Convento da Graça / Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Castelo Branco

IPA.00007297
Portugal, Castelo Branco, Castelo Branco, Castelo Branco
 
Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Convento de eremitas de Santo Agostinho, composto por igreja, claustro e demais dependências. Igreja de nave única, antecedida de galilé, com coro-alto e capela-mor mais estreita. Cobertura em falsa abóbada de berço, em madeira, abatido na nave. Iluminação da nave e capela-mor através de janelas em capialço viradas a S. Nave rasgada pro 3 capelas de cada lado, com retábulos neoclássicos. Na capela-mor retábulo rococó. Claustro quadrangular com 2 pisos, o superior fechado, com janelas de peitoril. 1º piso rasgado por 3 arcos abatidos em cada ala da quadra. Despendências desenvolvem-se em redor deste pátio central, rasgadas por janelas de peitoril e de sacada. Utilização da ordem colossal toscana.
Número IPA Antigo: PT020502050045
 
Registo visualizado 357 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho - Gracianos

Descrição

Conjunto de planta rectangular composta por igreja, lar e museu da Misericórdia, desenvolvendo-se em redor de claustro central. Volumes articulados de disposição na horizontal com cobertura em telhado de 2 águas na nave, capela mor e capela dos Fonsecas e de 4 águas nas demais dependências. Igreja com fachada principal virada a O., composta por pano único emoldurado por pilastras toscanas, tendo 2 registos marcados por friso de cantaria. No 1º, arco em asa de cesto, com impostas demarcadas e pedra de fecho decorada, acede a 1 galilé profunda. No 2º, janela de peitoril centralizada, de vão rectilíneo com moldura de cantaria. O conjunto é coroado por frontão triangular com acrotérios. Fachada S. composta por 4 volumes, relativos à galilé, nave, capela-mor e capela dos Fonsecas. No 1º surge arco em asa de cesto, com pedra de fecho decorada, tendo, no 2º registo cego, a inscrição SANTA CASA DA MISERICÓRDIA. Nos restantes volumes, surgem 5 janelas, de perfil rectilíneo, excepto a correspondente à capela dos fonsecas, em forma de pequena fresta em capialço. Fachada rebocada e pintada a branco, com os volumes demarcados por cunhais de cantaria e com embasamento pintado de cinzento. Remate em entablamento. Fachada E. com 1 fresta e remate em cornija e beiral. Fachada N. encontra-se adossada às demais dependências. Galilé de planta rectangular com acesso por 2 arcos em asa de cesto virados a O. e S., coberta por tecto de madeira. Nesta implantam-se 2 pórticos que acedem respectivamente às dependências e ao interior da igreja. Este último é composto por arco a pleno centro, emoldurado por finos colunelos, sobre bases altas, sendo sobrepujado por moldura trilobada com o lóbulo central em arco canopial, tendo ao centro escudo *1. Ao lado do pórtico, lápide *2. Outro pórtico com vão rectilíneo, lintel, entablamento e coroado por frontão triangular decorado, acede a escadaria ladeada por balaustrada em cantaria decorada. INTERIOR de 1 nave, piso em lajeado de granito e soalho, tecto em falsa abóbada de berço abatido travejada, em madeira. Coro-alto sobre a galilé, com guarda-vento do mesmo material. No lado da Epístola, 3 altares e 3 janelas em capialço. No lado do Evangelho, 3 janelas cegas paralelas às do lado oposto, 2 capelas, 1 altar e púlpito quadrangular com baldaquino suportado por modilhão. Arco triunfal de volta perfeita com impostas salientes e pedra de fecho decorada. Capela mor com tecto em falsa abóbada de berço de madeira pintada. Retábulo em talha dourada. Por trás da capela-mor, situa-se a capela funerária dos Fonsecas. De planta rectagular, com cobertura de madeira, com sepulturas no centro do pavimento e retábulo de talha, tendo embutido na parede lateral, 1 cenotáfio. Volume das dependências tem, na fachada O., 2 pisos, o 1º com 10 janelas de 2 folhas, a que correspondem, no 2º, janelas de 2 folhas e 1 janela de sacada coroada por frontão curvo duplo e tímpano decorado. Torre sineira com 4 registos no alçado S., tendo, no 1º, porta com vão recto, no 2º, varanda de sacada com remate em cornija, 3º cego e, no 4º, vão com lintel em arco perfeito com sino e impostas salientes, esquema que se repete nas 4 faces da torre. Restantes fachadas adossadas nos 2 primeiros registos à estrutura murária dos edifícios. É coroada por pináculos e coberta por coruchéu. Fachada S. com 3 pisos, tendo, no 1º, 2 portas e 2 janelas, no 2º, 9 janelas, 2 de rampa e, no 3º, 5 janelas, 4 postigos e 1 janela com varanda. Fachada N. com 2 pisos e 2 panos. No 1º piso, 4 janelas e 1 porta, a que se sucedem, no 2º piso, 6 janelas, 3 postigos e 2 portas de acesso a balcão, 1 coroada por frontão interrompido. Claustro quadrangular de 2 pisos, tendo, em cada tramo, 3 arcos abatidos que assentam em pilastras. Piso superior fechado com janelas separadas por pilastras. Tanque em losango no centro do pátio.

Acessos

Rua Bartolomeu da Costa e Largo Dr. José Lopes Dias

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Museu Tavares Proença Junior (v. PT020502050002)

Enquadramento

Urbano, isolado e na planície, com adro murado e gradeado na fachada N. do edifício, confinando com a via pública. Próximo localiza-se o Museu Tavares Proença Junior / Paço Episcopal.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIRO: Joaquim António Dias (1865). PEDREIRO: Manuel Baptista Palaio (1865).

Cronologia

1519 - data da edificação do Convento, a qual se encontra inscrita na lápide existente na fachada principal, por ordem de Maria Rebelo e o genro Fernando de Pina, conforme disposição de Rodrigo Rebelo; 1526 - o Convento pertenceu até esta data à Ordem de São Francisco e depois passou para a Ordem de Santo Agostinho; 1581, 4 Novembro - autorização para que o rendimento da vila fosse destinado às obras do imóvel; séc. 17 - instituição da Capela dos Mesquitas, adossada à capela-mor, a expensas dos herdeiros de Diogo da Fonseca, a qual tinha uma cripta e uma lápide com inscrição latina, colocada no séc. 18 pelos frades; 1690, 23 Fevereiro - o bispo da Guarda, D. Frei Luís da Silva, doou à Irmandade dos Passos um pálio, ornamentos e alfaias; séc. 18 - foi construído um coro sobre o pórtico; 1784 - ampliação do imóvel; feitura do retábulo, sendo necessária a destruição parcial da Capela dos Fonsecas; 1834 - extinção das ordens religiosas, com o conseguente abandono do convento, sendo as propriedades avaliadas em 30:000$000 e vendidos em hasta pública; 1835, 18 Setembro - por Portaria datada de 18 de Setembro, a Misericórdia muda-se para o Convento, o qual se encontrava em avançado estado de degradação, fazendo obras no valor de 800$000; 1836, 29 Outubro - Joana Duarte deixou uma tapada em Póvoa no valor de 96$000 e um cabeço por 16$000; 1837, 6 Maio - feitura de um novo compromisso; 1842 - a Irmandade dos Passos foi integrada na Misericórdia, que se passou a responsabilizar pela procissão; 1849, 29 Julho - Clara Jacinta Juzarte Tavares deixou um anel com pedras à imagem de Santo Agostinho; 1850, 2 Março - Francisco António Peres de Loureiro e a mulher, Felícia Rosa dos Santos Peres, deixaram 3:600$000; 1851, 1 Julho - o Prof. João da Fonseca Coutinho Castro, Visconde de Castelo Branco, deixou 28$800; 1856, 17 Agosto - Visconde de Morão, José António Morão Júnior, deixou 24$000 e camas de ferro para o hospital; 1857, 2 Agosto - o Visconde de Oleiros deixou 24$000; 17 Maio - Maria Machás de Moura deixou um olival em Lameiro Largo; 1858, 19 Junho - António Nunes de Sequeira deixou uma toalha para o altar de Nossa Senhora das Dores, uma mesa de corporais e sanguíneos; 1860 - o engenheiro Joaquim António Dias fez um projecto de adaptação e recuperação, orçado em 1:760$000, que não foi executado; 29 Abril - Pedro José Roxo deixou 14$980 para os pobres; 16 Setembro - o Visconde de Castelo Branco e Visconde de Oleiros doaram 21$600 para o arranjo do andor do Senhor dos Passos; 1861, 21 Abril - José Pedro de Barros Lima deixou 4 enxergas ao hospital; 1864 - caem parte dos telhados; 1865, 5 Junho - o governador civil, António de Azevedo Coutinho e Melo, visitou o imóivel com o engenheiro Joaquim António Dias, aconselhando a venda de bens para a recuperação do imóvel; 23 Junho - José Vasconcelos Freire deixou 9$000; 13 de Agosto - foram arrematadas as obras de reparação dos telhados por Manuel Baptista Palaio, as quais são concluídas em Novembro; 10 Outubro - abertura da clarabóia para iluminar a escada; 18 Novembro - venda de propriedades da Misericórdia, avaliadas em 1866 em 72:849$980; 1866, 28 Janeiro - o Ministério do Reino pediu o orçamento das obras a executar, enviando-se o de 1860, mas o Ministério não tinha fundos para as levar a cabo; 17 Maio - a Mesa convidou o Engenheiro das Obras Públicas, João Macário dos Santos, para elaborar um orçamento para as obras mais urgentes, aplicando o projecto de Joaquim António Dias, como a construção de uma cozinha e de 2 enfermarias, demolição de tabiques, ampliação das janelas e feitura de pavimentos e coberturas, orçado em 1:500$000; 25 Outubro - a obra foi posta em praça, mas não houve arrematantes; 1 Novembro - decidem fazer a obra por administração directa; 23 Novembro - decidem fazer as obras mais altas; 1873 - o barão de Castelo de Paiva doou 1:000$000; 1877 - conclusão das obras, ficando com duas enfermarias, uma masculina, denominada Bartolomeu da Costa e Francisco António Peres, e a feminina, deniminada de Santa Isabel e Prior Vasconcelos; 1878, 28 Janeiro - António Joaquim de Abrunhos doou os instrumentos cirúrgicos; 1886, 14 Dezembro - Joaquim Guilherme da Cunha deixou 500$000; 1887, 7 Abril - inauguração da farmácia; 1892, 1 Novembro - construção do Asilo Distrital de Inválidos, anexo à Misericórdia, o feminino dedicado a Nossa Senhora das Dores e o masculino a Santa Isabel; séc. 20, 1.º quartel - demolição da Capela dos Mesquitas; 1905 - Regimento do Hospital; 1925 - novo compromisso da Misericórdia; 1984 - adaptação do convento à instalação do Lar de idosos.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante e estrutura mista

Materiais

Granito, reboco, madeira, telha lusa, ferro

Bibliografia

Guia das Cidades e Vilas Históricas de Portugal - n.º 6, in Expresso, Lisboa, 1996; LEITE, Ana Cristina, Castelo Branco, Lisboa, 1991; Mapa de Arquitectura de Castelo Branco, Castelo Branco, 2003; MARCELO, M. Lopes, Beira Baixa - novos guias de Portugal, Lisboa, 1993; Prospectos das comemorações dos 150 anos da Santa Casa da Misericórdia de Castelo Branco no Convento dos Gracianos, 1984; OLIVEIRA, Manuel, Guia turístico de Portugal de A a Z, Lisboa, 1990; PROENÇA, Raul, Guia de Portugal - Beira Baixa e Beira Alta, vol. II - tomo II, Lisboa, 1994; SANTOS, Manuel Tavares, Castelo Branco na História e na Arte, Castelo Branco, 1958; SILVA, H. Castro e, A Misericórdia de Castelo Branco (apontamentos históricos), Castelo Branco, 1958; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMCB

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; SCMCB

Documentação Administrativa

SCMCB; CMCB

Intervenção Realizada

SCMCB: 1860 - pequenos reparos no imóvel; 1903 - restauro da imagem de São João de Deus; 1984- Remodelação do edifício para albergar um Lar.

Observações

*1- escudo de Rodrigo Rebelo; *2- a inscrição refere que a Igreja foi construída em 1519 e foi mandada construir por Maria Rebelo e pelo seu genro Fernando de Pina, em cumprimento duma disposição testamentária de um irmão daquela Senhora, de nome Rodrigo Rebelo.

Autor e Data

Luís Castro 2000

Actualização

 
 
 
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