Edifício do Banco de Fomento Nacional na Rua da Conceição, n.º 134-136

IPA.00007741
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura financeira, ecléctica. Edifício bancário de planta rectangular simples, evoluindo em seis pisos, o superior com mansarda, com as fachadas em disposição simétrica, tripartida, a partir de um eixo central saliente, com os vãos dispostos regularmente, mas de vários perfis, rectos, em arco de volta perfeita ou em arco em asa de cesto, ornados por profusa decoração em cantaria, de inspirações diversas, como o Barroco e a Arte Nova, esta visível particularmente nas guardas dos varandins, estabelecendo uma dicotomia entre uma composição clássica e a introdução de uma linguagem mais modernizada. Todos os andares são diferenciados pelas molduras, vãos, cornijas e frisos em cantaria.
Número IPA Antigo: PT031106480544
 
Registo visualizado 668 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Serviços  Banco    

Descrição

Planta rectangular simples, de massa paralelepipédica e volume simples, de acentuada verticalidade, evoluindo em cinco pisos, com cobertura homogénea em telhado de quatro águas, com águas-furtadas. As fachadas que abrem para as vias públicas dividem-se em três panos, os laterais de extensão diferenciada nas duas fachadas, com o central a acentuar a zona de acesso ao edifício, pela volumetria destacada, composição saliente das varandas e pelo recurso aos ornamentos monumentais, colocados simetricamente; estão rebocadas e pintadas de verde, revestidas, no piso inferior, a cantaria de calcário, que forma as modinaturas dos vãos, em número de quatro na face S. e sete na face E., correspondentes a uma porta em cada fachada e amplas janelas, todas em arco abatido; os vãos estão flanqueados por falsas pilastras, largas e de arestas parcialmente biseladas e ornadas por almofada, tendo na base um segundo elemento almofadado, em ponta de diamante, e por cartela interrompida superiormente por enrolamentos, flanqueada por acantos e mísulas, que sustentam duplo friso, o superior reentrante e o inferior bastante largo e interrompido em arco recortado na zona dos vãos; o friso é encimado, na zona dos suportes por elementos escultóricos alternados: cartelas volutadas e com escudo, podendo reproduzir um caduceu estilizado, numa clara alusão a Mercúrio, e leões. As janelas estão protegidas por grades de ferro pintado de verde e decorado por volutas. O segundo piso possui janelas de peitoril rectilíneas nos panos laterais, com molduras salientes, em cantaria, no lintel e no peitoril, e uma em arco abatido nos panos centrais, protegido por pequeno guarda de ferro forjado, pintada de verde. O piso é percorrido por friso de cantaria, que se interrompe na zona dos vãos, encimado, nos cheios, por cartelas de enrolamentos, que sustentam um segundo friso, que o demarca do piso superior, o qual se eleva em ângulo sobre os vãos. Nos três pisos superiores e mansarda, o pano central torna-se saliente, com as arestas parcialmente biseladas, assente em duas amplas mísulas, decoradas por acantos e concheados, que arrancam do piso anterior; é composto por uma sucessão de vãos em asa de cesto e o superior em arco abatido, formando, sucessivamente, uma janela de varandim com guarda em colo de cisne, vazada por elementos lineares, dispostos de forma sinuosa, uma janela de varandim e uma luneta de peitoril com moldura múltipla, ambas com guardas vazadas, de ferro forjado, pintado de verde. São flanqueadas e rematadas por elementos fitomórficos e enrolamentos em cantaria e mísulas, surgindo, no topo do penúltimo vão, um frontão sem retorno e interrompido por figura antropomórfica e festão; a mansarda é rematada por cornija e por frontão angular e sem retorno, ornado por elementos vegetalistas e elmo estilizado. Os panos laterais têm um tratamento semelhante, variando no número de vãos. Assim, no terceiro piso, apresenta janelas de peitoril com molduras de cantaria no lintel e no peito, encimados por cartelas de acantos, inscritas em almofada, que forma o remate do vão inferior e adorna o pano de peito, flanqueadas por bustos femininos assentes em mísulas e em elemento entrelaçado. O piso imediato possui duplo friso contínuo, o inferior interrompido na zona dos vãos, em forma de janelas de peitoril em arco de volta perfeita, com peito de cantaria, e o superior alteando-se e criando a moldura dos mesmos, com fecho formado por elemento fitomórfico. O piso superior é formado por janelas de varandim, com guarda saliente, em forma de colo de cisne, semelhante à do pano central; nos cheios, surgem frisos de cantaria, assentes em pequenas mísulas e encimados por cartelas fitomórficas. O edifício remata em cornija, sobre a qual se erguem as águas furtadas, com mansardas em arco de volta perfeita e molduras de cantaria, protegidas por guarda comum, em ferro forjado e decoração vazada, sobre as quais surge a cornija da cimalha. Os vãos possuem caixilharias de madeira, pintadas de branco e verde, algumas com bandeiras, onde surgem os aparelhos exteriores de ar condicionado. INTERIOR com acesso através de vestíbulo rectangular a partir do qual desenvolve a escadaria conducente aos vários pisos e à caixa do elevador.

Acessos

Rua da Conceição, n.º 134-136; Rua do Crucifixo, n.º 7-9

Protecção

Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966)

Enquadramento

Urbano, adossado a dois imóveis, implantando-se em gaveto, num dos quarteirões da Baixa Pombalina, voltado à R. do Crucifixo, via secundária a O., e à R. da Conceição, artéria que atravessa o bairro de O. para E., marcando uma diferenciação da malha urbana, com orientação N. - S. nos quarteirões imediatos. Surge em zona plana, de grande concentração de instituições bancárias.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Serviços: banco

Utilização Actual

Serviços: banco

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Miguel José Nogueira Júnior (1922).

Cronologia

1919 - projecto de alteração de um edifício na Baixa para instalação do Banco de Fomento Nacional, conforme projecto de Miguel José Nogueira Júnior (1883-1953); 1922 - elaboração de novo projecto pelo arquitecto Miguel José Nogueira Júnior, incluindo também o edifício da Rua da Conceição, n.º 140-146 e Rua Nova do Almada, nºs 14-18; 1924 - início da campanha de obras, sendo apenas edificado o actual edifício; 1924 - conclui-se que apenas metade do projecto poderia ser concretizado; 1925 - mesmo sem a totalidade do projecto edificado, Alves dos Reis adquire o prédio, que passa a ser sede do Banco Angola e Metrópole; 1925 - extinção do Banco, após a burla que lhe trouxe fama internacional; 1958, 13 Novembro - decreto-lei n.º 41957 a criar o Banco de Fomento Nacional para promover e facilitar o investimento, sendo realizadas obras de adaptação interiores; 1984 - criação da empresa BIOEID, uma associação das empresas públicas Centralcer e Unicer com a empresa privada CIPAN e ainda o Banco de Fomento Nacional e o LNETI, com objectivo de desenvolver estudos tecnológicos para as empresas associadas e outros clientes.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; modinaturas, frisos, embasamento, elementos decorativos em cantaria de calcário; guardas e grades em ferro forjado; caixilharias de madeira e janelas com vidro simples.

Bibliografia

Banco Fomento Nacional, in Ilustração Portuguesa, n.º 174, Lisboa, 18 Agosto 1919, pp. 135-138; GONÇALVES, Rui Mário (dir. de), Revivalismos e Ecletismos, in História da Arte em Portugal, Lisboa, 1988-1989; Guia Urbanístico e arquitectónico de Lisboa, Lisboa, AAP, 1987; MARTINS, João Paulo, Arquitectura contemporânea na Baixa de Pombal, in Monumentos, n.º 20, Lisboa, DGEMN, 2004, pp. 142-151; Plano Director Municipal, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1995.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Proc. n.º 36846

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, 2.ª metade - tratamento de rebocos e pinturas.

Observações

Autor e Data

Ana Reis 2005

Actualização

 
 
 
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