Santuário de São Torcato

IPA.00000078
Portugal, Braga, Guimarães, São Torcato
 
Arquitectura religiosa, revivalista e eclética. Igreja de planta em cruz latina, de nave única, cobertura em abóbada e cúpula no cruzeiro, estando ainda por concluir a capela-mor.Fachada neo-românica e neo-gótica. Decoração interior neo-românica em cantaria com pilastras e arcos torais decorados e vitrais. Notória qualidade do trabalho de cantaria, distiguindo-se na fachada a arcaria anã que a remata. As obras de São Torcato ficaram famosas devido à igreja ter demorado 173 anos a ser concluída.
Número IPA Antigo: PT010308650055
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Santuário  

Descrição

Planta de cruz latina, com nave única e capela-mor rectangulares. Volumes escalonados de dominante horizontal, quebrado pelo verticalismo das torres sineiras, com coberturas diferenciadas em telhados de 2 e 1 águas, coruchéu de agulha nas torres e cúpula de ferro revestida a cobre no zimbório. Fachadas em cantaria de granito, sendo a principal voltada a SE., flanqueada por torres sineiras, com corpo central de dois registos, rematada por friso com motivos geométricos sob cornija, sobrepujada por frontão triangular sobre galeria anã e edícula central albergando imagem de São Torcato e cruz celta na empena. É enquadrada por pilastras nos cunhais, encimadas por edículas com as imagens de São Dâmaso e São Geraldo, coroadas por pináculos. Portal de arco pleno com arquivoltas decoradas com motivos florais, sobrepujado por dois anjos segurando cartela com inscrição, os símbolos arcebispais e rosácea. Torres sineiras com acesso exterior, e três registos definidos por cornijas decoradas, com porta e frestão no primeiro registo, relógio de pedra enquadrado por pilastras sobre arcaria cega no segundo e oito sineiras em arco de volta sobrepujados por rosácea, colunata e gárgulas no terceiro. Fachadas laterais, rematadas por platibanda ritmada por pináculos, com vãos em arco de volta inteira e arcaria, constituindo módulos repetidos de porta ladeada por duas janelas, entre pilastras coroadas por cruz de malta entre motivos vegetalistas, rematada por friso com inscrições e cornija e 5 frestões de iluminação da torre sineira, da nave e do transepto. INTERIOR em cantaria, com cobertura em abóbada de berço e pavimento em taco de madeira. Coro-alto assente em arco de volta inteira, com guarda de cantaria decorada com motivos florais e rosácea para iluminação. Sub-coro com portas laterais. Paredes laterais com vãos definidos pelas pilastras que suportam os arcos torais, com vitrais moldurados por cantaria lavrada, seis altares de invocação de São Pedro, Sagrado Coração de Jesus e São Judas Tadeu, do lado do Evangelho e São Torcato, Nossa Senhora de Fátima e Santo António, do da Epístola. Transepto iluminado por 2 frestões com vitrais, com portas de acesso ao exterior, existindo no braço do lado do Evangelho duas lápides de pedra com epígrafe alusiva à história do Santo e do templo, e do lado da Epístola a urna de madeira envidraçada, com o corpo incorrupto de São Torcato, a que se acede por escada de madeira. Cruzeiro coberto por cúpula octogonal, iluminada por 8 vitrais.

Acessos

São Torcato, Avenida dos Benfeitores; Rua Arquitecto Cesário Pinto; Rua do Bonfim; Rua Comendador Alberto Pimenta

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, no centro da vila. A igreja abre para um extenso terreiro rectangular, empedrado e arborizado, desnivelado, com pequeno escadório em ziguezague, com duas fontes em pedra nos patamares intermédios, ladeado no terreiro por duas fontes idênticas, com tanque recortado, espaldar recto, com duas bicas e decoração de grinaldas. A O. da capela-mor diversos anexos, térreos *1. Nas traseiras da igreja existem dois edifícios de arquitectura vernácula *2.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Inscrição latina gravada em cartela dos anjos do portal principal; leitura: GLORIANTES AD QUID VELEBIMUS; tradução: Dando Glória, para que valemos; inscrições existentes nas lápides no braço do lado do Evangelho; leitura: FOI MARTYRIZADO O GLORI / OSO S. TORQUATO A 26 DE / FEVEREIRO DE 719 LOGO DE / POIS FOI TRASLADADO PARA / O MOSTEIRO VELHO. NO DIA / 30 DE JUNHO DE 1805 FOI EX- / POSTO A PUBLICA VENERAÇAÕ / PELO EXMO SENHOR DOM FR / CAETANO BRANDAÕ ARCEBIS / PO PRIMAZ NO DIA 4 DE JU / LHO DE 1852. FOI TRASLADA- / DO PARA ESTE TEMPLO PELO EMENENTISSIMO SENHOR / CARDEAL DOM PEDRO PAULO DE / FIGUEIREDO DA CUNHA E MEL- / LO ARCEBISPO DE BRAGA"; "ESTE TEMPLO ESTA ISENTO / DA JURISDIÇAÕ PAROCHEAL POR / SENTENÇA PASSADA EM JUL / GADO DADA PELO CORREGE- / DOR DE GUIMARAENS EM 11 D / ABRIL DE 1811 E CONFIRMADA / NA RELAÇAÕ DO PORTO NO / DIA 8 D'AGOSTO DE 1812 / ESTE DOCUMENTO ESTA / ARCHIVADO NESTE TEM- / PLO E REGISTADO NA NO / TA Nº 311 FOLHAS 42 DO / TABALLIAÕ JOAÕ TEIXEIRA / D'ARAUJO EM GUIMARAES.

Utilização Inicial

Religiosa: santuário

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Braga)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Luís Inácio Barros Lima (1825, 7 Março); Cesário Augusto Pinto (1966); Louis Bohnastedt (1867, 24 Novembro); José Marques da Silva (1895, Julho). ESCULTOR: Francisco Couceiro (1899). PEDREIROS: António José Pereira (1873, 2 Novembro); António Salgado (1876, 29 Outubro).

Cronologia

719 - Martírio de São Torcato em Guimarães, juntamente com vinte e sete companheiros, durante o avanço do exército árabe; séc. 11 - D. Rodrigo Forjaz funda em São Torcato um mosteiro beneditino (v. PT010308650017), posteriormente entregue aos agostinhos; 1501 - D. Manuel I ordenou que o corpo de São Torcato fosse transladado para a Igreja da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira (v. PT010308340007), em Guimarães, facto que não se concretizou pelo repúdio e oposição da população da localidade de São Torcato; 1637 - construção de um mausoléu, em cantaria, para depositar o corpo do santo; 1805 - auto de exame à relíquia de São Torcato, realizada pelo Pe. António Lopes Paula e pelo médico Dr. Miguel Ribeiro de Bastos; o corpo do santo é exposto à veneração dos fiéis no Mosteiro Velho; 1812 - confirmada pela Relação do Porto a independência da Irmandade de São Torcato; 1824, Novembro - provisão do rei D. João VI que permite a transladação do corpo de São Torcato para um novo templo, autorizando a demarcação de um terreno para o edificar e ainda "cede do que for caminho em favor da obra"; 1825, Abril - o provedor da comarca de Guimarães, Dr. José António de Almeida, demarca em São Torcato, no lugar dos Penedos de Maria do Monte Maio "um quadrilongo com o comprimento de 194 varas no sentido Norte Sul e a largura de 88 varas de nascente para poente, empossando deste terreno a Mesa da Irmandade", para a construção da Igreja; 1825, 7 Março - iniciam-se as obras para o Santuário de São Torcato, segundo o risco do arquitecto vimaranense Luís Inácio de Barros de Lima, as quais se reduziram, contudo, à construção da capela-mor com capacidade para a veneração do corpo do Santo, colocado na sua urna envidraçada muito acima do altar-mor, o que permitia subir-se para junto dela por umas escadas abertas no grosso das paredes; 1852, 4 Julho - é transladado o corpo de São Torcato para a capela-mor entretanto concluída; 1846 - conclusão da capela-mor; 1853, Maio 15 - inaugurado o sacrário; 1866, 13 Janeiro - parecer de Cesário Augusto Pinto, delegado da Irmandade, sobre a precaridade do projecto neobarroco do santuário; as obras passam a ser acompanhadas a partir desta data e até à sua morte por Cesário Augusto Pinto; Agosto - a Mesa da Irmandade lançar um concurso internacional para o projecto do novo santuário, impondo algumas condições, nomeadamente que ter-se-ia de aproveitar os alicerces já feitos, evitar o estilo Grego ou Romano e a torre ter espaço suficiente para um carrilhão; 1867, 24 Novembro - na sequência da decisão da Mesa da Irmandade, reúne no Palácio de Cristal do Porto, um júri para apreciar os projectos para a construção de um novo templo de São Torcato, tendo atribuído o 1º prémio ao projecto de Louis Bohnastedt, natural da Rússia e residente em Gotha, na Prússia, um dos mais reputados arquitectos europeus; em segundo lugar ficou o projecto de Luís Caetano Pedro d´'Avila; 1871 - conclusão dos alicerces; início da primeira empreitada do novo templo, erguendo-se o lado esquerdo do transepto até à altura das portas; 1872, 12 Março - é adjudicada a segunda empreitada, correspondendo às paredes laterais e torres até ao primeiro patamar da escada; 1873, 2 Novembro - António José Pereira é encarregue da empreitada do lado direito do transepto até à altura das portas; 1876, 29 Outubro - António Salgado, de Guimarães é encarregue da quinta e última empreitada; 1877 - a torre provisória esquerda recebeu 14 sinos; 1880 - colocação do relógio na torre; 1892 - colocação sob o pórtico de dois anjos; 1895, Julho - falecimento de Cesário Augusto Pinto, passando a condução das obras, para a responsabilidade do arquitecto portuense José Marques da Silva o qual acrescentou significativas alterações ao projecto inicial, principalmente ao nível da cúpula e das torres; 1897 - o escultor portuense Francisco Couceiro faz duas estátuas em gesso de são Dâmaso e São Geraldo destinadas futuramente a serem reproduzidas em granito para o santuário; 1899 - colocação na frontaria das estátuas de São Dâmaso e São Geraldo, da autoria do escultor Francisco Couceiro; 1910 - as torres ainda não estavam concluídas; 1946 - inauguração do templo sem estarem concluídas a capela-mor, capelas laterais e a cúpula do cruzeiro; séc. 20, anos 50 e 60 - continuação do levantamento do transepto; 1982 - recomeço dos trabalhos graças à acção da Escola de Cantaria nascida de um acordo entre a Irmandade de São Torcato e o Instituto de Emprego e Formação Profissional; 1985 - inauguração do Museu de Arte Sacra e Etnografia de São Torcato; 2006, 6 Março - colocação da cúpula sobre o zimbório, finalizando as obras de construção da igreja.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, elementos decoraticos, cobertura da abóbada e coro-alto de granito; estuque; portas, janelas, pavimento da nave e altares de madeira; vitral; grades das janelas e estrutura da cúpula, em ferro; revestimento da cúpula em cobre; cobertura de telha.

Bibliografia

BARARDO, Maria do Rosário - Santuários de Portugal. Caminhos de Fé. Lisboa: Paulinas Editora, 2015; CACHADA, Armindo - São Torcato, Guimarães. Guia Turístico e Monográfico. Guimarães: 1994; COSTA, Liliana - «Obras de São Torcato acabam ao fim de 173 anos». Jornal de Notícias. Porto: 07 março 2006, p. 24; GOULART, Carlos J. M., AZEVEDO, José M. S. M. - Estudo do Mosteiro de São Torcato. Guimarães: s.n., 1998. Texto policopiado. Trabalho de Projecto Individual no âmbito do curso de Engenharia Civil da Universidade do Minho; ROCHA, Helder - Efemérides Vimaranenses. Guimarães: O Povo de Guimarães, 1996, 2 vols.; SILLOS, Domingos da Soledade - Vida Preciosa e Glorioso Martírio de São Torcato. Lisboa: Imprensa Nacional, 1835.

Documentação Gráfica

Irmandade de São Torcato

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Irmandade de São Torcato: Arquivo

Intervenção Realizada

Irmandade de São Torcato: 1999 - construção da capela-mor e sacristias; 2006 - colocação da cúpula com estrutura de ferro e revestimento em cobre sobre o zimbório em betão.

Observações

*1 - Albergam a Escola Profissional de Cantaria que além de funcionar como estaleiro das obras de conclusão do edifício servem de polo educacional no âmbito do trabalho da pedra; *2 - onde funcionam os Serviços Administrativos da Irmandade de São Torcato e está instalado um Museu de Arte Sacra e de Etnografia que conserva o espólio alusivo ao culto do santo e guarda instrumentos alusivos ao trabalho de cantaria, peças de mobiliário e alfaias agrícolas relacionadas com as actividades tradicionais da freguesia.

Autor e Data

António Dinis e Ana Pereira 1999

Actualização

 
 
 
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