Igreja Paroquial de Castro Verde / Igreja de Nossa Senhora da Conceição / Basílica Real de Castro Verde

IPA.00000747
Portugal, Beja, Castro Verde, União das freguesias de Castro Verde e Casével
 
Arquitectura religiosa, maneirista. Basílica com fachada simétrica enquadrada por 2 torres sineiras, uma nave e capela-mor. Volumes despojados, fachadas apenas animadas pela demarcação das pilastras e sancas, mostrando a permanência dos valores da arquitectura chã. Em planta e volumes idêntica à igreja de Santiago de Alcácer do Sal ( v. 1501030010), também de fundação joanina e atribuída a João Antunes. No interior retábulo-mor de talha dourada e painéis de azulejo figurativos relativos à Batalha de Ourique. Grandes afinidades entre as cenas que representam a Batalha de Ourique, representadas no registo superior do revestimento azulejar da nave e as telas da vizinha Igreja das Chagas (v. PT040206020002).
Número IPA Antigo: PT040206020006
 
Registo visualizado 1976 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta; à nave rectangular, em que se inscrevem as 2 torres quadradas, justapõe-se a capela-mor rectangular e menor, ladeada por 2 anexos de iguais dimensões. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas sobre a igreja e anexos, em domo sobre as 2 torres. Fachada principal virada a SO. com 3 corpos delimitados por pilastras, os exteriores correspondentes às torres sineiras (uma delas com relógio) rasgadas por frestas quadradas, com ventanas de verga redonda no último andar, acima de uma cimalha, que percorre toda a fachada; corpo central rematado por empena rectilínea acima da cimalha, com cruz central, rasgado por janelão rectangular e portal de verga em asa de cesto, enquadrado por pilastras jónicas e encimado por frontão curvo quebrado com as insígnias da Ordem de Santiago; fachada posterior com empena angular rematada por cimalha, delimitada por cunhais apilastrados e rasgada por janelas quadradas; nas fachadas laterais destaca-se o volume mais baixo das sacristias, com volutas sobre a cimalha e a massa das 2 torres; 3 janelões e uma porta de verga recta vazam o paramento de cada um dos lados. INTERIOR: nave única com falsa abóbada de berço abatido sobre sanca envolvente; coro-alto no vão entre as torres enquadrado por arco redondo sobre pilastras e assente em arco em asa de cesto, também apoiado em pilastras; baptistério sob uma das torres; 2 púlpitos adossados aos alçados laterais a meio da nave, edículas rasgadas por arcos redondos sobre pilastras, enquadrando 2 altares laterais e 2 colaterais; arco triunfal em arco redondo sobre pilastras; capela-mor com abóbada de berço redondo.

Acessos

Rua João Guerreiro Mestre

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 18/23, DR, 1ª série, n.º 136 de 14 de julho 2023

Enquadramento

Urbano, outeiro, isolado. Implanta-se em posição de destaque sobre a vila, num adro calcetado rodeado do lado NE. por miradouro, do lado SO. por rua que passa num plano inferior, para onde deita a fachada e com a qual comunica por escadaria; a fachada lateral esquerda deita para o jardim do vizinho edifício da Câmara Municipal.

Descrição Complementar

Revestimento azulejar integral das paredes da nave e capela-mor; azulejo azul e branco setecentista, na nave padronagem acima de um silhar de albarradas e num 3º registo cenas figuradas separadas por molduras de enrolamentos, com cenas da Batalha de Ourique, estilisticamente integráveis no período dos mestres; na capela-mor as molduras exuberantes apontam para o período da grande produção joanina; estão representadas cenas da vida de Santiago; na sacristia silhar com azulejos de albarradas. Tecto da nave com pintura de enrolamentos rodeando cenas alusivas à Batalha de Ourique, restos de pinturas sobre o coro-alto e arco triunfal, pintura de enrolamentos enquadrando o Santíssimo Sacramento na abóbada da capela-mor. Retábulos do altar-mor e dos altares laterais da nave em talha dourada joanina, nos altares colaterais retábulos relicários em talha dourada. Os púlpitos com base em mármore, parapeitos e guarda-voz em talha; belo gradeamento em madeira torneada guardando o baptistério.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Cultura e recreativa: museu

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Beja)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

João Antunes, atr.

Cronologia

1573 - construção de um primitivo templo, por D. Sebastião, presumivelmente ampliando uma pequena capela existente e em ruínas, filial da Matriz de Nossa Senhora da Graça da Vila de Padrões e que teria sido oratório do ermitão Leovigildo Pires de Almidra; segundo a documentação existente no Arquivo da Câmara de Castro Verde, o templo de D. Sebastião poussuía paredes com c. de 16 palmos de espessura, três portas na fachada principal, uma torre, duas sacristias comunicando com capela-mor, cobertura em abóbada, revestimentos de mármore e madeira do Brasil e um orgão; a mesma documentação refere que o rei lhe pusera então o título de Basílica; teria ainda D. Sebastião mandado erguer um sumptuoso arco, para o qual André de Resende teria feito uma inscrição*1; 1727 - 1735 - construção da igreja promovida por D. João V sob traça atribuível a João Antunes ( FALCÃO, 1991 ), provavelmente no local da igreja anterior; 1969, 2 Fevereiro - danos causados pelo sismo; 1993 - classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45/93, DR, 1ª série-B, n.º 280 de 30 de novembro 1993.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria rebocada e caiada em estruturas e abóbada; madeira em abóbada e na estrutura do telhado, portas e janelas; cantaria em molduras, telha cerâmica em coberturas, azulejos em revestimentos murários, tijoleira em pavimentos.

Bibliografia

BOIÇA e Joaquim TORRES, Cláudio, A cabeça - relicário de Casével, Arqueologia Medieval, nº 2, Mértola, 1993; FALCÃO, José António, O tesouro da Basílica Real de Castro Verde, Diário do Alentejo, 22 de Fevereiro de 1991; PEREIRA, Esteves e RODRIGUES, Guilherme, Portugal Diccionário..., vol. 2, Lisboa, 1906; RESENDE, André de, Librii quatuor De antiquitatibus Lusitaniae, Évora, 1593; Guia de Portugal, vol. 2, Lisboa, 1932.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Intervenção Realizada

Observações

*1 - No De Antiquitatibus Lusitaniae André de Resende testemunha que o dito arco foi construído mas a propósito da inscrição refere apenas que lhe a encomendaram com os dizeres: " Heic contra Ismarium, quatorque alios Saracenorum Reges, innumeramque barbarorum multitudinem, pugnaturus felix Alphonsus Henricus , ab exercitu primus Lusitaniae Rex adpellatus est: et a Christo, qui ei crucifixus adaparuit, ad fortiter agendum commonitus, copiis exiguis tantam hostium stragem edidit, ut Cobris ac Tergis fluovirum confluentes cruore inundarit. Ingentis ac stupendae rei, ne in loco ubi gesta est, per infrequentiam, obsolesceret, Sebastianus I Lusitaniae Rex, bellicae virtutis admirator, et majorum suorum gloriae propagator, erecto titulo memoriam renovavit".

Autor e Data

Isabel Mendonça 1994

Actualização

 
 
 
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