Igreja Paroquial de Leomil / Igreja de Nossa Senhora da Anunciação

IPA.00007653
Portugal, Guarda, Almeida, União das freguesias de Leomil, Mido, Senouras e Aldeia Nova
 
Igreja paroquial de fundação medieval, provavelmente românica e posterior edificação gótica, de planta retangular composta por nave única dividida em quatro tramos, marcados exteriormente por contrafortes de esbarro e, interiormente, por arcos diafragma quebrados, e por capela-mor mais estreita, com coberturas interiores diferenciadas, em falsas abóbadas de berço abatido de madeira, na nave, e de alfarge, mudéjar, na capela-mor, iluminada por janelas rectilíneas, rasgadas na fachada latetal direita. Fachada principal em empena, com os vãos rasgados em eixo composto por portal em arco apontado e óculo circular, tendo, no lado esquerdo, campanário de dois registos, o inferior cego e o superior com dupla sineira, encimado por uma ventana de menores dimensões para pequena sineta, com remate em empena. Fachada lateral direita rasgada por porta travessa em arco apontado. Interior com pia baptismal e púlpito no lado do Evangelho, tendo arco triunfal em arco apontado, flanqueado por retábulos colaterais do estilo barroco, tendo retábulo de talha policroma, do mesmo estilo, de planta recta e três eixos. Portal com dupla arquivolta apontada, assentes em impostas, encimado por óculo vazado, ostentando uma estrela de oito pontas a decorar. Possui alguns cachorros decorados. No interior, mantém o pavimento em lajeado de granito, pia baptismal seiscentista no lado do Evangelho, e vestígios de dois arcossólios, um deles inscrito em gablete, e outro mais elaborado, flanqueado por colunas com capitéis de inspiração clássica, remetendo para execução tardo-medieva, e enquadrado por afiz. Os retábulos, de estrutura barroca nacional, apresentam colunas percorridas por espira dourada, revelando uma execução tardia, já setecentista, sendo, contudo, muito adulterados pela policromia recentemente aplicada.
Número IPA Antigo: PT020902120080
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor ligeiramente mais estreita, formando um volume horizontalizante de massas articuladas que apresentam coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, a da capela-mor prolongando-se em aba sobre a casa paroquial, unidade quebrada pela volumetria verticalizante do campanário que surge inscrito na fachada principal. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, excepto a principal e o campanário, em cantaria aparente, rematadas em beiral, excepto a principal, em cornija. Fachada principal voltada a S., em empena com o vértice coroado por cruz latina, rasgada por portal em arco apontado, de duas arquivoltas assentes em impostas salientes, encimado por uma rosácea capialçada com o interior trabalhado em estrela de cinco pontas. No lado esquerdo, campanário de dois registos, o inferior cego e com acesso por escada no face frontal, para a qual se adossou pano de muro, surgindo, no superior, dupla sineira de volta perfeita, assentes em impostas salientes e com o intradorso decorado por bolas, encimadas por terceira sineira, de dimensões mais reduzidas, mas com o mesmo perfil, rematando em empena e cornija saliente, suportada, lateralmente, por mísulas escalonadas. Fachadas laterais marcadas por três contrafortes de esbarros oblíquos e escalonados, em cada uma delas, a lateral esquerda, virada a O., cega, marcada pelo corpo da casa paroquial, rasgado por duas janelas rectilíneas. Fachada lateral direita virada a E., com porta travessa em arco apontado, assente em impostas salientes, e duas janelas rectilíneas com moldura de cantaria e em capialço, uma na nave e outra na capela-mor; junto ao ângulo com a fachada principal, a cobertura é alteada, tendo cornija assente em cachorros. Fachada posterior parcialmente adossada à casa paroquial, rasgada por porta de verga recta moldurada, no piso inferior, e por janela rectilínea, de varandim com guarda plena de cantaria, no segundo; é visível parte da empena da capela-mor, cega. INTERIOR de nave única dividida em três tramos marcados por arcos diafragma quebrados, muito abertos, apoiados em impostas, rebocado e pintado de branco, percorrido por azulejo de padrão policromo, formando silhar, com cobertura em três falsas abóbadas de berço abatido de madeira pintada de azul, assente em friso e cornija de cantaria e apresentando tirantes metálicos, e pavimento em lajeado de granito. Nos arcos que dividem os tramos da nave surgem cronografadas as datas "1189" e "1588". Do lado do Evangelho, pia baptismal de taça hemisférica sobre pequena coluna, surgindo, na parede, nicho rectilíneo com moldura de cantaria, protegido por portadas metálicas, encimado por painel de azulejo policromo, a representar o "Baptismo de Cristo". No segundo tramo, arcossólio levemente quebrado, encimado por gablete com remate em florão, que terá albergado um túmulo, e púlpito de bacia quadrangular sobre mísula, com guarda de madeira balaustrada, pintada de branco e azul, e acesso por escadas no lado direito; no terceiro tramo, um segundo arcossólio, de perfil apontado, de duas arquivoltas que assentam em colunas de fuste liso com capitéis de inspiração coríntia, inscrito em alfiz, integrando pintura de São Miguel e Almas. Arco triunfal de volta perfeita sobre pliastras toscanas, ladeado por retábulos colaterais de talha policroma e dourada, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus, no Evangelho, e Nossa Senhora do Rosário de Fátima, na Epístola. A capela-mor, elevada por dois degraus, possui cobertura em alfarge policromo, com a zona central mais decorada e apresenta a testeira totalmente revestida por retábulo de talha policroma, de branco, azul, verde, rosa e dourado, de planta recta e três eixos definidos por seis colunas torsas, percorridas por espira dourada, e duas pilastras, todas assentes em plintos paralelepipédicos com as faces ornadas por motivos fitomórficos, que se prolongam em quatro arquivoltas, três torsas, unidas no sentido do raio; ao centro, tribuna em arco de volta perfeita, com a boca rendilhada, com o fundo pintado de azul, pontuado de estrelas, e cobertura em caixotões, contendo trono de cinco degraus, na base da qual surge sacrário em forma de templete poligonal, com colunas torsas; os eixos laterais possuem painéis pintados, a representar Santa Bárbara (Evangelho) e Santa Luzia (Epístola); entre as arquivoltas do ático, surgem painéis pintados com anjos, alguns deles músicos; altar paralelepipédico, tripartido, com decoração de acantos. No lado do Evangelho, porta de acesso à sacristia

Acessos

Largo da Igreja

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 92/2014, DR, 2.ª série, n.º 28 10 fevereiro 2014

Enquadramento

Urbano, situado no largo a que dá o topónimo, flanqueada, do lado O., pelo cemitério e adossada, do lado NE., à casa paroquial, devoluta. O adro é plano, calcetado com paralelos de granito. No exterior, no ângulo da fachada principal com o campanário, conserva uma pia baptismal gomeada, de tipologia românica.

Descrição Complementar

Os retábulos colaterais são semelhantes, de talha policroma, bege, azul, rosa e dourada, de planta recta e um eixo definido por quatro colunas torsas, percorridas por espira dourada, assentes em plintos paralelepipédicos com as faces ornadas por rosetões, que se prolongam em duas arquivoltas unidas no sentido do raio, formando o ático, tendo, no fecho, dois anjos, os do lado do Evangelho, a segurar coroa de espinhos e os opostos a sustentar coroa fechada, alusivos aos primitivos oragos; ao centro, apainelado de volta perfeita, pintado a imitar adamascado, rodeado por moldura de acantos, onde se inscreve mísula; altar em forma de urna, com decoração vegetalista sinuosa.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 12 / 14 (conjectural) / 15 / 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1189 - primeira fundação e provável edificação, segundo a data cronografada num dos arcos que dividem a nave; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 200 libras; integra o termo de Terra de Castelo Mendo e o bispado de Viseu; séc. 16, 1ª metade - cobertura da capela-mor com tecto em alfarge de tipo mudéjar; 1588 - data cronografada num dos arcos que dividem a nave, correspondendo a uma intervenção; séc. 18, início - execução das estruturas retabulares; 1708 - Leomil era freguesia do termo de Castelo Mendo (COSTA, 1708); 1769-1770 - a paróquia é integrada no Bispado de Pinhel, arciprestado de Castelo Mendo; 1882, 14 Setembro - com a extinção do Bispado de Pinhel, a paróquia é integrada no Bispado da Guarda; séc. 20 - obras várias de recuperação e conservação; 1995, 07 junho - proposta de abertura do processod e classificação pela DRCoimbra; 08 junho - Despacho de abertura do processo de classificação pelo presidente do IPPAR; 1997, 14 abril - proposta de classificação como Valor Concelhio pela DRCoimbra; 2001, 22 fevereiro - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR, a propor a classificação como Imóvel de Interesse Público.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Estrutura de alvenaria de granito rebocada; fachada principal, campanário, cornijas, cachorros, contrafortes, pavimento, base do púlpito, modinaturas e arcossólios em cantaria de granito; portas, coberturas, guarda do púlpito, retábulos de madeira; silhares e painel de azulejo industrial; vidro simples nas janelas; portadas do nicho do baptistério e tirantes de ferro; coberturas exteriores em telha.

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da, Corografia Portugueza, e Descripçam Topografica do famoso Reybo de Portugal, tomo II, Lisboa, 1908; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barobosa de Pinho, Leomil, in Portugal Antigo e Moderno. Diccionario, vol. IV, Lisboa, 1874, p. 90; CASTRO, José Osório da Gama e, Diocese e Distrito da Guarda, Porto, 1902; GOMES, J. Pinharanda, História da Diocese da Guarda, Braga, 1981; Direcção-Geral do Planeamento Urbanístico, Plano da Área Territorial da Guarda, Património Histórico/Cultural, Concelho de Almeida, Lisboa, 1984.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMA

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMA

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, 2.ª metade - arranjo e pintura das estruturas retabulares.

Observações

Autor e Data

João Vilhena e Joana Vilhena 2001

Actualização

 
 
 
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