Povoado de Torre de Dona Chama / Povoado fortificado de São Brás

IPA.00000710
Portugal, Bragança, Mirandela, Torre de Dona Chama
 
Aglomerado proto-urbano. Povoado da Idade do Ferro com ocupação romana e medieval. Castro. Possivelmente desenvolveu-se sobre um povoado anterior, datado da Idade do Bronze, tendo tido ocupação humana até, pelo menos, à Idade Média, de que existe a antiga igreja matriz. As estruturas subsistentes estão encobertas pela vegetação, erguendo-se perto da igreja coreto, construído no séc. 20, sobre estrutura tipo torre, numa alusão à denominação da povoação.
Número IPA Antigo: PT010407300008
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Povoado  Povoado da Época do Ferro  Povoado fortificado  

Descrição

Na coroa do outeiro os possíveis vestígios do povoado encontram-se encobertos pela vegetação, sobressaindo apenas um coreto, de planta centralizada, quadrangular, de volume simples, constituído pela base e cobertura de betão, também quadrangular. Base bastante alta, com paramentos em cantaria, caiada e com faixa cinzenta, terminados em cornija, rasgando-se a O. porta de verga reta com portão em ferro. Sobre a base corre guarda plena em silhares de cantaria, na face frontal e lateral direita sobreposta por ferro, integrando nos cunhais plintos paralelepipédicos sensivelmente mais altos. Sobre os ângulos e no meio de cada uma das faces, à excepção da posterior que tem quatro, erguem-se colunas, pintadas de branco, sustentando a cobertura, em placa de betão, pintada de amarelo, e com lambrequim recortado inferior. O coreto tem acesso pela fachada posterior, por escada de pedra com vários degraus.

Acessos

Estrada a partir da Rua Travessa de São Brás

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 40 361, DG, 1.ª série, n.º 228 de 20 outubro 1955

Enquadramento

Rural, isolado, no cimo de um outeiro, a pouco mais de 400 m de altitude e a cerca de 1 km da vila, com bom domínio visual sobre a paisagem circundante. Plataforma superior com afloramentos rochosos, alguns de grande dimensão, parcialmente cobertos por vegetação, rasteira ou arbustiva. Junto ao coreto implanta-se a antiga igreja matriz da povoação.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Idade do Ferro

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

Idade do Ferro - construção do povoado no topo de um outeiro sobranceiro à atual vila de Torre de D. Chama, eventualmente sobre um povoado anterior, datado da Idade do Bronze; Época romana - continuação da ocupação do povoado; Época medieval - continuação da ocupação do povoado, subsistindo a lenda que então ali teria vivido, numa torre, uma mulher chamada D. Chama; 1758, maio - segundo o cura nas Memórias Paroquiais, a freguesia sempre teve como donatário a Casa de Murça e pertencia ao bispado de Miranda do Douro e comarca da Torre de Moncorvo; a antiga povoação ficava assente num cabeço alto, à distância de seis tiros de espingarda da vila, na época já implantada no vale; era cercada e murada e tinha a sua torre ou castelo, advindo daí a denominação de Torre; a cerca ainda era percetível e estava feita apenas pela parte de dentro da vila; já as paredes da cerca não se descobriam mais alto que a terra e assento da vila, mas para a parte de fora ainda estava alta, exceto em algumas partes, que estava demolida e rasgada por portelos que lhe haviam feito, e outros "para que lhe corra a terra da cerca para as suas, que as divide da mesma cerca"; o castelo ou torre estava demolido, sobrando pouco mais de uma parte com parede de quinze palmos de altura, pouco mais ou menos, e das outras partes, já não tinha parede alguma; ainda havia na vila os alicerces de casas e, no meio, notava-se onde era a sua cisterna; a vila tinha duas portas e entradas muito fragosas e uma áspera e despenhada; nela erguia-se ainda a antiga igreja matriz com orago de Nossa Senhora da Encarnação, mas também dedicada a São Brás, celebrado em dia próprio; séc. 20, 1ª metade - provável construção do coreto junto à capela; 1958 - carta de Alfredo Gonçalves de Azevedo, professor primário, pedindo autorização à Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais para se levantar uma torre no monte de São Brás, sobranceiro à vila, informando que já arranjara dinheiro suficiente, oferecido pela Junta de Freguesia e por particulares que viviam no estrangeiro; segundo ele, ainda existia "parte duma muralha muito desgastada e até bastante indecifrável"; a Direção dos Serviços dos Monumentos Nacionais "muito gostosamente" decide ocupar-se do seu estudo e realização da torre; numa visita ao local, os técnicos concluíram a "impropriedade de se restaurar ou construir qualquer torre, visto não se encontrarem indicações que permitam encarar com segurança essa realização"; determinou-se que "se um dia fosse possível às entidades locais reunir donativos capazes de permitir a execução das obras no antigo castelo, estas seriam encaradas sómente sobre o aspecto da conservação dos restos existentes e nas pesquisas necessárias para se definir a periferia do muralhado, que pelo revolvimento do terreno, actualmente a lavradio, se encontra em grande parte obstruído e sem aparente indicação do seu traçado" (TXT.01935832); constatou-se ainda que "há tempos" uma Comissão local procedeu à construção de um coreto junto à capela situada dentro do terreno do antigo castelo, o qual "convinha ser demolido"; 1980, 30 janeiro - publicação de artigo no Jornal de Notícias relativo à abertura de estrada de acesso, em terra batida, à capela no cimo do monte; julho - deslocação ao concelho de Francisco Sade Lemos e Manuela Martins da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho para avaliação das estruturas detetadas durante as obras; novembro - elaboração de relatório pelos técnicos da Unidade de Arqueologia, segundo o qual se percebe que a coroa do monte estava alterada pela implantação da capela e por construções anexas; as encostas de pendor suave, foram aproveitadas em terraços para cultivo, pelo que era difícil uma leitura das linhas de muralha e não se observavam construções; no alto da vertente eram visíveis alguns troços de muralha, do aparelho de pedra pequena, tendo sido essa linha de muralha que a estrada rompeu ocasionando a sua destruição em alguns metros, e deixando à vista um corte que poderia ter valor estratigráfico e nas proximidades do qual se recolheu cerâmica

Dados Técnicos

Não aplicável

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; porta de ferro.

Bibliografia

ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico - Históricas do Distrito de Bragança, Bragança, 1990; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique, As Freguesias do Distrito de Bragança nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património, Braga, 2007; Torre de D. Chama, A. Martins in IGESPAR http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72863 [consultado em 11 janeiro 2017].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Em 1758 justificava-se nas Memórias Paroquias que a vila tomara o nome de Torre pela torre que existia na antiga povoação, no castelo, e acrescentara-se Dona Chama devido à notícia que esta Torre e vila haviam sido de uma grande senhora gentia, no tempo em que os mouros residiram nestas terras, chamada Dona Chamorra. Essa senhora, "inclinada ilicitamente aos cristãos", mandava chamar "aqueles de melhor perfeição e os metia na torre para satisfazer o seu apetite" e, para que não a descobrissem, "não tornavam mais a sair por lhe fazer ir conhecer o mundo da verdade". Sucedendo um dia ir um mais avisado, D. Chamorra "desde que fizera o seu apetite", adormeceu encostada a ele, mas esse conseguiu retirar-se, levando consigo um anel que lhe tirara do dedo, dizendo que havia sido oferecido pela senhora, conseguindo assim passar pelos guardas. Acordando D. Chamorra, ordenou para que o mandassem chamar, mas percebendo que ele a descobrira, acabou por se suicidar. Como se dizia que se chamava Torre da D. Chamorra, a expressão acabou por se corromper e se fixar em Torre da Dona Chama.

Autor e Data

Ernesto Jana 1994 / Paula Noé 2012

Actualização

 
 
 
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