Palácio de Vila Flor / Palácio do Cavalinho / Centro Cultural de Vila Flor

IPA.00000756
Portugal, Braga, Guimarães, Urgezes
 
Casa nobre de planta rectangular, simétrica, com dois pisos e três pisos, sendo o último em mansarda. Fachadas ritmadas por pilastras e estátuas, integrando ático, portas de verga recta e janelas de brinco e em arco abatido. Edifício de dupla fachada, com a fachada posterior virada ao jardim ainda mais imponente do que a principal, tendo ambas um pano central armoriado. A fachada principal denota já uma linguagem neoclássica, introduzida com a reforma do palácio, apresentando ainda o pano central elementos tardo-rococós. Jardim formal organizado em terraços, delimitados por balaustradas de pedra rematadas por coruchéus, pináculos e estátuas, escadarias, chafarizes e tanques. Palácio sumptuoso com a parte setecentista ornada com estátuas dos reis de Portugal e com fachada principal com pano central cujo coroamento lembra o do Palácio de Seteais (v. PT031111100020). Piso superior, talhado "en mansarde" segundo a moda francesa do séc. 18 e ático, parcialmente entaipado. Jardim com sucessão de terraços ajardinados que constituem, ainda hoje, um dos mais monumentais conjuntos de jardins do N. do país. Os terraços e as escadas são delimitados por balaustradas de cantaria de granito primorosamente trabalhadas e decoradas com taças e folhudos pináculos em estilo "rocaille", com marcada influência dos jardins executados por Nasoni na Quinta do Freixo (v. PT011312030184), no Porto. O terraço superior ostenta ao centro um primoroso chafariz, que também parece inspirado nos do adro do Santuário do Senhor de Matosinhos (v. PT011308060015).
Número IPA Antigo: PT010308710056
 
Registo visualizado 1298 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre    

Descrição

Planta rectangular, simétrica, massa simples de dominante horizontal, com cobertura em telhado de quatro águas. Edifício de dois e três registos, com fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras toscanas nos cunhais, percorridas por embasamento avançado e rematadas por cornija saliente, sobre a qual se implanta a mansarda, correspondente ao último registo, revestida a telha de meia cana, onde se rasgam janelas de guilhotina, em arco abarido, encimadas por frontão triangular com o tímpano revestido a azulejos de padrão azul, amarelo e branco. Fachada principal voltada a S., de dois registos, rasgada, no primeiro, por janelas de brinco, de verga recta, com panos três panos murários em ressalto, sendo o central, em cantaria de granito, prismático, de três faces, organizado por pilastras nos extremos sobrepujadas por estátuas, com panóplias militares, com o brasão do 1º conde de ARROCHELA ao centro. Possui, no primeiro piso, três vãos de arco abatido e, no segundo, três janelas de sacada à face, também de arco abatido, e com moldura estriada. Fachadas laterais de três registos, ritmadas por pilastras toscanas colossais rasgadas por janelas em arco abatido, no primeiro registo e ático, no segundo, composto por óculos, com peitoril e verga em arco abatido, moldurados e decorados por motivo enrolado , estando os da fachada O. entaipados. A fachada E. é ritmada por peanhas, que sustentam estátuas dos reis de Portugal, que se prolongam pela fachada N., a mais imponente, voltada ao jardim, revelando esquema compositivo semelhante, estando apenas os vãos do ático entaipados, tendo nos extremos porta de verga recta, sobrepujada por frontão de volutas interrompido por motivo concheado, precedida por pequena escadaria e um só lanço recto. Ao centro, pano definido por pilastras rematado por frontão contracurvado, de volutas, em cujos recortes repousam bustos e putis, encimado por urna e estátua, com portal de verga recta, sobrepujado por cornija recta, encimado por brasão. INTERIOR com átrio lajeado, com porta frontal e quatro laterais de acesso a corredores e escadas que comunicam com os vários compartimentos dos diferentes pisos, onde se dispõem as salas de trabalho, gabinetes, arrecadações e casas de banho. JARDIM desenvolvido a N., composto pela sucessão de três grandes terraços, dispostos em eixo, delimitados por balaustradas de pedra rematadas por coruchéus, pináculos, urnas e estátuas, ligados por escadarias de lanços opostos ligando os diferentes níveis, abrem-se casas de fresco, forrados a azulejos policromos azul, amarelo, albergando estátua e fontes adossadas. O primeiro terraço está dividido em canteiros de buxo, pontuados por arbustos, nomeadamente camélias e redondelos, em volta de chafariz com tanque circular, de coluna central com duas taças onduladas e remate em coruchéu. O terraço intermédio, ajardinado, possui um tanque sextavado à volta do qual se dispõem algumas japoneiras.

Acessos

Urgezes, Avenida D. Afonso Henriques.

Protecção

Em estudo / Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo Urbano da Cidade de Guimarães (v. PT010308340101)

Enquadramento

Urbano, isolado, em terreno desnivelado, à face da Avenida D. Afonso Henriques, em posição elevada proporcionando uma vista panorâmica sobre Guimarães. Nas imediações, surge a Estação Ferroviária (v. PT010308710175), o Complexo Multifuncional de Couros (v. PT010308630220) e a Pousada da Juventude (v. PT010308630221).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Cultural e recreativa: edifício multiusos

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

Pitágoras - Arquitectura e Engenharia Integradas, Lda.

Cronologia

Séc. 18, meados - Tadeu Luis António Lopes de Carvalho da Fonseca e Camões, fidalgo da Casa Real, senhor dos Coutos de Abadim e Negrelos, dá início à construção do palácio; 1747 - o palácio com o jardim, formado por três patamares com um pomar e horta, aparece representado numa gravura da parte sul da cidade de Guimarães; 1750 - referência nas Memórias Paroquiais da Cidade de Guimarães à casa e jardim de Vila Flor "admirável em sua arquitectura e na grandeza e fábrica do jardim..."; 1812 - os então proprietários do palácio, João José de Almeida Velho e Lencastre, Visconde de Vila Nova do Souto de El-Rei, e a viscondessa D. Maria Joana do Monte Forjaz da Câmara e Meneses, seu irmão e cunhada, vendem a sua casa de Vila Flor e pertenças, e os prazos do Minhotinho, Minhoto e Cavalinho, com pertenças e foros, por 10.800$000 réis, a sua prima D. Maria Leonor de Sousa Peixoto de Carvalho, do terreiro de Santa Clara; séc. 19 - é seu proprietário o 1º conde de Arrochela, Nicolau de Arrochela Vieira de Almeida Sodré Laborão (1799-1867), que casou em 1840 com Virgínia Tatcher; 1852, Maio 15 - aquando da sua estadia em Guimarães, durante uma visita ao Minho, a rainha D. Maria II hospedou-se no Palácio de Vila Flor ; 1884, Março 27 - Soares Veloso, gerente do caminho de ferro de Guimarães, proprietário do Palácio de Vila Flor, disponibilizou as suas dependências, para a organização da Exposição Industrial Vimaranense; 1884 - a propósito da Exposição Industrial Vimaranense, a imprensa local refere-se ao palácio, ao qual ainda falta completar a ala N.; 1884, Julho 26 - encerramento solene, no Palácio de Vila Flor, da Exposição Industrial de Guimarães, promovida pela Sociedade Martins Sarmento; 1887 - principiaram os trabalhos para a construção da Avenida da Indústria,actual Avenida D. João IV, através dos terrenos de Vila Flor e até ao monte do Cavalinho; séc. 20, inícios - adquirido pela família Jordão, de Guimarães, a qual completou a ala N. do edifício e lhe acrescentou uma mansarda; 1976 - em adiantado estado de degradação, foi adquirido pela Câmara Municipal de Guimarães para instalar, naquela cidade, uma extensão da Universidade do Minho; 2005 - conclusão das obras de construção do novo edifício; 17 Setembro - inauguração do Centro Cultural com o concerto dos Madredeus; 2006 - menção honrosa na categoria de espaços exteriores de uso público na obra de requalificação do Centro Cultural.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura do edifício, pavimento do átrio, estátuas que ornam as fachadas, balaustradas dos terraços e escadarias, chafarizes e tanques, em granito; portas, janelas, escadas interiores, pavimentos e tectos, em madeira; revestimento da mansarda, em telha de meia cana; azulejos, nas casas de banho, no revestimento dos vãos das escadarias e dos tímpanos dos frontões que encimam as janelas de mansarda; sacadas das janelas e gradeamento exterior, em ferro; cobertura exterior, de telha de canudo.

Bibliografia

Guia de Portugal, Entre Douro e Minho, II Minho, vol. 4, Lisboa, s/d, p. 1148; BRANCO, Castelo, Guimarães nos meados do século XVIII, Braga, p. 255; Relatório da Exposição Industrial de Guimarães em 1884, Porto, 1884; ARAÚJO, Ilídio de, Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal, vol. 1, Lisboa, 1962, pp. 221-223; Vv.Aa., Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, p. 296; OLIVEIRA, Manuel Alves de, A Exposição Industrial de 1884 e as suas repercussões, in Boletim de Trabalhos Históricos, vol. 35, Guimarães, 1984, pp. 219-231; CARITA, Helder; CARDOSO, Homem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal ou da originalidade e desaires desta arte, Lisboa, 1990, pp. 251-252, 255260, 264, 272; ROCHA, Helder, Efemérides Vimaranenses, vol. 1, Guimarães, 1996, pp. 92, 118, 131; vol. 2, Guimarães, 1998, p. 29; Recuperar um pedaço da história de Guimarães, in Arquitecturas, 5 Fevereiro 2006, p. 13.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Universidade do Minho: 1976 - Recuperação do edifício e adaptação do interior, a fim de instalar o pólo universitário de Guimarães; CMG: 2005/2006 - obras de reabilitação do palácio e do jardim de buxo; concepção, de raiz, do edifício do teatro, e dos espaços exteriores envolventes, nomeadamente de um parque de estacionamento subterrâneo com capacidade para 150 lugares.

Observações

No Palácio de Vila Flor funciona a sede da Assembleia Municipal e respectivos serviços de apoio, uma área de exposição e ainda quatro salas de reunião com 55 lugares cada. O novo edifício organiza o seu espaço pelo grande auditório (800 lugares), pequeno auditório (200 lugares), restaurante/café-concerto e área administrativa.

Autor e Data

António Dinis 1999 / Sónia Basto 2010

Actualização

 
 
 
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