Hospital de São Teotónio / Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Viseu / Pousada de Viseu

IPA.00007266
Portugal, Viseu, Viseu, União das freguesias de Viseu
 
Arquitectura de saúde, neoclássica. Casa de dois pisos, sendo o superior o mais importante marcado por maior riqueza decorativa das fenestrações; corpo central ligeiramente mais avançado e separado por pilastras; entrada centralizada e encimada por varanda de sacada com balaustrada; frontão triangular armoriado.decorado com estatuária. Alçados laterais e tardoz sem decoração. Claustro interior centralizado.
Número IPA Antigo: PT021823240043
 
Registo visualizado 1433 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Saúde  Hospital    

Descrição

Planta rectangular, composta e irregular de volumes articulados, com disposição horizontalista e coberturas diferenciadas de telhados de quatro águas. Fachada principal virada a NNE. com escadaria de recorte polilobado que acede a gradeamento apoiado em pilares de secção quadrada, que, por sua vez, conduz a adro lageado. Compõe-se a fachada de três panos divididos por pilastras salientes. O corpo central, com portal de arco de volta perfeita, é encimado por janela de sacada recortada e rematada por frontão curvo. Como remate, um frontão triangular com as armas da Casa Real Portuguesa e decorado superiormente com três estátuas assentes em pedestais. No piso térreo, quatro janelas de guilhotina, de cada lado, de perfil rectangular, com cornija. No piso superior, delimitado por friso que percorre todo o alçado, igual número de fenestrações de recorte semelhante, encimadas por frontão curvo. Cornija e platibanda que percorre todo o conjunto. Alçado SSE.: fenestrações rectangulares, sobrepostas em três pisos. As dos dois últimos, de sacada. Construções incaracterísticas, a nível térreo para serviços hospitalares. Cornija e gárgulas. Alçado tardoz composto por dois corpos avançados, que marcam o prolongamento dos dois alçados laterais. Fenestrações indiferenciadas e desordenadamente colocadas. Cornija e pináculos. Alçado NNO.: semelhante ao outro alçado lateral. Cornija e pináculos. INTERIOR com átrio protegido por guarda-vento decorado com azulejos relevados, do qual, para ambos os lados, parte uma escadaria de acesso aos pisos superiores, adaptados à função e, em frente, para um claustro de sete tramos assentes em arcaria de volta perfeita e de três pisos delimitados por frisos. A quadra correspondente ao alçado principal, possui mansardas. Fonte de duas bicas com taça na quadra NNO..

Acessos

Rua do Hospital; Largo Dr. Eduardo Correia. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,654327, long.: -7,912404

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, em terrapleno, no cimo de pequeno outeiro, isolado, sendo a fachada principal separada por adro gradeado, e os restantes alçados, por muro e via pública.

Descrição Complementar

É o frontão decorado com as estátuas das três virtudes teologais. No remate a Caridade, tendo à sua direita a Fé e à esquerda a Esperança, com os respectivos atributos iconográficos. No cunhal E. da fachada principal, tem as antigas armas da cidade de Viseu. No cunhal oposto, as armas da Santa Casa da Misericórdia.

Utilização Inicial

Saúde: hospital

Utilização Actual

Turística: pousada

Propriedade

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: José de Matos Cid (1869), Gonçale Byrne (2004 / 2009). CAIADOR: João da Costa (1854-1865), António Ferreira (1863-1868), Augusto da Costa (1880). CARPINTEIRO: José Lopes Loureiro, Manuel Ribeiro de Viseu (1793); João de Almeida (1794-1805), Manuel de Almeida (1794); João Pereira da Silva (1809). CORREEIRO: Caetano Luís dos Reis (1865). DESENHADOR: Silvério António da Fonseca (1869), Augusto Carlos Oliveira (1882). ENGENHEIRO: Taborda (1863); António Ferreira da Rocha Gandra (1865). ESPINGARDEIRO: Joaquim Marques (1863). FERREIRO: José Lopes dos Santos (1864); Manuel Lourenço (1882). FUNILEIRO: José Soares de Andrade Cadete. LATOEIRO: José Serafim de Almeida (1863). MARCENEIRO: Joaquim Paulo (1863). Januário de Loureiro (1864-1868). Januário Baptista (1879) PEDREIROS: João Gonçalves Pegas (1758); Jacinto de Matos de Vilar de Besteiros (1793); António Francisco (1793), Francisco Cardoso Pereira (1809), José Rodrigues (1853-1867); João Bernardo de Lima (1863); Serafim Lourenço Simões (1880-1881). RELOJOEIRO: José Duarte Moura (1879). SERRALHEIRO: Augusto Ferreira de Figueiredo (1883).

Cronologia

1565, 19 Julho - doação do Hospital das Chagas por Jerónimo Bravo, deixando os seus sucessores encarregues de manterem nove camas e executarem obras no edifício; 1623 - Lourenço Coelho Leitão, provedor e Chanceler da Relação do Porto, deixou o rendimento da sua fazenda, de quatro em quatro anos; 1705 - o bispo Jerónimo de Albergaria doou ao Hospital 5 mil cruzados, com a obrigação de o porem a juros; 1757 - o bispo Júlio Francisco de Oliveira mandou reformar a enfermaria; 1758 - o mesmo bispo reformou a enfermaria das mulheres, obra do pedreiro João Gonçalves Pegas; 1793, 29 de Março - lançamento da primeira pedra pelo Bispo de Viseu D. Francisco Monteiro Pereira de Azevedo que, sob a pedra, colocou um exemplar de todas as moedas portuguesas cunhadas, até àquela altura no reinado de D. Maria I; ofereceu, para o início das obras, a quantia de 1.312$000 réis; foi denominado Hospital Novo da Misericórdia, já que substituíu um outro, o Hospital das Chagas *1; a obra de pedraria foi arrematada por Jacinto de Matos de Vilar de Besteiros, por 30:000$000, tendo, como ajudante, António Francisco, e a Manuel Ribeiro de Viseu os madeiramentos por 13:600$000; a obra de carpintaria coube ao mestre José Lopes Loureiro; 1794 - obra de carpintaria por Manuel de Almeida; 1794 - 1805 - obras de carpintaria por João de Almeida; 1799, Abril - Manuel Alves Macomboa examinou a planta do novo hospital; 1809 - as obras de pedraria estavam a cargo de Francisco Cardoso Pereira, por 120$070; 6 Agosto - início da obra de madeiramento dos telhados pelo mestre João Pereira da Silva; 1842 - construção do portão de ferro da entrada principal; neste ano recebeu os primeiros doentes; 1853, 11 Setembro - José Rodrigues era designado como o responsável pelas obras de pedraria; 1854, 24 Dezembro - o caiador João da Costa obrigava-se a fazer as abóbadas dos corredores do claustro, pondo cunhas de castanho e seixo, reforçadas com 4 travessões de ferro, ladrilhá-las, caiar os mesmos e pôr uma faixa de tijolo nas paredes, conforme supervisão do engenheiro militar António Ferreira da Rocha Gandra; 1862 - 1867 - o pedreiro José Rodrigues fez várias obras, entre as quais a abertura dos portais no lado O.; 1863 - o espingardeiro Jaoquim Marques, do Regimento de Infantaria 14, executou 10 leitos em ferro, por 53$000; 6 Agosto - pagamento ao latoeiro Serafim de Almeida por quatro seringas de estanho, por 3$500; 6 Setembro - o pedreiro João Bernardo Lima arrematou uma obra no lado O., por 988$000, constando na abertura de 6 lanços e portas, "à maneira dos que já lá estavam feitos" (ALVES, vol. II, p. 87); estas obras foram avaliadas pelo engenheiro Taborda; 20 Dezembro - pagamento a Joaquim Paulo de 10$760, pela feitura de 6 cadeiras e uma mesa; 23 Dezembro - pagamento de 9$600 ao mestre latoeiro José Serafim de Almeida, por vários objectos; 1863 - 1868 - obra de caiador no hospital por António Ferreira; 1864 - feitura de ganchos e vários ferros pelo mestre José Lopes dos Santos; 17 Janeiro - Januário de Loureiro vendeu um lavatório e consertou quatro cadeiras, por 5$400; 6 Julho - conserto de 4 cadeiras de palhinha pelo mesmo, por 1$080; 1865 - pagamento de 6$850 a Manuel Caetano Henriques por cobrir de "cordovão" uma mesa do hospital; 1868, 26 Janeiro - Januário de Loureiro fez uma meia-cómoda, um lavatório e móveis, por 35$200; 15 Julho - o mesmo fez duas meias-cómodas, lavatórios, toucadores, 16 cadeiras e um bidé por 34$200; 9 Agosto - o mesmo executou um lavatório por 2$800; 1869, 18 Janeiro - Januário de Loureiro recebeu 10$500 por 2 lavatórios e várias mesas; 1876 - construção da escadaria principal, conforme planta de José de Matos Cid, executada em 1869 e desenhada por Silvério António da Fonseca; 1879, Janeiro - pagamento de 9$600 a Januário Baptista pelas quatro galerias que fez para as porteiras da porta do hospital; 5 Agosto - pagamento de vários consertos em mobiliário do hospital pelo mesmo; 1880 - obras dirigidas pelo Director das Obras Públicas de Viseu, António Casimiro de Figueiredo; 16 Junho - arrrematação da obra de pedraria do torreão S. por Serafim Lourenço Simões, pela quantia de 1:400$000; 13 Dezembro - pagamento de 68$000 ao caiador Augusto da Costa pelo obra no claustro do hospital, olear as vidraças e consertar os canos do mesmo; 1881, 23 Janeiro - Serafim Lourenço Simões arrematou a obra de ladrilho do claustro do hospital por 78$000; 1882, 5 Abril - estava a trabalhar na obra do gradeamento o mestre ferreiro Manuel Lourenço, que a arrematara por $975 cada quilograma, tendo sido adquiridos vasos de ferro para os pilares, no Porto; o gradeamento foi desenhado por Augusto Carlos Oliveira, por 3$000; 1883, 4 Abril - o serralheiro Augusto Ferreira de Figueiredo arrematou as portas de ferro do átrio por $114 cada Kg.; 9 Maio - o funileiro de Viseu, José Soares de Andrade Cadete, fez 21 piteiras de folha e haste de chumbo para o átrio do hospital; 2004 - projecto de recuperação do edifício para adaptação a pousada, da autoria de Gonçalo Byrne; 2005, 24 Fevereiro - a Santa Casa da Misericórdia de Viseu negociou com o Grupo Pestana a transformação do Antigo Hospital em Pousada, com 70 quartos: 2009 - abertura da pousada.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma.

Materiais

Estrutura, molduras, friso, platibanda, cunhais, embasamentos e outros elementos em granito; portas interiores em madeira; vãos de vidros simples.

Bibliografia

LEAL, Augusto Soares D'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. XII, Lisboa, 1890; ALVES, Alexandre, Igreja da Misericórdia de Viseu, Viseu, 1988; CRUZ, Júlio ( coord. ) A Santa Casa da Misericórdia de Viseu nos 500 Anos das Misericórdias Portuguesas, Viseu, 1998; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, 3 vols., Viseu, 2001; RODRIGUES, A., Projecto visa rentabilizar o Hospital velho, in Notícias de Viseu, 26 Agosto 2004; Obras de transformação em Pousada do antigo hospital de Viseu devem começar em Janeiro, in Diário Regional de Viseu, 21 Outubro 2005; COSTA, Jorge Braga da e CRUZ, Júlio, Monumentalidade Visiense, Viseu, AVIS, 2007.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1879 - conserto dos relógios das enfermarias por 2$800; 2004 / 2009 - obras de adaptação a pousada.

Observações

*1 - reedificado e ampliado no séc. 18, situava-se no local onde se encontra instalada a P.S.P..

Autor e Data

João Carvalho 1999

Actualização

Sónia Basto 2011
 
 
 
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