Seminário Diocesano do Funchal / Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Bartolomeu Perestrelo
| IPA.00006989 |
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Funchal, Funchal (Santa Luzia) |
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Arquitectura religiosa educativa, neoclássica e Arte Nova. Seminário neoclásssico de planta em T invertido com fachadas de grande sobriedade e simetria, com "massa de cimento" sublinhando cunhais, embasamento, cornija, entablamento e vãos, tendo no frontispício o corpo central terminado em empena e sobreposição de vãos para maior enriquecimento. No interior, espaço organizado em torno de um eixo horizontal e um outro longitudinal com átrios decorados a estuques neoclássicos e algumas salas conservando pinturas murais neoclássicas e outras Arte Nova. |
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Número IPA Antigo: PT062203030111 |
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Registo visualizado 219 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Educativo Colégio religioso Seminário
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Descrição
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Planta em T invertido, com extremidades salientes, volumes articulados e coberturas diferenciadas de 2, 3 e 4 águas, com telha Marselha e a N. e a E. 2 águas furtadas. Fachadas de 2 e 3 pisos adaptados ao pendor do terreno, rebocadas e pintadas a verde claro, com cunhais de alhetas, embasamento ou 1º piso (nos alçados de 3 pisos) imitando cantaria aparelhada e percorridas por cornija e entablamento liso, escondendo os telhados, sobre denteado, tudo em "massa de cimento"; fenestração regular também moldurada a "massa de cimento". Fachada principal virada a O., de 5 panos, com os laterais e central mais salientes. Este último, terminado em empena e pináculos recuados, é rasgado no 1º piso por porta de arco pleno marcando falsas aduelas, sobre moldura denteada e imposta, sobreposto por janela de verga superior curva, alta bandeira e inferiormente placa com inscrição ( Seminário Diocesano de N. S. da Incarnação levantado por D. Manuel Agostinho Barreto, bispo Diocesano, anno de 1909 ), e pequeno óculo semicircular; lateralmente sobrepõem-se e interligam-se por almofada com desenho geométrico, janela de peitoral com bandeira em arco abatido, e janela de sacada à face com balaustrada e bandeira também em arco abatido, marcado por falsas aduelas molduradas e molduras laterais denteadas. Os restantes panos desta e das outras fachadas têm fenestração igual, com vãos rectangulares na cave e janelas de peitoril nos 2 pisos, de verga em arco abatido marcado por falsas aduelas molduradas laterais denteadas e bandeira superior; algumas conservam tapa-sóis pintados a verde escuro. No INTERIOR, amplo hall central, com pavimento em placas de grés cerâmico azul e branco com decoração geométrica, portas laterais de bandeira em arco pleno e vão central em arco abatido; tecto de estuques com desenhos fitomórficos e geométricos. Deste hall partem corredores laterais e um longitudinal, conduzindo a 18 salas, cozinha e 2 sanitários. Escadaria de madeira, de braços opostos e balaustrada, conduzem ao hall do 2º piso, com arcada frontal de altos arcos plenos e abatidos alternados, paredes pintados a rosa escuro e bege, com friso decorativo arte nova e tecto de estuque também trabalhado. Das 15 salas existentes, destaca-se o salão nobre, à esquerda do hall, bastante amplo, com pinturas de atlantes sobre elementos arquitectónicos, suportando entablamento ritmado por volutas e grinalda, entre os vãos das portas, janelas, friso pintado com elementos arquitectónicos e decorativos. Tecto de masseira, em estuque pintado com os 11 brasões dos concelhos da Região Autónoma, 2 medalhões, a N. , figurando Tristão Vaz Teixeira e, a S., Gonçalo Zarco, e ao centro o escudo de Portugal. Referência ainda para uma pequena sala ( nº 14 ), com pinturas parietais, num friso superior e no tecto de masseira com desenhos estilizados de gramática arte nova. No fim do corredor desta sala, estreita escada de madeira acede ao amplo sótão, actualmente aproveitado no sentido longitudinal, com um corredor e 3 salas de cada lado, e nas empenas arecadações. Na cave tem um ginásio com saída para o estacionamento S., balneários e vários espaços transformados em arrecadações. |
Acessos
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R. de Santa Luzia, 23 |
Protecção
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Enquadramento
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Urbano, isolado. Implanta-se na cerca do extinto Convento da Encarnação, de que conserva a capela a S. (v. PT06220303009). Fachada principal com jardim murado e gradeado, pavimentos em empedrado com calhaus rolados, em cinza e branco, onde se lê "S. D.F. - 1909"; restantes fachadas com logradouros, pátios de recreio, campos desportivos, 3 salas anexas, 2 sanitários e dois pequenos compartimentos. Pela rua que lhe dá acesso, de grande declive, descem os típicos "cestos de vime do Monte", desde as Bobosas até ao Pombal. |
Descrição Complementar
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As interrupções ao ritmo geral de fenestração verificam-se na 1) fachada N., no topo da ala horizontal, onde se abrem ao centro do 1º piso, 2 portas estreitas de arco pleno, e no exterior da ala longitudinal, onde um pano mais saliente é rematado por água furtada, com empena de cornija sobre denteado e rasgada por janela de arco pleno, sobreposto por "raios" decorativos e bandeira superior, geminada por 2 estreitos vãos rectangulares laterais; a água furtada é decorada lateralmente por moldura em quarto de ciclo. Neste pano, rasga-se ao centro do 1º piso, porta de arco pleno com "raios" sobrepostos e bandeira. 2) Na fachada E., no topo da ala longitudinal do T, com o 1º piso avançado, criando ao nível do 2º terraço protegido por balaustrada e rasgando-se ao centro dos 2 pisos porta de arco pleno com "raios" sobrepostos e bandeira; superiormente interliga-se à água-furtada, mansarda; ângulo de união com a ala horizontal, abre-se junto às janelas, 2 estreitos óculos ovais. 3) Na fachada S., igual à N., onde a escadaria dá acesso ao portal, e no topo da ala horizontal, já de 3 pisos, possuindo no 1º altos arcos plenos, de fecho relevado e sobre imposta; no 2º, janela de sacada à face, de arco pleno, interligado a 2 estreitos vãos rectangulares laterais. |
Utilização Inicial
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Educativa: seminário |
Utilização Actual
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Educativa: escola básica e secundária |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Eng. João Florêncio Costa, autor do projecto; decoradores do salão nobre: José J. Mendonça, João Firmino Fernandes e Luís Bernes. |
Cronologia
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1905, 11 Julho - decreto autorizando Bispo da Diocese do Funchal, D. Manuel Agostinho Barreto, edificar uma casa destinada a Seminário Diocesano; 1909 - conclusão do edifício, tendo D. Manuel Barreto despendido a sua fortuna herdada por testamento legado por D. Maria Leopoldina Oliveira; 1909, Outubro / 1911, 20 Abril - funcionou como Seminário; 1911, 20 Abril - extinção do Seminário pelo Estado e instalação de uma Escola de Utilidades Públicas e Belas Artes, por iniciativa de Francisco Correia Herédia, Visconde da Ribeira Brava; 1919 - aquisição do Seminário e capela pelo Estado; instalação de diversas repartições da Junta Geral do Distrito após alguns melhoramentos; 1927, 25 Abril - decreto considera ilegal a cessação feita à Junta Geral; 1933, Outubro - reinstalação do Seminário; 1958 - Bispo D. Frei David de Sousa adquire o antigo Hotel Jones à R. do Jasmineiro, onde instalou o Seminário Maior, ficando o Menor no Edifício da Encarnação; o missionário alemão Padre Ernesto Schmitz, vice-reitor desde 1979 / 1908, contribuiu para uma esmerada orientação pedagógica; criou um importante Museu Natural, de carácter regional; 1974, pós 25 Abril - alunos do Liceu Jaime Moniz, ocupam o imóvel; 1976, Outubro - para aqui é transferida a Escola Preparatória Bartolomeu Perestrelo, cuja sede era na R. das Mercês; 1991, 1 Setembro - passa a designar-se como Escola Básica e Secundária Bartolomeu Perestrelo; 1998, 1 Setembro - passa a designar-se Escola Básica - 2º e 3º ciclos, Bartolomeu Perestrelo. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Alvenaria ( basalto ) rebocada, betão, argamassa, telha Marselha, madeira, estuques, grés cerâmico, azulejos. |
Bibliografia
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SILVA, Padre Fernando Augusto da, MENEZES, Carlos Azevedo, Elucidáro Madeirense, vols. 1, 2 e 3, Funchal, 1965; PEREIRA, Eduardo, Ilhas de Zarco, vol. 2, Funchal, 1989; SILVA, António Ribeiro Marques da, O Felicíssimo Capitão, Islenha, nº 3, Funchal, Julho - Dezembro 1988, p. 72; TRUEVA, José de Sainz, Zarco na Heráldica do Século XV a XX, Islenha, nº 3, Funchal, Julho - Dezembro 1988, p. 119; idem, tectos Madeirenses Armoriados - Achegas para um Brasonário Insular, Insular, nº 1, Funchal, Julho - Dezembro 1987; idem, Tectos Madeirenses Armoriados: continuando um inventário, Islenha, nº 6, Janeiro - Junho 1900, p. 75 - 81. |
Documentação Gráfica
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Escola Básica 2+3 Bartolomeu Perestrelo; Instituto Cadastral do Funchal |
Documentação Fotográfica
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DRAC |
Documentação Administrativa
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Cadastral, artº 42 - secção de Stª Luzia |
Intervenção Realizada
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Observações
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Compõe-se de edifício principal, jardins, pátios de recreio, campos de jogos, estacionamento de carros, 3 salas anexas, chamadas de pavilhões, 2 sanitários e 2 pequenos compartimentos, capela e arredores (destruídos pela passagem da "cota 40"), área de hortas e pequena csa de moradia do caseiro. O Seminário Diocesano foi construído na antiga cerca do Convento da Encarnação, que fora levantado pelo Cónego Henrique Calaça de Vieiros em louvor à Virgem da Encarnação para que Portugal se libertasse do jugo espanhol. Em 1650 começou por ser Recolhimento de Santa Teresa de Jesus, seguidamente para recolhidas da Ordem Terceira do Carmo em 1652. Em 1660 transformou-se em Mosteiro sob a Regra Franciscana de Santa Clara, tendo sido sua primeira Abadessa, a religiosa do Convento de Santa Clara, escolhida pela autoridade eclesiástica. Em 1660, o cónego doou seus bens ao Convento que fundara, tendo falecido em 1662. As freiras da Encarnação abandonaram o Convento entre Dezembro de 1807 a Outubro de 1814, quando os ingleses ocuparam pela 2ª vez esta ilha, tendo sido acomodadas no Mosteiro de Santa Clara a 7 de Janeiro de 1808. O Convento compreendia a cerca, a Igreja ( Capela da Encarnação instituída por António Mialheiro em 1565 ) e a casa do Capelão, destruída pela passagem da "cota 40". Por portaria de 1895, foi instalada uma oficina de São José de curta duração. Realizou-se o engalgamento em 19 de Julho de 1906 (?), na ala O. que estava toda embandeirada e com flores, na presença do Exmº Prelado Diocesano, alguns eclesiásticos e o Eng. João Florêncio da Costa, autor do projecto. Na arcada S. foi oferecido um copo d'água a 80 mestres e operários da obra, acompanhado de algumas girândolas de goguetes. |
Autor e Data
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Teresa Brazão 1999 |
Actualização
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