Igreja de Nossa Senhora do Castelo / Igreja de Nossa Senhora do Leite / Capela do Calvário

IPA.00007545
Portugal, Guarda, Aguiar da Beira, União das freguesias de Aguiar da Beira e Coruche
 
Arquitectura religiosa, gótica e barroca. Igreja paroquial de planimetria medieval, de planta longitudinal composta por nave e capela-mor mais estreita, com coberturas interiores em falsas abóbadas de berço de madeira, iluminada por janelas rasgadas na fachada lateral direita. Fachada principal em empena, com vãos rasgados em eixo composto por portal de verga recta, encimado por óculo. Fachadas rematadas em beiral, as laterais com postas travessas. Interior com retábulo de madeira dourada, do estilo nacional.
Número IPA Antigo: PT020901010010
 
Registo visualizado 129 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor mais estreita, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, com telha de aba e canudo. Fachadas em cantaria granítica aparente, em aparelho ciclópico na cabeceira e isódomo na nave. Fachada principal virada a NO., com embasamento saliente, cunhais apilastrados firmados por pináculos piramidais, em empena com cruz no vértice; é rasgada por portal de verga recta, protegido por porta metálica de duas folhas e encimado por luneta em olho de boi, ambos com moldura saliente. Fachada lateral esquerda virada a NE., tendo, na nave, portal em arco apontado, com a moldura formada pelas aduelas do arco. Fachada lateral direita virada a SO., com porta de verga recta e janela rectilínea e gradeada na nave, ambas com moldura saliente, e fresta em capialço na cabeceira. Fachada posterior em empena cega. INTERIOR em alvenaria de granito aparente, com coberturas em falsas abóbadas de berço abatido, de madeira, a da nave assente em friso e cornija, e pavimento em lajeado de granito. No lado do Evangelho, porta ladeada por arcossólio apontado, com moldura interna em talão, surgindo, no arranque do arco, dois pares de relevos configurando temas funerários: à direita, externamente, uma jarra com asa da qual sai fumo e, internamente, um castiçal ardente. Do lado esquerdo, externamente, tochas e, internamente, forma bojuda ardente.No interior, a sepultura. Arco triunfal em arco apontado, assente em impostas salientes, a do lado do Evangelho decorada por mascarão de "homem selvagem", de cuja boca saem elementos vegetalistas e, do lado da Epístola, por elemento de esferas; extradorso com aresta biselada, percorrido por motivo contínuo de esferas e, sob a chave, inscrição. É ladeado por duas mísulas em cantaria de granito. Capela-mor elevada por um degrau, tendo, ao centro, ara em cantaria, composta por dois pilares sobre o qual assenta placa rectangular; ladeando o espaço, bailéu. Na parede testeira, retábulo com aplicação do douramento directamente sobre a madeira, de planta recta e três eixos, definidos por seis colunas torsas ornadas por pâmpanos, que se prolongam em três arquivoltas, a central torsa, constituindo o remate do nicho central, e por quatro pilastras com o fuste decorado por elemento fitomórfico, todas assentes em consolas; nicho em arco de volta perfeita e fundo decorado por ramagens de acantos, onde se inscreve mísula; eixos laterais formam painéis rectilíneos, com as pinturas de "Assunção da Virgem" (Evangelho) e o "Nascimento de Maria" (Epístola); remate em frontão que encima todo o conjunto é assinalado obliquamente por par de mísulas em aleta, em cujo espelho se encontram putti-atlantes, que circunscrevem, internamente, exuberante florão relevado; altar paralelepipédico com frontal ostentando cartela de concheados vegetalistas configurando as cinco quinas.

Acessos

Avenida de Nossa Senhora do Castelo

Protecção

Incluído na Zona de Protecção do Trecho de arquitectura medieval: Pelourinho, Torre e Fonte ameada (v. PT020901010002)

Enquadramento

Urbano, isolado, murado a S. e a O., localizado no limite da malha urbana do centro histórico, junto ao antigo castelo da vila, em amplo terreiro, onde se erguem algumas árvores. Adossados à fachada NE. púlpito quadrangular, sobre plinto, com escadas de acesso no lado direito e guarda plena de cantaria, com os ângulos salientes e rematada em cornija. Junto deste, plataforma alteada e encostada à fachada, à qual se acede por três lanços de degraus. Sobre ela, cruzeiro assente em dois degraus, tendo um soco elevado em cujos espelhos se configuram frontalmente o símbolo do Gólgota - a caveira de Adão sobre par de tíbias cruzadas - e, lateralmente, formas florais. No seu espelho frontal, vê-se motivo vegetalista relevado e contínuo configurando esta cruz como "arborescente" ou "Árvore da Vida", sendo o conjunto rematado por quadrifólio. *1

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Viseu)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 (conjectural) / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1120 - D. Teresa concedeu foral à vila de Aguiar da Beira; 1220 - D. Afonso II confirmou o foral; 1258 - D. Afonso III reformou o foral; c. 1300 - D. Dinis mandou reconstruir o castelo, que terá estado na posse de um cavaleiro de apelido Aguiar, sendo possível que a igreja date deste período; 1512 - D. Manuel I concedeu novo foral à vila de Aguiar da Beira; séc. 17 / 18 - a igreja de Nossa Senhora do Castelo funcionava como igreja matriz, por a antiga igreja de São Pedro, actualmente desaparecida, ter ficado, entretanto, distante do centro *2; séc. 18, 2º quartel - feitura do retábulo; 1970 / 1980 - intervenção no imóvel, por ordem do então Pároco de Aguiar da Beira, Padre José Augusto da Fonseca.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes; retábulo-mor com dourado aplicado directamente sobre a madeira em branco.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito; modinaturas, cunhais, pináculos, cornija, arco triunfal, arcossólios e pavimento em cantaria de granito; cobertura e retábulo de madeira; coberturas exteriores em telha; ferro.

Bibliografia

LEAL, Augusto Soares Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. I, Lisboa, 1873, pp. 37-39; PEREIRA, Esteves e RODRIGUES, Guilherme, Portugal. Diccionario Histórico Chorographico, vol. I, Lisboa, 1904, p. 100; COSTA, Américo, Diccionario Chorographico de Portugal, vol. I, Lisboa, 1929; Aguiar da Beira, in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. I, Lisboa / Rio de Janeiro, s.d, pp. 661-662; COSTA, Fernando Jorge dos Santos e PORTUGAL, João António de Sequeira Alves, Aguiar da Beira - a história, a terra e as gentes, Aguiar da Beira, 1985; RAPOSO, Francisco Hipólito, Beira Alta com um abraço total à Serra da Estrela, in Mobil nos caminhos de Portugal, vol. 4, Mem Martins, 1987; AZEVEDO, José Correia de, Portugal monumental. Inventário artístico ilustrado de Portugal, Beiras, vol. 4, Algés, 1993; CARREIRA, Abel, Passeio turístico pela vila de Aguiar da Beira. Vila medieval, in Município de Aguiar da Beira, ano II, n.º 3, Aguiar da Beira, Jul./Ago./Set. 1994, pp. 9-10; PAIXÃO, Carlos e PAIXÃO, Tó-Zé, Aguiar da Beira, roteiro turístico, s.l., 2000.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1970 - restauro da imagem do orago (COSTA, F. e PORTUGAL, J., p. 78); Proprietário: 1970 / 1980 - restauro da igreja e do retábulo.

Observações

*1 - neste local celebravam-se as cerimónias religiosas comemorando a Paixão e Morte de Jesus Cristo, durante a Semana Santa; para esse efeito, era levantado o Calvário constituído por três cruzeiros, existindo ainda as cavidades, feitas na rocha, onde as cruzes eram fixadas; era no púlpito exterior à igreja que os pregadores pronunciavam os seus sermões, alusivos às respectivas cerimónias (CARREIRA, A., p. 10). *2 - a partir de data incerta, o imóvel foi abandonado, por se encontrar afastada do posterior centro urbano, ou pela construção da actual matriz; segundo informação oral de antigo membro da mesa da Misericórdia, a igreja pertencia à Santa Casa da Misericórdia de Aguiar da Beira e, na década de 70 do séc. 20, por se encontrar em ruínas e a Misericórdia não ter posses para a recuperar, entrou em acordo com a Paróquia, doando esta na condição de a restaurar, mas não foram encontrados registos deste acordo.

Autor e Data

Alexandre Pais 2001

Actualização

 
 
 
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