Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Proença-a-Nova

IPA.00007308
Portugal, Castelo Branco, Proença-a-Nova, União das freguesias de Proença-a-Nova e Peral
 
Arquitectura religiosa, maneirista, tardo-barroca e oitocentista. Igreja de Misericórdia de nave única e capela-mor, interiormente com iluminação axial e unilateral e com tectos de madeira, estruturalmente um pouco remodelada no séc. 20. Fachada principal terminada em empena e rasgada por portal em arco e janela de verga abatida, ambos encimados por cornijas. Na lateral esquerda abre-se porta travessa e fresta na nave e janela na capela-mor. No interior possui coro-alto de madeira, com tecto do sub-coro conservando pinturas vegetalistas oitocentistas, semelhantes às dos apainelados do tecto da capela-mor, e púlpito no lado do Evangelho com guarda plena, do mesmo período. Na capela-mor possui retábulo-mor tardo-barroco, em talha policroma, de planta recta e três eixos, com altar de frontal envidraçado albergando imagem do Cristo morto, e dois retábulos colaterais do séc. 19 / 20, muito reformados. O portal e a janela axial, bem como a porta travessa foram alterados, apresentando modinatura moderna, tal como as cornijas que encimam os primeiros vãos e os respectivos nichos que encimam a última. No interior conserva uma pintura seiscentista de grandes proporções e o sacrário do retábulo-mor datado de 1588. O tecto da nave possui inscrição datada de 1872, possivelmente correspondendo à data da feitura dos tectos do sub-coro e capela-mor e do púlpito.
Número IPA Antigo: PT020508040002
 
Registo visualizado 78 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta rectangular composta por nave única e capela-mor tendo adossado a N. da última sacristia retangular. Volumes articulados de disposição na horizontal com cobertura homogénea em telhado de duas águas na igreja e de uma na sacristia, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com remates, cunhais e faixa ligeiramente salientes pintados a ocre. Fachada principal virada a E., terminada em empena com cornija, rematada por cruz latina, e rasgada por portal em arco de volta perfeita de duas arquivoltas, com fecho saliente, a exterior pintada a ocre e a interior a cinzento, sobre pilastras; encima-o duas falsas cornijas sobrepostas, sendo a superior de maior altura. Sob a empena rasga-se janela do coro com verga abatida encimada por cornija falsa contracurvada, ambas pintadas a cinza, ladeado à direita, encostada ao cunhal, por pequeno vão jacentede capialço. Fachada lateral esquerda terminada em cornija e rasgada por porta travessa de verga abatida, moldurada e encimada por três pequenos nichos em arco de volta perfeita contendo as imagens de granito de São José, Santo António e São Pedro; no lado esquerdo da fachada rasgam-se, na nave, fresta de capialço e, na capela-mor, janela rectilínea gradeada. A fachada posterior da capela-mor é cega e termina em empena, e a da sacristia, encimada por sineira, é rasgada por duas portas de verga recta, de acesso ao interior. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco e faixa a cinzento, com pavimento da nave em lajes retangulares de ardósia de molduras em mármore e o da capela-mor lajeado a mármore, e supedâneo e respectivos degraus a placas de ardósia. Tetos da nave e da capela-mor de masseira, sendo o primeiro pintado a bege, decorado ao centro por painel contendo cruz latina com base ladeada por inscrição em latim e contendo a data 1872, e o segundo formando apainelados decorados com motivos vegetalistas policromos. Coro-alto em madeira, atualmente sem acesso, com guarda em balaustrada, com decoração vegetalista policroma. No sub-coro, o teto é plano e dividido em três painéis com decoração vegetalista policroma; apresenta guarda-vento em madeira, pintado a bege, com um só pano comportando par de meias-portas almofadadas; na parede fundeira, uma pia de água benta cilíndrica, em calcário, ladeia o portal, do lado da Epístola. No lado do Evangelho, a porta travessa é ladeada por pia de água benta, de bacia curva assente em mísula com remate em florão e, no topo da nave, surge púlpito de madeira retangular, com guarda plena formando almofadas relevadas, com cantos curvos, ornadas por motivos vegetalistas; é acedido por escada rebocada e pintada com guarda igual. No lado da Epístola existe grande pintura a óleo sobre madeira, representando o Calvário. Arco triunfal de volta perfeita sobre falsas pilastras, pintado de azul e fechado por teia em balaustrada, de madeira. Na capela-mor, sobre o supedâneo, a parede testeira é preenchida pelo retábulo-mor e por dois retábulos colaterais postos de ângulo. Retábulo-mor em talha policroma, a marmoreados fingidos a vermelho e azul, e dourada, de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas de capitéis coríntios, sobre plintos paralelepipédicos, sustentando o ático, em espaldar central, terminado em fragmentos de cornija, com escudo nacional coroado, ladeado por elementos vegetalistas, e em cornija recta sobre os eixos laterais, sendo as colunas exteriors coroadas por pináculos em forma de urna. No eixo central surge sobrelevado uma tela de perfil curvo, moldurada, com representação da Visitação; nos eixos laterais, nichos contracurvados de remates entalhados compostos por motivos concheados e vegetalistas, com portas envidraçadas, albergando imaginária; sotobanco apainelado integrando ao centro sacrário tipo template, de execução anterior ao retábulo; o banco apresenta mesa de altar adossada, tipo urna, com frontal envidraçado, contendo uma imagem de Cristo Morto.

Acessos

Largo Doutor Pedro da Fonseca e Rua da Igreja. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,750465; long.: -7,924907

Protecção

Em vias de classificação

Enquadramento

Urbano, adaptado ao terreno com declive, tendo adossado a N. edifícios modernos, um deles pertença da Misericórdia e que poderá ter correspondido ao antigo hospital (v. PT020508040011). Porta travessa acedida por três degraus rectangualres. A S., confina com adro ajardinado. Lateralmente abre-se um largo. Nas imediações erguem-se a Igreja Paroquial (v. PT020508040014) e o edifício da Câmara Municipal.

Descrição Complementar

O painel central do tecto da nave possui a inscrição: ADORAMUS TE CHRISTE / ET BENEDICIMUS TIBI/QUIA PER CRUCEM TU/AM RE[D]EMISTI MUNDUM. Retábulos colaterais semelhantes, de talha policroma a branco e molduras douradas, de planta recta e um eixo, definido por duas colunas de fuste liso e capitéis coríntios, sobre plintos paralelepipédicos, sustentando o ático em espaldar recortado, rematado em cornija, decorado com um sagrado coração dentro de resplendor (Evangelho) ou uma cruz pintada (Epístola); ao centro possui nicho com porta envidraçada, de perfil contracurvado, albergando imaginária. Altar tipo urna pintado de azul e branco, contendo cartela central com um "M" no retábulo do Evangelho e uma cruz no da Epístola.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR: Gonçalo Prego (séc. 17).

Cronologia

Séc. 16 - Data da criação da Misericórdia de Proença-a-Nova *1; 1557, 20 / 21 Maio - data das provisões em que D. António Prior do Crato se referia à construção da Igreja da Misericórdia e recomendava que, enquanto esta não fosse edificada, fosse levantado um altar; 1588 - data inscrita no sacrário que se encontra sobre o altar-mor; séc. 17, década de 20 - execução da pintura representando um Calvário, que se encontra na parede da nave do lado da Epístola; 1872 - data inscrita no painel que decora o teto da nave; 1980 - perante a ameaça de ruína do arco triunfal, procedeu-se à sua reconstrução em betão armado; 2022, 11 outubro - publicação da abertura do procedimento de classificação em Aviso n.º 19443/2022, DR, 2.ª série, n.º 196.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; molduras de alguns vãos e pias de água benta em cantaria calcária; retábulos, balaustrada do coro e guarda do pulpit em talha policroma e dourada; imagens em granito; pavimentos em lajes de ardósia e mármore; grades em ferro; cobertura em telha marselha.

Bibliografia

GOODOLPHIM, Costa, As Misericórdias, Lisboa, 1897; GOULÃO, Francisco Carriço, Subsídios para a história da Misericórdia de Proença-a-Nova, 1981.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN/DSID, CMPAN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMEN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

SCMPAN

Intervenção Realizada

SCMPAN: 1890 - perante a ameaça de ruína do arco triunfal, procedeu-se à sua recuperação; 1997- obras de conservação e restauro total da Igreja.

Observações

*1 - as opiniões dos autores divergem relativamente à data de fundação da Misericórdia. Costa Godolphin afirma que a Misericórdia foi fundada em 1500, enquanto Francisco Goulão defende uma fundação anterior a 1513, surgindo, ainda, referências a outro autor, citado por Francisco Goulão, que avança a data de 22 de Outubro de 1549. *2 - O piso primitivo era em soalho e quando foi realizada a sua substituição foram encontradas diversas sepulturas.

Autor e Data

Luís Castro 2000 / Pedro Raimundo (UMP) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / União das Misericórdias Portuguesas)

Actualização

 
 
 
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