Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento / Pousada do Desagravo

IPA.00007371
Portugal, Coimbra, Oliveira do Hospital, União das freguesias de Santa Ovaia e Vila Pouca da Beira
 
Igreja setecentista com portal principal na fachada lateral como convinha a um convento feminino. Torre sineira adossada ao lado esquerdo da capela-mor do tipo barroco rural. portal rocócó. Interior com cobertura em falsa abóbada de madeira e retábulos neoclássicos. O local escolhido para erguer esta nova casa conventual, cuja invocação foi muito difundida na centúria de setecentos, tinha já uma tradição religiosa pois aí se levantava uma pequena capela dedicada a São José. Arquitectura erudita do núcleo conventual. A história mais recente, à semelhança das restantes casas conventuais do país, revela que as suas instalações foram sucessivamente ocupadas pelos mais diversos serviços e organizações. Com a intervenção do Prof. Bissaya Barreto, as amplas remodelações conferiram-lhe um cariz arquitectónico "Estado Novo", visível em várias fachadas. Actualmente é um estabelecimento de hotelaria inserido na rede Pousadas de Portugal, integrando o grupo das Pousadas Históricas.
Número IPA Antigo: PT020611200032
 
Registo visualizado 594 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de Santa Clara - Clarissas (jurisdição do ordinário)

Descrição

Conjunto formado pela Quinta que engloba a igreja, hospedaria, dependências conventuais, propriamente ditas, e três cercas muradas. A IGREJA de planta longitudinal, com portal principal na fachada lateral, voltado a E./O.onde todos os panos são marcados por pilastras encimadas por pináculos e abertos por janelas de verga abatida. Portal de linhas rectas e ladeado por pilastras, é encimado por uma ampla janela que, por sua vez, é flanqueada por dois nichos. Assinala a entrada principal do templo uma ampla cruz, já sobre a linha do telhado. A torre sineira localiza-se no extremo E. da fachada com cobertura bolbosa e pináculos firmando os cunhais. INTERIOR: nave única com cobertura abobadada de madeira assente em sanca de cantaria. Capela-mor reentrante e abobadada tem retábulo-mor com tribuna e trono do Santíssimo Sacramento, em talha de estilo neoclássico com frontões de coroamento com resplendores como motivo decorativo central; arco cruzeiro ladeado por 2 altares colaterais neoclássicos, em talha branca e dourada. Numa das paredes laterais o púlpito com acesso por abertura aberta no paramentoque divide o coro da nave; ao coro acedia-se por escada, cujo vão está actualmente entaipado. A sacristia localiza-se atrás do altar-mor, de planta rectangular, apresentando ainda o arcaz; o acesso à torre sineira faz-se a partir deste compartimento. CONVENTO: planta quadrangular que se articula à volta do claustro, formado por tramos de quatro arcos, e em função deste as restantes dependências conventuais. PORTARIA: emoldurada por portal pétreo de verga curva, dava acesso ao espaço conventual que compreendia refeitório, cozinhas, cartório, enfermaria, botica, dormitórios, sala do capítulo, casa do noviciado e outras dependências. A portaria possuia uma roda (*1). CLAUSTRO: de 2 pisos, sendo o piso inferior de cinco tramos com coberturas abobadadas, em arcarias de grossos pilares, actualemnte envidraçados; 2º piso com entablamento recto sobre pequenas colunas, assentes em balaustrada. REFEITÓRIO: actualmente sala de jantar é contiguo à cozinha marcada pela grande chaminé. HOSPEDARIA: edifício separado das dependências conventuais, que se ligava por muro e portão ao alinhamento da igreja, formando o largo interior da torre da igreja, onde ainda existe um tanque rectangular (*2).

Acessos

Calçada do Convento

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 118/2013, DR, 2.ª série, n.º 48 de 08 março 2013

Enquadramento

Rural, isolado, destacado. Implantado na Região de Turismo da Serra da Estrela está integrado em magnífica paisagem com vistas panorâmicas sobre Serras da Estrela e do Açor. O acesso ao conjunto edificado é efectuado por caminho que parte do centro do povoado e desemboca no terreiro da igreja.

Descrição Complementar

No sino datado de 1817 lê-se a seguinte inscrição: "FERMS CORTES ME FES.."

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Comercial e turística: pousada

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Grupo Pestana Pousadas

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 18, 2.ª metade - Fundação do convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento de Vila Pouca da Beira, pela Câmara, nobreza e povo desta vila, "que deram os terrenos e certas doações" (CORREIA / GONCALVES:1952 : 184), conforme a Provisão Régia e Episcopal que autorizaram a sua instituição; 1780, 19 de agosto - data da assinatura da Provisão Episcopal pelo bispo-conde D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho; 1800, c. de - conclusão da construção, chegando as religiosas do Louriçal para o habitar; 1801 - data de um dos sinos; 1817 - data incisa noutro sino; 1834 - a extinção das ordens religiosas veio interromper a vida conventual ainda recente desta instituição, embora a última freira apenas tenha falecido em 1889, data em que o convento foi de facto encerrado; 1889, depois de - adaptação e ampliação duma parte do convento para hospital civil; 1928 - aqui se encontrava o Posto Agrário do Alto Mondego, extinto em 1935; 1935, 1 de Setembro - o convento sofreu um incêndio no setor antigo e arruinado e em parte da igreja; 1936 - obras de reconstrução; lavrada escritura de arrendamento às Religiosas Doroteias, para instalação do colégio; 1939, Julho - encerramento do colégio; 1942 - as Dominicanas Contemplativas instalaram-se no antigo convento; 1952 - instalação no convento da Junta Geral da Província; séc. 20, década de 60 - incêndio no núcleo conventual com destruição parcial do 1º piso do convento; Fundação Bissaya-Barreto - obras gerais no núcleo conventual de adaptação a instalação de colégio; posteriormente adaptado a colónia de férias; 1970, finais de - alojamento de retornados das ex-colónias; 1998 - projeto de investimento da Fundação no Convento entregue ao Arquiteto António Monteiro, do Gabinete Plarq-Estudos de Arquitetura e Urbanismo, encontrando-se em análise por parte da Direcção-Geral de Turismo (DGT). Pretende-se manter a traça original do 1º piso mas no 2º piso, que entretanto sofreu grandes alterações, procurar-se-á repor o espírito inicial recuperando alguns espaços para celas conventuais. Pensa-se construir na Quinta equipamento de lazer e desporto: campos de ténis e picadeiro, piscina. A exploração da futura unidade hoteleira será entregue a empresa a selecionar; Maio de 1999 - apresentado projeto para transformação do convento em unidade hoteleira de quatro estrelas, preservando a traça arquitetónica, e previsto o orçamento de 400 mil contos para a 1ª fase; 2003, 29 de janeiro - Despacho de abertura do Vice-Presidente; 2007, 31 outubro - Parecer do Conselho Consultivo propondo a classificação como Imóvel de Interesse Público; 2012, 18 outubro - publicação do Projeto de Decisão relativo à classificação como Imóvel de Interesse Público, e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção em Anúncio n.º 13597/2012, DR, 2.ª série, n.º 202.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Bibliografia

AUC, Arquivo Distrital, Fundo das Congregassões Religiosas, Convento do Desagravo de Vila Pouca de Beira, Livro de Visitas; AUC, Arquivo Distrital, Fundo das Congregassões Religiosas, Convento do Desagravo de Vila Pouca de Beira,Direcção Geral da Fazenda Pública, Prº. 868, livro 5º; PINHO LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa, Portugal Antigo e Moderno, Dicionário, XIº vol. , Lisboa, 1886; CORREIA, Vergílio, GONCALVES, António Nogueira, Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Coimbra, 1953; Jornal Público, Lisboa, 16 Julho 1998, p.37; Jornal Diário de Coimbra, Coimbra, 15 Maio 1999, p.12; www.ippar.pt (28-11-2007); http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/4193538 [consultado em 23 agosto 2016].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IPPAR, pº de classificação

Documentação Administrativa

IPPAR, pº. de classificação

Intervenção Realizada

Séc. 20, anos 50 - obras de adaptação a colónia de férias; 2000 - obras gerais de recuperação e adaptação a novo uso - pousada: limpeza de cantarias, recuperação de rebocos, reparação das coberturas e tectos, infra-estruturas; 2002 - conclusão da obras de adaptação a pousada.

Observações

EM ESTUDO. *1 - A Roda, normalmente designada por parlatório ou grades, era destinada à conversação das freiras com familiares (...). *2 - Na hospedaria alojava-se o padre e os criados da lavoura, recebiam-se convidados e pernoitava o bispo de Coimbra quando das suas deslocações. *4 - Ordem fundada e aprovada no séc. XIII por Santa Clara de Assis, conselheira de S. Francisco. Para o Convento do Desagravo vieram freiras do Convento do Santíssimo Sacramento do Louriçal. Os elementos existentes nesta ficha foram retirados do processo de classificação do IPPAR e assinado pelas técnicas superiores Lígia Inês Gambini e Maria José Travassos Bento (arq.).

Autor e Data

Cecília Matias 2007

Actualização

 
 
 
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