Igreja Paroquial de Pegões / Igreja de Santo Isidro

IPA.00007014
Portugal, Setúbal, Montijo, União das freguesias de Pegões
 
Arquitectura religiosa moderna, do Estado Novo. Igreja de expressão plástica de base tendencialmente geometrizante da arquitectura do betão, apoiada nas suas capacidades técnicas e plásticas, nas novas tecnologias em desenvolvimento e nos novos materiais em experimentação, filiada numa linguagem funcionalista e sentido monumental, integrando um plano regional agrícola de promoção oficial do Estado. Igreja que integrou a antiga Colónia Agrícola de Pegões, num formato de modulação irregular, paradigmático das possibilidades de articulação volumétrica da expressão plástica do betão. Expressão, ainda, de grande força plástica, vincando a noção de massa e de modelado que interiormente dá um carácter sagrado ao espaço pelo alteado da abóbada em oposição à noção do seu carácter telúrico no exterior.
Número IPA Antigo: PT031507030011
 
Registo visualizado 608 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, irregular, composta por nave e capela-mor, sacristia e anexos a ela, baptistério e torre sineira. Volumes articulados em justaposição e adossamento. Disposição das massas em horizontalidade, sobre plataforma ampla com escadaria fronteira ao frontispício, que leva ao adro. Cobertura exterior em abóbadas de berço hiperbólicas na nave, baptistério, sacristia e anexos, e adro, e de concha na área da capela-mor, cobertas por tijolos simples. Edifício sobre embasamento baixo, proeminente. Fachada principal orientada a N. de um pano em arco hiperbólico, e arco idêntico , com 3,35 metros de altura, de um corpo em avançamento, onde se abre o portal principal; o pano recuado é estriado com barras verticais em alvenaria com os espaços preenchidos com vidro. O remate é liso, tendo no topo uma pequena cruz. Adossado à ilharga direita uma torre sineira esguia, de base rectangular e fachadas trapezoidais, com uma série de frestas iluminantes, em sobreposição, na fachada a N., e estriada com barras no cimo, no pano a E., com cruz ressaltada, adossada no cimo à fachada, e cujos braços verticais a ultrapassam um pouco. As fachadas a O. e a E. são formadas pelo pano da nave, cintado por uma série de arcos em ressalto, em betão; destacam-se os arcos de abóbadas dos corpos avançados, adossados à nave, em escalas diferenciadas, todos com o mesmo tipo de arcos hiperbólicos, e todos encimados por cruzes. Na fachada a E. o arco que corresponde ao corpo do baptistério é estriado na horizontal por barras fantasiadas em ziguezague. A fachada a S. é formada pelo pano murário da concha da capela-mor, em arco hiperbólico, acompanhado por friso. Destacam-se três grupos de óculos pequenos, um de cada lado do corpo da capela-mor em composição vertical e um na horizontal, no corpo da sacristia. Articulação exterior - interior desnivelada, pelo que se acede subindo degraus. Os vãos das portas são em arco quebrado ou hiperbólico, sendo um de forma rectangular. INTERIOR de espaço diferenciado em capela-mor com sacristia e anexos, nave, vestíbulo e baptistério. Capela-mor com planta semicircular, com parede fundeira em abóbada de concha, coberta por pintura mural, paisagem rural *2, naturalista, com imaginário cristão. Altar de sarcófago sobre três degraus. À direita vão de acesso para a sacristia aberto em pano murário coberto de pintura imitação kitsch de pano murário em alvenaria irregular, rasgado por arco pleno, e anexos, que dão para pequeno corredor que liga à nave e de acesso lateral ao exterior, em arco de ferradura. Arco cruzeiro hiperbólico faz a divisão entre a capela-mor e a nave. Nave com altura máxima de 8, 90 metros, em abóbada de berço e cinco arcos de contrafortes, hiperbólicos, ao longo dela correspondentes às cintas exteriores, já descritas; coro-alto, assente em cortina de arcaria formado por de três arcos hiperbólicos, cujo acesso é feito pela escadaria de acesso à torre do lado oposto à entrada para o baptistério. Vestíbulo de 3, 30 metros de altura sob o coro-alto, definido pelo alçado fronteiro e a arcaria, com cobertura em cruzaria de ogivas. O baptistério tem uma pia baptismal circular sob pé de base também circular. O pavimento é em tijoleira cerâmica.

Acessos

EN 4 (Montijo - Vendas Novas); Avenida José Rovisco (Lugar de Pegões Velhos); Fernão Pó

Protecção

Em vias de classificação

Enquadramento

Rural, em planície, isolado, ao fundo de uma alameda, perpendicular a arruamento, sinais de urbanização do colonato antigo 1* que integrava, em campo aberto, arborizado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Setúbal)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Eugénio Correia (séc. 20).

Cronologia

1937 / 1938 - Elaboração do projecto de colonização interna para Pégões Velhos da autoria dos Engenheiros Agrónomos José Pereira Caldas, executor do projecto e Henrique Barros seu mentor técnico, para aplicação na parte da herdade livre, pertencente a um dos grandes latifundiários portugueses do princípio do século, José Rovisco Pais (1860-1932) deixada em testamento aos Hospitais Civis de Lisboa, mas a que a Junta de Colonização Interna, entidade criada em 1936 no Ministério da Economia, acede por interposição de recurso. Terrenos que passam a integrar o património do Estado, conforme o disposto no decreto n.º 27 821 de 6 de Julho de 1937; segue-se a uma primeira experiência de colonização interna segundo o projecto daquele próprio negociante numa outra sua herdade. No entanto, este projecto é diferente, sendo o único realizado em terrenos do Estado, visando a criação de empresas familiares. É projectado o núcleo principal de colonato de Pégões com habitações rurais e igreja situada no núcleo central do colonato, segundo traça do arquitecto Eugénio Correia, Inspector do Ministério das Obras Públicas, durante a presidência da Câmara em Montijo de José Augusto Lopes Dias; 1989 - foram entregues os alvarás de posse das terras aos colonos que ainda restavam.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Alvenaria, cantaria, betão, madeira, ferro, vidro colorido, tijoleira de crâmica, tijolo.

Bibliografia

GRAÇA, Luís, Edifícios e Monumentos Notáveis do Concelho de Montijo, Montijo, 1989; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de Arquitectos Activos em Portugal desde o Ano I à Actualidade, Lisboa, 1994; LUCAS, Isabel Maria Mendes Oleiro, Subsídios para a História do Concelho do Montijo - Cronologia Geral, Montijo, 1997; AZENHA, António Sérgio, A Conquista do Sudoeste in Grande Reportagem, Lisboa, 1999. (a consultar; GUERREIRO, Filipa de Castro, Colónias Agrícolas Portuguesas Construídas pela Junta deColonização Interna entre 1936 e 1960. A Casa, o Assentamento e o Território, tese em doutoramento, FAUP, 2016, editado pela Dafne em 2022).

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural e Pescas: Projecto n.º 17753, Projecto de colonização da herdade de Pegões - Ministério da Economia, Junta de Colonização Interna, 1942 (paradeiro desconhecido).

Intervenção Realizada

Observações

*1 - O colonato de Santo Isidro de Pegões é o mais notável exemplo de uma experiêmcia de reforma agrária bem sucedida em Portugal. *2 - Santo Isidro é o patrono da agricultura.

Autor e Data

Albertina Belo 1999

Actualização

 
 
 
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