Igreja Paroquial de Pegões / Igreja de Santo Isidro
| IPA.00007014 |
Portugal, Setúbal, Montijo, União das freguesias de Pegões |
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Arquitectura religiosa moderna, do Estado Novo. Igreja de expressão plástica de base tendencialmente geometrizante da arquitectura do betão, apoiada nas suas capacidades técnicas e plásticas, nas novas tecnologias em desenvolvimento e nos novos materiais em experimentação, filiada numa linguagem funcionalista e sentido monumental, integrando um plano regional agrícola de promoção oficial do Estado. Igreja que integrou a antiga Colónia Agrícola de Pegões, num formato de modulação irregular, paradigmático das possibilidades de articulação volumétrica da expressão plástica do betão. Expressão, ainda, de grande força plástica, vincando a noção de massa e de modelado que interiormente dá um carácter sagrado ao espaço pelo alteado da abóbada em oposição à noção do seu carácter telúrico no exterior. |
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Número IPA Antigo: PT031507030011 |
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Registo visualizado 992 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta longitudinal, irregular, composta por nave e capela-mor, sacristia e anexos a ela, baptistério e torre sineira. Volumes articulados em justaposição e adossamento. Disposição das massas em horizontalidade, sobre plataforma ampla com escadaria fronteira ao frontispício, que leva ao adro. Cobertura exterior em abóbadas de berço hiperbólicas na nave, baptistério, sacristia e anexos, e adro, e de concha na área da capela-mor, cobertas por tijolos simples. Edifício sobre embasamento baixo, proeminente. Fachada principal orientada a N. de um pano em arco hiperbólico, e arco idêntico , com 3,35 metros de altura, de um corpo em avançamento, onde se abre o portal principal; o pano recuado é estriado com barras verticais em alvenaria com os espaços preenchidos com vidro. O remate é liso, tendo no topo uma pequena cruz. Adossado à ilharga direita uma torre sineira esguia, de base rectangular e fachadas trapezoidais, com uma série de frestas iluminantes, em sobreposição, na fachada a N., e estriada com barras no cimo, no pano a E., com cruz ressaltada, adossada no cimo à fachada, e cujos braços verticais a ultrapassam um pouco. As fachadas a O. e a E. são formadas pelo pano da nave, cintado por uma série de arcos em ressalto, em betão; destacam-se os arcos de abóbadas dos corpos avançados, adossados à nave, em escalas diferenciadas, todos com o mesmo tipo de arcos hiperbólicos, e todos encimados por cruzes. Na fachada a E. o arco que corresponde ao corpo do baptistério é estriado na horizontal por barras fantasiadas em ziguezague. A fachada a S. é formada pelo pano murário da concha da capela-mor, em arco hiperbólico, acompanhado por friso. Destacam-se três grupos de óculos pequenos, um de cada lado do corpo da capela-mor em composição vertical e um na horizontal, no corpo da sacristia. Articulação exterior - interior desnivelada, pelo que se acede subindo degraus. Os vãos das portas são em arco quebrado ou hiperbólico, sendo um de forma rectangular. INTERIOR de espaço diferenciado em capela-mor com sacristia e anexos, nave, vestíbulo e baptistério. Capela-mor com planta semicircular, com parede fundeira em abóbada de concha, coberta por pintura mural, paisagem rural *2, naturalista, com imaginário cristão. Altar de sarcófago sobre três degraus. À direita vão de acesso para a sacristia aberto em pano murário coberto de pintura imitação kitsch de pano murário em alvenaria irregular, rasgado por arco pleno, e anexos, que dão para pequeno corredor que liga à nave e de acesso lateral ao exterior, em arco de ferradura. Arco cruzeiro hiperbólico faz a divisão entre a capela-mor e a nave. Nave com altura máxima de 8, 90 metros, em abóbada de berço e cinco arcos de contrafortes, hiperbólicos, ao longo dela correspondentes às cintas exteriores, já descritas; coro-alto, assente em cortina de arcaria formado por de três arcos hiperbólicos, cujo acesso é feito pela escadaria de acesso à torre do lado oposto à entrada para o baptistério. Vestíbulo de 3, 30 metros de altura sob o coro-alto, definido pelo alçado fronteiro e a arcaria, com cobertura em cruzaria de ogivas. O baptistério tem uma pia baptismal circular sob pé de base também circular. O pavimento é em tijoleira cerâmica. |
Acessos
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EN 4 (Montijo - Vendas Novas); Avenida José Rovisco (Lugar de Pegões Velhos); Fernão Pó |
Protecção
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Em vias de classificação |
Enquadramento
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Rural, em planície, isolado, ao fundo de uma alameda, perpendicular a arruamento, sinais de urbanização do colonato antigo 1* que integrava, em campo aberto, arborizado. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Setúbal) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Eugénio Correia (séc. 20). |
Cronologia
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1937 / 1938 - Elaboração do projecto de colonização interna para Pégões Velhos da autoria dos Engenheiros Agrónomos José Pereira Caldas, executor do projecto e Henrique Barros seu mentor técnico, para aplicação na parte da herdade livre, pertencente a um dos grandes latifundiários portugueses do princípio do século, José Rovisco Pais (1860-1932) deixada em testamento aos Hospitais Civis de Lisboa, mas a que a Junta de Colonização Interna, entidade criada em 1936 no Ministério da Economia, acede por interposição de recurso. Terrenos que passam a integrar o património do Estado, conforme o disposto no decreto n.º 27 821 de 6 de Julho de 1937; segue-se a uma primeira experiência de colonização interna segundo o projecto daquele próprio negociante numa outra sua herdade. No entanto, este projecto é diferente, sendo o único realizado em terrenos do Estado, visando a criação de empresas familiares. É projectado o núcleo principal de colonato de Pégões com habitações rurais e igreja situada no núcleo central do colonato, segundo traça do arquitecto Eugénio Correia, Inspector do Ministério das Obras Públicas, durante a presidência da Câmara em Montijo de José Augusto Lopes Dias; 1989 - foram entregues os alvarás de posse das terras aos colonos que ainda restavam. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista. |
Materiais
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Alvenaria, cantaria, betão, madeira, ferro, vidro colorido, tijoleira de crâmica, tijolo. |
Bibliografia
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GRAÇA, Luís, Edifícios e Monumentos Notáveis do Concelho de Montijo, Montijo, 1989; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de Arquitectos Activos em Portugal desde o Ano I à Actualidade, Lisboa, 1994; LUCAS, Isabel Maria Mendes Oleiro, Subsídios para a História do Concelho do Montijo - Cronologia Geral, Montijo, 1997; AZENHA, António Sérgio, A Conquista do Sudoeste in Grande Reportagem, Lisboa, 1999. (a consultar; GUERREIRO, Filipa de Castro, Colónias Agrícolas Portuguesas Construídas pela Junta deColonização Interna entre 1936 e 1960. A Casa, o Assentamento e o Território, tese em doutoramento, FAUP, 2016, editado pela Dafne em 2022). |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; BAFCG: CFT003.65147 |
Documentação Administrativa
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Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural e Pescas: Projecto n.º 17753, Projecto de colonização da herdade de Pegões - Ministério da Economia, Junta de Colonização Interna, 1942 (paradeiro desconhecido). |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - O colonato de Santo Isidro de Pegões é o mais notável exemplo de uma experiêmcia de reforma agrária bem sucedida em Portugal. *2 - Santo Isidro é o patrono da agricultura. |
Autor e Data
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Albertina Belo 1999 |
Actualização
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