruz latina sobre bola. Os corpos mais baixos que fecham o pátio, apresentam, virado a este, alpendre sobre colunas, assente em murete de cantaria; virada à rua, os corpos laterais possuem alpendre sobre colunas, actualmente fechado, e o central é rasgado por janelas de verga abatida, com peitoril e verga sublinhada a cantaria; na zona central, surgem dois pequenos corpos salientes, unidos por varandim, acedido por amplo janelão, com a mesma modinatura. INTERIOR acedido pelo portal central, integrando bandeira, com porta de ferro e vidros coloridos, formando motivos geométricos. Vestíbulo central rectangular, pintado a ocre, com alto lambril de cantaria terminado em cornija, tendo acesso à capela, por porta axial de verga recta, encimada por friso e cornija, e aos corredores e escadas, por dois portais laterais geminados, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, com bandeira, integrados num arco de asa de cesto, com voluta central. As alas laterais são estruturadas de forma simétrica, tendo em cada piso um corredor de distribuição, situado junto à fachada posterior, com janelões para o pátio central, comunicando com as salas de aula e gabinetes; os pisos são ligados por duas escadas de lanços opostos, em madeira, com guarda em balaustrada, também de madeira. Pavimentos em soalho de madeira. CAPELA, dedicada a Nossa Senhora de Fátima, de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, esta de perfil curvo, rasgada por duas amplas janelas laterais, em arco de volta perfeita, com capialço, e vidros coloridos formando cruz. Retábulo-mor em talha a branco, de planta recta e cinco eixos, definidos por finos colunelos que sustentam baldaquinos torreados e escalonados, terminados em pináculos decorados por elementos vegetalistas; cada um dos eixos apresenta apainelados, com pequeno filete criando moldura, tendo no central, mais largo, imagem.

Acessos

Valença, Avenida Miguel Dantas. WGS84 (graus décimais) lat.: 42,025970; long.: -8,641380

Protecção

Incluído na Zona Especial de Protecção das Fortificações da Praça de Valença do Minho (v. PT011608150003)

Enquadramento

Urbano, isolado. Situa-se extramuros da fortaleza, na chamada zona da Esplanada, junto a uma das principais artérias da vila, no centro de um terreno que lhe serve de logradouro, com zonas relvadas e pontuadas de árvores ou arbustos. O logradouro é limitado por muro de alvenaria rebocada e pintada, capeado a cantaria e encimado por gradeamento de ferro, acedido frontalmente por portão de ferro, enquadrado por altos plintos paralelepipédicos, decorados por almofadas de perfil curvo. O portal principal é precedido por escadaria de granito, formada por 10 degraus e patamar largo rectangular, com guarda em balaustrada de cantaria.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Assistencial: recolhimento

Utilização Actual

Cultural e recreativa: edifício multiusos

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Ventura Terra (1907). CARPINTARIA: Carpintaria Maia (1912). ENGENHEIRO: Álvaro Rego. MESTRE-DE-OBRAS: António Vaz Ribeiro (1910).

Cronologia

1900 - Morte de Joaquim Apolinário da Fonseca, deixando em testamento 199 mil escudos à Santa Casa da Misericórdia de Valença, para a construção de um asilo; 1905, Setembro - a Comissão administrativa da Santa Casa da Misericórdia negoceia a aquisição dos terrenos entre o Campo da Misericórdia, a Esplanada, a estrada de Caminha e a Avenida da Estação para edificar o asilo; 1906, 28 Janeiro - a Mesa da Misericórdia delibera que se deve construir o asilo o mais depressa possível; 1907, 12 Abril - a Mesa delibera que o projecto para a construção do asilo deverá ser adjudicado o mais rápido possível; 22 Junho - é escolhido o Arquitecto Ventura Terra para a realização do projecto, por 30 a 40 contos de réis; 1 Setembro - data de início da elaboração do projecto; Dezembro - abertura do concurso para arrematação da obra da construção do asilo; 1908, 9 Janeiro - conclusão da primeira parte do projecto; 2 Fevereiro - estavam finalizados os restantes elementos do projecto; o asilo foi orçado em 43 contos, mais 5 para verbas presumíveis, como ajardinamento; Julho - Conselho Superior de Higiene deu parecer favorável ao projecto do edifício; 10 Setembro - portaria concedendo à Santa Casa da Misericórdia de Valença a autorização para a construção do Asilo da Infância Desvalida no Campo de são Gião; devia ainda aplicar o dinheiro que recebesse em troca do terreno na compra de inscrições para adquirir os terrenos pertencentes à Câmara Municipal, António Júlio Nogueira, António Lourenço e herdeiros de Agostinho Rodrigues de Carvalho, não podendo ser dispendidos valores superiores às das avaliações dos terrenos; Outubro - depois de adquiridos os terrenos, fez-se o concurso de adjudicação da construção do asilo; 1909, Abril - devido ao excessivo custo para a construção do edifício, e após as recusas para reformular o projecto, é solicitado ao Engenheiro Álvaro Rego para rever o projecto inicial; 1910, Junho - contrato entre a Mesa da Misericórdia e o mestre-de-obras António Vaz Ribeiro para a edificação do edifício; Julho - lançamento da primeira pedra; Setembro - arrematação das obras de construção; 1912, Abril - os operários da obra estiveram em greve durante uma semana; Maio - a Misericórdia fez constar que voltava à "praça" a parte do edifício para asilo que ainda não estava construída, sendo a base de licitação 41:580$527; Junho - adjudicação da parte ainda por construir do asilo à Carpintaria Maia, do Porto, por 41:000$000; Setembro - o Provedor da Misericórdia, Dr. Alfredo Palhares, ofereceu gratuitamente para a conclusão da construção toda a pedra necessária, a qual seria extraída das pedreiras que possuía no Marco de Ganfei; 1913, Abril - 75 operários que ali trabalhavam entraram em greve por 2 dias, devido à recusa de aumento em $040 rs; Novembro - estavam paradas as obras no edifício, por motivo de Lei de Acidentes de Trabalho; Dezembro - reinício das obras; 1914, Agosto - entraram em greve todos os pedreiros das obras do Asilo devido a não acatarem o engenheiro fiscal Pinto da Mota; 1916, Agosto - ordem do Governo Civil para ser reiniciarem as obras, já por dois anos paradas; 1917, Maio - reinício dos trabalhos de construção do Asilo Fonseca; Julho - iniciam-se os trabalhos de caiador e pintor; 1922, Janeiro - deferimento do pedido de 11.500$00 requeridos pelo empreiteiro do Asilo, como indemnização pelos danos causados no edifício pelos militares enquanto ali estiveram aquartelados; Abril - ali continuavam as obras; 1928 - inauguração do Asilo Fonseca; contrato entre a Misericórdia e a Congregação das Religiosas Franciscanas de cedência gratuita do edifício para transferência do Colégio de Valença; 1920 / 1930 - postais destas décadas mostram o edifício com janelas de caixilho vertical e bandeira e pequenas chaminés coroando o corpo principal; 1932, Março - atribuição de subsídio pela Assistência Pública no valor de 4.250$00; 1933, 2 Fevereiro - inauguração da capela do asilo; 1935, Julho - conclusão do muro que vedada o edifício; 1940 - ali existiam 91 alunas internas (74 pensionistas e 17 gratuitas) e 130 externas (97 pensionistas 21 porcionistas e 12 gratuitas), frequentando 152 a classe da primária e 70 a classe secundária; 1973, 7 Abril - constando em Valença que o encerramento do colégio estaria para breve, Júlia de Barros Fernandes promove um abaixo assinado com 70 assinaturas e, pouco depois, o presidente da Câmara, Adão Alves Marinho, um outro com 270 assinaturas de valencianos, em sinal de protesto; pouco depois, falava-se da falta de uma Secção Licial em Valença; 13 Julho - a Superiora da Congregação escreveu ao Ministro da Educação Nacional expondo que, para continuarem no Colégio, exigia: a entrega do ensino secundário polivalente à Congregação; a autonomia interna; obras de reparações; apetrechamento laboratorial e oficinas; fornecimento de mobiliário e de material didáctico; reitoria da Congregação ou com prévio consentimento desta; encargos totais do Ministério; manutenção exclusiva pela Ordem do Lar anexo; administração externa da competência e responsabilidade do Ministério; e, finalmente, satisfação dos encargos emergentes da utilização e ocupação do edifício; Outubro - ali começa a funcionar a Secção Licial do Liceu de Viana do Castelo; 1974, 1 Setembro - as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição abandonaram definitivamente o Colégio.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autónomas.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada; molduras dos vãos, cunhais, frisos, cornijas, guarda das sacadas e escadaria exterior em cantaria de granito; pavimentos em soalho; vidro simples e martelado policromo nas janelas e portas; retábulo de talha a branco; cobertura de telha.

Bibliografia

ROCHA, J. Marques, Valença, Porto, 1991; NEVES, Manuel Augusto Pinto, Valença - Das origens aos nossos dias, Valença, 1997; idem, Valença - Entre a História e o Sonho, Valença, 2003.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Santa Casa da Misericórdia de Valença

Intervenção Realizada

Observações

Segundo Manuel Augusto Pinto Neves, o Dr. Ladislau Morais mandou fazer um outro projecto a Rego Viana, mas esse teria ficado totalmente no esquecimento.

Autor e Data

Paulo Amaral e Miguel Rodrigues 2000 / Paula Noé 2006

Actualização

 
 
 
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