Torre do Castro / Castelo do Castro / Casa da Torre / Torre dos Machados

IPA.00006962
Portugal, Braga, Amares, União das freguesias de Ferreiros, Prozelo e Besteiros
 
Casa nobre gótica e manuelina, do tipo "Casa torre", de raíz medieval, com características clamente defensivas, com adaptações nos períodos quinhentista e seiscentista. Torre quadrangular, rematada por merlões e matacães, nos ângulos, com fachadas rasgadas janelas de sacada e de peito rectangulares, com pedra de armas, decoração encordada e gárgulas de canhão e zoomórfica. Corpo adossado quinhentista, com entrada feita longitudinalmente, precedida de escadaria, varanda alpendrada na fachada lateral, janelas cruzetadas e portal manuelino, na fachada posterior. A casa encontra-se rodeada por fosso defensivo e muralha. A torre apresenta balcões de matacães nos ângulos e gárgulas, uma delas que representa um crocodilo, a S., e figura humana a defecar, a O.. Existência de vários vãos quinhentistas, nomeadamente janelas cruzetadas. O salão nobre apresentava um tecto com pintura de finais de quinhentos, representando diversos temas históricos e familiares, um deles com a representação da Torre do Castro.
Número IPA Antigo: PT010301070022
 
Registo visualizado 1212 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo torre

Descrição

Planta composta por torre quadrangular, integrada em corpo em L, adossado a S., que se desenvolve longitudinalmente, com varanda alpendrada destacada a E.. Volumes escalonados e articulados, de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre. Coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas, na torre, três no corpo longitudinal, com diversas chaminés, e uma água na varanda. Fachadas em cantaria de granito, em aparelho pseudo-isódomo. Torre, de quatro registos, rematada por motivo encordado, de onde arrancam oito gárgulas, sendo a maioria de canhão, uma zoomórficas e outra antropomórfica, encimado por merlões com matacães, nos ângulos, suportados por mísulas trilobadas. Fachada E., com janelas de sacada, sem guarda, de verga recta no segundo e terceiro registo, e janela de peito rectangular no último. Fachada N. com seteira no primeiro registo, no segundo, cartela com a inscrição epigrafada, encimada pelo brasão dos Machado e Orozco e painel de azulejos com a Virgem, e janela rectangular no terceiro. As fachadas S. e O. apresentam no nível superior janela rectangular. O corpo longitudinal é rematado por beiral, com gárgulas. Apresenta dois registos, com fachada principal a S., mais estreita que as restantes. Possui no primeiro registo porta de verga recta, precedida por patamar trapeizoidal, com lanços de escadas nos extremos, onde assenta escadaria de um só lanço recto, com guarda plena, de acesso ao segundo registo, com porta de verga recta ladeada superiormente por mísulas que suportariam um alpendre. Este registo apresenta ainda dois janelões rectangulares, em cruzeta, com chanfro, e entre eles pedra de armas, dos Machados, encimada por pequena cornija. Na fachada lateral E. abre-se uma ampla varanda alpendrada de madeira sobre pilares prismáticos de granito onde se rasga porta de acesso às lojas. A fachada lateral O., é reforçada por contraforte, sendo rasgada no primeiro registo por três janelas rectangulares, uma mais pequena, porta de verga recta e duas seteiras e no segundo, por duas janelas de sacada, uma delas com varanda de pedra e mísulas de um antigo alpendre, e um janelão rectangular em cruzeta, com chanfro. Fachada posterior a N. rasgada por porta quinhentista, ladeada por janela rectangular, no primeiro registo, e janela rectangular com chanfro no segundo. O INTERIOR da torre encontra-ser divido em salas e uma loja no primeiro piso. O outro edifício organiza-se em salas e cozinha no primeiro piso, e salas e quartos, no segundo. Pavimentos de pedra e madeira e tectos de madeira *1.

Acessos

Lugar do Castro

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-ED/2012, DR, 2.ª série, n.º 252 de 31 dezembro 2012

Enquadramento

Rural, no interior de propriedade agrícola, na margem direita do rio Cávado. Implantada numa pequena colina, com área circunscrita por muralha e fosso, em parte cortados pelo caminho de acesso. Possui um amplo logradouro com edifícios de apoio à quinta e espaçoso terreiro a S. a que se acede por porta ameada, em arco de volta perfeita, com pedra de fecho sugerindo conopial, rasgada na muralha, entre cubelos semi-circulares, também ameados.

Descrição Complementar

HERÁLDICA: (torre) Escudo esquartelado nos 1º e 4º com as armas dos Machado e nos 2º e 3º os Orozcos; INSCRIÇÕES: (torre) "ESTA TORE MANDOV / REFORMAR ANTONIO / E LVIZA SVA MVLHER / SENHORES E DONATA / RIOS DESTE CONCº / ANNO DE 1699".

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 (conjectural) / 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Pintor Manuel Arnão Leitão (atr. pinturas do antigo tecto do salão nobre).

Cronologia

Proto-História - Assentamento de um povoado castrejo, com muralha e fosso; séc. 13, finais - as Inquirições mencionam a existência de uma torre fortificada pertencente a Rui Vicente Penela; séc. 14, meados - provável construção da torre; séc. 15 - provável construção da ala residencial; Pedro de Castro Machado torna-se o 1º Senhor de Entre Homem e Cávado; séc. 16 - reedificação da torre por Manuel Machado de Azevedo, 3º Senhor de Entre Homem e Cávado; é realizada na propriedade uma grande festa de baptizado do seu filho Francisco Machado da Silva, sendo para tal construído um pequeno palácio de madeira para alojar os Infante D. Luís e D. Henrique; séc. 16 / 17 - construção da ala residencial adossada à torre; D. Margarida Machado, após terem sido reconhecidos os seus direitos sobre a Torre do Castro, manda executar diversas obras na casa; 1598 - segundo alguns autores, o pintor Manuel Arnão Leitão executa as pinturas do tecto do salão nobre, intituladas "Castro Castrorum"; 1630 - D. Félix Machado, Senhor da Torre do Castro, 1º Marquês de Montebelo, casa com D. Violante de Orozco y Ribeira e instala-se em Madrid; 1640 - são confiscados os bens da família Machado, devido a este ter tomado o partido de Castela; 1668 - o filho do 1º Marquês de Montebelo, D. António Félix Machado, regressa a Portugal e recupera os bens da família; 1699 - remodelações realizadas na torre, conforme inscrição na fachada N., a mando de D. António Félix Machado; colocação da pedra de armas dos Machado e Orozco; 1755 - o terramoto afectou o solar, tendo arruinado a casa da adega e aberto fendas nos quatro cantos da torre, de onde caíram algumas ameias; 1758 - o Padre Luis Cardoso descreve a propriedade de Dom Jorge Francisco Machado de Mendonça, senhor da Casa de Castro, que "em hum alto esta situada, a casa e palaçio (...) cuio tem huma torre fortisima (...) cuia caza e torre, esta em redondo murada, com muros fortes, ao modo de acastellados, com seu arco de pedra muito antigo, e com sua nora donde tiraua agoa pera a dita caza "; Séc. 19 / 20 - D. José Jorge Machado de Castelo-Branco, 2º Conde da Figueira, decide recuperar os painéis "Castro Castrorum", reunindo os fragmentos que ainda subsistiam; 1941 - a ponte levadiça é destruída e construída a entrada para a quinta e a avenida de acesso; 1952 - o actual proprietário transferiu-se para a Torre do Castro iniciando a reconstrução dos edifícios que se encontravam em avançado estado de ruína.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura, elementos decorativos e pavimentos interiores de granito; varanda alpentrada, pavimentos, tectos e portas e janelas em madeira; grades das janelas em ferro; cobertura em telha de canudo.

Bibliografia

MACHADO, José, Casa de Castro, in Illustração Portugueza, 2ª série, nº 12, Lisboa, 1906, pp. 368 - 370; NÓBREGA, Artur Vaz Osório da, Pedras de Armas e Armas Tumulares do distrito de Braga. Concelhos de Terras do Bouro e Amares, vol. 3, Braga, 1973, pp. 245 - 256; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses. Introdução ao Estudo da Casa Nobre, Lisboa, 1988; BARROCA, Mário Jorge, Em torno da residência senhorial fortificada. Quatro torres medievais na região de Amares, in Revista de História, vol. IX, Porto, 1989, pp. 9 - 61; MARTINS, Manuela, O Povoamento Proto-Histórico e a Romanização da Bacia do Curso Médio do Cávado, Braga, 1990, p. 67; SERRÃO, Vitor, A Pintura do Renascimento e do Maneirismo no Noroeste Português (1520 - 1620), in Do Tardo-Gótico ao Maneirismo. Galiza e Portugal, 1995, pp. 255 - 302; BETTENCOURT, João, A Casa do Castro, in Revista V., nº 12, 1999, pp. 32 - 34; STOOP, Anne de, Palácios e Casas Senhoriais do Minho, 2000.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 1952 / 1968 - construção de casa para caseiros e edifícios de apoio à actividade agrícola, que antes ocupavam o solar; primeiras obras de recuperação do solar, nomeadamente substituição dos telhados; reconversão das propriedades agrícolas que estavam em abandono; 1968 - remodelação do telhado da torre com instalação de telas de isolamento, recuperação dos interiores arruinados; 1968 / 1999 - obras de recuperação do solar, estruturas envolventes e arranjo dos acessos.

Observações

Depois de ter sofrido o roubo de peças de grande valor, o proprietário não permite a realização de fotografias no interior da residência; *1 - O salão nobre exibia painéis pintados intitulados "Castro Castrorum", entretanto mudados de lugar, e colocados nas paredes, representando "Dona Margarida Machado, assistindo da Torre de Castro à chegada dos juízes do Porto que tinham decidido a seu favor num velho pleito", "História do Cisne", "Pesca milagrosa no rio Cávado", " Aurora e Meridies", "Destruição de Jerusalém" e "Conquista de Tróia".

Autor e Data

António Dinis / Ana Pereira 1999

Actualização

 
 
 
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