Edifício na Rua Augusto Rosa, n.º 54 / Casa onde viveu e faleceu Augusto Rosa

IPA.00007812
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Edifício residencial multifamiliar e comercial pombalino, de três pisos, com sobreloja e piso amansardado, com rasgamento de vãos regular. Marcação do eixo axial pela ligeira ornamentação dos vãos e ondulação da sacada do segundo registo. Apresenta três caixas de escada independentes, com entrada pelas portas extremas e central, esta última acedendo apenas á sobreloja. O andar nobre, correspondente ao segundo registo e funcionando hoje como sede de associação recreativa, tem decoração interior em estuque, ao contrário dos pisos superiores sem qualquer decoração. Não se encontrando na área fundamental da reconstrução pombalina, não deixa de demonstrar uma vontade de simplificação das massas ornamentais, afastando-se dos valores barrocos. Inserido numa zona de grande visibilidades, fronteiro á Sé de Lisboa, mantendo a cércea original e integrando-se harmoniosamente no conjunto urbano. Serviu de morada ao actor Augusto Rosa, como atesta placa em cantaria na fachada principal, mantendo-se a sua casa, no andar nobre, com mesma decoração do tecto e paredes, exceptuando as peças móveis doadas maioritariamente ao Museu do Teatro.
Número IPA Antigo: PT031106520481
 
Registo visualizado 302 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial multifamiliar  Edifício  Edifício residencial e comercial  

Descrição

Planta irregular, formando polígono de quatro lados desiguais, com cobertura a telhado de duas e uma águas, ao qual se anexa, ao nível da fachada posterior, corpo de planta rectangular com cobertura em telhado de quatro águas. Fachada principal voltada a S., organizada em três registos divididos por friso de azulejo branco sobre friso de cantaria e rematados por cornija, sobre a qual se acrescenta piso amansardado. Embasamento e pilastras nos extremos em cantaria, e restante pano revestido a azulejo azul e branco, com dois padrões distintos (padrão com enrolamentos de acantos emoldurando vãos, frisos e embasamento e padrão com molduras polilobadas e flores preenchendo o restante pano). Fenestração a ritmo regular, com cinco vãos por piso, maioritariamente de verga rectilínea e emoldurados a cantaria. No primeiro piso portal central, de perfil recto, sobrepujado por sobreloja de perfil abatido, guarnecida por guarda de ferro forjado, com marcação da pedra de fecho que se prolonga para mísula de apoio da sacada do vão superior, e ladeada por consolas decorativas nas quais assentam mísulas de apoio da sacada superior. O portal central é ladeado por duas portas de perfil recto, a da esquerda de madeira e com acesso por dois degraus de cantaria, a da direita em alumínio; estas são sobrepujadas por sobrelojas com o mesmo perfil e guarnecidas por guarda em ferro forjado. Nos extremos nova porta, que á esquerda é de verga recta com acesso por três degraus e sobrepujada por sobreloja de perfil abatido guarnecida por guarda de ferro forjado, e á direita porta simples de perfil abatido. No segundo piso vãos de sacada em cantaria com guarda em ferro forjado, de perfil recto recortado, sendo que os três vãos centrais dispõem de sacada contínua, abaulada no eixo, destacando a janela axial ladeada por consolas. Entre as duas janelas á direita tabela de perfil rectangular recortado, encimada por máscara com a seguinte inscrição: "NESTA CASA FALECEU EM 2 DE MAIO DE1918 O EMINENTE ARTISTA AUGUSTO ROSA, FILHO DE JOÃO ANASTÁCIO ROSA E IRMÃO E JOÃO ROSA. TODOS ELES GRANDES ACTORES". No terceiro piso vãos de sacada de cantaria com guarda em ferro forjado, de perfil recto recortado. O vão axial assenta em mísulas que descansam nas consolas do vão inferior, e é rematado por cornija, ao nível da cornija de remate do edifício, assente em consolas decorativas. O andar em mansarda, com águas furtadas de perfil abatido ondulado, é revestido a telha de zinco e guarnecido por guarda corrida de ferro forjado. Fachada posterior articulada com pátio coberto por vegetação. INTERIOR: Escadarias de ligação entre pisos dispostas nos extremos esquerdo e direito. Escadaria á esquerda com acesso por pequeno átrio com tecto decorado por apainelados de estuque preenchidos por quadrifólios e ao centro medalhão circular com ornamento de acantos. Caixa de escadas iluminada por clarabóia rectangular e escadaria com primeiro lanço recto, seguinte lanço curvo, e seguintes rectos intercalando com patamares rectos; corrimão em ferro forjado e degraus em madeira. Escadaria á direita com primeiro lanço curvo e seguintes rectos, intercalando com patamares rectos, degraus em madeira e corrimão em ferro forjado. Primeiro piso ocupado pela Casa do Concelho de Arcos de Valdevez, na casa onde viveu e morreu Augusto Rosa, com pavimento em vigamento de madeira, paredes em alvenaria e tecto decorado com motivos em estuque. Seguintes pisos ocupados por um apartamento cada, com divisórias em tabiques e pavimentos em vigamento de madeira. Sobreloja, com acesso por escadaria em madeira de um lanço recto, na sequência da segunda porta á esquerda, iluminada pelas três janelas centrais desse piso intermédio, com pavimento em soalho flutuante e tecto em pladur.

Acessos

Rua Augusto Rosa, n.º 54

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção da Sé de Lisboa (v.IPA.00002196), Portal Principal da Igreja da Madalena (v. IPA.00003034), Lápides das Pedras Negras (v. IPA.00006474), Igreja da Conceição Velha (v. IPA.00006470), Casa dos Bicos (v. IPA.00002489) e Igreja de Santo António de Lisboa (v. IPA.00003143) e na Zona Especial de Proteção das Ruínas do Teatro Romano (v. IPA.00003110)

Enquadramento

Urbano, em zona de declive moderado, flanqueado, formando lote de frente contínua. Fachada principal fronteira á fachada lateral esquerda da Sé de Lisboa (PT031106520004). Situa-se dentro da cerca moura e nas proximidades da Igreja de Santo António de Lisboa (v. PT031106520044).

Descrição Complementar

Casa onde viveu Augusto Rosa: entrada para vestíbulo de planta quadrangular com tecto decorado em estuque branco formando moldura, pautada por rosetas em ouro velho e sanca emoldurada, sob friso azul claro, também em estuque, e com rosetas em ouro velho; com duas portas com moldura de madeira lacada a branco rematada por cornija alteada, ornada por rosetas e urnas em estuque pintado de ouro velho. Entrada para salão principal por porta em arco abatido, com urna e grinaldas em estuque pintado a ouro velho na bandeira. Salão com tecto decorado por motivos de estuque formando duas molduras rectangulares ornadas por friso de folhagem em ouro velho e arranjos florais em estuque branco; dentro das molduras rectangulares molduras ovaladas em estuque branco, com marcação dos eixos por ornamento. A sanca, em estuque branco, recebe grinaldas em ouro velho. Na parede E. espelho de perfil recortado nos topos, decorado por grinaldas e vaso florido, ladeado por pilastras em estuque com fuste esquadriado e capitel compósito em ouro velho. Na parede O. abre-se porta de perfil rectilíneo de acesso a pequeno escritório de planta irregular, cujo tecto é decorado por moldura circular de estuque com ornamento de acantos ao centro, e com porta de madeira com decoração em estuque, recebendo a inscrição "LABOR OMNIA VINCIT", e com moldura em madeira lacada a branco, rematada por cornija sobrelevada onde se inscreve medalhão com motivo floral pintado.

Utilização Inicial

Residencial: edifício residencial e comercial

Utilização Actual

Residencial: edifício residencial e comercial / Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 19, inícios - construção do edifício; 1898 - o edifício era propriedade de Augusto Rosa; 1906, 1 Agosto - dá entrada na Câmara Municipal, por Augusto Rosa, projecto de alteração e ampliação da sua casa nos nº 50 a 56 e águas furtadas; 1918, 2 Maio - morreu na casa o actor Augusto Rosa *1; 1955, 30 Abril - inaugurada a primeira sede social da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez no edifício; 1958, 30 Junho - deu entrada na Câmara Municipal projecto, da proprietária Rosa Silva Moreira, para alterações no 3º andar; 1992, 22 Junho - o actual proprietário apresenta á Câmara Municipal projecto de alteração de utilização da sobreloja de habitação para actividade terciária; 1974, 16 Outubro - o proprietário Manuel Vicente Moreira solicita vistoria sanitária por mudança de inquilino no 3º piso, que dispunha de 7 divisões; 1975, 13 Maio - o proprietário Manuel Vicente Moreira apresenta na Câmara Municipal projecto de alteração no 2º andar; 1978, 30 Setembro - caiu do tecto da oficina de João Marques Tavares no nº 52, por rupturas nos esgotos dos pisos superiores; 1999, 1 Junho - é homologado o pedido do proprietário de constituição do edifício em propriedade horizontal; 2005 - a Boanerges arrenda o piso de sobreloja para escritório.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Estrutura em alvenaria mista rebocada e revestida a azulejo; embasamento, molduras de vãos, modilhões, cornija, balcões, frisos, pilastras e degraus em cantaria de calcário; guardas e gradeamentos de vãos e corrimão de escadas interiores em ferro forjado; madeira lacada em portais e portas interiores; alumínio em porta; madeira nos degraus das escadas interiores; estuque na decoração de salas no primeiro piso; caixilharia de alumínio e madeira.

Bibliografia

NEVES, Azevedo, Augusto Rosa, Lisboa, 1926; SILVA, Raquel Henriques da, Lisboa Romântica, Urbanismo e Arquitectura, 1777-1874 (dissertação de doutoramento em História da Arte) (texto policopiado), Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 1977.

Documentação Gráfica

CMLisboa: Arquivo intermédio, Procº nº 16853

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMLisboa: Arquivo intermédio, Procº nº 16853

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1898 - no 2º piso divisão de uma sala em dois quartos, de um quarto em dois e um corredor; no 3º piso divisão de uma sala em três quartos; 1906 - ampliação do 2º andar e transformação das águas furtadas em mansarda destinada a um fogo; 1937 - limpeza de muro do quintal; 1946 - trabalhos de pintura; 1950, Abril - obras de limpeza interior no 2º andar; 1959 - alterações no 3º andar, com adaptação de uma divisão a casa de banho e remodelação de casa de banho existente; 1962, Setembro - obras de limpeza geral e beneficiação; 1965, Agosto - obras de simples conservação 1969, Abril - reparação do telhado, chaminés e fendas em vários andares danificados pelo sismo de Fevereiro desse ano; 1988, Dezembro - obras exteriores.

Observações

*1 - Eminente actor nascido a, proveniente de uma família ligada ao teatro, estreou-se no Teatro do Ginásio a 5 de Dezembro de 1872, tendo actuado nos mais importantes palcos nacionais.

Autor e Data

Inês Pais 2006

Actualização

 
 
 
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