Liceu de Pedro Nunes / Escola Secundária Pedro Nunes

IPA.00007048
Portugal, Lisboa, Lisboa, Campo de Ourique
 
Arquitectura educativa, do séc. 20. Estabelecimento de ensino secundário projectado, no início de Novecentos, para frequência mista e lotação estimada em 600 alunos. Inaugura, juntamente com os liceus de Camões e de Maria Amália Vaz de Carvalho, igualmente projectados por Ventura Terra, um modelo na arquitectura escolar liceal.
Número IPA Antigo: PT031106300502
 
Registo visualizado 749 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Escola  Liceu  Tipo Monarquia

Descrição

Edifício composto por três corpos de planta rectangular e implantação longitudinal, sendo o central avançado e os outros dois recuados. Têm 4 e 3 pisos, respectivamente, e encontram-se ligados nos topos por dois "braços", mais baixos e estreitos, que partem dos alçados do corpo avançado e pegam às fachadas dos corpos recuados. As coberturas são em telhado. Semelhante disposição cria dois espaços ajardinados na frontaria, a ladear o corpo central, e um pátio interior descoberto de planta em "U", envolvido pela fachada posterior do edifício principal e pelos alçados dos corpos de ligação, enquanto as fachadas posteriores dos corpos recuados se distendem para nascente e poente, abertas aos campos de jogos. Esta solução, que isola do exterior os espaços destinados às actividades desportivas da escola ou ao convívio dos alunos, beneficia ainda as salas de aula de um ambiente recolhido e bem iluminado, pois na sua maioria localizam-se nos corpos posteriores e voltadas a SE. A composição das fachadas, baseada na constância dos seus elementos - simétricos e regulares - e na contenção de aplicações decorativas, resulta naturalmente da organização e distribuição dos espaços escolares. A diferenciação mais relevante encontra-se na concepção da fachada do corpo central, distinta dos demais. É dominada pelos três amplos janelões centrais, correspondentes ao primitivo ginásio: rasgam-se nos dois últimos pisos e são sobrepujados por um frontão de desenho rectilíneo ligeiramente elevado acima da platibanda, ornamentada com motivos geométricos, que coroa o edifício sobre um friso saliente e decorado a percorrer as empenas rectas. Do conjunto sai secundarizada a entrada,sem relevância especial, salientando-se, nesta ampla superfície rebocada, o primeiro piso: trata-se do andar que alberga as salas dos professores, a biblioteca e a reitoria, distinguido assim por uma fenestração de verga arqueada e molduração mais complexa, em oposição aos discretos vãos rectângulares que se repetem pela fachada.

Acessos

Avenida Álvares Cabral; Rua de São Jorge

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 740-O /2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012 *1 / Parcialmente incluído na Zona de Proteção do Museu e Jardim-Escola João de Deus (v. IPA.00005072)

Enquadramento

Urbano. Implanta-se ao cimo da Avenida Álvares Cabral, junto ao Jardim da Estrela, na frente urbana NO.. O terreno, de configuração irregular, confronta a N., na parte posterior, com a antiga Escola Industrial Machado de Castro (v. PT031106300490), a O. com o Cemitério dos Ingleses (v. PT031106300239), e a E. com as construções da Rua de Santa Isabel, algumas constituintes da malha urbana mais antiga da zona, anterior ao séc. 19. A frontaria (NO.) é composta por um corpo central à face da avenida, sendo este seguido no seu alinhamento por um muro gradeado delimitador das superficíes descobertas criadas pelo recuo dos dois corpos posteriores. Este muro acompanha a S. / SO. o contorno da rotunda e depois a Rua de São Jorge, paralelo ao Jardim da Estrela até ao cemitério, a única frente que o Liceu dispõe além da principal. Nos topos localizam-se dois portões de acesso, a franquear entrada directa à zona de recreio interior, enquanto para o átrio, situado no corpo principal, se acede a partir da rua por portas abertas na ampla e dominante fachada. O imóvel integra-se no perfil urbano da avenida, pontuado por construções recentes entre prédios de concepção modernista. No espaço imediatamente fronteiro cabe salientar a presença do Jardim-Escola João de Deus (v. PT031106300268), de construção coeva à do Liceu, seguida da Casa de Cristino da Silva (v. PT031106300501), já dos anos 40.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Educativa: liceu

Utilização Actual

Educativa: escola secundária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Miguel Ventura Terra (1866- 1919).

Cronologia

1906 - publicação do decreto que cria as três zonas escolares da cidade, cada uma a ser provida de um liceu central: a correspondente ao liceu da Lapa, depois Pedro Nunes, abrange as freguesias de Santa Isabel, Lapa, Belém, Ajuda, Alcântara, Santos, São Mamede, São Paulo e Coração de Jesus; 1906 / 1907 - neste ano lectivo encontra-se já instalado na Rua do Sacramento à Lapa, em edifício arrendado, conforme prática usual à época em praticamente todos os graus do ensino público; 1907, Dezembro - a decisão de se construir um edifício próprio, adaptado à organização escolar e à prática pedagógica secundárias - iniciativa que se estenderá igualmente a outros liceus - concretiza-se no Decreto que autoriza o governo da Monarquia a contrair um empréstimo à Caixa Geral de Depósitos para aquisição de um terreno a Santa Isabel: além do liceu, para 600 alunos, prevê-se ainda para aquela propriedade a edificação de uma escola primária para os dois sexos, dotada com capacidade para 1000 crianças, de uma escola normal primária mista, pensada para a formação de 250 novos professores, bem como a instalação definitiva de uma escola industrial, a funcionar num edifício existente neste terreno, mas em regime de arrendamento. Tratava-se de uma propriedade urbana e rústica com cerca de 36.000 m2, pois incluía um palácio com frente para a Rua Saraiva de Carvalho (a N.) e uma quinta cujos limites iam desde aquela artéria (ao tempo Rua Direita de Santa Isabel), até ao Cemitério dos Ingleses/Jardim da Estrela (a O.-SO.), passando pela Travessa da Santa Quitéria, hoje Rua de Santa Isabel, (a E.) e Rua de São Bernardo (a S.), englobando portanto o troço actual da Avenida Álvares Cabral; 1909 - sob projecto de Ventura Terra e num terreno que havia sido comprado por 85 contos de réis, dá-se início à construção do liceu: levantado quase no meio da propriedade e afastado das frentes constituídas pelos prédios da Rua Saraiva de Carvalho (N.) e Rua de São Bernardo (S.), esta escola liceal determinará a urbanização da zona, cujo traçado actual se conclui nos anos 30 com a abertura da Avenida Álvares Cabral, na ligação efectiva do Rato à Rua da Estrela, e respectiva edificação das suas frentes urbanas; 1910 - por estes anos, e desde o fim do século 19, funcionava um colégio na zona: localizava-se nas Terras de Santana, além da Travessa de Santa Quitéria (E.), artéria que ligava a Rua Saraiva de Carvalho à Rua de São Bernardo (Instituto António Aurélio da Costa Ferreira); 1911 - conclusão do edifício e ocupação das novas instalações, restando por completar os trabalhos de urbanização necessários, como abertura da avenida (da Travessa de Santa Quitéria para SE., no sentido do Jardim da Estrela), rede de esgotos e abastecimento de água: "o acesso ao novo edifício fazia-se por uma porta praticada no muro do Passeio da Estrela e por uma espécie de passadiço aberto sobre o entulho junto à Travessa de Santa Quitéria" (in Xavier Lobo, p. 1987); 1915 / 1918 - o plano de construções e instalações escolares previsto para o terreno onde se levantou o Liceu Pedro Nunes, definido claramente no decreto de 1907 acima referido, conhece execução parcial e com alterações significativas: uma nova Escola Industrial é construída numa parcela de terreno a N., entre o Cemitério dos Ingleses e o palácio, na parte posterior do Liceu e voltada à Rua Saraiva de Carvalho (Escola Industrial Machado de Castro / PT031106300490); a Escola Normal Primária terá com efeito um edifício próprio, mas não nos terrenos de Santa Isabel, sendo em 1916 adquirida a Quinta de Marrocos em Benfica (Escola Normal Primária); o projecto para a escola primária será em parte concretizado pela iniciativa privada, através da Associação de Escolas Móveis, Bibliotecas Ambulantes e Jardins-Escola João de Deus, inaugurando-se a escola e o Museu em 1917, também em parcela cedida pelo Liceu (a SE.); 1940 - à área inicial da propriedade do Liceu, será por fim neste ano suprimida mais uma parcela destinada à abertura da Rua de São Jorge, ligação da Avenida Álvares Cabral à Estrela, artéria que suprimiu uma faixa de terreno ao Jardim da Estrela e o horto botânico e recreio do liceu, junto ao Cemitério; 2006, 28 junho - proposta de classificação de particulares; 12 dezembro - Despacho de abertura do processod e classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 2011, 04 abril - proposta da DRCLVTejo para classificação como Conjunto de Interesse Público e fixação da Zona Especial de Proteção; 18 maio - parecer do Conselho Nacional de Cultura a propor a classificação como Monumento de Interesse Público; 2011, 19 setembro - publicação do anúncio de decisão de classificação como Monumento de Interesse Público do imóvel, conjuntamente com o Museu e Jardim-Escola João de Deus e fixação da Zona Especial de Proteção, publicado em Anúncio n.º 13019/2011, DR, 2.ª série, n.º 180.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

Boletim do Liceu Normal de Lisboa (Pedro Nunes), 1932-1938; LOBO, João Matilde Xavier, O Liceu de Pedro Nunes, in Liceus de Portugal, nº24, Março 1943, pp. 1977-1990, nº25, Abril 1943, pp. 2048-2063, nº26, Maio 1943, pp. 2143-2153; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962.Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962; ADÃO, Aura, Liceu Pedro Nunes, in Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Lisboa, 1990 (3ª ed.); TOSTÕES, Ana, Arquitectura Portuguesa do Século XX, in História da Arte Portuguesa, (dir. Paulo Pereira), Lisboa, 1995; GOMES, Fernanda Maria Veiga, Liceu Pedro Nunes, Lisboa, in NÓVOA, António e SANTA-CLARA, Ana Teresa (coord,.), Liceus de Portugal: Histórias, Arquivos, Memórias, Lisboa, ASA, 2003, pp. 535- 557; GUERRA, Maria Luísa, Liceu Pedro Nunes: no centenário da sua criação, 1905-1906, s.l., 2005; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/10948170 [consultado em 11 janeiro 2017].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSPI/CAM, DGEMN/DRELisboa/DEM

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

DGEMN: 1957 - obras pelos Serviços de Construção e Conservação; 1961 - Execução de diversas obras, pelos Serviços de Construção e de Conservação; 1965 - construção de um pavilhão gimnodesportivo;

Observações

*1 - DOF: "Antigo Liceu de Pedro Nunes, actual Escola Secundária de Pedro Nunes, incluindo os jardins, os campos de jogos, o pavilhão gimnodesportivo e o refeitório".

Autor e Data

Filomena Bandeira 1999

Actualização

 
 
 
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